Lavras da Mangabeira discute o Pacto dos Coronéis na Festa do Cariri Cangaço


Lavras da Mangabeira, no Vale do Salgado, recebeu para almoço a Caravana Cariri Cangaço dentro da programação do segundo dia do Edição de Luxo; 24 de setembro de 2015. Tendo como anfitriões o prefeito do município, Tavinho Augusto e a secretária de cultura, Cristina Couto, os convidados Cariri Cangaço teriam na terra de Dona Fideralina, um dia de visitas, conferencias, debates e lançamento de livros, girando em torno do famoso episódio da Invasão de Lavras por Quinco Vasques no ano de 1910 e outro episodio marcante que foi o famoso Pacto dos Coronéis.

Tendo como cenário a bucólica praça em frente a Secretaria de Cultura, no centro de Lavras; Manoel Severo, curador do Cariri Cangaço, Geraldo Ferraz, pesquisador e escritor de Recife, Urbano Silva, pesquisador e historiador de Caruaru e Heitor Feitosa Macedo, pesquisador e escritor de Crato; protagonizaram o primeiro momento da vasta programação, na verdade; um dos momentos mais significativos de todo o evento. Por mais de duas horas os convidados do Edição de Luxo tiveram o privilégio de participar do Painel "O Pacto dos Coronéis" , episódio emblemático de 1911, protagonizado de maneira magistral por Padre Cícero e os principais coronéis do cariri.


Urbano Silva, Oleone Fontes, Heitor Feitosa, Geraldo Ferraz e Manoel Severo
Heitor Feitosa Macedo e Manoel Severo

"Em 1911, a oligarquia Accioly dava sinais de declínio e as constantes disputas internas enfraqueciam ainda mais o bloco coronelista. Então, em 04 de outubro de 1911, líderes políticos de dezessete localidades do interior cearense se reuniram em Juazeiro para firmar um pacto de harmonia entre si e apoio incondicional a Nogueira Accioly . Estiveram presentes na reunião e assinaram o pacto, que foi posteriormente registrado em cartório, os líderes políticos de Missão Velha, Crato, Juazeiro, Araripe, Jardim, Santana do Cariri, Assaré, Várzea Alegre, Campos Sales, São Pedro do Cariri (Caririaçu), Aurora, Milagres, Porteiras, Lavras da Mangabeira, Barbalha, Quixadá e Brejo Santo. Tal acordo é considerado um dos acontecimentos mais importantes do coronelismo brasileiro, mas não cumpriu os objetivos que pretendia, visto que alguns meses depois Franco Rabelo assumiu o cargo de Presidente do Ceará (atualmente chamado Governador), sem que os signatários do pacto reagissem. Além do mais, em 1914, quando Franco Rabelo decidiu invadir Juazeiro, os demais pactuantes não ajudaram a defender a cidade como estava previsto no artigo 8º do pacto, pelo contrário, algumas entraram em confronto com Juazeiro como, por exemplo, Crato."

 Painelistas; Heitor Macedo, Urbano Silva, Manoel Severo e Gerado Ferraz
Ana Lúcia, Ivanildo Silveira...
Pacto dos Coronéis em debate em Lavras da Mangabeira

Manoel Severo em princípio contextualizou a época e o cenário do importante e simbólico "Pacto pela Paz", traduzindo o zelo e o apego dos mandatários de barranco ao poder local; reunidos a partir da astúcia de Floro Bartolomeu e o poder carismático de Padre Cícero, sob o beneplácito de Nogueira Accioly. Geraldo Ferraz, moderador da tarde de debates conduziria então as apresentações dos pesquisadores Heitor Feitosa Macedo e Urbano Silva.

Heitor Feitosa Macedo, pesquisador e escritor de Crato, discorreu de maneira magistral sobre a Gênese do marcante fenômeno do coronelismo no nordeste brasileiro, remontando à época de nossa própria colonização, passando pela formação e o caráter do povo do sertão, permitindo a todos uma lúcida reflexão sobre as principais causas do coronelismo e do próprio cangaço, nos permitindo encontrar uma base sólida para uma melhor compreensão sobre o cenário e o ambiente para o surgimento do Pacto dos Coronéis em 1911 em Juazeiro do Norte.

