A Serra Vermelha é Palco do Cariri Cangaço Serra Talhada 2022

Cariri Cangaço na Serra Vermelha

O segundo dia de atividades do Cariri Cangaço Serra Talhada 2022 reservou para a caravana de pesquisadores de todo o Brasil a visita a histórica Serra Vermelha, território de mando da família Nogueira, dentre seus principais protagonistas, o Major João Nogueira, 
 personagem crucial das questões e vindictas familiares que ocasionaram o "ciclo do cangaceirismo de Virgulino Ferreira", e a questão Carvalhos e Pereiras da época, e seu filho Zé Nogueira, covardemente assassinado por Antônio Ferreira, irmão mais velho do rei do cangaço.

Tailene Nogueira e Manoel Severo
Célia Maria e Quirino Silva

As várias caravanas sediadas em Serra Talhada e Calumbi, sob o comando de Luiz Ferraz e Louro Teles, partiram na manha do dia 13 de novembro de 2022, domingo, pela rodovia PE-390 que nos liga a Nazaré do Pico e Floresta e é justamente às margens desta rodovia que vamos encontrar um recorte importante da historia da região do Pajeú; essa rodovia também nos levará à Serra Vermelha, Fazendas; Pedreira, Maniçoba e Passagem das Pedras, sem falar na lendária Fazenda São Miguel de seu Luiz de Cazuza. São casas e fazendas com vários logradouros que somente pesquisadores ou familiares dos personagens poderão decifrar em uma longa e boa prosa nos alpendres das casas velhas.  Nossa primeira parada a casa de Zé Nogueira na Serra Vermelha.


Cariri Cangaço chega a Serra Vermelha, "terra dos Nogueira..."
Saturnino Alves Nogueira (neto de  Nogueira - assassinado por Antônio Ferreira,
e bisneto do major Joao Nogueira).  
Casa de Zé Nogueira...
Capela da Serra Vermelha
Cruz que marca o lugar onde foi assassinado Zé Nogueira
Tomaz Cisne de Fortaleza
Luiz Bento do Jati
                      Tailene Nogueira da Fazenda São Miguel , neta de Luiz de Cazuza
Padre Agostinho
Ana Gleide e Manoel Severo
Junior Almeida e a Caravana Cariri Cangaço na Serra Vermelha

Eram por volta das 10h da manha quando a Caravana Cariri Cangaço chegou às terras da Serra Vermelha, à casa grande da fazenda de Zé Nogueira. Mais de 200 pesquisadores de todo o Brasil acercaram todos os espaços do "terreiro" da casa grande e capela do lugar. Os anfitriões; João Nogueira Neto e Saturnino Alves Nogueira, descendentes diretos do Major João Nogueira e do próprio Zé Nogueira. Com o passar do tempo e as inúmeras histórias ouvidas dos parentes, faziam dos anfitriões fontes importantes dos episódios acontecidos ali e além...  

A imponente Serra Vermelha
Quirino Silva e Célia Maria
Casa de Zé Nogueira na Serra Vermelha
Manoel Severo e o Teatro de Nazaré do Pico na Serra Vermelha
Caatinga brava da Serra Vermelha...
Extraordinário Grupo de Teatro de Nazaré do Pico


"Sem dúvidas um dos momentos altos de nossa visita a Serra Vermelha foi a extraordinária apresentação do Grupo de Teatro de Nazaré do Pico, que tem o amigo Zinho Flor como grande incentivador, eles encenaram o episódio do assassinato covarde de Zé Nogueira por Antônio Ferreira, irmão de Lampião" comenta Manoel Severo
Nazarenos: Presença forte na Serra Vermelha com o Cariri Cangaço
Nivaldo Pereira, Ranayse e Yasmim Almeida, Joao Nogueira Neto, 
Padre Agostinho, Amélia Araújo
Valdir Nogueira, vereador Pinheiro, Leonardo Gominho, Joao Nogueira Neto,
 Luiz Ferraz e Luís Bento
Manoel Severo ao lado do Grupo de Teatro de Nazaré do Pico na Serra Vermelha
Divanildo de Olinda e os Nazarenos

Quem nos fala da Serra Vermelha é o pesquisador Luiz Ferraz, Conselheiro Cariri Cangaço, "não há nenhum estudioso do tema que nunca tenha lido sobre este nome. Foi ai na casa velha desta fazenda que nasceu o major João Alves Nogueira (ou João Barbosa Nogueira - filho este de Jose Barbosa Nogueira e Claudiana Maria das Virgens, esta filha de Francisco Alves da Fonseca Barros, da Barra do Exu), personagem crucial nas questões e vindictas familiares que ocasionaram o "ciclo do cangaceirismo".

