O Lendário Padre Ibiapina e a Pedra do Reino Por:Valdir Nogueira


“O vento que bater na Pedra do Reino há de espalhar tristeza e dor duas léguas em redor”, disse o padre José Antônio de Maria Ibiapina tempos depois da tragédia sebastianista do Reino Encantado. Com suas palavras, o missionário apenas quis impor medo nas pessoas para que novamente outro possível movimento de fanatismo fosse evitado. Porém, a sentença do piedoso vigário teria contribuído para aumentar a fama de região amaldiçoada que por muito tempo perseguiu o local. Todavia, a maldição de ontem transformou-se na tradição de hoje. Não há mistérios. Pelo contrário, a Pedra do Reino agora é um símbolo forte da história do município de São José do Belmonte, no sertão de Pernambuco.

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Homem culto, o padre José Antônio de Maria Ibiapina, nascido José Antônio Pereira em Sobral no dia 5 de agosto de 1806, realizou um importante trabalho, que, apesar de não ter cunho partidário, mostra as potencialidades de uma política carismática. O pai de Ibiapina fora fuzilado pela sua participação na República do Equador, e seu irmão mais velho morrera na ilha de Fernando de Noronha, onde cumpria prisão por também ter militado no movimento de 1824. Parece que sua mãe já havia falecido, pois o futuro padre passou a cuidar das três irmãs e do irmão mais novo. Em 1827, ingressou na primeira turma do curso de Direito de Olinda e, em 1832, bacharelou-se. 

Foi professor da faculdade durante alguns meses, mas já no ano seguinte era nomeado juiz de direito da comarca de Quixeramobim, no Ceará, onde residia o garoto Antônio Vicente Mendes Maciel, futuro Antônio Conselheiro. Já em 1834, foi eleito deputado geral, porém, quando sua noiva, filha de ilustre família, fugiu com um primo, abandonou as carreiras de deputado e de juiz, passando a dedicar-se às atividades de advogado, com banca em Recife, mas tendo também trabalhado algum tempo em Brejo de Areia, na Paraíba. Frequentador assíduo da igreja, em 1853, contando 47 anos, foi convidado a se ordenar sacerdote, sendo dispensado de cursar seminário, devido à sua formação, que incluía o direito canônico. Em seguida, o bispo de Olinda o nomeou vigário geral e provisor da diocese. Ele, porém, optou por trabalhar em missões pelo interior dos estados de Pernambuco, Ceará, Paraíba, Rio Grande do Norte e Piauí.


Poucos foram os missionários que realizaram tantas obras quanto o padre Ibiapina. Segundo um de seus biógrafos, em Santana do Acaraú, por exemplo, em 1862 ou 1863, concitou a população a construir, em apenas 73 dias, uma grande casa de caridade, que contava com 15 portas de frente, além de um cemitério junto à matriz e um canal de navegação, entre os locais denominados Armazéns e Espera do Negro, que reduzia a distância fluvial em uma légua. Em Picos, no Piauí, em apenas 11 dias, promoveu a construção de “uma igreja com adro e cruzeiro”. No entanto, além de estradas e açudes, padre Ibiapina promoveu a construção de nada menos que 22 casas de caridade, destinadas a atender órfãos e inválidos, nas quais trabalhavam as irmãs de caridade de uma espécie de ordem que ele instituíra. 

Existe mesmo um processo em prol da canonização do padre Ibiapina. Em 1876, ele sofreu um acidente vascular, que o forçou a encerrar o trabalho missionário e levou ao seu falecimento, aos 77 anos, na tarde de 19 de fevereiro de 1883, na Casa de Caridade Santa Sé, na Paraíba. Seu exemplo, contudo, celebrado nos sertões, influenciou a atuação dos também cearenses padre Cícero e Antônio Conselheiro.

Valdir Nogueira,Pesquisador e Escritor
Conselheiro Cariri Cangaço
São José de Belmonte-PE

Apagando Lampiao por Raul Meneleu


Comentários ao livro Apagando o Lampião: Mesmo com as críticas contundentes dos amigos pesquisadores, autores de livros e documentaristas, a Frederico Pernambucano de Mello sobre a questão de quem matou Lampião, não podemos desmerecer os esforços deste grande pesquisador conhecido por todos nós.
Quando você começa a ler o livro não quer parar, porque as frases borbulhantes da mente maravilhosa deste Grande Professor, soam como música aos nossos ouvidos. Por exemplo, quando chegamos à página 15, ele mostra que existem escritos valiosos da maioria dos escritores, mas que deixam em aberto boa parte do complexo de causas, sociais, econômicas, políticas e até tecnológicas que construíram para o grande desfecho de 1938 na grota do Angico.
Isso me lembrou nosso famoso escritor Sergipano Alcino Costa, que em um dos seus livros, mostra os mistérios que aconteceram neste desfecho, onde foi morto o cangaceiro mais famoso da história desta Saga Nordestina.

