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Visita anunciada... Por:Fernando Lima Verde

Padre Cícero o patriarca de Juazeiro do Norte

Acompanhando as últimas postagens do Cariri Cangaço sobre Padre Cícero gostaria de manisfestar também minhas impressões; que não nascem de uma profícua pesquisa, pois pesquisador não o sou; apenas de leituras cotidianas uma vez que sou um apaixonado pelas coisas do Juazeiro e também do período da velha república.

Vendo a matéria de Alcino Costa e principalmente a do professor Wescley Rodrigues sobre a natureza e a estrutura política da época do santo padre do Juazeiro, quando a maior de todas as oligarquias mandava no Ceará; Noqueira Acioly, é nítido que para se manter no poder, era necessário estar afinado com a politica aciolina; e sabemos que Padre Cícero juntamente com seu braço forte, Floro Bartolomeu, era um franco defensor dessa oligarquia, inclusive sendo esse zelo, a razão maior da criação do Pacto dos Coronéis; dito isso, não cabe em minha cabeça a idéia de que algo pudesse acontecer ou "se aproximar" de Juazeiro do Norte sem o prévio conhecimento de Padre Cícero.


 Nogueira Acioly


Os tentáculos do poder dos coronéis era muito grande, entretanto não seria responsável afirmar ou sugerir que havia proteção deliberada de padre Cícero a Lampião, não há sinais fortes nessa direção nem tão pouco a presença da família Ferreira em Juazeiro credencia tal afirmação; mas para mim está claro, apesar da versão contida em Nertan Macedo, que padre Cícero tinha conhecimento das intensões de Virgulino Ferreira. Padre Cícero era um dos homens mais bem informados de sua época, trocava correspondencias com as maiores autoridades do nordeste, recebia um cem número de pessoas por dia, e Virgulino não apareceu em Juazeiro como num passe de mágica, veio percorrendo estradas, entrando e sendo recebido inclusive em algumas cidades pelos seus principais líderes, daí teria sido sem dúvidas "uma visita anunciada".

Obrigado ao companheiro Severo por nos permitir fazer parte dessa família e trazer também a nossa opinião sobre tão polêmico tema, ao mesmo tempo em que parabenizo a todo o pessoal da SBEC e do Cariri Cangaço pelo excelente trabalho realizado.

Fernando Cesar Lima Verde
Fortaleza-Ceará

Padre Cícero e Lampião Por:Cicinato Neto

Cicinato Neto e Manoel Severo

Gostaria também de participar do debate sobre o relacionamento entre o padre Cícero e Lampião. Como pesquisador e estudioso do cangaço, gostaria de ressaltar os aspectos seguintes:


a) Não acredito na hipótese de que o padre Cícero tenha sido o responsável direto pelo deslocamento do bando de Lampião à cidade de Juazeiro em 1926. A presença de Lampião na "Meca do Cariri", na verdade, constituiu-se um grande empecilho para o padre, criticado diariamente nos jornais da capital, especialmente "O Nordeste" por ser um suposto protetor de bandidos. Os homens ligados a Floro Bartolomeu e ao Batalhão Patriótico, encarregados de combater a Coluna Prestes, usaram a influência do sacerdote para conseguir convencer Lampião a ir para o Juazeiro. O padre, desnorteado pelos acontecimentos (Floro agonizava no Rio de Janeiro e morreria logo em seguida), foi incapaz de evitar a chegada dos cangaceiros;

Padre Cícero e Benjamin Abrahão

b) Alguns escritores enfatizam que o padre protegia a família de Lampião em Juazeiro e que, por isso, mantinha contatos diretos com ele. Na célebre visita do cangaceiro, em março de 1926, Lampião teria sido inclusive recebido pelo padre Cícero. Não há provas irrefutáveis de que isso tenha acontecido. Mas, controvérsias à parte, o que se observou é que, no período depois do ano de 1927, ninguém mais falou de algum contato entre Lampião e o Padre. As supostas cartas que o sacerdote enviava ao chefe cangaceiro não foram mais mencionadas. Lampião, vaidoso como era, não deixaria de mencionar, aos quatro ventos, o recebimento de uma carta dessas ? ou não?

