Quanto custa fazer um santo? Por: Renato Casimiro



Há alguns anos atrás, de uma pessoa que não poderia ser classificada, na época, de fantasiosa ou mentirosa, ouvi uma resposta para a minha preocupação sobre a seguinte pergunta: Quanto custa fazer um santo? A resposta, sem maiores explicações era que rondava por volta de 1 milhão de euros. Achei de pronto que era muito dinheiro para o pretendido. Por estes dias encontro uma resposta mais bem fundamentada. No seu livro Como se faz um santo, D. José Saraiva Martins revela-nos os custos de um processo de canonização. Ele é um cardeal português que entre 1998 e 2008 dirigiu a Congregação da Causa dos Santos, dicastério romano que trata de beatificações e canonizações. Ele está hoje com mais de 80 anos. Diz ele que os emolumentos da Santa Sé, isto é, os custos processuais, não ultrapassam os 6.000 euros e o total dos honorários para médicos, teólogos e bispos que estudam e julgam as causas, anda à volta de 8.000 euros. 

A publicação da Positio, isto é, da causa da beatificação ou canonização, custa mais de 10.000 euros. São numerosas as regras estéticas e de impressão a que está sujeita por imposição da Congregação para as Causas dos Santos. Não se contabilizam milhares de horas de trabalho voluntário de uma equipe que é liderada pelo postulador e vice-postulador, nem as inúmeras viagens que é preciso fazer. O postulador tem de se deslocar ao Vaticano mais de 30 vezes, tendo de suportar viagens e estadias, cujos gastos, mesmo por baixo, nunca são inferiores a 20 mil euros. Na fase de canonização, o número de deslocamentos a Roma pode reduzir-se para metade, 10 mil euros, mas a Positio tem de voltar a ser publicada. Mais 10 mil euros. Assim, para se fazer um santo são necessários, pelo menos, 64 mil euros. Estes números foram propostos por D. José Saraiva Martins em 2009. A preços de hoje, isto gira ao redor de R$163.200,00. Mas, como ele mesmo adverte, há uma porção de outros custos que não são previamente especificados. Logo, o custo pode beirar uns R$300.000,00, dependendo do que será gasto na origem, quando o processo é aberto na Diocese respectiva. O caso da menina Benigna e, eventualmente, do Pe. Cícero não muda muito esta cena.

Renato Casimiro
http://colunaderenato.blogspot.com.br

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