Bem Vindos ao Cariri Cangaço no YouTube


Nosso desejo é levar até você um pouco do conjunto do "Universo Cariri Cangaço"; os principais temas discutidos, os cenários onde tudo aconteceu, as cidades protagonistas desta saga, os personagens marcantes e tudo o mais que fazem da memória e da historia de nosso sertão nordestino um capítulo todo especial. Dessa forma o Canal do YouTube do Cariri Cangaço se une às nossas plataformas digitais: Blog, Facebook e Instagram, num grande movimento de fortalecimento de nossa história , cultura e tradições. 


O Canal do YouTube do Cariri Cangaço tem o apoio institucional da SBEC-Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço; da ABLAC - Academia Brasileira de Letras e Artes do Cangaço; do GECC - Grupo de Estudos do Cangaço do Ceará; do GPEC - Grupo Paraibano de Estudos do Cangaço e do GECAPE -Grupo de Estudos do Cangaço de Pernambuco.

"Cariri Cangaço, onde o Brasil de alma nordestina se encontra" 
agora também no YouTube. 
Copie o Link abaixo e cole em seu navegador: 

https://m.youtube.com/channel/UCWSetStng7pRUXOahy2LziA

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INAUGURAÇÃO OFICIAL 
DIA 01 DE AGOSTO DE 2020
19 Horas

Memórias Sangradas...Por Ricardo Beliel

Lampeão, Ponto-Fino, Moderno, Salamanta, Antonio de Engracia, Jurema, Mergulhão e Corisco na vila de Pombal, Bahia. 1928. 

O grupo de cangaceiros entrou na modesta vila nas primeiras horas da manhã e, desembestado, o chefe Lampeão pergunta aos que os recebem, um aglomerado de curiosos, se havia algum fotógrafo entre os locais. Por volta das oito horas da manhã o alfaiate, fotógrafo e maestro da Philarmonica XV de Outubro, Alcides Fraga de Mendonça, é levado ao encontro do cangaceiro com sua câmera de tirar retratos. Feita a foto, Alcides pede paciência ao capitão Virgolino e se compromete a entregar o serviço assim que recebesse os químicos necessários para revela-lo, então já encomendados em Salvador. Passados alguns dias, Fraga recebe a visita de um estranho em seu ateliê, que confessa ao alfaiate estar ali a mando do cangaceiro para buscar a encomenda. Lampeão havia deixado Pombal em paz, sem provocar qualquer peleja, para alívio dos vizinhos de Alcides, mesmo assim, o apreciado fotógrafo passou a sofrer acusações de cumplicidade com seus improváveis clientes por membros das policias baianas que passavam pela região. Alcides Fraga, por via das dúvidas, caso a cabroeira voltasse a procura-lo, mudou-se com a família para Piranji, na distante zona cacaueira, e somente após a morte de Corisco pode regressar ao seu saudoso sertão. Da fotografia que poderia tê-lo deixado famoso, herdou apenas um amargo exílio e o afastamento de suas atividades de maestro e alfaiate. Morreu deprimido, solitário, separado da família que amava, na vila de Cipó, distante apenas sete léguas da Pombal que o rejeitara por ter sido o autor de um histórico retrato do temido Lampeão.

trecho do livro "Memórias Sangradas", 
de Ricardo Beliel

Hoje tem Cariri Cangaço no Instagram !


Nesta terça-feira fomos convidados para ao lado do amigo Augusto Martins; historiador e sócio-fundador do Instituto Histórico e Geográfico do Pajeú; para um bate papo sobre o Cariri Cangaço; sua gênese, seu conceito e suas realizações; o mito Lampião, Maria Bonita, sua influência na vida do rei do cangaço e ainda Antônio Silvino ; o Rifle de Ouro. Tudo isso e muito mais, é hoje, dia 28 de julho, no INSTAGRAM DE AUGUSTO MARTINS, pontualmente as 19h avante !!!

Cariri Cangaço no YouTube


Nossas fronteiras não são e nunca serão definidas pela geografia, mas pelo tamanho e a nobreza de nossos sonhos. Dentro das celebrações pelos dez anos de nosso Cariri Cangaço, depois de lançarmos o capitulo "Grandes Artigos Cariri Cangaço" , com postagens especiais e mensais nesse mesmo blog, estamos agora, neste próximo dia 01 de agosto de 2020, lançando em grande estilo, o Canal do Cariri Cangaço no YouTube, onde reuniremos Temas eletrizantes e Convidados muito especiais.

Nosso desejo é levar até você um pouco do conjunto do "Universo Cariri Cangaço"; os principais temas discutidos, os cenários onde tudo aconteceu, as cidades protagonistas desta saga, os personagens marcantes e tudo o mais que fazem da memória e da historia de nosso sertão nordestino um capítulo todo especial. Dessa forma o Canal do YouTube do Cariri Cangaço se une às nossas plataformas digitais: Blog, Facebook e Instagram, num grande movimento de fortalecimento de nossa história , cultura e tradições. 




O Canal do YouTube do Cariri Cangaço tem o apoio institucional da SBEC-Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço; da ABLAC - Academia Brasileira de Letras e Artes do Cangaço; do GECC - Grupo de Estudos do Cangaço do Ceará; do GPEC - Grupo Paraibano de Estudos do Cangaço e do GECAPE -Grupo de Estudos do Cangaço de Pernambuco.

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INAUGURAÇÃO OFICIAL 
DIA 01 DE AGOSTO DE 2020
SÁBADO ÁS 17 HORAS

Vem aí Sílvio Bulhões pelas mãos de Pedro Popoff !!!


