Lampião na Serra Grande - O Maior Combate da História, nos Grandes Encontros Cariri Cangaço


O ano de 1926 talvez tenha sido um dos mais marcantes dentro do ciclo cangaceiro do Rei Cego; Virgulino Ferreira da Silva, vulgo Lampião; destacamos pelo menos dois episódios que por si só, justificam nossa narrativa inicial: A visita a Juazeiro do Norte a convite de Floro Bartolomeu para compor as fileiras do Batalhão Patriótico e sua polêmica "patente" de capitão e o extraordinário combate da Serra Grande, o maior confronto entre as forças volantes e os bandos cangaceiros. Serra Grande, pedaço de chão encravado no sertão pernambucano de Virgulino Ferreira, serra enigmática com seus mais de 900 metros de altitude situada entre os municípios de Calumbi, Flores e Serra Talhada, no famoso Vale do Pajeú. Serra Grande, palco do maior combate que o cangaço de Lampião protagonizou ao longo de seus 20 anos de reinado

Se a visita à Meca do nordeste sob o olhar do santo do Juazeiro, Padre Cícero aconteceu em março, o mais famoso "fogo" de Lampião: Serra Grande, aconteceu em novembro, dia 26 do ano de 1926. O sequestro do representante da Standart Oil Company, o mineiro Pedro Paulo Magalhães Dias, acontecido entre Triunfo e Vila Bela quando Lampião exigia a quantia de vinte contos de réis por seu resgate e o posterior ataque ao sitio Varzinha pelo bando de Lampião, quando perdeu a vida o sertanejo José de Esperidião, seriam o estopim para o mais espetacular combate dentre todas as refregas cangaceiros-volantes: o famoso combate da Serra Grande.

Ali começava a consolidar-se a figura de Virgulino Ferreira como o grande estrategista da guerrilha nas caatingas e carrascais sertanejos. O bando composto por cerca de 100 a 115 cangaceiros subiu a serra e prevendo a persiga de grande força volante em seu encalço, preparou mortal emboscada a partir de sua localização privilegiada, que permitia uma visão completa do campo da batalha.

Com quase dez horas de fogo serrado; com o combate iniciando depois das oito da manha e estendendo-se até o anoitecer, o que se viu foi a ampla vantagem numérica das forças volantes; que somavam quase 300 homens; ser pulverizada pela estratégia cangaceira, boa parte dela referente à extraordinária posição assumida pelo bando. 
 
As forças volantes sob o comando de Higino Belarmino e ainda contando com Arlindo Rocha, Manoel Neto e Euclides Flor acabaram sendo submetidas a um revés histórico com quase 30 soldados entre mortos e feridos. Entre as "vítimas morais" o destaque para o valoroso Arlindo Rocha; que teria comentado que os cangaceiros almoçariam bala e acabou recebendo um balaço no rosto que lhe fraturou o maxilar inferior; e bravo nazareno Manoel Neto, que recebeu balaço nas duas pernas, além do episódio onde Euclides Flor recolocou ainda em combate as vísceras abdominais de Vicente Ferreira, ou Vicente Grande, baleado no estômago, desastre total para as forças volantes, enquanto no bando cangaceiro, nenhuma vítima registrada.


Os números são impressionantes até para aqueles que são afeitos ao estudo do fenômeno: 10 mortos, 14 feridos, quase 300 militares numa sanha desesperada em busca de dar fim a Virgulino com seus mais de 115 cangaceiros; foram cerca de 3 mil tiros em quase 10 horas de combate naquele longínquo 26 de novembro de 1926.

O "pleno êxito" no mais pungente de todos os combates do ciclo do cangaço ainda traria um peculiar e ousado desdobramento, quando no dia seguinte à Batalha da Serra Grande, Lampião, da Fazenda Barreiros, estabeleceu o refém Pedro Paulo Magalhães Dias, como portador de outro marcante e pitoresco episodio da carta endereçada ao então governador de Pernambuco, Dr. Júlio de Melo, com a proposta de dividir o estado em dois:"...Governo o sertão até as pontas dos trilhos em Rio Branco (Arcoverde), e vosmecê daí até a pancada do mar no Recife..." nascia Lampião, o Governador do Sertão...

Para trazer luz à esse episódio; um dos mais extraordinários de toda a história do cangaço; Manoel Severo, curador do Cariri Cangaço, recebe nesta quarta, dia 11 de agosto de 2021 dentro dos Grandes Encontros Cariri Cangaço, os pesquisadores, Lourinaldo Teles; o conhecido Louro Teles, escritor e Conselheiro Cariri Cangaço, autor de "A maior batalha de Lampião: Serra Grande e a Invasão de Calumbi" e Luiz Ferraz Filho, Presidente da Comissão Organizadora do Cariri Cangaço Serra Talhada, para um espetacular programa que promete nos transportar no tempo e no espaço nos permitindo voltar ao mais extraordinário campo de batalha do cangaço.

Um comentário:

TACITO AUGUSTO FARIAS disse...

ESTE CONFRONTO CONCEDE A LAMPIÃO O PRESTIGIO DE SER CONSIDERADO ESTRATEGISTA E RESISTENTE EM SEUS ALCANCES.