E continua Luiz Ferraz, "Como era filho de um abastado e conceituado fazendeiro, João Nogueira, foi prometido e casou com uma prima legitima de nome, Bevenuta Pereira Nogueira, filha do fazendeiro Manoel Pereira da Silva e Sá (Manoel Senhor, da Passagem do Meio) e Úrsula Alves de Barros (esta também filha de Francisco Alves da Fonseca Barros, da Barra do Exu -  irmã de Úrsula, mãe de João Nogueira). Diante deste entrelaçamento entre Joao Nogueira e Bevenuta Pereira, surgiria uma rivalidade familiar sem precedentes entre os parentes de ambas as famílias. Disputa está que seria única e exclusivamente por causa da herança e do espólio do patriarca Francisco Pereira da Silva, fundador do próspero povoado de São Francisco e avô paterno de Bevenuta Pereira, esposa de João Nogueira."

Ivanildo Silveira e Padre Agostinho
Vereador Pinheiro, Nivaldo Pereira, Joao Nogueira Neto
Ivanildo Silveira e Padre Agostinho

"Como tradicionalmente acontece nas edições do Cariri Cangaço, também na fazenda Serra Vermelha da família Nogueira, houve a benção sacerdotal ministrada por nosso Capelão, padre Agostinho. Um momento solene que consolida e reflete o caráter da fé do sertanejo" comenta Ivanildo Silveira, Conselheiro Cariri Cangaço da cidade de Natal.

Caravana Cariri Cangaço assiste a apresentação do Teatro de Nazaré do Pico
Onde o Brasil de Alma Nordestina se encontra
Clênio Novaes, Zé Bezerra, Vilson da Piçarra, Joaquim Pereira, 
Luiz Antônio e Valdir Nogueira
Otavio Cardoso e Fagner Lopes
José Tavares e João Costa
Tailene Nogueira da fazenda São Miguel

E a história segue com Luiz Ferraz: "Sabendo que seria duro enfrentar uma questão com os cunhados (Pereiras) por uma maior participação na herança que cabia a sua esposa, o major João Nogueira, se valeu de seus familiares Alves de Barros/Carvalho. Era ele sobrinho do todo-poderoso, coronel Antônio Alves da Fonseca Barros (da Barra do Exu), na época chefe politico da numerosa família Carvalho e que fazia oposição politica a família Pereira. Foi este o ponto-chave da questão. Por ser o responsável pelas partilhas das heranças deixadas pelo pai (Francisco Pereira da Silva) e pelo irmão (Manoel Pereira da Silva e Sá), o ex-prefeito de Vila Bela (Serra Talhada), Manoel Pereira da Silva Jacobina (o Padre Pereira) seria o alvo principal. Em 16 de outubro de 1907, era ele assassinado em emboscada na Fazenda Poço do Amolar, próximo a vila de São Francisco. O crime recaiu de imediato para o major João Nogueira, como um dos mandantes, dando inicio assim a uma rixa familiar que atravessaria as fronteiras sertanejas" emenda Luiz Ferraz.

Célia Maria e o Teatro de Nazaré...o encontro da arte sertaneja
Mascotinho Henrique Novaes...
Luiz Antônio, Zé Tavares, Ciço do Pife, Tonny Gomes, Rossi Magne e Padre Agostinho
Rúbia Lóssio, Clênio Novaes, Joaquim Pereira, Zé Bezerra, Helga Diniz e Henrique Novaes
Luiz Gonzaga, Fagner Lopes e Manoel Severo
Hesdras Souto
Luiz Antônio, Fernando Ferraz e Leonardo Gominho
Flávio Motta, Gilmar Teixeira, Luma Holanda, Ângela e Luiz Ruben

"Inconformado com a morte de Padre Pereira, um sobrinho dele, Manoel Pereira da Silva Filho (Né Pereira - cunhado de João Nogueira), toma a frente na vingança familiar. Dias depois, ainda em outubro de 1907, são assassinados de emboscada Eustáquio Gomes de Sá Carvalho (primo legitimo de Antonio Clementino de Carvalho - Antônio Quelé) e Joaquim Alves Nogueira (rico-fazendeiro da Fazenda Tabuleiro - irmão de João Nogueira), talvez na cabeça de Né Pereira, o assassinato de Joaquim Nogueira foi no intuito de cessar parte dos recursos da família Alves Nogueira, para financiar e sustentar a questão contra eles. Já a morte de Eustáquio foi devido ele ter o mesmo perfil pacifico e de liderança sobre a família Carvalho, tal como Padre Pereira tinha sob a família Pereira.