Raul Meneleu e Manoel Severo

Mostra-nos Frederico Pernambucano de Mello, que escrever sobre Lampião, sobre todos os fatos que envolveram o rei dos cangaceiros, torna-se em determinados momentos, nos assuntos específicos, uma armadilha para o pesquisador. E diz " que cada tópico do episódio que cor o mundo afora se abre em armadilha para o pesquisador a ponto de nos trazer à mente verso com que outro repentista extraordinário, Pinto do Monteiro, converteu para si mesmo na imagem do perigo, fazendo uso de cores sertanejas quando improvisou:
Eu sou um pé de Cardeiro
Na beirada do Riacho,
Com um Arapuá por cima
E um rolo de cobra embaixo,
Mangangá se arranchando:
Só vem a mim quem for macho!
Com isso o autor prestigia aqueles escritos mais importantes que foram feitos por outros. Ele diz textualmente "O quadro é preciso nas tintas. Reproduzi-lo aqui vale por homenagem deliberada do autor deste livro, àqueles que se debruçaram sobre o tema com a coragem de enfrenta-lhe a complexidade, arrostando paixões que se inflamam a cada ano decorrido do acontecimento. Paixões que, longe de arrefecer, parecem cristalizar-se em desafio permanente, convertendo o tema em Campo Minado.

A despeito do comentário, tivemos o cuidado de não fazer tábua rasa de nenhuma destas fontes escritas, do que dá prova a bibliografia ao final. A todas analisamos demoradamente. Demora de anos. As obras que chegaram ao "cardeiro" e as que deste sequer se aproximaram."

Lampião por André Neves

E para concluir apenas a parte inicial do livro, antevendo a querela mais importante, ele diz: "Não nos surpreendem as dificuldades enfrentadas por seus autores. Afinal, debruçaram-se sobre um mito em vida, que a morte não fez senão ampliar. Dos mais completos exemplos do processo psicológico de sublimação de perfil humano que o Brasil pode ver em sua história, esse de Lampião."
Depois posto outros comentários, se não me der preguiça, pois só escrevo quando dá vontade. Mas... o "cardeiro" (para um bom entendedor uma palavra basta) enfrenta sem temor defender sua tese com argumentos. E doa em quem doer!
Escrito em 25 de dezembro de 2018
Raul Meneleu , pesquisador e escritor
Conselheiro Cariri Cangaço

We Found Billy Jaynes Chandler ! Por Honório de Medeiros


Em uma quinta-feira do mês de setembro de 2015, publiquei um artigo em meu blog, cujo título é o seguinte: "WHERE IS BILLY JAYNES CHANDLER?" Ainda esta la, leiam...


Nele, eu e minha filha, Bárbara de Medeiros, contávamos o resultado de uma procura intensa por notícias acerca do grande escritor americano que viveu no Brasil e nele escreveu alguns dos clássicos da literatura sertaneja nordestina. Billy Jaynes Chandler é um dos mais importantes escritores acerca do cangaço e coronelismo, fenômenos ligados entre si e característicos de uma certa época da história recente do Brasil. Suas obras Lampião, o Rei dos Cangaceiros, e Os Feitosas e o Sertão dos Inhamuns, são canônicas, seminais, inigualáveis. Recentemente meu filho, que mora no Canadá, por lá adquiriu o Lampião traduzido para o inglês. Passaram-se os anos, e nada. Nenhuma notícia...

No início deste agosto, quase três anos depois, mais precisamente dia 8, postaram o seguinte texto no espaço reservado aos comentários ao blog (as traduções a seguir são de Bárbara de Medeiros):

 “Ginny disse...
I was googling my uncle and found this blog from back in 2015. I am Billy Jaynes Chandler's niece”.
 “Estava pesquisando o meu tio no Google e encontrei esse blog de 2015. Eu sou a sobrinha de Billy Jaynes Chandler”.