c) sobre o relacionamento entre Lampião e o padre Cícero, acho que era o chefe cangaceiro que fazia tudo para alardear uma suposta tolerância do religioso à existência do seu bando. Lampião aproveitava-se do temperamento do taumaturgo e propagandeava isso como um apoio. Na verdade, o padre acolheu multidões e, homem do seu tempo, teve que conviver com facínoras e homens cruéis. O preço a pagar pela sua liberalidade foi ser visto, pelas gerações posteriores, ora como pusilânime, ora como coiteiro, ora como um coronel de batina.

cicinato.blogspot.com
Cicinato Neto
Pesquisador, Escritor
Sócio do GECCO

Padre Cícero e Lampião Por:Alfredo Bonesi

 Alfredo Bonessi
 
Caro amigo Severo. Na oportunidade em que se fala sobre  o Padre Cícero  de Juazeiro do Norte e Lampião em seu BLOG, no relacionamento entre eles, depois de tudo que li sobre ambos e sobre a questão em foco, depois de  muitos estudos,  em várias obras,  resumo no seguinte:

1- O Padre Cícero era um padre católico em ligação com padres jesuítas. Isso contrariou a Igreja Católica porque já  na época do Império tanto  a Igreja Católica como a Maçonaria eram inimigas dos Jesuítas, instigação essa que se originou na corte Portuguesa Pombalina Maçônica com a destruição das Missões jesuíticas Espanhola na América e a ocupação por Portugal desses territórios. O Padre Cícero estava  no meio de uma fogueira, de uma guerra. Lembro que o movimento jesuítico era de libertação de Portugal  e  Republicano, portanto contra a Monarquia. Daí se beneficiou da Maçonaria que inicialmente era Monarquista e depois se tornou Republicana.

2- Porque Juazeiro não caiu ?
- Porque ficou ao lado do Governo Federal  e o ajudou no combate a Coluna Prestes e também no posicionamento quando da intervenção no governo do Ceará, senão teria sucumbido como sucumbiu  Canudos, Sitio Caldeirão, Pau de Colher e tantos outros movimentos religiosos nordestinos.

3-    Quem mandava no Juazeiro ?
Com a chegada a Juazeiro de Floro Bartolomeu, um medico Baiano fugitivo, esse aos poucos foi assumindo o controle político local, passando de Vereador a Prefeito, Deputado Estadual e depois Deputado Federal. Com idade avançada do Padre esse poder político local foi passado a Floro Bartolomeu, tendo o Padre Cícero se afastado de certas decisões, dizendo: “agora tudo é com o homem”.  O Padre Cícero foi denunciado na Câmara Federal e lá estava Floro Bartolomeu defendendo o Padre e a cidade de Juazeiro. Floro escreveu até um livro sobre esse fato, onde narra até como deu fim ao culto ao Boi Sagrado que acabou num churrasco, confirmando que o Padre e a cidade nada tinha a ver com esse culto religioso. Floro também afirmou que o Padre Cícero não era líder de fanáticos como havia sido denunciado na Câmara.  Foi Floro que convocou Lampião por carta, morrendo logo a seguir.


 4-    Com a chegada de Lampião a Juazeiro  o Padre Cícero não ficou nada satisfeito e reclamou da presença dele no Juazeiro e tratou logo de despachar Lampião pedindo que  fosse embora logo da cidade. O delegado quis prender os Cangaceiros, mas o Padre respondeu  que logo eles iriam embora  e com isso não haveria retaliação nenhuma contra a cidade por parte dos cangaceiros. O que foi feito. não quero esse tipo de gente aqui” teria dito o Padre Cícero.

5-    Lampião se armou e foi de encontro a Coluna Prestes. Avistou a coluna e viu o seu efetivo de mais de 3500 homens, armados, soldados experientes, e ouvindo o conselho dos demais cangaceiros abriu no oco do mundo. Nem 10 bandos de Lampião poderia fazer frente a tão poderosa coluna.

