A Magia do Baião invade Fortaleza

Manoel Severo, Paulo Vanderley e Waldonys
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Impossível pensar a musica brasileira sem passar necessariamente pela musica nordestina. É impossível pensar a musica brasileira sem deitar o olhar para dois de seus  principais ícones . Um o Rei, o Embaixador, o outro, um Anjo, o Sucessor... Um chamava Luiz outro José...Ou melhor, Luiz Gonzaga do Nascimento; o Gigante Rei do Baião Luiz Gonzaga, o outro, José Domingos de Morais; ou simplesmente Dominguinhos.
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Fortaleza viveu uma tarde de festa e muita celebração. Neste sábado dia 27 de abril, dentro da agenda Cariri Cangaço-Café Patriota, Luiz Gonzaga e Dominguinhos invadiram o Salão Nobre do Café Patriota a partir de uma conferência pra lá de especial. 
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O conferencista tinha o pai como um dos estimados amigos de "seu Luiz" lá em sua cidade natal, Exu. "Meu pai era gerente do Banco do Brasil e depois de mudarmos e passarmos por várias cidades nordestina, chegamos a Exu. Seu Luiz era cliente  do banco e fazia muitos negócios com meu pai, daí acabaram tornando-se amigos, então desde pequeno acostumei a ver seu Luiz em minha casa...". E continua um entusiasmado conferencista, "já seu Domingos fez parte de minha vida por muito e muito tempo, foram tantos os momentos que compartilhamos juntos; ele, eu, minha esposa, meus filhos; foram inesquecíveis que ficam guardados e ficarão guardados por toda nossa vida." É impossível estudar Luiz Gonzaga e Dominguinhos sem falar em Paulo Vanderley.
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 Manoel Severo apresenta Cecília do Acordeon e Edson Oliveira na abertura do evento
"Cecília do Acordeon é um exemplo de que o talento e força de nossa musica nordestina de raiz não pode e não vai morrer"
Edson Oliveira e Cecília do Acordeon
Ingrid Rebouças e Waldonys em tarde de Cariri Cangaço
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A tarde começou com as boas vindas do curador do Cariri Cangaço, Manoel Severo, que em nome também dos empresários Lincoln Chaves e Anapuena Havena, agradeceu a presença de todos para mais uma agenda da parceria Cariri Cangaço com o Café Patriota, "incrivelmente passamos do rei do cangaço ao rei do baião, mostrando a enorme força da história, da cultura e da música nordestina, sem dúvidas teremos hoje o grande privilégio de acompanharmos a maravilhosa conferência do querido amigo Paulo Vanderley; um dos maiores conhecedores da vida e da obra, tanto de Luiz Gonzaga como de Dominguinhos; sem falar na apresentação de nossa querida pimentinha do forró, Cecília do Acordeon" iniciou Manoel Severo.
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Edson Oliveira e Cecília do Acordeon
Anapuena Havena, Lincoln Chaves e Manoel Severo
Cristina Couto e Ingrid Rebouças
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Cecília do Acordeon; uma das mais gratas surpresas e talentos infantis do Brasil; abriu a tarde tocando e cantando "seu Luiz" , tendo a seu lado o poeta, cordelista e radialista, apaixonado pelas coisas do sertão; Edson Oliveira, do Programa "Meu Nordeste é Assim", o som maravilhoso do baião e xaxado invadia o ambiente e preparava a platéia para o que viria em seguida, um autentico mergulho no universo gonzaguiano.
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"Paulo Vanderley é dessas pessoas que se guarda no coração. Um apaixonado por tudo que se refere a nossa cultura sertaneja"
 "Lembro de seu Luiz com aquela voz grave, era muito sério, mas tinha uma elegância incomum, bastava ele chegar que a gente sentia sua grande energia."
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Em seguida Manoel Severo apresentaria o conferencista da tarde, Paulo Vanderley; "Paulinho é um abnegado rastejador da historia e cultura sertaneja, incorrigível apaixonado pela música genuinamente nordestina, por tudo que se refere a ela e especialmente a tudo que diz respeito ao Gigante Luiz Gonzaga e a seu amigo particular e muito especial, Dominguinhos, a casa é sua querido Paulo Vanderley, é uma honra o Cariri Cangaço recebe-lo na tarde de hoje" conclui Manoel Severo.
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Paulo Vanderley e "A Magia do Baião" em tarde de Cariri Cangaço-Café Patriota
 Por quase uma e meia Paulo Vanderley nos permitiu conhecer mais a fundo o universo íntimo de Luiz Gonzaga e Dominguinhos...
Paulo de Tarso e Manoel Severo
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Paulo Vanderley começou do começo, falou de sua paixão pelo baião, pelos discos de seu Luiz e pelas musicas que marcaram sua infância e o marcariam pela resto da vida; do encontro e da ligação de sua família com Luiz Gonzaga em Exu..."Lembro de seu Luiz com aquela voz grave, era muito sério, mas tinha uma elegância incomum, bastava ele chegar que a gente sentia sua grande energia." 
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"olha pro céu, meu amor