Um dia neste mesmo Blog, escrevi sobre a emoção de estar com o filho de Corisco e Dadá , numa especular visita que fizemos, eu e Ingrid ao lado de Archimedes e Elane a Maceió, vejamos : "Este maravilhoso e encantador universo do cangaço! Um fenômeno de natureza beligerante que marcou por décadas os conflitos rurais de nosso sertão , com uma força extraordinariamente grande, guarda fortes relações com nossas raízes  e que trouxe tanta dor ao povo do sertão é capaz de nos proporcionar surpresas verdadeiramente fantásticas, uma delas: Sílvio Bulhões; filho dos lendários capitão Corisco e sua intrépida companheira, Dadá.

Manoel Severo e Sílvio Bulhões

Conversar com Sílvio Bulhões, conhecer sua história, aproximarmo-nos de seu sentimento é algo de valor inestimável, tanto pela riqueza  e curiosidade histórica de sua vida como pelo grande ser humano que é, capaz de traduzir em poesia uma verdadeira saga de um menino que teve "dois pais e duas mães" aos quais dedicou todo o amor. O pequeno e grande Sílvio, filho de Corisco e Dadá, nasceu duas vezes: "Fui parido nas caatingas por minha mãe Dadá em um parto auxiliado pela cangaceira Moça, de Cirilo, em 1935  e depois tive um novo parto nove dias depois por minha mãe Liquinha, irmã do Padre Bulhões". O homem que teve dois pais: Corisco e Padre Bulhões e duas mães; Dadá e Liquinha; sempre nos recebe de braços abertos e torna todas as visitas, inesquecíveis..."


Bem , daí esse maravilhoso Universo do Cangaço nos permite encontrar outra personalidade simplesmente sensacional; esse um menino prodígio, um predestinado, um jovenzinho com muita estrela e um coração do tamanho do planeta; Pedro Popoff...

Aos 14 anos, Pedro Popoff é uma das mais festejadas personalidades mirins do universo sertanejo do sul do país. Filho de Bauru, com avós russos, o pequeno bauruense tem o coração nordestino, ama alma nordestina, “é uma cultura muito rica”, diz. Por isso, sempre que pode, lá está o menino do cordel, falando sobre o assunto e levando Cordéis para os amigos. Mais do que conhecer o Nordeste pelos filmes, poemas e músicas, Pedro já esteve em terras nordestinas, ja fez varias viagens ao nordeste e em especial participou de tres grandes edições do Cariri Cangaço; Exu, terra de Luiz Gonzaga, Fortaleza e Juazeiro do Norte. Mas ele ainda quer voltar para o cenário de Lampião e Maria Bonita muitas outras vezes e o próximo destino já está certo. “Eu gosto muito da Grota de Angicos, onde Lampião morreu. Ano que vem pretendo dormir lá, só eu, meu pai e minha mãe. Lá é lindo!”, planeja Pedro. Pedro Popoff foi premiado como "Jovem Destaque" justamente por ter criado a Cordelteca Gonçalo Ferreira; a primeira do gênero, no Sudeste. O cordelista conta que brincava com bonecos inventando histórias e a conversa entre os personagens era sempre em rima com sotaque nordestino. A partir daí, foram surgindo os primeiros cordéis de autoria própria.

Pois agora teremos os dois juntos, Pedro Popoff promove em seu Instagram um grande encontro numa live sensacional com o amigo Sílvio Bulhões, filho de Corisco e Dadá, simplesmente imperdível ! 

Live com Sílvio Bulhões
Dia 29 de Julho de 2020 às 20 horas
no Instagram de Pedro do Cordel

Nordeste - A Terra do Espinho Por:José Bezerra Lima Irmão

Manoel Severo e José Bezerra Lima Irmão, em dia de Cariri Cangaço

Agora com essa pandemia, aproveitei esse marasmo para concluir um livro que eu vinha escrevendo há um bom tempo. Terminei dividido-o em dois. Nos onze anos que passei pesquisando para escrever “Lampião – a Raposa das Caatingas” (que já está na 4ª edição), colhi muitas informações sobre a rica história do Nordeste. Concebi então a ideia de produzir uma trilogia que denominei NORDESTE – A TERRA DO ESPINHO.
Completando a trilogia, depois da “Raposa das Caatingas”, acabo de publicar duas obras: “Fatos Assombrosos da Recente História do Nordeste” e “Capítulos da História do Nordeste”.


Na segunda obra – Fatos Assombrosos da Recente História do Nordeste –, sistematizei, na ordem temporal dos fatos, as arrepiantes lutas de famílias, envolvendo Montes, Feitosas e Carcarás, da zona dos Inhamuns; Melos e Mourões, das faldas da Serra da Ibiapaba; Brilhantes e Limões, de Patu e Camucá; Dantas, Cavalcanti, Nóbregas e Batistas, da Serra do Teixeira; Pereiras e Carvalhos, do médio Pajeú; Arrudas e Paulinos, do Vale do Cariri; Souza Ferraz e Novaes, de Floresta do Navio; Pereiras, Barbosas, Lúcios e Marques, os sanhudos de Arapiraca; Peixotos e Maltas, de Mata Grande; Omenas e Calheiros, de Maceió. 
Reservei um capítulo para narrar a saga de Delmiro Gouveia, o coronel empreendedor, e seu enigmático assassinato. Narro as proezas cruentas dos Mendes, de Palmeira dos Índios, e de Elísio Maia, o último coronel de Alagoas.



A obra contempla ainda outros episódios tenebrosos ocorridos em Alagoas, incluindo a morte do Beato Franciscano, a Chacina de Tapera, o misterioso assassinato de Paulo César Farias e a Chacina da Gruta, tendo como principal vítima a deputada Ceci Cunha. Narra as dolorosas pendengas entre pessedistas e udenistas em Itabaiana, no agreste sergipano; as façanhas dos pistoleiros Floro Novaes, Valderedo, Chapéu de Couro e Pititó; a rocambolesca crônica de Floro Calheiros, o “Ricardo Alagoano”, misto de comerciante, agiota, pecuarista e agenciador de pistoleiros.