6-    Com a chegada de cada vez mais romeiros a cidade o Padre Cícero começou a ter problemas de acomodação com aquela gente toda e daí se dispôs a comprar terras e mais terras para fazer as acomodações, de tal maneira que pudesse  deixar ocupadas aquela quantidade enorme de pessoas pobres e humildes. Daí ter a posse de várias fazendas. Nessas fazendas havia enorme quantidades de todos os tipos de pessoas: jagunços, capangas, pistoleiros, guarda-costas, foragidos da justiça, bandoleiros, e muita gente de oficio, honestas mesmo que se dedicavam a lavoura e ao gado – algumas  das fazendas se tornaram rentáveis.  O pessoal fugitivo de Canudos e alguns chefes de lá foram ter a Juazeiro e ficaram responsáveis pela defesa da cidade, cavando o fosso de proteção ao redor da mesma. Mas não se pode considerar que o Padre Cícero alimentava as suas fazendas com todo tipo de gente convocada por ele para se tornar um  poderoso homem de negócios, um chefe de bandidos como eram os demais coronéis da região. Toda vez que havia um questão na região o Padre sempre optava pelo lado pacifico de acalmar as coisas, aconselhando ambas partes litigantes a  resolver em paz as pendências. Daí escrevia carta para uns, respondia cartas para outros, fazia pedidos em nome desse e daquele de tal maneira que a região ficasse em harmonia social e política.  Ele mesmo não gostava de receber uma enorme quantidade de romeiros, porque esse pessoal largava suas terras e moradias e vinham para Juazeiro e por lá ficavam ociosas e sujeitas a toda sorte de vicissitudes. Daí que a chegada dos romeiros  a Juazeiro era vista como uma grande preocupação para o Padre Cícero e não como motivo de satisfação por parte dele.

Lampião com a família, em sua visita a Juazeiro em março de 1926

7-      Os familiares de Lampião vão morar no Juazeiro. Não vimos em nenhum livro que foi a convite do Padre Cícero e muito menos que o Padre protegia esses familiares. Acontece que na terra do Padre Cícero ele mantinha a ordem e a justiça local e ninguém iria perseguir ninguém por lá, muito menos os familiares de Lampião que não tinha culpa nenhuma por ele ter entrado no Cangaço. Sabemos que um dos contatos de Lampião com os seus familiares em Juazeiro era feito via Antonio da Piçarra que alem de fazer as compras de armas e munições nesse local ainda levava dinheiro de Lampião aos  familiares desse.  Com a traição de Antonio da Piçarra, essa  via de contato se desfez e não vi escrito outra forma de contato para com esses familiares. 

8-    Não temos registros que Lampião se confessou com o Padre Cícero – se isso ocorreu ficou em segredo. Não temos registros se Lampião deu contribuição a Igreja do Padre, se deu o Padre não aceitaria porque era dinheiro  roubado – comprometeria a reputação do Padre.

9-    Tivemos acesso ao inventário deixado pelo Padre Cícero  - tudo natural e normal.
10 - Sabemos que o Padre, já  em avançada idade, teve uma morte      muito dolorosa, sofrendo muitas dores até a chegada da morte
 
11-Sabemos também que o Padre Cícero  se espelhou na vida do
           Padre Ibiabina para cumprir o seu sacerdócio, mas isso já é
           outra História.

No mais a sua vida íntima e cotidiana  não sabemos  como era, ficou esse segredo  com quem o acompanhou de perto  por longos anos  em convivência diária, tendo a oportunidade de escutar seus planos, projetos, suas queixas e atribulações porque passou nesse lugar onde recebeu a sua cruz e que foi palco de seu calvário místico –religioso – social.  Padre Cícero  - Um mártir   de Juazeiro.

Atenciosamente

Alfredo Bonessi

Padre Cícero e Virgulino Ferreira Por:Manoel Severo

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Famosa foto da Família Ferreira por ocasião da visita a Juazeiro do Norte em março de 1926

Comentário Recebido do companheiro Jairo Costa:
Caro Severo, antes de mais nada parabéns pela entrevista. Gostaria de lhe perguntar se o Pe. Cícero contatou o lampeão e seus capangas pra fazer frente à coluna Prestes?

Caro Jairo, em princípio gostaria de agradecer sua visita a esta página do cariricangaco.com; quanto à sua indagação, apesar de não me considerar devidamente credenciado, permita-me fazer algumas reflexões sobre o referido episódio da visita de Virgulino Ferreira a Juazeiro do Norte.