Vê como ele esta lindo
Olha pra aquele balão multicor
Como no céu vai sumindo

Foi numa noite

Igual a esta
Que tu me deste o coração
O céu estava
Assim em festa
Pois era…" 
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 Aderbal Nogueira e Manoel Severo
 Dhayana e Daniel Cruz, Manoel Severo
Ingrid Rebouças, Jaderson Macedo e Manoel Severo
Heliana Querino e Iris Cavalcante
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E continua Paulo Vanderley vasculhando memória daquele menino e de seus tempos de infância quando conheceu e conviveu com o rei do baião, "eu era um menino que registrava tudo com a filmadora do meu pai, foi nessa que acabei filmando até o enterro de seu Luiz, inclusive meu pai estava em cima do caminhão do Corpo de Bombeiros, naquela hora comecei a ter a real compreensão e a dimensão do tamanho de Luiz Gonzaga ". A partir daquele momento Paulo Vanderley confessa que começou a colecionar tudo o que se refere a Luiz Gonzaga e depois faria o mesmo com relação a Dominguinhos.
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"Essa foto que vocês estão vendo ao fundo foi tirada em 23 de junho de 2012, talvez um dos mais espetaculares registros dos últimos momentos de seu Domingos, foi feita por minha filha Ana Paula, na época com 12 anos na cidade baiana de Sátiro Dias"
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"Olê muié rendeira
Olê muié rendá
Chorou por mim não fica
Soluçou vai pro borná."
Assim era que cantava os cabras de Lampião
Dançando e xaxando nos forró do sertão
Entrando numa cidade ao sair dum povoado
Cantando a rendeira se danavam no xaxado
Eu que me criei na pisada
Vendo os cangaceirus da pisada
Danço com sucesso na pisada
De Lampião
Olha a pisada.tum tum tum tum
Olha a pisada
De Lampião"
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Paulo Vanderley e o chapéu usado por Chambinho no filme "Gonzaga"
Álvaro Neto e Manoel Severo
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Vanderley ainda lembrou todos os momentos em que se seguiram à partida de Lua Gonzaga. "Acabamos ficando muito amigos também de Gonzaguinha inclusive antes mesmo da inauguração do Museu em Exu, muito do acervo de seu Luiz ficou guardado lá em minha casa e na inauguração do Museu, quando Gonzaguinha e Dominguinhos cortavam a fita inaugural, havia um menino curioso aparecendo na foto, era eu".
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Passo a passo, pouco a pouco o tempo passava e de Luiz Gonzaga, Paulo Vanderley passou para Dominguinhos ou para "seu Domingos" como respeitosamente Vanderley chamava o herdeiro do rei do baião. Aqui outra confissão: "Desde que seu Domingos morreu, esta é a primeira vez que faço uma palestra sobre ele..." revela com os olhos marejados um emocionado Paulo Vanderley. Na verdade como poderemos testemunhar na própria reprodução da conferência; ao final desta postagem e gravada pelo documentarista Aderbal Nogueira; a ligação de Dominguinhos com Paulo Vanderley era imensa e intensa.
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Dominguinhos...
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"Que falta eu sinto de um bem