Honório de Medeiros e Família; Diogo, Bárbara e Micaela

Eu não li essa postagem. Ocupado com outros interesses, havia deixado o blog um pouco de lado.Por sorte nossa, Ginny também escrevera para meu email:“I read uncle bill your blog, translated in English, and it put a smile on his face. He is now 87 and has lost his Portuguese language and has some memory issues. He told me it was ok to reach out to you.
Ginny Petersen”.

“Eu li o seu blog para o tio Bill, traduzido para o inglês, e isso colocou um sorriso em sua face. Ele tem agora 87 anos e perdeu seu conhecimento da língua portuguesa e tem alguns problemas de memória. Ele me disse que era ok eu entrar em contato com você.”

Eu e Bárbara não conseguíamos acreditar. Ficamos muito felizes. Bárbara ficara contagiada com minha admiração por Chandler. No domingo, dia 11, mesmo mês, tratamos de responder: “I am very happy to know that he’s alive! I hope he is well, despite the memory problems. He is a true icon for us Brazilians, who study cangaço and the local culture. Do you know if he has written anything else? I’m sending you a picture of myself with my copy of his book, now a rarety over here. If possible (and I completely understand if any of you don’t feel comfortable) could you send me a picture of him? My daughter helped me a lot in my researches and would love to see it. Thank you for reaching out!”

“Eu estou muito feliz em saber que ele está vivo! Eu espero que ele esteja bem, apesar dos problemas de memória. Ele é um verdadeiro ícone para nós brasileiros que estudamos cangaço e a cultura local. Você sabe se ele escreveu mais alguma coisa? Estou enviando uma foto minha com a minha cópia de um de seus livros, que se tornou uma raridade por aqui. Se possível (e eu entendo completamente se vocês não se sentirem confortáveis) você poderia enviar uma foto dele? Minha filha me ajudou muito nas pesquisas e adoraria vê-lo. Obrigada por nos contactar!”

Chandler. Hoje, com mais de 86 anos. Imagem gentilmente cedida 
por Ginny Petersen, sobrinha sua.

Ginny voltou a fazer contato: “He did not write any more books, 4 books altogether. I recall while I was growing up, his visits to Brazil. Here is a picture of him last year just after his 86 birthday”.

“Ele não escreveu mais livros, foram quatro ao todo. Eu lembro quando estava crescendo, das suas visitas ao Brasil. Aqui está uma foto dele do ano passado, logo após seu 86º aniversário.” 

Nós: “Thank you so much! He looks great! Do you think I could write a follow-up to my article, now that you have given me the great news that he’s alive? I’d simply mention you have reached out! Maybe I could use the picture? Only if you allow me, of course. Once again, thank you so much for this exchange of messages, you have no idea how much it meant to me and my daughter”.

“Muito obrigada! Ele parece ótimo! Você acha que eu poderia escrever uma continuação do meu artigo, agora que você me deu a ótima notícia que ele está vivo? Apenas se você me permitir, claro. Mais uma vez, muito obrigada por essas mensagens, você não tem ideia do quanto significa para mim e para minha filha!”

Ginny: “You are more than welcome to do a follow-up. Your question to “where is Billy Jaynes Chandler” has been answered. He lives in Miami, Florida with his sister. :) I wish you could talk with him, he just doesn’t remember much, but has strong memories, although unclear, of his time in Brazil. Take care to you and your daughter”.

“Sinta-se à vontade para fazer uma continuação! Sua pergunta ‘Onde está Billy Jaynes Chandler’ foi respondida. Ele mora em Miami, Flórida, com sua irmã. :) Eu gostaria que você pudesse falar com ele, ele apenas não se lembra de muita coisa, mas tem fortes memórias, apesar de incertas, do seu tempo no Brasil. Lembranças a você e sua filha!”.

Muito obrigada Ginny. Estamos enviando esse artigo para você e fazendo a postagem no blog, para que quem puder tenha conhecimento dessa notícia. Ficamos maravilhados em saber que Chandler está vivo. Torcemos por ele, desejamos que fique muito bem, e lhe enviamos um grande abraço aqui do Nordeste do Brasil, do Sertão que ele conheceu. 