Nogueira Accioly, Presidente do Ceará à época do Pacto...

PACTO DOS CORONÉIS
Aos quatro dias do mês de outubro do ano de mil novecentos e onze, nesta vila de Juazeiro do Padre Cícero, Município do mesmo nome, Estado do Ceará, no paço da Câmara Municipal, compareceram à uma hora da tarde os seguintes chefes políticos: Coronel Antônio Joaquim de Santana, chefe do Município de Missão Velha; Coronel Antônio Luís Alves Pequeno, chefe do Município do Crato; Reverendo Padre Cícero Romão Batista, chefe do Município do Juazeiro; Coronel Pedro Silvino de Alencar, chefe do Município de Araripe; Coronel Romão Pereira Filgueira Sampaio, chefe do Município de Jardim; Coronel Roque Pereira de Alencar, chefe do Município de Santana do Cariri; Coronel Antônio Mendes Bezerra, chefe do Município de Assaré; Coronel Antônio Correia Lima, chefe do Município de Várzea Alegre; Coronel Raimundo Bento de Sousa Baleco, chefe do Município de Campos Sales; Reverendo Padre Augusto Barbosa de Meneses, chefe do Município de São Pedro de Cariri; Coronel Cândido Ribeiro Campos, chefe do Município de Aurora; Coronel Domingos Leite Furtado, chefe do Município de Milagres, representado pelos ilustres cidadãos Coronel Manuel Furtado de Figueiredo e Major José Inácio de Sousa; Coronel Raimundo Cardoso dos Santos, chefe do Município de Porteiras, representado pelo Reverendo Padre Cícero Romão Batista; Coronel Gustavo Augusto de Lima, chefe do Município de Lavras, representado por seu filho, João Augusto de Lima; Coronel João Raimundo de Macedo, chefe do Município de Barbalha, representado por seu filho, Major José Raimundo de Macedo, e pelo juiz de direito daquela comarca, Dr. Arnulfo Lins e Silva; Coronel Joaquim Fernandes de Oliveira, chefe do Município de Quixadá, representado pelo ilustre cidadão major José Alves Pimentel; e o Coronel Manuel Inácio de Lucena, chefe do Município de Brejo dos Santos, representado pelo Coronel Joaquim de Santana.A convite deste, que, assumindo a presidência da magna sessão, logo deixou, ocupou-a o Reverendo Padre Cícero Romão Batista, para em seu nome declarar o motivo que aqui os reunia. Ocupada a presidência pelo Reverendo Padre Cícero, fora chamado o Major Pedro da Costa Nogueira, tabelião e escrivão da cidade de Milagres, que também se achava presente. Declarou o presidente que, aceitando a honrosa incumbência confiada pelo seu prezado e prestigioso amigo Coronel Antônio Joaquim de Santana, chefe de Missão Velha, e traduzindo os sentimentos altamente patrióticos do egrégio chefe político, Excelentíssimo Senhor Doutor Antônio Pinto Nogueira Acioli, que sentia d'alma as discórdias existentes entre alguns chefes políticos desta zona, propunha que, para desaparecer por completo esta hostilidade pessoal, se estabelecesse definitivamente uma solidariedade política entre todos, a bem da organização do partido, os adversários se reconciliassem e ao mesmo tempo lavrassem todos um pacto de harmonia política. Disse mais que, para que ficasse gravado este grande feito na consciência de todos e de cada um de per si, apresentava e submetia à discussão e aprovação subseqüente os seguintes artigos de fé política: Art. 1° Nenhum chefe protegerá criminosos do seu município nem dará apoio nem guarida aos dos municípios vizinhos, devendo pelo contrário ajudar a captura destes, de acordo com a moral e o direito. Art. 2° Nenhum chefe procurará depor outro chefe, seja qual for a hipótese. Art. 3° Havendo em qualquer dos municípios reações, ou, mesmo, tentativas contra o chefe oficialmente reconhecido com o fim de depô-lo, ou de desprestigiá-lo, nenhum dos chefes dos outros municípios intervirá nem consentirá que os seus municípios intervenham ajudando direta ou indiretamente os autores da reação. Art. 4° Em casos tais só poderá intervir por ordem do Governo para manter o chefe e nunca para depor. Art. 5° Toda e qualquer contrariedade ou desinteligência entre os chefes presentes será resolvida amigavelmente por um acordo, mas nunca por um acordo de tal ordem, cujo resultado seja a deposição, a perda de autoridade ou de autonomia de um deles. Art. 6° E nessa hipótese, quando não puderem resolver pelo fato de igualdade de votos de duas opiniões, ouvir-se-á o Governo, cuja ordem e decisão será respeitada e estritamente obedecida. Art. 7° Cada chefe, a bem da ordem e da moral política, terminará por completo a proteção a cangaceiros, não podendo protegê-los e nem consentir que os seus munícipes, seja sob que pretexto for, os protejam dando-lhes guarida e apoio. Art. 8° Manterão todos os chefes aqui presentes inquebrantável solidariedade não só pessoal como política, de modo que haja harmonia de vistas entre todos, sendo em qualquer emergência "um por todos e todos por um", salvo em caso de desvio da disciplina partidária, quando algum dos chefes entenda de colocar-se contra a opinião e ordem do chefe do partido, o Excelentíssimo Doutor Antônio Pinto Nogueira Acioli. Nessa última hipótese, cumpre ouvirem e cumprirem as ordens do Governo e secundarem-no nos seus esforços para manter intacta a disciplina partidária. Art. 9° Manterão todos os chefes incondicional solidariedade com o Excelentíssimo Doutor Antônio Pinto Nogueira Acioli, nosso honrado chefe, e como políticos disciplinados obedecerão incondicionalmente suas ordens e determinações.Submetidos a votos, foram todos os referidos artigos aprovados, propondo unanimemente todos que ficassem logo em vigor desde essa ocasião.Depois de aprovados, o Padre Cícero levantando-se declarou que, sendo de alto alcance o pacto estabelecido, propunha que fosse lavrado no Livro de Atas desta municipalidade todo o ocorrido, para por todos os chefes ser assinado, e que se extraísse uma cópia da referida ata para ser registrada nos livros das municipalidades vizinhas, bem como para ser remetida ao Doutor Presidente do Estado, que deverá ficar ciente de todas as resoluções tomadas, o que foi feito por aprovação de todos e por todos assinado.Eu, Pedro da Costa Nogueira, secretário, a escrevi.Padre Cícero Romão Batista - Antônio Luís Alves Pequeno - Antônio Joaquim de Santana - Pedro Silvino de Alencar - Romão Pereira Filgueira Sampaio - Roque Pereira de Alencar - Antônio Mendes Bezerra - Antônio Correia Lima - Raimundo Bento de Sousa Baleco - Padre Augusto Barbosa de Meneses - Cândido de Ribeiro Campos - Manuel Furtado de Figueiredo - José Inácio de Sousa - João Augusto de Lima - Arnulfo Lins e Silva - José Raimundo de Macedo - José Alves Pimentel.