A casa velha da Fazenda Serra Vermelha , fica exatamente as margens do Riacho São Domingos, menos de 1 km , da Fazenda Matinha e do Sitio Passagem das Pedras (onde nasceu Lampião). Do outro lado do Riacho São Domingos (bem pertinho da casa velha da Serra Vermelha) existe o cemitério local onde estão enterrados o major João Nogueira e Ze Saturnino (primeiro inimigo de Lampião).  
Lampião havia cercado a casa velha de Ze Nogueira para tocar fogo.
 Os irmãos Luiz e Raimundo na foto acima (já órfãos do pai assassinado por Antônio Ferreira) sustentaram o combate até que Lampião começou a incendiar a casa. Nisso, vendo a casa incendiada, os dois (Luiz e Raimundo) e mais um amigo (Ze Barros) e um morador (Zé Paixão) pularam no terreiro para se salvarem e correram. Ao pular a cerca, Zé Paixão foi ferido mortalmente. 
 Local onde o morador Zé Paixão foi ferido mortalmente após escapar do incêndio na casa velha da Serra Vermelha. 
Interior da Capela ao lado da casa ; aonde estão enterrados Luiz Alves Nogueira e Raimundo Alves Nogueira que combateram o bando de Lampião com 95 cangaceiros .
Parede com as marcas do incêndio de agosto de 1926.

E conclui Luiz Ferraz Filho: "Diante desta questão toda com toda a família Pereira, o major João Nogueira fez de sua casa na Fazenda Serra Vermelha uma "fortaleza de resistência" aos possíveis ataques dos cunhados (Né Pereira, Praxedes Pereira, Luiz Pereira, Quinca Pereira, Zé Menino, Joãozinho Pereira e depois Sinhô Pereira) e demais familiares da numerosa e poderosa família Pereira. Joao Nogueira era cunhado e inimigo mortal de Né Pereira e Sinhô Pereira. E foi justamente nesta casa ao pé da serra que dá o nome da secular fazenda, há cerca de 2 km da rodovia, que sentei no banco velho de aroeira e voltei no tempo onde a honra pessoal estava acima de qualquer sentimento de parentesco familiar."

Vereador Pinheiro e as boas vindas a Serra Vermelha
Jair Tavares, Conselheiro Cariri Cangaço
Edilma e Fábio Vila
Quirino e Célia
Leonardo Gominho e Fernando Ferraz
Célia Maria
Betinho Numeriano e Manoel Severo
Tonny Gomes e Manoel Severo
Erivelton e Silva

A Morte, a covardia, o terror...

José Nogueira estava voltando para sua Fazenda Serra Vermelha , ao chegar, pediu para um dos moradores ir avisar aos parentes e familiares que estava tudo bem com ele e que  estava em casa. E nisso, aproveitou para ir na vazante (plantação no baixio) olhar uma cacimba que abastecia o lugar. Depois de algum tempo lá, José Nogueira recebeu um recado de Antônia Isabel da Conceição (Isabel de Luís Preto) que inocentemente disse que a força volante de Nazaré (comandada por Manoel Neto) estava no terreiro da casa esperando ele. Desconfiado, José Nogueira ainda perguntou: - Tem certeza que é a força ?. Tenho sim, respondeu Isabel. 

Ao subir da cacimba em direção ao terreiro da casa, José Nogueira avistou o bando de Lampião com 45 cangaceiros enfurecidos após sairem derrotados na tentativa de invasão ao povoado de Nazaré do Pico. Homem de firmeza, continuou José Nogueira o trajeto mesmo sabendo que dificilmente escaparia da morte. Nisso, o cangaceiro Antônio Ferreira, aproximou-se dele e falou: - É hoje José Nogueira ao que respondeu: - Seja o que Deus quiser. 

Lampião mandou todos baixarem as armas e começou a conversar com o velho fazendeiro. Após a palestra, Lampião observou ele muito cansado, doente e asmático, liberando o fazendeiro. Deu voz de reunir e começou a seguir no destino da caatinga quando escutou um tiro. Tinha sido o cangaceiro Antônio Ferreira que havia covardemente atirado nas costas de José Nogueira. Vendo o ocorrido, Lampião reclamou dizendo que o velho estava doente e quase "morto". Então, Antônio Ferreira (que era irmão mais velho de Lampião) falou:

- Matei , tá morto e pronto. 