Honório de Medeiros
Pesquisador e Escritor
Conselheiro Cariri Cangaço, Natal-RN

Brejo Santo e o Último Dia da Grande Festa do Cariri Cangaço 10 Anos


Brejo Santo, uma das mais tradicionais cidades da região sul do estado do Ceará, localizada a 500 km da capital alencarina, Fortaleza, recebeu o último dia do grande Cariri Cangaço 10 Anos. Com forte vocação desenvolvimentista, Brejo Santo é uma das cidades polos do Cariri cearense, tornando-se ponto de referência para toda região. Atualmente com cerca de 51 mil habitantes possui uma história forte e peculiar ligada ao fenômeno do cangaço e coronelismo dos finais do século XIX e as primeiras décadas do século XX. Para resgatar um pouco dessa memória recebeu o Cariri Cangaço em um dos momentos mais importantes de sua festa de 10 anos.

Público recorde lota as dependências do Cine Teatro Professor Júlio Macedo Costa
 Brejo Santo recebe com festa o Cariri Cangaço 10 Anos 

Cine Teatro Professor Júlio Macedo Costa; um dos mais bonitos equipamentos culturais do sul cearense; acolheu a manhã solene de abertura do último dia do Cariri Cangaço 10 Anos. Com suas dependências completamente lotadas, pesquisadores de todo o Brasil puderam conhecer mais de perto um pouco da história e dos muitos episódios marcantes que tiveram em Brejo Santo seu principal cenário.  

A Mesa solene da abertura contou com as presenças da prefeita municipal, Teresa Landim, do deputado estadual Guilherme Landim, do vice-prefeito Bosco Sampaio, da presidente da câmara municipal, vereadora Carmem Martins; do curador do Cariri Cangaço, Manoel Severo; do secretário municipal de cultura Dr Miram Basílio, dentre outras autoridades. Com cerimonial do jornalista Faria Junior, o evento teve seu inicio com Hino Nacional Brasileiro para logo em seguida haverem as falas das autoridades, representadas pela prefeita Teresa Landim e pelo deputado estadual Guilherme Landim.

Em suas palavras a prefeita Teresa Landim falou da "satisfação e a honra do Cariri Cangaço escolher Brejo Santo para compor a programação de seus 10 anos" e completou: "Hoje é um dia mais que especial, Brejo Santo recebe o mais qualificado e respeitado evento sobre o cangaço, de todo o Brasil, para nós é motivo de muita alegria".


A manhã de festa seguiu com as apresentações artísticas de dança, xaxado, cordel e poesia, além do mais autêntico forró de raiz sertanejo, os destaques ficaram por conta da bailarina Glícia, de Brejo Santo, do casal Quirino Silva e Célia Maria, de João Pessoa; do artista mirim Pedro Popoff - "O menino do cordel e do baião" de Bauru, São Paulo e Luiz Forró de Natal.


"As apresentações artísticas são parte integrante das programações do Cariri Cangaço. Elas promovem a integração das artes e da cultura dos vários rincões sertanejos, assim sempre que viajamos com nosso Cariri Cangaço, levamos nossos artistas e recebemos os artistas da terra, isso é muito bacana" revela a Conselheira Cariri Cangaço, pesquisadora Juliana Pereira.

Quirino Silva e Célia Maria na festa do Cariri Cangaço em Brejo Santo

"O xaxado foi difundido como uma dança de guerra e entretenimento pelos cangaceiros, notoriamente do bando de Lampião, no início dos anos 1920, em Vila Bela, atual Serra Talhada. Na época, tornou-se popular em todos os bandos de cangaceiros espalhados pelos sertões nordestinos"
 Quirino Silva e Célia Maria na festa do Cariri Cangaço em Brejo Santo

O Autêntico xaxado nordestino...


Pedro Popoff - "O menino do cordel e do baião"; 13 anos, é um dos astros mirins do Cariri Cangaço. Paulista de Bauru e neto de Russos, Pedrinho é um apaixonado pela cultura do sertão e apresentou um conjunto de cordéis na manhã solene em Brejo Santo. "O Cariri Cangaço tem essa força, é incrível como contagia a todas as gerações e idades. Temos nossos artistas mirins representados pelo Pedrinho Popoff, a querida Cecília do Acordeon, o Pedro Lucas do Museu, a Deisiely do Acordeon, a linda Francine Maria, essas crianças estão sempre viajando o nordeste inteiro acompanhando o Cariri Cangaço, isso é maravilhoso" confessa o Conselheiro Cariri Cangaço Manoel Serafim, de Floresta, Pernambuco.
Pedro Popoff - "O menino do cordel e do baião"; 13 anos, é um dos astros mirins do Cariri Cangaço. Paulista de Bauru e neto de Russos, Pedrinho é um apaixonado pela cultura do sertão...