Prefeito Tavinho Augusto Lima e Manoel Severo
Edvaldo Feiosa em Lavras da Mangabeira e o Pacto dos Coroneis


O pesquisador e escritor alagoano da cidade Água Branca, Edvaldo Feitosa ressalta a festa do Cariri Cangaço em Lavras da Mangabeira: "Lavras da Mangabeira, nos recebeu de braços abertos na edição de luxo, ano V, representada pelo seu anfitrião Ilustre Prefeito Dr. Gustavo Augusto Lima Bisneto, vereadores e secretários municipais, nos fez entender a primazia que todos têm pela cultura e pela história de seu município. Escritores, historiadores, pesquisadores, acadêmicos, alunos e o público em geral, foram contemplados com o livro "Terra do Sol". Uma fórmula de estímulo a leitura! E, nesse cenário histórico-cultural fomos agraciados com a honrada palestra sobre o pacto dos coronéis, sendo esta, moderada pelo Dr. Geraldo Ferraz. Na realidade esse momento foi um verdadeiro show literário capitaneado por todos. De forma constante, sempre à frente dos debates, ele, o moderador do cariri cangaço Manoel Severo a quem agradecemos pelo seu dinamismo e competência. Família Cangaceiros Cariri: Melhor que esta edição só outra. Tenho a lhes dizer que iniciei o meu planejamento para recebê-los em 2016 nesta pacata cidade histórica de Água Branca, no estado de Alagoas. Será o mínimo que poderei fazer, assim compensarei o apoio, o respeito e o carinho que recebi de todos vocês."

