Floro Bartolomeu, a Eminência Parda de Padre Cícero: Quem foi esse Homem? Por:Gilmar Teixeira

Padre Cícero em Juazeiro do Norte

Floro Bartolomeu da Costa, natural da Bahia, faleceu a 08.03.1926, no Rio de Janeiro-RJ, com as honras de General do Exército. Médico, clinicou durante muito tempo, nos sertões de seu estado natal.
Em 1908 veio para Juazeiro do Norte-CE, atraído pela fama das minas da área Coxá. Foi um dos defensores do Padre Cícero na questão judiciária que esse moveu contra outros pretendentes às referidas minas. Dr. Floro, com seu tato e inteligência foi o orientador político do Padre Cícero, quando esse se envolveu nas malhas da política partidária. Foi o único que soube inspirar-lhe absoluta confiança. Os diretores do Partido Republicano Conservador, do Rio de Janeiro, encontraram nele o chefe supremo da rebelião de Juazeiro. Ao chegar ao Cariri, o Dr. Floro era amável, conversador, gostava de contar e ouvir boas anedotas. Com as lutas, foi aos poucos se transformando, até tornar-se extremamente irascível.


 Floro Bartolomeu nas trincheiras da "Sedição"

Rompeu com o Presidente Franco Rabelo, e convocou a Assembleia Legislativa, instalando-a em Juazeiro e elegendo-se seu presidente, fazendo-se reconhecer como Chefe do Governo; depois, marchando sobre a capital, de vitória em vitória, chegou à intervenção federal. A façanha aumentou-lhe o prestígio, que só declinou um pouco no governo do Coronel Benjamim Barroso, com quem também rompeu, mas sem resultado político prático. Foi eleito Deputado Federal em mais de uma legislatura, pronunciando na Câmara diversos discursos de caráter político, em defesa do Padre Cícero, enfeixando-os em volume.



Floro e jagunços em visita ao Coxá
Desde que voltou ao Ceará, os seus dias estavam contados, pois ele não era mais aquele homem tranquilo, porém forte, de palavra serena e veemente na tribuna. Transformou-se, outrossim, numa pilha de nervos. Por ocasião da marcha da Coluna Prestes pelo Nordeste, ele foi incumbido pelo Governo Federal de defender o sul do Ceará, e, seu papel, bem ou mal desempenhado, evitou a invasão do Cariri pelos revoltosos. Naquele tempo, todos foram testemunhas do quanto a fama de Juazeiro do Norte calou no ânimo de Carlos Prestes e seus companheiros. Obteve como recompensa, por este feito, as honras de General do Exército, com as quais morreu.

Gilmar Teixeira - Pesquisador, escritor
Paulo Afonso, Bahia

Fontes:
Zaluar, Alba (1986), "Os Movimentos 'Messiânicos' Brasileiros: Uma Leitura", in Anpocs, O Que se Deve Ler em Ciências Sociais no Brasil. São Paulo, Cortez/Anpocs.
Monteiro, Duglas Teixeira (1977), "Um Confronto entre Juazeiro, Canudos e Contestado", in S. B. de Holanda (dir.), História Geral da Civilização Brasileira. Tomo III, vol. 2. Rio de Janeiro/São Paulo, DIFEL.
DELLA CAVA, Ralph. (1975), "Messianismo Brasileiro e Instituições Nacionais: Uma Reavaliação de Canudos e Juazeiro". Revista de Ciências Sociais - UFC, vol. VI, nº 1 e 2.
BRANDÃO, Carlos Rodrigues. (1980), Os Deuses do Povo. São Paulo, Brasiliense.

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