 Pedro Popoff e a festa do Cariri Cangaço 10 anos em Brejo Santo

A manhã ainda reservava o lançamento do livro do escritor Dr Wanderlei Landim, "Voo do Zabelê", a obra do autor e renomado brejossantense que teve a apresentação do médico Dr. Welilvan Landim. Na oportunidade o Sr. Wanderley Landim foi agraciado com comenda de Honra ao Mérito Cultural, pelos relevantes serviços prestados à Cultura do Cariri. 


DrWanderlei Landim e o lançamento de "Voo do Zabelê"

A solenidade seguiu com um conjunto de homenagens prestadas pelo Conselho Alcino Alves Costa, do Cariri Cangaço; representado por Manoel Severo. Receberam os Diplomas de "Amigo do Cariri Cangaço" ,  a prefeita Teresa Landim, o deputado Guilherme Landim, a presidente da câmara Municipal, Carmem Martins e o secretário de Cultura, Dr . Miram Basílio.

 Prefeita Teresa Landim e diploma de "Amiga do Cariri Cangaço"
Ex-deputada Gislaine Landim recebe em nome do filho, deputado Guilherme Landim e presidente da câmara Carmem Martins
Secretário de cultura Dr Miram Basílio e Manoel Severo

"O Diploma de Amigo do Cariri Cangaço é uma distinção à personalidades que se destacam no fomento e defesa da cultura e tradições nordestinas; o Cariri Cangaço sente-se honrado em poder prestar essas homenagens através do Conselho Alcino Alves Costa", revela o Conselheiro Cariri Cangaço Narciso Dias, de João Pessoa.

 Manoel Severo: "Quanta honra chegarmos à querida Brejo Santo..."
 Manoel Severo:"Brejo é sem dúvidas uma das cidades mais tradicionais e fortes de nosso Ceará"
Manoel Severo:"Meu amigo Miram Basílio é o grande responsável por essa grande festa"
Manoel Severo e o ex-prefeito José Landim

Em suas palavras o curador do Cariri Cangaço, Manoel Severo ressaltou "a grande força e a tradição de Brejo Santo" como também falou do grande apoio por parte da Prefeitura Municipal de Brejo Santo através da prefeita Teresa Landim e toda sua equipe, e finalizou: "Temos aqui que ressaltar o espetacular trabalho do Secretario de Cultura, Turismo e Eventos, meu amigo Miram Basílio, na verdade o grande responsável por este grandioso Cariri Cangaço 10 anos em Brejo Santo" 

Manoel Severo e a concessão das Comendas aos "Personagens Históricos do Sertão" 

Seguindo-se a programação foi a vez do Cariri Cangaço prestar homenagens a grandes vultos e personalidades da história de Brejo Santo que tiveram destaque dentro da historiografia do cangaço e coronelismo. Receberam a Comenda "Personagem Histórico do Sertão" ; o coronel Chico Chicote, o capitão Arlindo Rocha, o lendário Antônio da Piçarra, Antônio Gomes Grangeiro, a família do Major José Inácio do Barro e o ex-cangaceiro Moreno, do bando de Lampião.


Djalma Inácio de Lucena recebe a Comenda em homenagem a Chico Chicote da Guaribas
"Chico Chicote era tido como desordeiro contumaz; quando bebia quase sempre acabava se envolvendo em problemas. Por seu temperamento difícil ,já tinha sobre seus ombros vários crimes e um número sem fim de inimigos. Dentre esses se destacava a família Salviano, mentora da tragédia de Guaribas.Entre Chico Chicote e Lampião sempre houve um respeito mútuo , apesar da distância; Lampião que até ali não tinha inimigos no estado do Ceará, acabou sendo o álibi perfeito para o início da trama que daria cabo a vida de Chico Chicote.A manhã daquele primeiro de fevereiro de 27, avançava nas Guaribas. A força comandada pelo tenente José Gonçalves Bezerra, após o assassinato do grupo de Antônio Gomes Granjeiro em Salvaterra e Antônio Marrocos no terreiro de Chico Chicote, iniciava um dos mais terríveis cercos da história do cangaço. De dentro de casa, acompanhado apenas pela esposa, Dona Geracina, da filha Josefa, do filho Vicente Inácio, e os cabras Sebastião Cancão e Mané Caipora; Chico Chicote numa das resistências mais célebres do sertão, sustenta uma verdadeira chuva de bala de seus oponentes, que mantinham Guaribas quase que totalmente cercada."