Poderia começar provocando e ressaltando alguns pontos dentro do contexto da época. Juazeiro já era considerado naquele momento um grande centro desenvolvimentista da região, tanto pela presença da figura carismática de Padre Cícero, como pela projeção política que alcançou a partir das articulações do próprio Floro Bartolomeu, daí ser um ponto forte e vital para o governo central na luta contra a Coluna Prestes. Na minha maneira de ver, Padre Cícero em nenhum momento cogitou a convocação, convite, ou coisa que o valha, com relação a Virgulino Lampião fazer parte dos Batalhões Patrióticos, sob o comando de Floro e formado para defender o sul do Ceará contra a referida Coluna.

Penso que o grande articulador do convite a Lampião foi mesmo Floro Bartolomeu; médico baiano, deputado federal sob as benção de padre Cícero e que via na figura do líder cangaceiro um trunfo a mais para suas hostes, já enormemente formada por jagunços, cangaceiros, pistoleiros e tudo o que de pior havia por aquelas terras secas do sertão. Floro chegou a ter sob seu comando um grupo de mais de 500 homens, e Lampião, a meu ver, seria uma "jogada de mestre"; ao mesmo tempo imprimiria simbolicamente mais força à sua trôpega tropa e criava uma condição mais favorável para que o líder da família Ferreira pudesse criar menos problemas.

Tropa de Jagunços de Floro Bartolomeu

O fato é que nada disso aconteceu. Floro acabou morrendo no dia em que Lampião visitava Juazeiro do Norte, em março de 1926; dessa forma, a "batata quente" acabou caindo nas mãos de Padre Cícero. Com certeza e  digo com muita segurança, padre Cícero sabia o que estava sendo tramado; nada ou quase nada acontecia no nordeste sem quem o santo do Juazeiro soubesse; assim, me parece que devido às circusntâncias, o padre não teria conseguido dissuadir a Floro, e ao mesmo tempo talvez esperasse que a empreitada não se confirmasse, daí alguns autores falarem de sua supresa com a chegada do rei do cangaço em Juazeiro do Norte.

Assim caro Jairo, te trago minha humilde opinião. Padre Cícero não teve nenhum ingerência com relação ao convite para que Lampião viesse a Juazeiro, nem tão pouco recebesse a famosa e polêmica patente de capitão.

Grande Abraço.

Manoel Severo
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Lenha na Fogueira ! Ademar ou Benjamim? Por:Renato Casimiro

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Renato Casimiro

Caro Severo,
Você me pede uma opinião sobre o excelente depoimento de Nirez, com respeito à participação de Ademar Bezerra Albuquerque na realização do filme com Lampião. A rigor, não ouvi ali nada do que não seja o restabelecimento da verdade. Nirez tem a seu favor um zelo muito grande por tudo que lhe cerca, seja na fotografia, na música e em todas as suas manifestações de grande memorialista.

Não há dúvida que o seu depoimento procura esclarecer a verdade sobre aquilo que, historicamente, se aceitou como sendo uma ação de Benjamim Abraão.

É perfeitamente factível que as atenções de Ademar Bezerra Albuquerque para não perder a oportunidade de realizar o trabalho, através de Benjamim, sejam verdadeiras e incontestáveis. E nisto o Nirez juntou detalhes fornecidos pelo Chico Albuquerque com grande propriedade para firmar a veracidade das afirmativas. Procurando imagens do Juazeiro antigo, não encontrei em muitos anos uma só que pudesse ser referida ao “fotógrafo” Benjamim. E olhe que ele tinha tudo para fazê-lo, pois no período em que foi secretário do Pe. Cícero, Juazeiro se viu descoberto por uma quantidade enorme de visitantes ilustrados e o dia-a-dia da casa do padre era muito favorável a isto.

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Efetivamente, este período de Juazeiro e do Pe. Cícero (época em que Benjamim servia à casa do padre) é muito rico em imagens fotográficas e filmes. A propósito destes filmes, reproduzo o texto que apresentei em nosso então jornal eletrônico Juazeiro on line, na sua edição de 18.01.2009, numa coluna denominada Juazeiro, por aí, que ainda pode ser encontrado disponível em http://www.juaonline.info/.
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FILMOGRAFIA(I)...

Numa consulta à Cinemateca Brasileira (Secretaria do Audiovisual/Minc), São Paulo, localizei dados sobre os filmes realizados pelo sr. Lauro Reis Vidal, durante sua visita a Juazeiro, em 1925. Foram três películas: um filme original, de 1925, e dois outros montados nos anos 1939 e 1955.
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FILMOGRAFIA(II)...