Completo a trilogia com Capítulos da História do Nordeste, em que busco resgatar fatos que a história oficial não conta ou conta pela metade. O livro conta a história do Nordeste desde o “descobrimento” do Brasil; a conquista da terra pelo colonizador português; o Quilombo dos Palmares.Faz um relato minucioso e profundo dos episódios ocorridos durante as duas Invasões Holandesas, praticamente dia a dia, mês a mês.



Trata dos movimentos nativistas: a Revolta dos Beckman; a Guerra dos Mascates; os Motins do Maneta; a Revolta dos Alfaiates; a Conspiração dos Suassunas. Descreve em alentados capítulos a Revolução Pernambucana de 1817; as Guerras da Independência, que culminaram com o episódio do 2 de Julho, quando o Brasil de fato se tornou independente; a Confederação do Equador; a Revolução Praieira; o Ronco da Abelha; a Revolta dos Quebra-Quilos; a Sabinada; a Balaiada; a Revolta de Princesa (do coronel Zé Pereira), tem capítulo sobre o Padre Cícero, Antônio Conselheiro e a Guerra de Canudos, o episódio da Pedra Bonita (Pedra do Reino), Caldeirão do Beato José Lourenço, o Massacre de Pau de Colher, A Intentona Comunista. A Sedição de Porto Calvo, As Revoltas Tenentistas.

Quem tiver interesse nesses trabalhos, por favor peça ao Professor Pereira – ZAP (83)9911-8286, ou fale comigo, ZAP (71)9 9985-1664.
José Bezerra Lima Irmão
26 de Julho de 2020

O Sertão Reverencia o Jacó !!!


A verdadeira alma nordestina se une para celebrar o Jacó. 
Transmissão ao Vivo da mais Tradicional Celebração do Sertão 
Promoção Fundação Joao Câncio
dia 26 de Julho - Domingo - 10 horas
YouTube/MissadoVaqueiro

No ano de 2017, um dos pontos altos da 47ª Edição da Missa do Vaqueiro de Serrita foi a entrega por parte do Conselho Curador do Cariri Cangaço através de seu presidente, Manoel Severo, do Título de "Personalidade Eterna do Sertão" ao Padre João Câncio, in memoriam, honraria recebida por sua esposa, Helena Câncio, em um dos momentos mais emocionantes do evento e da edição do Cariri Cangaço Exu-Serrita.

Padre João Câncio e Luiz Gonzaga na Missa do Vaqueiro

A tradicional Missa do Vaqueiro de Serrita é o resultado da homenagem prestada pelo povo do sertão ao vaqueiro Raimundo Jacó, célebre por sua coragem e talento na arte da lida e oficio com o gado. Jacó foi assassinado nesta mesma fazenda Lages, local atual do parque, em julho de 1954. A missa teve como idealizadores, seu primo Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, o Padre João Câncio e o poeta Pedro Bandeira. Toda a celebração, pontuada pela mais absoluta fé sertaneja impressiona pela grandiosidade, tanto em simbolismo espiritual como em sua dimensão material. São mais de 800 vaqueiros "encourados e montados", e um público que gira em torno de 70 mil pessoas em todo o período da festa e da celebração, traduzindo-se como uma das maiores manifestações culturais e religiosas do Brasil, esse ano, tudo acontecerá com o mesmo sentimento, só que "cada um em sua casa" ! Avante Jacó.

Missa do Vaqueiro de Serrita
Edição 2020 - Transmissão ao Vivo
26 de Julho de 2020

Eu e o Cangaço com Cristiano Ferraz

Fonte You Tube   Canal Aderbal Nogueira


Hoje traremos mais uma entrevista dentro do universo de pesquisadores da temática cangaço e nordeste. A iniciativa é do grande documentarista Aderbal Nogueira que desta vez nos traz o pesquisador e escritor florestano, uma das maiores revelações da literatura do cangaço dos últimos anos; Amigo do Cariri Cangaço, co-autor de "As Cruzes do Cangaço - Os Fatos e Personagens de Floresta"; Cristiano Ferraz.


Fonte: YouTube    Canal:Aderbal Nogueira

Mestre Luciano Carneiro Virou Folheto Eterno

"E hoje o Mestre Luciano Carneiro virou folheto eterno, desses que traduzem toda a humanidade na rima mais definitiva: o trabalho, o amor, a justiça, a liberdade.Foi-se o poeta mais completo que minha vista alcançou.Aqui, a minha reverência!" Cacá Araujo - Crato-CE.

NOTA DE PESAR
O Conselho Alcino Alves Costa do Cariri Cangaço, se solidariza com o sentimento de pesar dos familiares,amigos e admiradores do grande Poeta Luciano Carneiro; Mestre da Cultura Popular, Amigo do Cariri Cangaço; paraibano de nascença e cratense de coração. Vá em paz poeta e leve sua arte e poesia para alegrar ainda mais o céu estrelado de nosso amado sertão.

Bora Conversar ? Cariri Cangaço.

Fonte: YouTube

O cangaço sempre encontrou na região do cariri um ambiente propício para se aconchegar, fincar em alguns municípios sua raízes, enfim... Muitos são os personagens marcantes desse universo penoso e cheio de violência que assolou nosso sertão e que tinham base em nosso Cariri. Sob o comando do grande jornalista e comunicador Farias Junior, o "Bora Conversar" do ultimo dia 21 de julho deste 2020, trouxe um pouco desses personagens e um pouco da história do Cariri Cangaço. Expositores: Manoel Severo, curador do Cariri Cangaço, Dr. Miran Basílio, pesquisador e historiador, vereador e ex-secretário de cultura de Brejo Santo; Sousa Neto, pesquisador e escritor, Conselheiro Cariri Cangaço e secretário de cultura do Barro e David Junior, Secretario de Cultura de Brejo Santo. Vale a pena ver.