 Jacqueline Rodrigues, Ivanildo Silveira e Celsinho Rodrigues 
Veridiano Clemente e Antônio Edson
 A presença de pesquisadores e dos alunos de Quitaiús 

Pesquisador Urbano Silva e aluna Taynara Tomé

Já o professor, pesquisador e historiador de Caruaru, Urbano Silva, segundo painelista da tarde, apresentou um recorte preciso sobre o cenário político administrativo do Ceará e do Cariri à época do começo do século XX, trazendo os principais aspectos, ligações , interesses e jogo de poder que existia e dava vida ao poder coronelístico dos homens fortes do cariri. Urbano Silva ainda nos trouxe um conjunto de reflexões sobre as ligações entre o mentor do Pacto e seu "redator", Deputado Floro Bartolomeu e o Santo Padre do Juazeiro, Cícero Romão Batista. O painel contou ainda com a participação em debate de inúmeros estudiosos de todo o Brasil, consolidando o momento como um dos mais ricos de todo o evento.

Para a Secretária de Cultura de Lavras da Mangabeira, pesquisadora, poetisa e escritora Cristina Couto "não poderíamos começar de forma tão maravilhosa o Cariri Cangaço em Lavras como com esse momento extraordinário sobre o Pacto dos Coronéis; sensacional, toda família Cariri Cangaço e Lavras da Mangabeira estão de parabéns e estamos só começando o dia!" . As atividades ainda iriam continuar até a noite com o percurso da Invasão de Lavras, conferencia, debates e lançamentos na Câmara Municipal.

Cariri Cangaço
Edição de Luxo - Ano V
Praça da Secretaria da Cultura , 24 de Setembro de 2015
Lavras da Mangabeira, Ceará

Juazeiro do Padre Cícero e a Festa do Cariri Cangaço


Juazeiro do Norte, terra santa, meca nordestina, capaz de reunir em torno do mito do Santo Padre Cícero uma verdadeira legião de romeiros, recebeu a Caravana Cariri Cangaço para o segundo dia do Edição de Luxo - Ano V, era a manha ensolarada do dia 24 de setembro.

Companheiros de todo o Brasil acompanharam a Visita Técnica realizada na Colina do Horto, emblemático cenário onde figuram a majestosa estátua do Padre Cícero Romão Batista, com seus 27 metros de cumprimento, velando do alto da serra a toda a nação romeira e o famoso Museu Vivo do Padre Cícero, além do Muro da Sedição, construído ainda em 1914 para proteção da Terra da Mãe de Deus...

"O monumento em homenagem ao Padre Cícero Romão Batista foi inaugurado no dia 1º de novembro de 1969, no alto da Serra do Catolé ou, como é mais conhecida, Colina do Horto, pelo então prefeito Mauro Sampaio. A estátua conta com 27 metros de altura, e se constitui na terceira maior do mundo em concreto, esculpida por Armando Lacerda em um local que era sempre escolhido pelo sacerdote para os seus retiros espirituais. Existe uma estimativa que aponta a visitação ao monumento na ordem de 2,5 milhões de pessoas por ano. De um lado fica o Museu Vivo e, do outro, enorme quadro da ceia larga com 17x4m, enquanto há alguns metros temos a Igreja de Bom Jesus do Horto"

Caravana Cariri Cangaço sob os pés de Cícero...
Ana Lúcia, Wescley Rodrigues e Juliana Pereira
 Aninha, Juliana Pereira, Jorge Remigio, Ivanildo Silveira, Manoel Serafim, Manoel Severo, Alan Ferreira, Francimary Oliveira, Urbano Silva, Narciso Dias e Louro Teles
 Ingrid Rebouças, Aninha, Manoel Severo, Urbano Silva, Edvaldo Feitosa e Padre Agostinho
Pesquisadores; Juliana Pereira, Antonio Tomaz, Rosane Ferraz, Ângelo Osmiro,      Ivanildo Silveira e Geraldo Ferraz

Companheiros de todo o Brasil acompanharam a Visita Técnica realizada na Colina do Horto, emblemático cenário onde figuram a majestosa estátua do Padre Cícero Romão Batista, com seus 27 metros de cumprimento, velando do alto da serra a toda a nação romeira e o famoso Museu Vivo do Padre Cícero, além do Muro da Sedição, construído ainda em 1914 para proteção da Terra da Mãe de Deus... 