 Dona Mundinha Grangeiro e Mano Grangeiro recebam a Comenda 
de Antônio Gomes Grangeiro "in memoriam"
 Mano Grangeiro e palavras de gratidão ao Cariri Cangaço
Dona Mundinha, prefeita Teresa Landim e Mano Grangeiro
Monumento em homenagem a Antônio Grangeiro no local de sua morte

"Hoje neste dia 27 de julho de 2019 aqui no Cine Teatro de Brejo Santo, eu e mamãe, Raimunda Grangeiro Neves, recebemos, das mãos do meu querido amigo, Manoel Severo Barbosa, Presidente do Conselho Curador do Cariri Cangaço, a Comenda de Personagem da História do Sertão, concedida ao meu avô materno, Antônio Gomes Grangeiro (In Memoriam). Meu avô morreu no histórico e trágico acontecimento conhecido como "Fogo das Guaribas", assassinado pelo famigerado Tenente Zé Bezerra, que estava à frente da volante das forças policiais do Ceará, em 2 de fevereiro de 1927. Quatro meses depois do bárbaro assassinato de vovô, minha avó, Celina Grangeiro, dava à luz aquela que viria a ser minha mãe, hoje nonagenária, e única filha viva de Antonio Grangeiro. Gratidão ao Cariri Cangaço pelo reconhecimento. Foi muito emocionante pra nós." Confessa um emocionado Mano Grangeiro.

 Manoel Severo, Wilton Santana Filho, Arlindo Rocha Filho e esposa
Arlindo Rocha Filho e as palavras de gratidão em nome do pai, Tenente Arlindo Rocha
"Arlindo Rocha veio a ser um dos principais perseguidores dos bandos cangaceiros; participou de muitos combates contra os bandos, um desses foi o famoso combate da Serra Grande no dia 26 de novembro de 1926 que a época pertencia a Flores-PE, e hoje ao município de Calumbi-PE, saindo Arlindo com um ferimento no queixo, outros episódios marcantes onde o militar estava entre os protagonistas foram o cerco à Guaribas de Chico Chicote e o cerca à Piçarra, quando foi baleado e morto o cangaceiro Sabino das Abóboras"

"O Conselho Alcino Alves Costa do Cariri Cangaço presta justas homenagens a estes verdadeiros ícones da historiografia do cangaço e do sertão. Personagens como o grande tenente Arlindo Rocha, o lendário Antônio da Piçarra, o Major Zé Inácio do Barro, os protagonistas e vítimas de uma das maiores chacinas do sertão; Chico Chicote e seu Antônio Grangeiro, sem falar no ex-cangaceiro Moreno, um dos mais destacados do bando de Lampião, aqui não fazemos homenagens ao banditismo ou a cangaceiros, apenas registramos as figuras lendárias e personagens históricos" confirma o Conselheiro Cariri Cangaço Ivanildo Silveira, de Natal.

 Dr Miram Basílio passa às mãos de dona Ivanilda Leite e Vílson, a comenda em homenagem ao lendário Antônio da Piçarra.
Wilton Santana Filho, ou simplesmente Vílson da Piçarra, como é conhecido o neto que foi criado por Antônio da Piçarra que com emoção fala do momento especial da homenagem ao avô e o respeito e admiração ao Cariri Cangaço.
"...Muito se tem falado sobre o meu avô Antônio da Piçarra, mas poucos sabem da real e verdadeira história de sua ligação com Lampião. Veja: Minha avó tinha fortes ligações com a família de José Saturnino de Vila Bela, no Pajeú e meu avô acabou tendo essa forte ligação com Virgulino, é a vida! Agora sobre o cerco e a morte de Sabino aqui na Piçarra, meu avô não pôde fazer nada, a volante estava em sua casa e mantinha sob ameaça sua esposa e filhos, não tinha saída, teve que levar os homens ao local onde estavam os cangaceiros..."Vílson da Piçarra