"Bora Conversar" - Cariri Cangaço
Farias Junior, Manoel Severo, Miran Basílio, 
Sousa Neto e David Junior
21 de Julho de 2020

Antônio Silvino em São José de Belmonte Por:Valdir José Nogueira


No primeiro dia do mês de dezembro do ano de 1914, foi recolhido à Casa de Detenção do Recife, o famoso bandoleiro Antônio Silvino, indiciado em 26 processos, por isso condenado a 239 anos e 8 meses de prisão, dos quais cumpriu apenas 23 anos, por ter sido indultado pelo presidente Getúlio Vargas, em 1937.

Um dos mais famosos nomes da história do cangaço, Antônio Silvino, antecessor de Lampião, foi nascido Manuel Batista de Morais, em Ingazeira (1875) sertão do Pajeú, e falecido em Campina Grande (1944), tendo passado para a história com os títulos de “Rifle de Ouro” e “Governador do Sertão”. Sua atuação ocorreu em quatro Estados da região Nordeste do Brasil durante quase duas décadas (1895 – 1914), com passagens quixotescas ainda hoje cantadas em prosa e verso por poetas populares e eruditos:

“Ai! Eu não vim ensinar
Filho do sol do deserto,
Sou dono do meu destino,
Meu canto é o rifle de ouro
Que foi de Antônio Silvino!”
(Ariano Suassuna)

Bem assim, esse Antônio Silvino, figura brava de cangaceiro, durante as suas incursões pelo sertão, também deixou registrada a sua passagem no município de Belmonte, esse fato gerou notícia que foi publicada no jornal carioca “O Paiz (RJ), Ed. 10161, de 1/8/1912:

“Um destacamento do regimento policial do Estado, comandado pelo alferes João Luiz de Carvalho, teve no município de Belmonte um encontro com o bando chefiado por Antônio Silvino. Do forte tiroteio que se travou, resultou a morte do cabo de polícia Silvino de Barros, e ficou ferido gravemente um dos soldados. Os cangaceiros, internaram-se pelas fronteiras do Estado do Ceará não sendo mais encontrados, e o destacamento, abandonando a perseguição, seguiu para Triunfo.”

Valdir José Nogueira de Moura

Pesquisador e escritor, Conselheiro Cariri Cangaço

Foto: Fotografias de Antônio Silvino tiradas no Gabinete de Identificação de Recife.

Hoje tem Cariri Cangaço no "Bora Conversar" !

A Morte do Cangaceiro Sabiá e a Doença Ruim como Castigo ao seu Matador Por:Manoel Belarmino

Manoel Severo, João de Sousa Lima e Manoel Belarmino

Aqueles 9 anos de cangaço em Sergipe, quase uma década, mais parecia um século. O sertão estava em alvoroço. Mortes, tragédias, chacinas, combates, medo, carreiras, atrocidades. Cangaceiros, coiteiros e volantes. Um dos acontecimentos que marcou a história do Cangaço em Sergipe foi a morte do cangaceiro Sabiá e a lenda que nasceu dessa morte. Sabiá (provavelmente este era o quarto cangaceiro com este nome) era natural de Poço Redondo e filho de Dona Maria Antônia Alves e Zeca Bié. O seu nome civil e de batismo era João Alves dos Santos, conhecido como João Preto.

Sabiá, ao entrar no cangaço, logo passou a pertencer ao grupo comandado por Zé Sereno. É naquela segunda visita dos cangaceiros à cidade de Aquidabã, feita pelo grupo de Zé Sereno e que Sabiá estava presente, que acontece a morte do filho de Zé Bié. Era o mês de outubro de 1936. O grupo de Zé Sereno chega às proximidade de Aquidabã e um grupo de jovens, já escaldados daquela visita de 1930 feita por Lampião e seus cangaceiros, quando aconteceram diversas malvadezas praticadas pelos cangaceiros aos moradores daquele lugar resolveram perseguir os cangaceiros que se aproximavam dali. Houve ali um tiroteio e o cangaceiro Sabiá foi atingido na cabeça, na malhada da Fazenda Barra Salgada, no município de Canhoba. A bala do jovem Gustavo Guimarães atingiu o cangaceiro Sabiá. Era a vingança dos homens de Aquidabã contra Lampião que quando em 1930 esteve ali arrasou aquela povoação. Os cangaceiros imaginando que fosse uma perseguição da volante, fugiram.

Arte de Anílton Freitas

Sabiá ainda não estava morto. Horas depois os jovens retornam à sede da fazenda Barra Salgada e vêem o cangaceiro baleado, mas ainda vivo, agonizando. O mesmo Gustavo que desferiu o tiro certeiro que atingiu a cabeça do cangaceiro, escarra e cospe na boca do já quase morto Sabiá. O cangaceiro já quase morto em seguida é arrastado por um caminhão até Aquidabã onde é exibido como troféu e como vingança às atrocidades feitas naquele lugar quando Lampião ali esteve.

Aquele ato impensado e cruel de Gustavo gerou uma lenda, mas o próprio Gustavo afirmava que o fato realmente aconteceu, dando conta que naquele momento que cuspiu na boca do quase morto cangaceiro Sabiá, sentiu o seu corpo coçar e gerando borbulhas estranhas e mal cheirosas. Apareceu dias depois uma doença ruim que tomou conta do seu corpo, desconfigurando-o completamente. Nem médico e nem reza forte dos mais renomados rezadores de Aquidabã e Canhoba deu jeito.

