Uma jornada pela história e identidade nordestinas Por:Carlos Santos

Manoel Severo, Carlos Santos e Honório de Medeiros no Cariri Cangaço 2013

No carro, quatro ocupantes. Cada um de nós com seu jeito e aspirações, histórias e idiossincrasias. Vamos para mais uma edição do “Cariri Cangaço”, cruzando parte do sertão do Rio Grande do Norte a partir de Mossoró e cortando terras da Paraíba até aportarmos no Ceará. De 17 a 22 de setembro (2013), o Ceará é nosso endereço. O Cariri, nossa pátria!
O Cariri Cangaço é um evento único. Há três anos estreei como ocupante dessa viagem ao passado, para conhecimento de nosso presente e reflexões quanto ao futuro. Foi em 2010. De lá para cá, o mesmo caldeirão. Muitas interrogações, perplexidades, história, sociologia, antropologia, botânica, antropologia criminal, arqueologia, arquitetura e as mais diversas manifestações cientificistas ou leigas. É um mergulho em nossas origens, feridas, desatinos e heroísmos quase desconhecidos no sertão nordestino.

 Paulo Gastão, Honório de Medeiros, Luitgarde Barros, Carlos Santos e Franklin Jorge no Cariri Cangaço 2013
Identidade Nordestina
Bandidos x mocinhos; maniqueísmo x busca da verdade. Enfim, o incessante mergulho em fenômenos como o cangaço, coronelismo, a ousadia de Canudos, religiosidade e tudo aquilo que desenha o DNA de um povo e sua região.
O Cariri Cangaço nasceu do apetite desbravador de um cearense bonachão. Um fidalgo à moda antiga, na acepção da palavra. A nobreza em pessoa: Manoel Severo.
Mas ele já não é mais o dono do evento. Fugiu ao seu controle, foi assumido também por dezenas de apaixonados pelos temas variados que fazem parte da vida sertaneja e nordestina. Foi possível encontrarmos e interagirmos com gente do Rio de Janeiro, Paraná, São Paulo etc. Mais de 15 estados representados por escritores, pesquisadores, historiadores, advogados, jornalistas, engenheiros, arquitetos, professores, promotores de Justiça e gente das mais variadas atividades ligadas ou não ao tema cangaço.
Lançamento de livros, apresentação de documentários, palestras, debates, visita a pontos e prédios históricos, homenagens a pessoas que fazem parte da história e da cultura nordestina fizeram parte da maratona. E estrada, muita estrada… ufa! O Cariri Cangaço é também prova de fôlego para físico e mente. Dias que se misturam com noites e escorrem pela madrugada.

Caravana Cariri Cangaço na Fazenda Timbauba de Sinho Pereira
O caipira de Poço Redondo-SE
Foi oportunidade para homenagearmos Alcino Alves Costa, o escritor, poeta, radialista, empresário, político e acima de tudo nordestino. “O caipira de Poço Redondo (SE)”, epíteto que ostentava em forma de galardão. Ele, pela emoção que despertou nas homenagens recebidas, certamente é símbolo desse evento. Mesmo ausente, onipresente. Alcino, de morte sacramentada ano passado, ganhou vida perene e a eternidade entre os amigos e familiares.
Juazeiro do Norte, Crato, Barbalha, Missão Velha, Porteiras, Barro e Aurora formaram mais uma jornada do Cariri Cangaço, em pleno sertão cearense. A caatinga com suas árvores retorcidas e chão seco, contrasta com o sorriso de seu povo, além da conhecida generosidade.
A fé no “Padim Ciço” e os sinais de preservação da história podem ser sentidos nos casarões, igrejas e alma do cearense. Um orgulho que contamina a todos, sem se revelar como um sentimento opressor ou limitador das relações interpessoais.

Casa de Padre Cícero, no Horto, visita obrigatória Cariri Cangaço

Ficou a vontade de voltar.
Entre “volantes” e “cangaceiros”, temos a aspiração do reencontro com a paixão pelo Nordeste. O carro com o professor e escritor Honório de Medeiros, médico-pesquisador Paulo Gastão, eu e o jornalista Franklin Jorge trouxe um monte de lembranças na boleia e na mala. Hora de retornarmos ao cotidiano da cidade, nossa selva de pedras.
Jornalista Carlos Santos, Mossoró - RN

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