 O Conselheiro Cariri Cangaço , secretário de cultura da cidade de Barro, Sousa Neto, autor da festejada obra "Major Zé Inácio do Barro" entrega a Comenda a Maria do Socorro Martins Cardoso , representante da família...
Manoel Severo e Dra Socorrinha
Dra. Socorrinha, ex-primeira dama da cidade de Porteiras, lembra a presença do Cariri Cangaço em Porteiras por duas vezes e a homenagem à sua família
Major Zé Inácio do Barro
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O último registro da manhã foi a entrega da Comenda de "Personagem Histórico do Sertão" ao ex-cangaceiro Moreno; representado por seus filhos; Neli Conceição e Inacinho; primos, sobrinhos e outros familiares. "Moreno nasceu em Tacaratu; Pernambuco, mas passou sua infância e adolescência em Em Brejo Santo. Na última vez que veio a Brejo Santo por ocasião das gravações do filme "Os últimos cangaceiros" na conversa com os parentes, entre risos, lágrimas e versos improvisados, reviveu a sua adolescência sofrida marcada por um ardente desejo de ser soldado de Polícia. O destino, entretanto, lhe foi cruel. Terminou levando uma surra da Polícia de Brejo Santo, sob a acusação injusta de ter roubado um carneiro. Quando saiu da cadeia, matou o homem que o denunciou e que era o verdadeiro ladrão do carneiro. A partir daí virou uma fera. Matou e castrou alguns dos seus perseguidores. Ele nega estes crimes, dizendo que não assassinou ninguém em Brejo Santo. Mas, a própria família confirma as atrocidades praticadas por Moreno que, com 19 anos, fugiu para a Paraíba. Em Cajazeiras, matou mais um. Fugiu para Alagoas, onde já chegou com a fama de valente, dai entrar no cangaço foi um pulo." revela Antônio Vicelmo.

Neli e Inacinho recebem Comenda de "Personagem Histórico do Sertão"
Inacinho, filho de Moreno e Durvinha no registro de Personagem da História do Sertão a seu pai, ex-cangaceiro Moreno.
Conselheira Cariri Cangaço, Neli Conceição e a Comenda de Personagem da História do Sertão a seu pai, ex-cangaceiro Moreno 
Neli Conceição, Manoel Severo e Inacinho
 Neli Conceição, Louro Teles e Inacinho
Neli Conceição, Louro Teles e Inacinho
Aline Melo, Juliana Pereira e Junior Almeida

"A caravana Cariri Cangaço fiel ao propósito de desbravar as entranhas da história e cultura nordestina! Salve salve a brilhante iniciativa e os seus fazedores. Pelas vias do fazer cultural, somos todos construtores de um processo educacional que evidencia a cultura nordestina em seus detalhes outrora repousados em cada espaço que ocorreu. Cenários e personagens revistos no Cariri, um momento promissor para a historiografia nordestina. Avante! Cariri Cangaço no Ceará, edição de 10 anos de fundação da instituição. Conhecer cenários, personagens e histórias fortalecem a cultura e o fazer educacional, que entra nas trilhas do nordeste. Momentos de celebração e sempre renovados aprendizados. Viva a cultura sertaneja" festeja o pesquisador Urbano Silva de Caruaru, Pernambuco.

 Luiz Forró e Glícia no autentico forró de raiz sertaneja

A última etapa da programação no Cine Teatro de Brejo Santo marcou a entrega de troféus de honra ao mérito cultural por parte do Secretário de Cultura, Turismo e Eventos, historiador Miram Basílio à várias personalidades da vida cultural e educacional de Brejo Santo, num autentico reconhecimento ao trabalho desenvolvido em defesa da  cultura regional.

Secretário de Cultura, Turismo e Eventos, historiador Miram Basílio; grande responsável pelo Cariri Cangaço em Brejo Santo