Era 26 de fevereiro de 1926. Calçou Antônio Ferreira as alpercatas (sandalias de couro) do falecido e seguiu junto ao bando caatinha a dentro. Segundo o fazendeiro João Nogueira Neto (neto de José Nogueira), durante anos o local onde o avô paterno foi assassinado ficou manchado com o sangue nas pedras. No local, os filhos do fazendeiro depois fincaram uma cruz para demarcar a tragedia. O corpo de José Nogueira foi enterrado no dia seguinte, do outro lado do riacho, no cemitério da Serra Vermelha. Deixou ele a viúva Francisca Nogueira de Barros (Dona Dozinha, tia dele) e sete filhos. 

Casa de José Nogueira
Capela da Serra Vermelha
Ranayse Almeida, Rúbia Lóssio e Yasmim Almeida
Quirino Silva
Ana Gleide, Amelia Araujo e Márcia Nogueira
Denis Carvalho, Valdir Nogueira e Onofre Lacerda
Padre Agostinho
Primo, Vereador Pinheiro, Fagner Lopes, Saturnino Alves , 
Valdir Nogueira, Ivanildo Silveira e Jorge Remígio

Oswaldo e Zé Tavares

"Nunca tinha vindo tanto escritor junto aqui na Serra Vermelha, rapaz esse Cariri Cangaço é um negócio impressionante, e agente fica feliz por poder contar a verdadeira história de como tudo aconteceu aqui por essas terras, desde os tempos dos nossos avós" lembra João Nogueira Neto, anfitrião da Caravana Cariri Cangaço na Serra Vermelha.

"A grandeza do Cariri Cangaço em proporcionar um momento histórico como esse, trazendo esse numero extraordinário de pesquisadores para essas visitas de campo, para conhecer de perto os detalhes dos episódios que muitos só conhecem através dos livros, é sem dúvida algo a ser comemorado", comenta Valdir Nogueira, Conselheiro Cariri Cangaço da cidade de São José de Belmonte.

João Costa, Manoel Severo e Zé Tavares
Ciço do Pife

Encenação da morte de Zé Nogueira
Roberto Batista, Carlos Alberto e Manoel Severo
André Nunes, José Nogueira e Luciano Costa
Maria do Socorro Pereira Diniz e Joaquim Pereira
Getulio Bezerra, Jorge Figueiredo e Marcus Vinicius
João Costa, Manoel Severo e Zé Tavares
Fabio Villa e Manoel Severo
Rossi Magne e Anita e Ivanildo Silveira
Geovanna Carneiro


"Essa manhã aqui na Serra Vermelha foi histórica, mais uma vez o Cariri Cangaço mostra a força que possui de congregar em torno da história do cangaço e do sertão pesquisadores de todos o Brasil que hoje se encontram aqui num cenário sensacional dos tempos de Lampião. Essa história do assassinato de Zé Nogueira é aterradora pelo requinte de perversidade por parte do cangaceiro Antônio Ferreira. Hoje ficara na história do Cariri Cangaço" comemora Jorge Figueiredo, Conselheiro do Cariri Cangaço, de Entre Rios na Bahia.

Quirino Silva e João Costa
Padre Agostinho
Betinho Numeriano e Manoel Severo
Fagner Lopes
Nivaldo Pereira, Manoel Severo e Edson Araújo
Cariri Cangaço, território de grandes encontros
Junior Almeida e Luiz Antônio

"Não temos palavras para definir essa visita do Cariri Cangaço aqui na Serra Vermelha. Os anfitriões, seu João Nogueira Neto e seu Saturnino Alves, que nos receberam e nos passaram tantas informações importantes. O zelo e cuidado com toda a programação por parte da Comissão Organizadora que tem a frente Luiz Ferraz Filho, enfim, foi um dia espetacular para a história" revela Júnior Almeida, Conselheiro Cariri Cangaço da cidade de Capoeira em Pernambuco.

Cariri Cangaço Serra Talhada-Calumbi-Bom Nome  .                                                       .....
13 de novembro de 2022 - Fazenda Serra Vermelha
Casa Grande de José Nogueira e Casa Grande do Major João Nogueira

Um comentário:

Anônimo disse...

Este senhor que está na foto Andre Nunes e Luciano Costa é José Nogueira, neto do falegido José Nogueira, seu nome foi colocado em Homenagem a seu avô. Favor colocar o nomr dele. Ficaremos feliz.