Uma das convidadas que pela primeira vez participava do Cariri Cangaço, a pesquisadora de Teresina, Francimary Oliveira revela, "sinto- me honrada de ter participado desse Cariri Cangaço em um momento muito especial. O meu abraço a todos os participantes, e em especial a ele, Manoel Severo, que além de todas as qualidades, é um grande ser humano."

Inaugurado no dia 1º de novembro de 1999, no velho Casarão do Horto, o Museu Vivo de Padre Cícero possui cinco ambientações com personagens em tamanho real, a partir de resina de poliéster. Percorrendo os cômodos do imóvel, o visitante encontra o Padre Cícero em um café da manhã com amigos; em uma capela ao lado da beata Maria de Araújo – protagonista dos milagres; despachando com José Marrocos em seu gabinete; orando e descansando em uma rede. Na primeira sala do museu, fotos e dados sobre a vida do sacerdote, além de muitos ex-votos de fiéis ao longo do percurso na casa que serviu para retiros espirituais do Padre Cícero.

 Sabino Bassetti, Manoel Severo e Ivanildo Silveira
 Joventino, Neli Silveira, Elane Marques, João de Sousa Lima e Manoel Severo
Ângelo Osmiro Barreto
Pesquisadores, Nilton de Registro, São Paulo e Afrânio de Belo Horizonte
Ainda dentro da programação da Visita Técnica a Caravana Cariri Cangaço esteve no Muro da Sedição, quando também na colina do horto se mantém ainda intacto e restaurado uma pequena extensão do outrora muro que foi construído pelos romeiros de "meu Padim" para protege Juazeiro das forças legalista de Franco Rabelo em 1914. Por ocasião da visita os convidados do Cariri Cangaço tiveram a oportunidade de ouvir os episódios marcantes da Sedição de Juazeiros pelo pesquisador pernambucano, de Caruaru, Urbano Silva e pelo sacerdote carioca Padre Agostinho.

O pesquisador e escritor Sabino Bassetti, da cidade de Salto, em São Paulo, comenta: "Ter amigos com a sinceridade, garra, educação e paciência do grande Manoel Severo, enche de orgulho qualquer pessoa. O Cariri Cangaço, é sem nenhuma dúvida o maior evento do gênero. Parabéns Severo. É muito bom ser seu amigo." Já o maior livreiro do cangaço do Brasil, professor Francisco Pereira de Cajazeiras, completa: "Amigo Manoel Severo obrigado pela acolhida e proporcionar aos estudiosos do Cangaço e temas afins, um excelente evento."