O JOAZEIRO DO PADRE CÍCERO (Infelizmente, a Cinemateca Brasileira não possui este filme), é um documentário inscrito na categoria de curta-metragem/silencioso/não-ficção. O material original foi em 35mm, BP, 16q. Produção de 1925, em Fortaleza, onde foi lançado em 08.12.1925, no Cine Moderno. A produtora foi a Aba Film, de Adhemar Albuquerque, que fez a direção. Sinopses: "Surpreendente filme natural apresentando magníficos aspectos da região do Cariri em que se vêem: Joazeiro, Crato, Barbalha e outros lugares, assim como Missão Velha, Lavras, Quixadá, Ingazeiras, Fortaleza, etc. Impressionante vista do grande açude do Cedro". (Jornal do Comércio, 28.11.1926). "Trata-se de uma bela reportagem cinematográfica do Cariri, zona em que o padre Cícero exerce a sua infatigável atividade e o seu grande prestígio. O Joazeiro, a cidade do padre Cícero, é apresentada em seus diversos aspectos, mostrando o seu progresso, o seu povo, enfim tudo o que ali existe de importante. Além do Joazeiro, o público aprecia outros bonitos pontos do sertão cearense, destacando-se o Crato, Barbalha, Missão Velha e o colossal açude do Cedro, obra grandiosa da engenharia brasileira. De Fortaleza há algumas, como sejam o porto, o passeio Público e o Parque da Liberdade. Há também belos trechos da estrada de ferro e fotografias de Lampião e seu grupo. É um filme digno de ser apreciado. Não fatiga o espectador. Ao contrário, torna-se atraente pela variedade de cenas, que desenrola. Além disto satisfaz uma curiosidade: mostra o maior domador de homens dos sertões, o padre Cícero Romão Baptista, que se apresenta em diferentes cenas, entre o povo que o aclama, em sua residencia trabalhando, abençoando afilhados e romeiros, discursando, enfim de diversas maneiras é ele visto na tela". (Jornal do Comércio, 02.12.1926)
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FILMOGRAFIA(III)...

O JUAZEIRO DO PADRE CÍCERO, o segundo documentário, foi realizado em 1939, na categoria de curta-metragem/sonoro/não-ficção, a partir de um material original anterior, em 35mm, BP, com duração de 8min, 220m, 24q. A produção foi de Lauro Reis Vidal, no Rio de Janeiro.
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FILMOGRAFIA(IV)...

PADRE CÍCERO, O PATRIARCA DO JUAZEIRO, o terceiro documentário, foi realizado em 1955, na categoria de curta-metragem/sonoro/não-ficção, a partir do material original em 35mm, BP, com duração de 11min, 300m, 24q. A produtora foi a Filmes Artísticos Nacionais, do Rio de Janeiro, e a co-produção foi de Lauro Reis Vidal, tendo como direção Alexandre Wulfes. Por exigência da época, o documentário passou pela censura em 19.01.1955, com o certificado 31942, válido até 19 de janeiro de 1960.
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FILMOGRAFIA(V)...

Comentários: Observe que fotos de Lampião são referidas em período anterior à sua visita a Juazeiro, em 1926. Algumas das cenas destes documentários podem ser vistas em outras produções recentes, tanto para cinema como para tv. Na ilustração da coluna de hoje, o arquivo do Juaonline apresenta algumas delas, em fotos que foram obtidas por Raymundo Gomes de Figueiredo (anos 50), a partir de fotogramas destas películas. Especialmente sobre esta primeira película, encontro um registro cartorial firmado pelo Pe. Cícero nos seguintes termos:
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1931, 13 de novembro - DOCUMENTO DO PADRE CÍCERO CONCEDENDO AUTORIZAÇÃO EXCLUSIVA, AO SR. LAURO DOS REIS VIDAL, PARA EXIBIÇÃO DO FILME" JOAZEIRO DO PADRE CÍCERO E ASPECTOS DO CEARÁ. "ÍNTEGRA: " Amigo e Sr. Laudo Reis Vidal. Saudações. Consoante os seus desejos, pela presente, dou a V.S. a exclusividade absoluta para exibição e representação cinematográfica em "qualquer parte do país e fora dele" de filme que diz respeito a aspectos deste município ou fora dele, nos quais figure a minha pessoa. Assim autorizado poderá V.S. fazer a exibição de qualquer película authentica que tenha obtido, ou que possa obter, conforme melhormente consulte as suas conveniencias e as aspirações gerais do povo, a exemplo da que já é de sua propriedade. Joazeiro, 13, de outubro de 1931. Ass. Padre Cícero Romão Baptista.(Lo. B-l, N° de Ordem 10, p. 18)