Segundo alguns pesquisadores, o próprio Gustavo Guimarães dizia que aquela doença ruim invadiu o seu corpo naquele momento infeliz do seu cuspe na boca do cangaceiro Sabiá. Sabiá morreu ali nas terras de Canhoba e Aquidabã, depois de ser ferido de bala de fuzil, cuspido, pisado e arrastado, e, logo depois, Gustavo, o matador do cangaceiro Sabiá, morreu de uma doença ruim que invadiu o seu corpo. Será que foi uma vingança da natureza por causa da morte do cangaceiro?

Manoel Belarmino, pesquisador, escritor, cordelista

Conselheiro Cariri Cangaço, Poço Redondo-SE

Dois Pedros, duas conversas... Por: Kydelmir Dantas


Dois Pedros, duas conversas,
De menino cidadão.
Foi no Cariri Cangaço,
Numa linda região.
Sem medo e sem embaraço,
A conversa sem cansaço,
É GONZAGA e LAMPIÃO.
Kydelmir Dantas
 15/07/2020

Um Argumento Por:Antonio Correa Sobrinho


Cangaceiros em Sergipe, logo nos remete à figura de Virgulino Lampião e seus comandados, a partir de março de 1929, quando, adentrando por Carira, fez do pequeno estado nordestino seu principal refúgio. Todavia, podemos dizer que a atuação de cangaceiros neste Estado, iniciou-se, pelo menos, em dois momentos, em 1906, quando da chamada "Revolta de Fausto Cardoso", e, ainda antes de Lampião, desta vez de forma mais efetiva, durante a Revolta de Augusto Maynard, em 1924. Em ambos os casos de forma mercenária.

Em 1906, cangaceiros foram contratados pelo movimento sedicioso liderado por Fausto Cardoso. O jornal situacionista "O Estado de Sergipe”, na ocasião da sublevação, declarou o seguinte: “Já muitos dias antes da revolta, os adversários desta cidade, mais tarde progressistas, anunciavam francamente a queda da situação. Os Aguiar rumorejavam que se faria, com assentimento do chefe da nação, a deposição do governo do Estado, logo que no solo sergipano pisasse o Dr. Fausto Cardoso. Não se guardava reserva.

As manifestações de força eram feitas às escancaras e as encomendas de cangaceiros para os municípios sertanejos faziam-se de maneira tal, tão francamente, que ninguém as ignorava.” É de se registrar que o famoso militar Augusto Maynard (foto acima) , interventor federal em Sergipe por duas vezes, na ditadura getulista, anos depois, foi um dos liderados por Fausto Cardoso. Não sabemos se cangaceiros participaram efetivamente da tomada do governo de Guilherme de Campos, na manhã de 10 de agosto de 1906, embora não haja dúvida de que civis pegaram em armas naquela ocasião. Os filhos do deputado Fausto Cardoso, por sinal, ao serem entrevistados, falando a respeito da morte do pai, chegaram a afirmar que o pai podia contar com 4.000 homens dispostos a tudo.

Em 1924, cangaceiros também atuaram contra os comandados de Augusto Maynard, os tenentes do Exército brasileiro em Sergipe, e a favor do governo Graccho Cardoso. Quanto à participação de cangaceiros nas hostes dos revoltosos, os tenentes de Maynard, é de se supor que, dentro de uma lógica, sim. O cangaceiro Corisco, que em 1924 andou servindo por aqui, esteve de um lado ou do outro, ou seja, da legalidade ou da ilegalidade; é de se saber.

Eronildes Carvalho

Vale mencionar que, do lado do governo Graccho Cardoso esteve Eronildes de Carvalho, que também foi interventor em Sergipe, no tempo de Getúlio. Sobre a participação do "batalhão" de Porfírio Brito, de Propriá, assim declarou o governador Graccho Cardoso, após vencida a revolta: “Porfírio Brito e os seus destemerosos companheiros encarnaram o primeiro protesto armado em Sergipe. Permitam os fados que não se perca dos nossos anais a beleza republicana desse exemplo” (“Tenentismo em Sergipe”, de Ibarê Dantas).

Os nomes dos destacados homens públicos sergipanos, Augusto Maynard e Eronides de Carvalho, neste meu argumento, meu objetivo foi mostrar que ambos, em momentos da história, contaram com a ajuda de homens proscritos, marginalizados, foras da lei, criminosos, cangaceiros.

Talvez esteja aí uma das razões do cangaço lampiônico em Sergipe ter sido tão tolerado, afagado quase, por estes dois governantes.

Antonio Correa Sobrinho
Pesquisador, Aracaju-Sergipe
14 de julho de 2020

Quando o Coronel Pedro Alves da Luz foi Acusado de ser Protetor de Lampião Por: Valdir José Nogueira


Em meados do mês de julho do ano de 1927, um indivíduo por nome Francisco Ramos, cuja alcunha “Mormaço”, depois de uma farra em um samba, no lugar Baixio dos Ramos, no município de Araripe (CE), feriu com um tiro um seu tio, sendo em seguida preso e conduzido à cadeia da cidade do Crato, onde prestou seu depoimento. O referido preso tratava-se de um dos mais célebres bandidos de Lampião, que havia há bem poucos dias abandonado o grupo do famoso cangaceiro, na sua triunfal excursão, quando este, deixando o Ceará, seguiu para Pernambuco.

