Como dito antes, em meio ao cerco da Coluna Prestes e do bando de Lampião, muitos acreditavam que Nazaré do Pico dessa vez iria ser incendiada. Porém, naquela madrugada de 20 de fevereiro de 1926, a fina flor dos nazarenos se reuniram no povoado para combater até a morte. Da Fazenda Ipueira, bem cedinho Lampião seguiu com destino ao povoado onde chegou tocando corneta e atirando para todos os lados. O primeiro tiro em defesa partiu de Aureliano de Souza Nogueira (Lero Conrado, depois casado com uma irmã do coronel Theophanes Ferraz Torres), que se encontrava na calçada de Antônio Freire. Entraram aí os defensores da terra em feroz luta. Em pleno fogo, Odilon Flor perguntou com quem estavam brigando, se era com os revoltosos da Coluna Prestes ou com Lampião. Respondeu o bandido que era com o bando dele, animando ainda mais o valente Odilon Flor. Então, saltaram no meio da rua para combater os cangaceiros e o cancão piou.
Euclides Flôr partiu para a casa dele pensando que estava fazia sem ninguém. Chegando lá, encontrou o sogro Antônio Gomes Jurubeba e o primo João Jurubeba defendendo a casa. Dos fundos das casas, David Jurubeba brigava animado dizendo: - Eu pensava que estava brigando com homem, mas estou perdendo meu tempo brigando com um ladrão de bode de Zé Saturnino. O bandido ouvindo isso deu total carga no combate. A casa de Abel Thomaz estava sendo defendida por ele próprio e por Lúcio de Souza Nogueira. Por ser uma casa bem próxima da igreja, foi a mais atingida, pois os cangaceiros usavam a traseira da igreja para atirar em direção a casa.
Em pleno fogo, Antônio Ferreira (irmão de Lampião) passava ao redor da casa de Gomes Jurubeba dizendo: - Velho Gomes, agora você vai tomar leite no inferno , que matamos seu gado todo e daqui a pouco você vai morrer sangrado. Na retaguarda, Euclides Flôr e Odilon Flôr comandavam as ações. Chegaram depois para reforçar João Domingos Ferraz, Manoel Jurubeba, David Jurubeba, Pedro Gomes de Lira, Hercilio Nogueira e Manoel Gomes de Lira. Vendo que a resistência dos nazarenos era uma verdadeira fortaleza, Lampião tocou a corneta para recuar e os cangaceiros saíram correndo em plena caatinga. Antônio Ferreira correu tanto que perdeu as alpercatas de couro.
Lampião com raiva da carreira que deu dos nazarenos, foi tocar fogo nas fazendas de Euclides Flôr, João Flôr, Afonso Nogueira e Praxedes Capistrano. De lá rumou ele a Serra do Pico, onde se escondeu para planejar um novo dia que retornaria para tentar tocar fogo em Nazaré. Do alto da serra, Lampião avistou ele a força do povo nazareno e nunca mais teve a ousadia de tentar entrar em Nazaré do Pico. Foi o dia que o povoado colocou Lampião para correr. (FIM...)
(FONTE:LIRA, João Gomes de, - Memorias de Um Soldado de Volante, Pág. 259-278; NETO, José Malta de Sá, - David Jurubeba Um Heroi Nazareno, Pág. 143-151).
Luiz Ferraz Filho, pesquisador
Serra Talhada, Pernambuco
Luiz Ferraz Filho, pesquisador
Serra Talhada, Pernambuco
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