Que falta me faz um xodó
Mas como eu não tenho ninguém
Eu levo a vida assim
tão só
eu só quero um amor
que acabe o meu sofrer
um xodó pra mim
do meu jeito
assim
que alegre o meu viver
eu só quero um amor
que acabe o meu sofrer
um xodó pra mim
do meu jeito assim
que alegre o meu viver"
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Paulo Vanderley
 Arnóbio Caneca, Francisca Gomes e Cristina Couto
Pedro Sampaio e Gilvan Sales
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Passagens e passagens foram sendo compartilhadas e a cada episódio a grandeza daquele que os que o conheciam passaram a referir-se como "Anjo", tal a grandeza de espirito e os inúmeros exemplos de vida do herdeiro do rei do baião; passagens como: "Certa vez estávamos voltando de carro de Brasilia, no carro dele e eu perguntei, seu Domingos o senhor tem interesse de vender esse carro? Ele respondeu, interesse eu não tenho, mas para você eu vendo. Ora eu não tinha o dinheiro, mas tinha o interesse. Hoje aquele carro é o meu carro atual, que permanecerá comigo" revela Paulo Vanderley.
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Álvaro Neto e grande participação dos convidados da agenda da tarde 
do Cariri Cangaço no Café Patriota 
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"José Domingos de Morais nasceu na cidade de Garanhuns, agreste pernambucano, oriundo de uma família humilde e numerosa, eram ao todo dezesseis irmãos. O pai, "mestre Chicão", era um conhecido sanfoneiro e afinador de sanfonas e sua mãe era conhecida como "dona Mariinha", ambos alagoanos. Desde menino José Domingos já se interessava por música, por influência do pai, que lhe deu de presente uma sanfona de oito baixos. Aos seis anos de idade aprendeu a tocar o instrumento e começou a se apresentar em feiras livres e portas de hotéis em troca de algum dinheiro, junto com dois de seus irmãos, Moraes e Valdomiro, formando o trio Os Três Pinguins. No início da formação, tocava triângulo e pandeiro, passando depois a tocar sanfona. Praticava o instrumento por horas a fio e tornou-se um exímio "sanfoneiro", passando a ser conhecido em Garanhuns como "Neném do acordeon".Conheceu Luiz Gonzaga quando tocava no hotel em que este estava hospedado, em Garanhuns. O nome do hotel era Tavares Correia e o trio, que sempre tocava na porta, foi convidado naquele dia a tocar dentro do hotel para Gonzaga e seus acompanhantes."
"Luiz Gonzaga se impressionou com a desenvoltura do menino e o convidou a ir ao Rio de Janeiro, onde morava. Essa viagem aconteceria anos mais tarde, pois algum tempo depois deste encontro, em 1948, Neném do acordeon foi para Recife estudar. Alguns anos depois, em 1954, seu pai decide ir para o Rio de Janeiro procurar Gonzaga, devido às dificuldades que passavam em Garanhuns. Junto com o pai, foi também o menino Neném do Acordeon, então com treze anos de idade, numa viagem de pau de arara que durou onze dias. Foram morar em Nilópolis, onde já estava seu irmão Moraes. Em pouco tempo foram procurar Luiz Gonzaga, que morava no bairro do Méier, zona norte do Rio de Janeiro. Este deu-lhe de presente uma sanfona de oitenta baixos logo neste primeiro encontro. A partir de então, o menino passou a frequentar a casa de Gonzaga, o acompanhando em shows, ensaios e gravações. Nos anos seguintes, o menino que ainda era conhecido como Neném do Acordeon, passou a participar de programas de rádio e se apresentar em casas noturnas, aprendendo outros estilos de música, como o chorinho, samba e outros estilos da época. Somente em 1957, receberia o nome artístico de Dominguinhos dado pelo próprio Gonzaga. Neste mesmo ano faz sua primeira gravação profissional, tocando sanfona na música Moça de feira, com seu famoso padrinho artístico."
Suzana Batista e Ingrid Rebouças
 Cristina Couto e Manoel Severo