 Caravana Cariri Cangaço no "Muro da Sedição"
 Explanação de Padre Agostinho
Padre Agostinho, Manoel Severo, João de Sousa, Aninha, Antonio Edson e Urbano Silva
"Quando os soldados de Franco Rabelo chegaram a Juazeiro do Norte se depararam com uma situação inusitada: em apenas uma semana, os romeiros cavaram um valado de nove quilômetros de extensão cercando toda a cidade e ergueram uma muralha de pedra na colina do Horto. A fortificação recebeu o nome de "Círculo da Mãe de Deus". O batalhão, ao ver que seria impossível romper o círculo, recuou e pediu reforços. As forças estaduais retornaram à cidade do Crato e pediram reforços para destruir o Círculo. Franco Rabelo enviou mais soldados e um canhão para invadir Juazeiro do Norte. No entanto, o canhão falhou e as forças rabelistas foram facilmente derrotadas pelos revoltosos."
"Após expulsar os invasores,  Floro Bartolomeu parte para o Rio de Janeiro a fim de conseguir aliados. Os revoltosos seguem para Fortaleza com o objetivo de derrubar o governador. Na capital federal, Floro consegue o apoio do senador Pinheiro Machado. Quando as forças juazeirenses chegam a Fortaleza, uma esquadra da Marinha impôs um bloqueio marítimo na orla fortalezense. Cercado, Franco Rabelo não teve como reagir e foi deposto. O Presidente Hermes da Fonseca nomeou interinamente Setembrino de Carvalho, enquanto novas eleições foram convocadas. Benjamim Liberato de Carvalho foi eleito governador e Padre Cícero, vice novamente"
Alcides e Gerlane Carneiro, Manoel Severo
A Fé de Geraldo Ferraz...
Manoel Severo, Ana Lúcia, Narciso Dias e Padre Agostinho
"É uma emoção muito grande está em Juazeiro do Norte e visitando lugares tão importantes tanto para a história do nordeste como para a fé do povo romeiro, sem dúvidas o Cariri Cangaço nos proporciona momentos simplesmente inesquecíveis" relata Alcides Carneiro, de João Pessoa. Já Narciso Dias, também de João Pessoa e presidente do GPEC "Mais uma vez o Cariri Cangaço se supera com a qualidade do evento, visitas guiadas pelos principais cenários da história e acima de tudo pela qualidade dos palestrantes, a exemplo do que vimos aqui no Horto". Manoel Severo, curador do Cariri Cangaço completa:"Vir ao Cariri, ao Juazeiro do Norte e não vir ao Horto seria algo imperdoável, e unir essa visita ao talento de nossos companheiros pesquisadores, Padre Agostinho e Professor Urbano Silva, dentre tantos outros que colaboraram com esse momento inesquecível, fazem tudo valer a pena". 

Cariri Cangaço
Edição de Luxo - Ano V
Colina do Horto, 24 de Setembro de 2015
Juazeiro do Norte, Ceará

Os Últimos Cangaceiros abrem Cariri Cangaço - Edição de Luxo


A noite da última quarta-feira, 23 de setembro de 2015 marcou a abertura do Cariri Cangaço - Edição de Luxo -Ano V tendo como palco principal o Auditório do Largo da RFFSA em Crato, no cariri cearense. 

Para uma platéia de pesquisadores de todo o Brasil foi apresentado em primeira mão no cariri cearense o festejado e premiado  filme de Wolney Oliveira, cineasta cearense de reconhecimento internacional; Os Últimos Cangaceiros. A solenidade teve seu inicio com as boas vindas por Pedro Barbosa, presidente do Instituto Cariri do Brasil, entidade realizadora do evento, fazendo um balanço das atividades do Cariri Cangaço nos seus seis anos de existência para logo em seguida convidar a todos para a apresentação da película.

 Abertura da Noite com Pedro Barbosa
Boas Vindas com Manoel Severo

O filme documentário conta a saga dos ex-cangaceiros do bando de Lampião, Moreno e Durvinha; a entrada no cangaço, o encontro com Lampião, as primeiras mortes, os medos, os desafios, a fuga para Minas Gerais, os filhos, a vida secreta de ex-cangaceiros, o reencontro com a vida passada, a descoberta do segredo, a fama, o mito; mostradas na tela com a sensibilidade de poucos, confirmando "Os Últimos Cangaceiros" como um dos melhores documentários sobre a temática já realizados.

Logo após a apresentação do filme aconteceu um debate coordenado pelo Curador do Cariri Cangaço, Manoel Severo que reuniu o diretor, Wolney Oliveira, o pesquisador João de Sousa Lima e a filha dos principais protagonistas do filme, cangaceiros Moreno e Durvinha; Neli Conceição. Wolney Oliveira revela: "Sempre fui apaixonado pela temática, meu primeiro filme foi Milagre de Juazeiro e meu mais recente foi Os Últimos Cangaceiros em junho de 2016 estarei envolvido nas filmagens de Lampião o Governador do Sertão." Para João de Sousa Lima, pesquisador e escritor de Paulo Afonso, responsável pela "descoberta" do casal de ex-cangaceiros e consultor do filme "foi uma grande emoção ter conhecido Moreno e Durvinha e especialmente Durvinha marcaria minha vida para sempre, ela era um anjo".