O cangaceiro “Mormaço” fez a polícia do Crato, minuciosa descrição de sua vida, e de par com ela, trouxe abundantes elementos para a história do combate ao banditismo no Nordeste. O seu depoimento é impressionante. Porém, serão verdadeiras as informações do bandido? Ninguém mais pode assegurar. Em todo caso, o seu longo relato foi publicado em jornais da época. O “Jornal do Recife” publicou o curioso depoimento em duas edições seguidas. A edição desse jornal de nº 211 de 13 de setembro 1927, publicou a primeira parte do depoimento, sendo que em um dos trechos, o bandido desassombrado contou: “que o coronel Pedro da Luz, morador na fazenda Barrinha, município de Belém de Cabrobó, e próximo a Serra do Umã, cerca de uma légua, muito protege Lampião, fornecendo munição e ocultando o grupo na mesma serra, em lugar dele conhecido, desviando por todos os meios a pista do grupo; que o mesmo coronel recebe de Lampião dinheiro a título de gratificação pelos serviços prestados...”

Diante dessa tremenda acusação, e em decorrência também de outros boatos maldosos contra o tenente-coronel Pedro Alves da Luz, prefeito do Município de Belém de Cabrobó, que diziam ser o mesmo mais um protetor e coiteiro de Lampião, em 1928, o Conselho Municipal daquela cidade votou uma honrosa moção de solidariedade ao dito coronel e que foi publicada no jornal “A Província (PE)”, Ed. 128, do sábado, 2 de junho de 1928:

“Aos dezenove dias do mês de maio do ano de mil novecentos e vinte e oito, às 10 horas da manhã, no Paço do Conselho Municipal desta cidade de Belém de Cabrobó em sessão extraordinária, sob a presidência do tenente-coronel Jerônimo Pires de Carvalho, compareceram os cidadãos Inácio de Sá Araújo, Odilon Alves de Carvalho, Licínio Lustosa de Carvalho Pires e Aristides Alves de Carvalho Barros, conselheiros municipais, e sendo primeiro exposto o motivo da presente sessão que é apresentar ao Sr. Prefeito deste município o tenente-coronel Pedro Alves da Luz uma moção da mais inteira solidariedade erguendo assim o mais cabal protesto contra as infâmias e baixas calúnias que em torno do seu honrado nome se tem levantado ao foro de Vila Bela onde segundo consta, se lhe tem dado como coiteiro e protetor de Lampião, e por isto este Conselho não podendo e nem devendo absolutamente calar-se diante de tão torpe e revoltante injustiça feita ao Digno Chefe do Poder Executivo Municipal, apressa-se em vir por todos os seus membros, abaixo assinados, e satisfeitas as formalidades do estilo, dar o necessário e conveniente desmentido a tão aviltantes e injustas calúnias, obra sem dúvida de algum ou alguns mesquinhos desafetos do digno prefeito.


Para quem conhece de perto o tenente-coronel Pedro Alves da Luz, não há necessidade de dizer quem ele o seja, pois as suas maneiras de fino trato e relevantes serviços prestados a sociedade em geral, o tem sempre desde muito, revelado como um dos cidadãos mais digno, respeitável e útil deste município que muito lhe deve; umas como em outras localidades onde não é ele ainda conhecido, pequenos e injustos desafetos se lhe tem feito caluniosas acusações, cumpre para melhor desmentido a tais acusações que se põem em relevo o seu proceder, relacionando em síntese ao menos uma pequena parte dos seus serviços que tão abnegadamente pelo bem geral tem prestado à causa pública, fazendo para isso referência dos mais recentes, afim de que as pessoas de bem possam julgar como merece, assim verificar que se trata de um cidadão prestimoso e não um coiteiro e protetor de bandidos, vem pois o Conselho Municipal pela voz de seus membros, apresentar a presente moção para assim repelir as baixas calúnias que lhe tem injustamente assacado, se sente também no dever sagrado de reunir a esta, embora em resumo alguns traços da vida de tão conspícuo cidadão
O tenente-coronel Pedro Alves da Luz, desde sua mocidade prestou relevantes serviços não só de natureza material como moral, a sociedade, quer aqui quer em outros municípios onde anteriormente residiu, sendo porém suficiente relembrar dentre os méritos que tem prestado a este município como simples cidadão ou como homem público, em cujo caráter se acha atualmente investido, e nesta qualidade tem sido a sua administração uma das mais fecundas e prósperas conforme se ver dos diversos melhoramentos do município, o que não vem a caso enumerar. Quando há anos veio fixar sua residência neste município, vindo de Triunfo, onde exerceu com brilho o cargo de delegado de polícia, procurou a zona que mais se prestasse a agricultura e ai, conseguiu com um trabalho assíduo e inteligente converter as suas terras em fontes de riquezas para o Estado e o Município.

Manoel Severo, Valdir Nogueira, Manoel Serafim, Gurgel Feitosa e De Assis, em dia de Cariri Cangaço