No dia seguinte, o Pe. Cícero faz constar no mesmo livro do primeiro tabelionato uma outra comunicação, reafirmando a concessão do dia anterior e ampliando suas prerrogativas: 1931, 14 de novembro - DOCUMENTO DO PADRE CÍCERO CONCEDENDO AUTORIZAÇÃO EXCLUSIVA AO SR. LAURO REIS VIDAL, PARA IXIBIÇÃO DO FILME "JOAZEIRO DO PADRE CÍCERO E ASPECTOS DO CEARÁ. "Integra: "Amigo e Sr. Lauro Reis Vidal. Local. Reportando-me a minha carta passada onde lhe concedo a exclusividade de minha exibição cinematográfica ficando V.S. com plena autorização por ser o único habilitado a propagar o município de Joazeiro e minha pessoa, através da mesma exclusividade, em todos os tempos, como proprietário do filme "Joazeiro, do Padre Cícero e Aspectos do Ceará" ou outro qualquer filme que possa obter; sirvo-me da presente para juntar as fotografias e documentos que solicitou, em relação separada e por mim assignada, como elementos precisos para a via de propaganda acima citada. Encerrando, cumpre-me, de já, agradecer a sua manifesta boa vontade para comigo, os meus amigos e as coisas do Joazeiro. Saudações. Joazeiro, 14 de novembro de 1931. Ass. Padre Cícero Romão Baptista.( Lo.B-l, N° de Ordem 12, p. 19/20).
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O ano de 1925 foi pródigo para filmagens em Juazeiro. Conhecemos a película realizada em 11 de janeiro, quando da inauguração da estátua ao Pe. Cícero, na Praça Alm. Alexandrino de Alencar; conhecemos a película realizada em setembro, quando da visita da comitiva do presidente Moreira da Rocha; conhecemos a que foi realizada por Ademar Albuquerque/Reis Vidal; mas não conhecemos uma que teria sido realizada por iniciativa do então deputado estadual Godofredo de Castro, neste mesmo ano.

É muito mais provável que Ademar esteja como realizador em todas estas películas e este relacionamento teria servido para oferecer um treinamento mínimo para o que viria anos depois com o filme de Lampião, pois é neste ponto que o testemunho de Chico Albuquerque a Nirez é importante.

Não tenho dúvida em aceitar que Ademar e Benjamim tornaram-se parceiros, sendo este cliente daquele e a quem poderia realizar pelo motivo apresentado por Chico Albuquerque e Nirez, o da confiança de alguém que não o punha, e a seu grupo, em apuros com a repressão policial.
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Embora tenha feito isto, publicamente, em depoimento durante uma edição do Cine Ceará, anos atrás, aproveito a oportunidade para relatar brevemente o que me foi ensejado conhecer desta atividade cinematográfica de Benjamim. No início dos anos 80, eu e Daniel Walker adquirimos uma coleção de fotografias antigas de Juazeiro e alguns pequenos pedaços destas películas que o seu proprietário, Raymundo Gomes de Figueiredo, cidadão juazeirense, mantinha como acervo e no qual se incluíam livros e jornais, e a que deu o nome de Arquivo Benjamim Abraão.

Quando adquirimos e isto foi divulgado pelo Diário do Nordeste, o fato foi relevado como se tivéssemos adquirido o Arquivo “de” Benjamim Abraão. A família de Benjamim, através de seu filho, então residente em Niteroi e comerciante no Rio de Janeiro, Atalah Abraão, instruído por Eusélio Oliveira, resolveu mover uma ação contra nós dois e a levou adiante nas instâncias de Juazeiro do Norte e Fortaleza. Vencemos nas duas e o material nos foi devolvido, anos depois. Mais adiante, numa conversa com o ex-senador da república, José Reginaldo Duarte, cuja família criou nos arredores de Juazeiro, o filho de Benjamim, o sr. Atalah, nos chamou para uma conversa onde algumas coisas foram faladas a respeito da frustração que aquele ato determinou para nós e para a família, sobretudo porque ficou demonstrado que nós não havíamos comprado nenhum roubo, portanto, não éramos receptadores de um acervo, até então procurado.

