Existia amor no Cangaço ? Por:Aderbal Nogueira

Sila e Adília, com o grupo de Zé Sereno

Amigos, como sabem, o tema de nossa última reunião do Cariri Cangaço - GECC, aqui em Fortaleza foi "Sila". Pois bem, venho agora trazer um pequeno fragmento de alguns depoimentos que tem muito a ver com o que discutimos, bem como com minhas palavras sobre "A ILUSÃO DO CANGAÇO". Prestem bem atenção aos detalhes do que é dito nesses depoimentos. Quando falo que não existia amor no cangaço, é por causa do que ouvi.  Aí estão algumas provas.

Vejam como Adília se apresenta quando foi se entregar à polícia. Reparem no semblante de Sila enquanto Adília está narrando sua história. Escutem bem o que ambas falam de seus companheiros. Notem os detalhes do que Sila diz lá na grota de Angico sobre o tempo que durou o tiroteio. Será que isso é coisa de quem mente ? Vejam o depoimento de Candeeiro nos detalhes. Por que será que Aristéia reagiu dessa forma quando soube da morte de Lampião ?

Ex-cangaceira Aristéa; ainda viva, morando em Delmiro Gouveia

Concordo que as mulheres não tiveram papel importante na história do cangaço, mas Sila estava presente em um dos combates mais importantes de Lampião, pois afinal foi lá que o grande chefe morreu. O que dizer do programa da TV Bandeirantes, gravado se não me falha a memória, em 2001, corroborando com o que o Prof. Frederico explicou há pouco tempo, sobre a origem do apelido de Maria Bonita?

Por favor, desculpem as falhas nesse vídeo. Durante algumas das gravações tivemos problemas de muita chuva e falta de energia elétrica, também não tive tempo de consertar algumas coisas, vale mais pelo registro das palavras. Nos próximos dias passarei para o blog o debate de nossa reunião, na íntegra que, por sinal, foi muito bom, e esperamos que os próximos sejam melhores ainda. Quanto mais discutirmos, mais aprenderemos.

Acompanhem o Vídeo na Postagem logo a seguir:

Aderbal Nogueira
Sócio da SBEC, Diretor do GECC
Conselheiro Cariri Cangaço

7 comentários:

Anônimo disse...

Muito bom nosso amigo Aderbal trazer esses depoimentos valiosos, matéria prima para os que gostam de dissecar a história de Lampião e seu grupo.
Chamou minha atenção o trecho em que Sila diz que as pessoas diziam para ela sentir orgulho por ter sido mulher de cangaceiro. Sua resposta é: “Orgulho de que? Isso é um absurdo! Tudo que nós vivemos naquela vida...” Todos que falam neste vídeo demonstram seu arrependimento pelos erros do passado. Sila erra quando diz que ela não é parte da história do Brasil. É parte sim. Iinfelizmente parte do lado feio da história, mas que também merece ser estudada e nunca escondida ou censurada. Assim como ela não sentia orgulho por ter sido cangaceira, também não sentia vergonha por reconhecer seus erros e ter adotado uma vida com dignidade.
Acho que os depoimentos de Sila não devem ser tomados como totalmente confiáveis. A história da lanterna e o furo na tampa da bebida, contada por seu marido Zé Sereno, parecem ser uma forma de valorizar a participação deles. São muitas as contradições da ex-cangaceira, algumas compreensíveis, outras aparentemente intencionais. Porém, seu comportamento não é muito diferente da maioria dos que testemunharam os acontecimentos.
Existia amor entre os casais no grupo de Lampião? Difícil responder essa pergunta. O que imagino é que muitas mulheres devem ter sofrido da Síndrome de Estocolmo e passaram a ter um sentimento que misturava afeto e medo.
O Cariri Cangaço nunca dorme, sempre aparece uma novidade para os cangaceirólogos pensarem à respeito. Essa parceria GECC/ Cariri Cangaço está dando o que pensar.
C Eduardo

Demetrius Calvin disse...

Concordo com o comentário acima, depoimentos de remanescentes são e não são críveis; muitas vezes o "estrelato" repentino ao qual se viram envolvidos os personagens reias do cangaço acabou permitindo muitos excessos, mas o que não tira de forma nenhum o valor histórico extraordinário, Discordo do senhor Aderbal, havia sim amor no cangaço, como explicar os casos de Durvinha e Virginio e mesmo de Dadá e Corisco?

Saudações ao Cariri Cangaço

Demetrius

Helio disse...

Meu caro Aderbal, até compreendo que muitos autores "romantizaram" por demais o cangaço, mas daí dizer que não havia amor, acho que havia sim, e concordo, o que dizer do caso de Durvalina que até sua própria morte haveria de dizer que nunca esquecia Virgínio; gostaria também de lhe parabenizar por mais uma obra prima que foi esse documentário, abraços de um Romeiro Cangaceiro.

Professor Mario Helio

Juliana Ischiara disse...

Grande Aderbal, não só respeito sua amizade em relação à Sila, como admiro sua fidelidade para com a mesma, parabéns!

Você diz: “reparem no semblante de Sila enquanto Adilia está narrando sua hitória”.

Desculpe-me, mas não consigo perceber o mínimo de nexo entre o semblante dela (Sila) e o que narra a Adilia, inclusive, mesmo sabendo que tanto uma quanto a outra, viveram momentos ruins, ambas sofreram condições subumana, principalmente para uma mulher.

Porém, enquanto uma se apresenta com humildade, simplicidade e fala como uma sertaneja simplória. A outra tem uma postura austera, construída, ou seja, nada natural.

Quanto ao vídeo:
Parabéns pela qualidade e pelo trabalho sério e de suma importância que você tem prestado para as pesquisas acerca do cangaço ao longo de tantos anos de dedicação.

Quanto ao conteúdo do vídeo,com todo respeito, mas, como você sabe, minha opinião é que, as entrevistas da Sila parecem mais um episódio daquela série americana “Lie to me”.

Saudações cangaceiras

Juliana Ischiara

Anônimo disse...

Companheira Juliana, poderia nos destrinchar essa tal de série Lie To Me, da qual falou ? Não sei o que pode significar. Qual a ligação com depoimento de Sila.

Netinho

Juliana Ischiara disse...

Caro Netinho,

Na série americana “lie to me”, ou seja, “ minta pra mim”, Dr. Col Lightman detecta fraudes, mentiras, invencionices de seus interlocutores observando a linguagem corporal, principalmente a facial. Embora “Lie to me”, seja ficção, no Estados Unidos , fazem uso deste tipo de serviço, alguns psicólogos especialista em linguagem corporal, auxilia a policia nos depoimentos, interrogatórios.

Como a Sila sempre tinha mais de uma versão para o mesmo fato, chegando inclusive a ter várias, como no caso da morte do pai dela e da entrada dos irmãos para o cangaço, dentre muitos outros episódios, citei a série mais como um chiste.

Amigo, espero ter lhe respondido a contento.

Saudações cangaceiras

Juliana Ischiara

Yuri Luna disse...

Muito bom professora Juliana. Aderbal vc tem esses vídeos para vender, são verdadeiras relíquias

YURI