Dizer-se então que o tenente-coronel Pedro Alves da Luz protege a Lampião é uma calúnia, pois muito pelo contrário ele procurou auxiliar sempre a ação do governo contra o tão terrível grupo, como prova disto se deduz de muitos fatos, como por exemplo, do seguinte: Somente depois que Lampião aumentou o seu grupo foi que teve que entrar 3 vezes neste município, passando por duas vezes na Barrinha, residência do tenente-coronel Pedro Alves da Luz, isto porém ligeiramente, sendo que da primeira vez por ali passara no caráter de capitão de um “Batalhão Patriota do Ceará” e em tal caráter chegou a 3 léguas de distância desta cidade, de onde mandou passar telegrama; e da segunda vez, tendo as suas ordens 89 bandidos, e então por isso o tenente-coronel Pedro Alves da Luz para não se expor às iras de tão temível facínora, uma vez que em coisa alguma se achava disposto a compactuar com ele, e por sua vez, não tendo elementos para reagir contra numeroso grupo, imediatamente retirou-se para esta cidade, de onde transportou-se para o povoado de Abaré do Estado da Bahia, só voltando a sua fazenda depois que passou o Estado de Pernambuco a ser governado pelo exmo. Sr. Dr. Estácio Coimbra, quando começou também mais ativa a perseguição ao banditismo, e desde então o tenente-coronel Pedro Alves da Luz, decidiu-se com mais ânimo, a auxiliar neste sentido a ação do governo, e uma das provas disto, está nos meios que facilitou ao volante Domingos Nogueira, para com outras pessoas de Riacho Pequeno, dar combate a Lampião se este com seu grupo tentassem atacar aquele povoado como sucedeu, e de que então resultou a morte de dois bandidos devido a tática e coragem do mesmo Domingos Nogueira, que neste tempo ainda não estava incorporado como praça, e os recursos de que dispunha para a luta lhe era fornecido pelo mesmo tenente-coronel Pedro Alves da Luz.
Quando após a chacina de Favela em Floresta, Lampião fingindo-se subir para atravessar neste município, voltou na direção do norte passando em Conceição das Crioulas, e indo abater gados no Olho d’Água, no pé da Serra do Umã, município de Floresta.
Foi o tenente-coronel Pedro da Luz quem logo ao saber da sua estada naquele local, veio a auto avisar ao delegado de polícia, tendo além disso posto a disposição seu carro ao cabo Manoel Ribeiro para este ir ao encontro do cabo Manoel Neto, comunicar o paradeiro do mesmo Lampião, e como este, muitos outros fatos poderíamos citar.
Nada mais se precisa adiantar para a demonstração cabal da completa falta de fundamento de espíritos perversos ou irrefletidos, tem injustamente assacado contra a reconhecida reputação do prefeito deste município, tanto mais quanto a sua honra, está a cavalheiro, de qualquer infâmia de que se lhe atenta atirar.
E depois de ser lida e datada, conforme, foi por todos assinada. Para constar eu José Carvalho de Sá Roriz, secretário o escrevi.”

Da tradicional e numerosa família Carvalho, o tenente-coronel Pedro Alves da Luz foi nascido no município de São José do Belmonte, na fazenda Gameleira, sendo o primogênito do casal major Antônio Alves da Luz e dona Maria Francisca de Barros, esta irmã do Padre José Pires dos Santos Barros.
Grande fazendeiro, o tenente-coronel Pedro da Luz, além da fazenda Barrinha onde residia, localizada entre os municípios de Belém do São Francisco e Salgueiro, era proprietário de muitas terras na região, onde mantinha avultada quantidade de rebanhos de gado bovino e de corte.
Era um homem muito rico, de grande prestígio, bom caráter e muito respeitado, possuindo também uma infinidade de compadres e comadres, em virtude da quantidade de crianças de que foi padrinho em toda aquela região, tendo algumas, adotado o seu sobrenome “Luz” como homenagem. Ainda no tempo que residiu em Triunfo, chegou a exercer naquela cidade os cargos de delegado de polícia e literário. Como político, exerceu os cargos de conselheiro municipal e prefeito de Belém de Cabrobó.Foi casado com dona Afra Florisbela Pires Cantarelli. O casal não deixou filhos.

Valdir José Nogueira de Moura,
Escritor e Pesquisador, Conselheiro Cariri Cangaço
São José de Belmonte

Mais uma Grande Obra de João de Sousa Lima

Virgulino e Cristino Por:José Bezerra Lima Irmão

Maria, Virgulino, Cristino e Dadá

Sobre as relações entre Lampião e Corisco, enganam-se os que supõem que eles eram “amigos”. No começo, enquanto Corisco era apenas um cangaceiro comum, as relações eram de chefe com subordinado. Mas a partir de 1929, quando Corisco constituiu seu próprio bando com seus parentes e os parentes de Dadá, ele engrossou o cangote.

Houve vários desentendimentos entre os dois. O primeiro foi em Tanquinho do Poço, quando o cangaceiro Fortaleza, do grupo de Corisco, tomou dinheiro de um coiteiro de Lampião e se recusou a devolver ao dono. Depois teve o episódio do assassinato do tabelião de Curaçá, Domiciano Pereira, por Corisco. As relações entre os dois azedou de vez quando Corisco estuprou uma amiga de infância de Maria Bonita em Rio do Sal. Sem falar no assassinato de Santo da Mandaçaia, por Corisco, no Alto Bonito, perto de Poço Redondo, região em que Lampião recomendava que nenhum morador fosse maltratado. Nos últimos dias, Lampião não confiava absolutamente em Corisco. Maria Bonita o odiava. E não gostava também de Dadá.

José Bezerra Lima Irmão
Pesquisador e Escritor

AALA Lança Concurso "100 Anos de Estação Ferroviária de Aurora"


A Academia Aurorense de Letras e Artes - AALA lançou neste mês de julho o Concurso "100 Anos de Estação Ferroviária de Aurora" contemplando;poesia, crônica histórica, curta-metragem, composição musical e ilustração. A AALA estabeleceu premiações do 1º ao 3º lugar como também certificados de participação. Confira o edital no link abaixo:


A Academia Aurorense de Letras e Artes, fundada por meio de sessão virtual em 11 de junho de 2020, com sede e foro na Cidade de Aurora, Estado do Ceará, é uma instituição civil, sem fins lucrativos, com duração indeterminada e reger-se-á por um Estatuto e um Regimento, constituídos em conformidade com o Código Civil Brasileiro. A Academia Aurorense de Letras e Artes, que tem por finalidade preservar, cultivar e promover o desenvolvimento da literatura, artes e dos valores patrimoniais, culturais, educacionais e históricos do Município de Aurora, é constituída por quarenta e cinco (45) cadeiras, das quais todas serão ocupadas por sócios acadêmicos no ato solene de instalação; todos dotados de reconhecida idoneidade moral e cultural no trânsito das tradições, dos valores e da cultura do Município de Aurora, Ceará.