Mesa de Debates da Noite de Abertura; Manoel Severo , Neli Conceição, João de Sousa Lima e Wolney Oliveira.
Wolney Oliveira
 
Aderbal Nogueira 
Ulisses Germano 
José Bezerra Lima Irmão 

Neli Conceição, em trajes típicos cangaceiros, de mescla azul, bordados coloridos e bornal e cartucheiras, falou de todo o tempo que viveu ao lado dos pais sem saber de suas vidas no passado e do orgulho de sua criação:"Meu pai era muito rigoroso, exigente, reto, educou com mão de ferro todos os filhos, minha mãe era uma santa, trabalhou muito e sofreu muito para nos criar. Quando descobri que meu pai foi ex-cangaceiro de Lampião, que havia matado muitas pessoas e que tinha deixado um filho pequeno; meu irmão Inacinho;para trás, tive medo, mas depois foi muita emoção com o reencontro deles com sua própria história".

A noite de abertura contou com a presença dos principais grupos de estudos do cangaço do Brasil. O documentarista Aderbal Nogueira representou a SBEC - Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço, também estiveram presentes os presidentes do GECC - Grupo de Estudos do Cangaço do Ceará, Ângelo Osmiro e Narciso Dias, do GPEC - Grupo Paraibano de Estudos do Cangaço, além de pesquisadores e escritores do Ceará, Piauí, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, numa autêntica integração da alma nordestina.

 Neli Conceição e Aderbal Nogueira
Rosane e Geraldo Ferraz

Para o Curador do Cariri Cangaço, Manoel Severo, "estar realizando em nossa casa, onde tudo começou, em Crato, a abertura do Edição de Luxo, nos enche de alegria e entusiasmo e vendo o auditório completamente lotado de companheiros de todo o Brasil, só aumenta nossa satisfação, mas também nossa responsabilidade. Gostaríamos de agradecer aos amigos da secretaria da cultura de Crato, parceiros nesta apresentação; Dane de Jade, Dada Petrole , Alan , Luciana Melo e principalmente Gisele Teixeira, a toda a equipe de Crato, nosso muito obrigado". Para o pesquisador potiguar, Ivanildo Silveira, "testemunhamos mais uma vez o grande trabalho do Cariri Cangaço na direção da promoção da discussão séria e responsável sobre esse tema que é tão rico e tão cheio de polêmica como o cangaço, essa noite de abertura e todo o evento estão de parabéns".

Para o pesquisador sergipano José Bezerra Lima Irmão, "talvez o Cariri Cangaço não saiba de sua extraordinária importância para o estudo e aprofundamento do tema cangaço no Brasil, suas edições responsáveis e ricas se traduzem em um bem precioso para a história da temática".

Francimary Oliveira, Neli Conceição e Fátima Cruz
Manoel Severo e Felipe Mimoy

A noite contou ainda com os lançamentos da nova edição da Revista de Artigos do GECC - Grupo de Estudos do Cangaço do Ceará e também da mais nova obra do escritor pernambucano, radicado em Paulo Afonso, João de Sousa Lima - Lampião e os Coronéis das Bahia.

 Neli Conceição, Luiz Antônio, Manoel Severo, Padre Agostinho
 Mabell Sales, João Paulo, Pedro Barbosa e Marcus Vinícius
Manoel Severo, Ulisses Germano e Neli Conceição
Elane Marques, Neli Conceição, Ingrid Rebouças e Ana Lucia
Elane Marques, Manoel Severo e Neli Gonçalves
João de Sousa Lima, Manoel Severo e Ivanildo Silveira no lançamento de Lampião e os Coroneis da Bahia

A noite contou ainda com presença de inúmeros artistas e personalidades das áreas da cultura, da comunicação e das artes do Cariri, com destaque para o jornalista e radialista Antônio Vicelmo, os pesquisadores Emerson Monteiro, Heitor Feitosa Macedo e Lailson Feitosa, as escritoras Célia Magalhães e Vilma Maciel, o músico Ulisses Germano e os poetas Miguel e Josenir Lacerda e ainda o memorialista Huberto Cabral. Ao final da noite os convidados foram recepcionados pela municipalidade de Crato, com um jantar no Largo da RFFSA. A programação seguiu na quinta-feira, dia 24, com visitas a Juazeiro do Norte e Lavras da Mangabeira,

Cariri Cangaço - Edição de Luxo - Ano V
23 de Setembro de 2015
Largo da RFFSA
Crato, Ceará