Caravana Cariri Cangaço em Cabaceiras do Auto da Compadecida…


Por todo esse tempo de Cariri Cangaço e mesmo antes; vão mais de vinte anos de estrada; não nos cansamos de elevar a beleza, a força e o talento dessa terra chamada Sertão, encravada bem no coração do nosso Nordeste. Mais uma caravana Cariri Cangaço, mais chão, mais trilhas, mais gente e lugares para conhecer e para celebrar. Saímos de Serra Talhada, Pernambuco, ainda com o sol alto, por volta das 10h da manha pegamos a BR232, destino: Cabaceiras, na Paraíba. De Serra Talhada a Cabeceiras seriam cerca de 280 km.

Tailene Barros e Isalete Bezerra
Cabaceiras, interior da Paraíba

Cabaceiras é um município localizado no estado da Paraíba, distante cerca de 180 km da capital João Pessoa e 75 km de Campina Grande, tem cerca de 5.400 habitantes e 400 km². Aos menos avisados pode parecer mais um pequeno município perdido pelas terra do semiárido nordestino e paraibano, entretanto o que não deveria passar despercebido é a vocação desta extraordinária Cabaceiras...

Manoel Severo e Tailene Barros

Vamos definir: Cinema e Bode ! Mas... o que isso tem a ver com Cabaceiras e com vocação? Bem Cabaceiras vem notabilizando-se como um dos principais pontos de produção cinematográfica do nordeste ao ponto de receber o título de "Roliude Nordestina". Desde a primeira produção; "Ferração dos Bodes” de Antônio Barrancas em 1921; são mais de 50 produções, entre entre filmes, curtas, documentários, séries e novelas. O Memorial Cinematográfico, localizado na cidade, mantém em seu acervo memorias das muitas produções; roteiros, artefatos e objetos de cena,  cópias de produções, com destaque para uma linha do tempo com informações sobre os filmes produzidos no município.

Tailene Barros
Isalete Bezerra

Sem a menor dúvida Cabaceiras entrou para o imaginário popular de forma avassaladora com a produção de "O Auto da Compadecida" romance de Ariano Suassuna, de 1955 e adaptado pelo diretor Guel Arraes no ano 2000. Andando pelas ruas da cidade, cenário e palco da obra prima de Arraes, a qualquer momento você espera se defrontar com o "Major Antônio Moraes ou com sua filha Rosinha, com o padre ou mesmo o bispo e ainda com o trio Vicentão, Cabo Setenta e Severino de Aracaju, sem falar na dupla de ouro; Chicó e João Grilo".

Tailene Barros
Isalete Bezerra
A incrível história de Cabaceiras, a Roliude Nordestina

Além de Auto da Compadecida, por aqui passaram inúmeras produções como; "Romance" do mesmo Guel Arraes, o curta como “Sob o Céu Nordestino” em 1929, “Cinemas, aspirinas e urubus” de 2005, “Canta Maria” de 2006 e “Onde nascem os fortes” já em 2018, sem esquecer  “Madame Satã”, de Karim Ainouz ,e duas películas de Júlio Bressane; “São Jerônimo” e o “Garoto”, dentre tantos outros.

Tailene Barros e Manoel Severo
Bode, o principal personagem da vida econômica de Cabaceiras

Deixando o cinema de lado, se é que é possível, o Bode é o principal personagem da vida econômica de Cabaceiras; a caprinocultura é base forte da economia local. De prato principal da cidade passando por estátua e praça em sua homenagem, o bode ensaia disputar com os cenários cinematográficos a atenção de quem passa por Cabaceiras. O ponto alto dessa constatação é a Festa do Bode, com exposição agropecuária além de feiras de artesanato e culinária, o evento acontece anualmente na primeira semana de junho; aqui o ilustre personagem torna-se rei além de receber a chave da cidade, do prefeito municipal. 

Manoel Severo
Luiz Ferraz Filho
Isalete Bezerra, Luiz Ferraz Filho e Tailene Barros

Manoel Severo, Isalete Bezerra e Luiz Ferraz Filho

O Auto da Compadecida; comédia dramática, lançado em 2000, dirigido por Guel Arraes, com roteiro de Adriana Falcão, João Falcão e do próprio Arraes, e baseado na peça teatral Auto da Compadecida de 1955 de Ariano Suassuna, com elementos de O Santo e a Porca e Torturas de um Coração, ambas do mesmo autor, além de influências de Decamerão, clássico de Giovanni Boccaccio, trata-se de um dos mais festejados filmes brasileiros de todos os tempos .

"Foi fundador de Cabaceiras o Capitão-mor Domingos de Faria Castro, português nascido em Cheleiros, casado com a caririense Isabel Rodrigues de Oliveira, filha de Isabel Rodrigues e sua irmã Cristina Rodrigues de Oliveira, casada com o Capitão Antônio Ferreira Guimarães, levou por dote uma parte do sítio Cabaceiras, no valor também de 250$000 (duzentos e cinquenta mil réis). Posteriormente, o primeiro dos genros acima comprou do sogro Pascácio de Oliveira Ledo, por escritura, o restante do mesmo sítio Cabaceiras, por 500$000 (quinhentos mil réis) e a transformou na Fazenda Cabaceiras, com muito gado, casa de farinha e alambique. Em 1735, por devoção de sua mulher, o Capitão-mor Domingos de Faria Castro construiu a Capela de Na. Sra. da Conceição. (MEDEIROS, 1989). Em torno dela começou o povoado, que seria transformado, em 1834, em Vila Federal de Cabaceiras. No ano seguinte, em 1835, foi criada a paróquia de N. S. da Conceição, de Cabaceiras. Em 1885, foi alterado o nome da sede municipal para Vila de Cabaceiras e, pelo Decreto-lei n. 1.164, de 15 de novembro de 1938, foi-lhe dado o título de cidade. A grande maioria dos habitantes de Cabaceiras e das cidades vizinhas descende do casal Capitão-mor Domingos de Faria Castro e Isabel Rodrigues de Oliveira, através dos seus filhos: Isabel Rodrigues de Faria, 1ª esposa do Coronel José da Costa Romeu; Ana de Faria Castro, casada com o futuro Capitão-mor Antônio de Barros Leira; Sargento-mor Inácio de Faria Castro, casado com Ana Maria Cavalcante; Maria de Faria Castro, casada com o Sargento-mor Manuel Tavares de Lira; Capitão Filipe de Faria Castro, casado com Maria da Purificação. (MEDEIROS, 1990)."

Visita do Cariri Cangaço a Cabaceiras, Paraíba  Após o falecimento do Coronel Manoel A Ruliude Nordestina, Agosto de 2023

Um comentário:

Tailene Barros disse...

Manoel, muito obrigada pela cia e por me apresentar tantos lugares incríveis, amo-te, Tatai ❤️.