Tributo a Daniel Walker Por:Renato Casimiro


Ontem reli um comentário de Célia Morais, em sua página no Facebook, sobre algo em torno dos museus de Fortaleza, destacando o quanto eles nos remetem à constatação de que a arte e a cultura de Juazeiro do Norte estão presentes em sua cenografia, nos seus acervos, nos seus eventos, a partir de seus grandes mestres e suas obras.

Citando exemplos, ela terminava sua nota considerando o nosso retardo em não ter instalado novos museus na cidade, a despeito dos três existentes. Esse comentário de Célia Morais foi feito no dia 10.07.2019 - um dia antes do falecimento de Daniel Walker Almeida Marques. Relevo esta coincidência para prestar neste dia, ainda imerso em grande tristeza, um tributo a Daniel Walker pela visão esclarecida e privilegiada com que tratou deste assunto em sua grande cruzada, a ponto de ter formalizado um projeto, e sobre ele ter trabalhado insistentemente, para que o mesmo contemplasse satisfatoriamente a implantação de equipamentos desta natureza.

Era o tempo do IPESC, na URCA, aqui em Juazeiro, e isto o sensibilizara a ponto de reconhecer e formular propósitos para a montagem de diversas destas unidades, voltadas para um relevo a mais para a arte popular através das manifestações artísticas de xilogravura, de literatura de cordel, de cerâmica decorativa, do imaginário em madeira e outros materiais, da arte sacra incarnada, da ourivesaria das nossas tradições, da memória jornalística e do patrimônio entre imagem e som.

Neste sentido, ele foi um visionário que se angustiou, exatamente pelo difícil confronto com a realidade posta pela indiferença dos gestores públicos, habitualmente tidos como os inevitáveis financiadores destas empreitadas. Muito recentemente, nós tivemos um exemplo marcante, da mente e dos braços de Alemberg Quindins, que chegou a cometer a “inexplicável” façanha de instalar um museu, o do couro, em Nova Olinda, com pouco mais de 15 mil reais. Na contramão de tal iniciativa, até nos parece que a maior parte destes prefeitos e secretários, que vivem sonhando com milhões (claro – para suas grandes obras de ferro e cimento), a questão da cultura é um trato menor, inexpressivo para seus sonhos de desenvolvimento.

Nas contas de Daniel Walker, aparelhar esta terra de tantos milagres, de tantos hábeis e férteis mestres, o custo era inexpressivo – e ele estava certo, algo como o administrável com pouco esforço, sem qualquer sangria no erário público, confortável aos olhos inquietos de tantos visitantes nestes museus, entre romeiros e a gente da terra.

Daniel Walker, com quem convivi por quase sessenta anos, era destes que sonhavam com esta cena possível, para o resgate deste compromisso inadiável com a cultura popular. Incansável nos seus gestos, ele os aprimorou para que a mensagem não faltasse, na direção do que tinha de ser feito, do que tinha de ser escrito, do que tinha de ser dito, do que tinha de ser realizado, do que tinha de ser sonhado, sempre em grande estilo.

Ao lembrar-lhes, nesta amarga efeméride, a perda imensa que tivemos de suportar com sua morte prematura, ficou-nos, acima de tudo, esta marca indelével de sua ação cultural, da sua personalidade de escol, a não desistir jamais dos seus sonhos, daquilo que ele fomentou por atitudes inconfundíveis, entre o profissionalismo exemplar, desde e sempre, ao jornalismo de rádio, dos jornais de folhas e da rede mundial de computadores, ao fazer cultural entre a docência e a farta produção livresca.

Renato Dantas, Daniel Walker, Jonas Luis, Manoel Severo, Aderbal Nogueira e Renato Casimiro no Cariri Cangaço Juazeiro do Norte

Escreveu sobre coisas e gente amada, nunca foi fútil nem pretensioso. Presenteou-nos e permanece imortal em nossas prateleiras com seus livros fartos, a nos dizer de uma atualidade de seus temas, sempre preocupado com a memória histórica de seu chão tão amado, na ansiedade de esclarecimentos e do “conhecereis a verdade”.

Há um ano, por sua partida, somos uma gente endividada com esta continuidade dos seus traçados, aqueles que nos resgatam, de longa data, a sensação de um certo, e pouco explicável, complexo de inferioridade, sentido a partir desta vontade compulsiva para legar à sua terra o melhor esforço para o seu desenvolvimento, especialmente no educacional, no artístico e no cultural.

Neste dia de hoje, lembrar Daniel Walker a todos nós é manifestar-lhe num Tributo. Um tributo que se arrastará pelos anos na tristeza e na angustia do que sentimos em seu calvário. Morreu Daniel Walker há um ano, deixando-nos moralmente, seus amigos e sua gente, com a tarefa inadiável, o do compromisso pela resolução desta pauta inarredável, por um Juazeiro melhor, por um Cariri mais fraterno, diante do que pela arte e pela cultura, tudo isto é possível.

E que você, Daniel, saiba pelos tempos, que suas lições estarão sempre à nossa frente, guiando, orientando, fortalecendo, insistindo, entusiasmando – nunca desanimando. E disto lhe damos noticia, porque nada ficou mais fácil depois que você se foi. Isto é um bom sinal, daqueles que nos dizem que ainda vamos precisar muito de você por perto. Talvez você não imagine a falta que está fazendo a cada um dos que por aqui ficamos, até um dia qualquer, num tempo em que tudo pareça um domingo pela manhã ensolarada, entre nove e meio dia, num daqueles bancos da Praça Padre Cícero, no Juazeiro de todos os seus amores e de todas as suas lembranças.

Renato Casimiro
Juazeiro do Norte