Silvana, Alberto George e Manoel Severo
Paulo de Tarso, o poeta de Tauá 
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Paulo Vanderley é uma dessas pessoas que encantam fácil, por sua dedicação e sua simplicidade, a simplicidade daqueles que emprestam o que possuem de melhor na direção de realizar sonhos, e o mais importante: Compartilhar sonhos, foi assim em sua apresentação no Cariri Cangaço Exu 2017 e também agora no Cariri Cangaço-Café Patriota. Com o coração nos trouxe por quase duas horas o Rei do Baião e seu Herdeiro; Luiz Gonzaga e Dominguinhos, numa tarde inesquecível.
Mas algumas surpresas ainda estavam reservadas. 
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 Paulo e Suzana, Waldonys, Ingrid e Manoel Severo, Lincoln e Anapuena Havena
Anapuena Havena, Cecília do Acordeon e Lincoln Chaves
Gilvan Sales, Paulo Vanderley, Manoel Severo e Waldonys
Edson Oliveira 
Waldonys, Lincoln e Anapuena Havena
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Cecília do Acordeon voltou ao palco, com ela, Edson Oliveira no triângulo e ninguém menos que Waldonys Meneses no zabumba ! Pois é, Waldonys, um dos mais premiados artistas de nosso nordeste, "herdeiro e afilhado" de Dominguinhos, subiu ao palco e realizou um sonho de quem alimenta no coração e na alma a perpetuação de todo esse legado. A pequena Cecília logo depois viria a se emocionar testemunhando Waldonys no mesmo palco do Cariri Cangaço-Café Patriota, tocando sua própria sanfona.
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 Waldonys, Cecília e Edson Oliveira
 Zabumbeiro Waldonys
Edson Oliveira, Waldonys e Cecília do Acordeon
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"Tio Manoel Severo o meu carinho por vocês é tão grande que não cabe no meu coração cada dia eu mais amo essa família linda não tem dinheiro no mundo que pague cada momento que passo com vocês. Foi simplesmente fantástico, eu era louca pra conhecer Waldonys chega fiquei sem palavras e olha o que Deus reservou: Ele tocou comigo e ainda tocou na minha sanfona." fala um emocionada Cecília do Acordeon em uma tarde memorável cheia de surpresas.
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 Waldonys e Cecília do Acordeon
 Waldonys e a Sanfona de Cecília do Acordeon
Waldonys toca na Sanfona de Cecília do Acordeon
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 "Eu já tocava sanfona, assim, Seu Luiz Gonzaga me conheceu por conta do Dominguinhos. Ele teve a informação por Dominguinhos, que me conheceu em Mossoró , mas só me conheceu como gente, mas como músico ele veio me conhecer aqui em Fortaleza, tocando e tal. Aí passou para Seu Luiz Gonzaga: olha tem um menino, lá em Fortaleza e tal, tá tocando show, bem adiantado. Ai seu Luiz veio em uma passagem aqui em Fortaleza, veio aqui em casa. Aí foi quando eu toquei para ele. Aí, pouco tempo depois ele veio de novo e eu ganhei a sanfona. "
Waldonys Menezes
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 Paula Sampaio no palco do Cariri Cangaço-Café Patriota
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Ao final no Café Patriota, ainda tivemos a apresentação da compositora e interprete cearense Paula Sampaio; uma das grandes revelações da musica cearense. "Não conhecia o trabalho dessa extraordinária interprete, uma voz incrível, com força e personalidade e as letras de suas canções autorais nos remetem um pouco a Paula Fernandes, Marília Mendonça, incrível essa menina, sensacional."

Paulo Vanderley e a Magia do Baião, Luiz Gonzaga e Dominguinhos, em tarde de 
Cariri Cangaço-Café Patriota em Fortaleza


Fonte: YouTube
Canal Aderbal Nogueira


Cariri Cangaço no Café Patriota
A Magia do Baião - Luiz Gonzaga e Dominguinhos
Conferencista Paulo Vanderley
Participações :Cecília do Acordeon, Edson Oliveira e Paula Sampaio
Participação Especial: Waldonys
27 de Abril de 2019