O sr. Reginaldo Duarte nos lembrou, inclusive, que por vários anos, encontrando-se diversos rolos de filmes pertencentes a Benjamim (não se sabe se apenas outros que não o relativo a Lampião) num canto da casa, na localidade de Brejo Seco, proximidades do atual Aeroporto Regional do Cariri, guardados em latas...

...a garotada do sítio tomava aqueles rolos e os queimavam durante as festas juninas. Certamente que por conta do material cinematográfico de então, sua queima se assemelhava a uma chuva de prata, coisa que fazia a garotada delirar.

Este é o fim trágico, pelo qual, inclusive tivemos que pagar duramente por uma suspeita descabida, a partir da ignorância e má vontade do então, meu amigo, Eusélio Oliveira, que não se permitiu aceitar o convite para conhecer de perto o que tínhamos comprado. A grande indagação que ficou, como moral da história foi mais uma grande dúvida sobre o que teria feito ou não Benjamim Abraão, como fotógrafo e cinegrafista, aluno de Ademar.

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Em tudo o que mencionei antes e do que ouvi, destaco: Sem querer por fogo na fornalha e já pondo, enfatizo o que registra a ficha da Cinemateca, mencionada: Há também belos trechos da estrada de ferro e fotografias de Lampião e seu grupo. Não é interessante que haja estas fotografias tomadas em data(s) anterior(es) a 1926. Observar que no filme com Lampião, Benjamim aparece usando um bornal com a inscrição Aba Film. Nunca houve omissão de que a produtora foi a Aba Film, de Adhemar Bezerra Albuquerque, que (também) deve ter feito a direção, à distância. Por isto, o depoimento de Nirez corrobora com as indicações anteriores de que ele era, efetivamente, produtor, diretor e fotógrafo destas películas em torno de 1925. Entre 1925 e 1936, quando filma Lampião, certamente Benjamim já teria apreendido objetivas e eficientes lições para manejar a máquina. Em mais de 10 anos de relação profissional com Ademar, Benjamim só teria feito isto? A resposta se foi, desgraçadamente, no fogo ingênuo das crianças, em noitadas de São João, nos arredores de Juazeiro do Norte.

Renato Casimiro
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Juazeiro do Norte recebe o Cariri Cangaço


Sob um sol forte e uma temperatura de 34°, à sombra; a terra de Padre Cícero, a Meca do Cariri; Juazeiro do Norte, acolheu na manhã do dia 23 de setembro os participantes do Cariri Cangaço 2009. A primeira visita, realizada a Colina do Horto possibilitou a todos os presentes conhecerem de perto toda a magnitude da fé do bom povo do cariri. O Museu Vivo no Casarão do Padre Cícero, a majestosa estátua do padre santo do Juazeiro, os romeiros, os benditos, as pequenas bancas de vendas e ao fundo a bela imagem do vale do Cariri, de onde se pode ver as cidades de Juazeiro do Norte, Crato, Barbalha e Missão Velha, anfitriãs do Cariri Cangaço.

A Visita continuou ao Memorial Padre Cícero, Cemitério do Socorro; onde foram visitados os túmulos do Padre Cícero e do Beato José Lourenço. Ali na Capela do Socorro o grupo foi recepcionado pelo professor Renato Dantas, que fez uma apresentação do pouco da grande história do lugar. Após visita à casa que foi a residência oficial do sacerdote de Juazeiro; ao Centro de Cultura Popular Mestre Noza e às Oficinas da Lira Nordestina, o grupo de convidados partiu para a primeira noite do Cariri Cangaço na maior cidade do interior cearense.



Severo, Aderbal e Wilton Dedê



Alcino, João de Sousa, Ângelo e Ivanildo


Ângelo Osmiro e Tv Diário

Rubinho, Vilela, Antônio Amaury, João de Sousa e Ivanildo


Diana Lopes, Dr. Napoleão Tavares Neves, Prof. Pereira