"As terras localizada no sopé da Chapada do Araripe, eram habitadas pelos índios Kariri, antes da chegada das entradas no interior brasileiro durante o século XVII. Os integrantes das entradas, militares e religiosos, mantiveram os primeiros contatos com os nativos, estudaram todas a região dos Cariri, catequizaram os indígenas e os agruparam em aldeamentos ou missões.Os resultados destes contatos e descobrimentos desencadearam notícias que na região tinha ouro em abundância e em seguida desencadeou-se uma verdadeira corrida para os sertões brasileiros, onde famílias oriundas de Portugal, sonhando com as riquezas de terras inexploradas e com a esperança de encontrar o minério, que as levariam a aumentar o seu patrimônio material, além de aumentar o seu prestigio pessoal com a corte portuguesa. A busca do metal precioso, nas ribanceiras do rio salgado, trouxe para a região do sertão do cariri, a colonização e com consequência a doação de sesmarias, o que permitiu o surgimento de lugarejos e vilas. Brejo Santo como núcleo urbano surgiu neste contexto, ao redor de uma fazenda."
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Brejo Santo fica a 500 km da capital do Ceará, Fortaleza
"No ano de 1858 existia, onde hoje se situa a cidade de Brejo Santo, duas casas: uma propriedade do Coronel Aristides Cardoso dos Santos e uma pertencente a viúva de Antonio José de Sousa, Senhorinha Pereira Lima, onde o tropeiro se abastecia de farinha, arroz, fumo, bebida, descansava os animais e depois partia em rumo de Jardim. Neste mesmo ano, chegou a Brejo Santo, o Coronel Clementino Cavalcanti, José Francisco da Silva, sua esposa Ana Maria Gomes da Silva e seus filhos. Pouco a pouco, o povoado foi crescendo, surgindo novas casas, bodegas e com uma tendência sempre ascendente de desenvolvimento, foi concedido os Foros do Distrito."
Coronel Basílio Gomes da Silva
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"Por iniciativa de Basílio Gomes da Silva, filho de José Francisco da Silva, foi enviada uma carta ao Dr. Antônio Luiz dos Santos solicitando a criação da freguesia de Brejo dos Santos. Com a Lei Provincial numero 1.708, de 25 de julho de 1876, criou-se a paróquia, separando, assim, das paróquias de cidades vizinhas, entretanto, somente em 02 de setembro de 1877 é que o Padre Francisco Lopes Abath chegou a cidade. Com a frequente expansão populacional e comercial, Brejo dos Santos tornou-se vila pelo decreto numero 49, de 26 de agosto de 1890, de autoria do Governador do Estado, Coronel Luiz Antônio Ferraz, criando, assim, a "Villa de Brejo dos Santos”. Finalmente, a vila passou a cidade pelo Decreto-Lei Estadual numero 448, de 20 de dezembro de 1938, com o topônimo simplificado de Brejo Santo. A cidade de Brejo Santo somente tomou a configuração física dos dias atuais com a Lei numero 1.153, de 22 de Novembro de 1951, ficando, por conseguinte, assim constituído: Brejo Santo (Sede do Município) São Felipe e Poço (Distritos), perdendo com a referida lei o distrito de Porteiras, que passou a configuração de cidade."

Carla Mota e Pedro Popoff
Vilson da Piçarra, Kael Rocha e Paulo de Tarso
Voldi Ribeiro 

A grande festa da família Cariri Cangaço 10 Anos na cidade de Brejo Santo
 Manoel Belarmino, Rose Souza, Rangel Alves da Costa, Ingrid Rebouças, Rubelvan Lira, Maria Oliveira e Voldi Ribeiro.
Bruno Yacub, Ingrid Rebouças e Manoel Severo
Zé Tavares, Geraldo Ferraz e Jorge Figueiredo
David Junior e Manoel Severo
Ze Tavares e Bismarck Oliveira
A isso chamo Cariri Cangaço !!!
 Rangel Alves da Costa, Ingrid Rebouças e Rubelvan Lira
Kael Rocha, Junior Almeida, Arlindo Rocha Filho, Ze Tavares e Calixto Junior

Luiz Antonio, Quirino Silva, Clênio Novaes, Ze Irari, Ivanildo Silveira, Ze Tavares, 
Noadia Costa e Jorge Remigio
Daniel Cruz e Rubelvan Lira
 Narciso Dias, Junior Almeida e Vilson da Picarra
 Jose Irari, Arnaldo Nogueira, Clenio Novaes e Quirino Silva
Junior Almeida, Elane Marques, Sabino Bassetti e Juliana Pereira 
 A grande festa do Cariri Cangaco em Brejo Santo...
 Sulamita Buriti
Urbano Silva e Abreu Mendes
Valdir Nogueira, Ivanildo Silveira, Ze Tavares, Noadia Costa,e casal Bismarck Oliveira



Cariri Cangaço 10 Anos
Cine Teatro Professor Júlio Macedo Costa
27 de Julho de 2019
Brejo Santo, Ceará