Ao escrever e lançar a mais encantadora toada intitulada “Asa Branca”, em 1947, a dupla Humberto Teixeira e Luiz Gonzaga
já alertava as autoridades brasileiras para as catástrofes da seca no Nordeste, e num grito desafiador do mais fundo do peito pedia socorro ao Supremo Criador
de todas as coisas: “Quando
oiei a terra ardendo,
qual fogueira de São
João, eu preguntei, ai, a Deus do céu, porque tamanha O jovem e renomado
escritor paraibano
José Romero Araújo Cardoso no seu novo livro “Notas para a História do Nordeste”
, busca com força,
na sua intocável destreza mental colocar em ação grandes
figuras do mundo sábio, corajoso
e defensor do nosso sofrido
torrão nordestino, provando a luta de cada um para tornar esse quase país, em igualdade
de condições às demais regiões brasileiras muito bafejadas
pelo governo central, numa demonstração do desprezo para com os estados
nordestinos que contam
com cinquenta e três milhões,
oitenta e um mil e Esboçando
uma força gigante
do peito revoltado, Romero grita contra
“o drama
da fome,
feridas abertas que os poderosos insistem em não curar”.
José Romero Cardoso
Em termos de cultura,
o Nordeste é rico nos seus mais diversos
tipos, mesmo esmagada,
algumas, pelo fogo aterrorizante dos capatazes
do poder, mesmo assim continua viva para
o desenvolvimento da Pátria. A cultura
religioso-desenvolvimentista,
patrocinada pelo Padre Cícero Romão
Batista e seus romeiros, do Juazeiro do Norte cresce
a cada instante, porque é obra pura, cristalina que transforma aquela terra forte com o crescimento do seu movimento artístico. Nem mesmo a força dos canhões do governo Franco Rabelo, à época, fez os ciceristas se renderem. Continuaram unidos
e fortes na defesa dos seus A cultura viva transmitida por Luiz Gonzaga,
defendendo o território nordestino, sua fauna, sua flora, nosso povo e nossa arte imbatível continua
em expansão no Brasil inteiro, superando os arrojos
de regiões outras
que teimam em não aceitar a nossa força sempre vitoriosa.
...Louvo,
neste livro de Romero a coragem
e a profundidade estudiosa de buscar
ensinamentos de obras sobre a democracia racial
de Gilberto Freire,
a dramaticidade da violência
do cangaceirismo, sob a égide de Lampião. E detalhes
sobre o brutal assassinato do Padre Aristides, pela Coluna
Prestes, em Piancó-Nas visitas que fiz recentemente a cidade de Quixeramobim, estado do Ceará fiquei entusiasmado com a movimentação daquele povo em favor da eternização do nome de Antônio Conselheiro, na sua terra natal. É o reconhecimento da sua gente ao heroísmo
do Conselheiro. O sentido
amoroso de cultura entre os quixeramobienses crescem a cada dia pela lembrança
do filho mais ilustre.
Louvo as campanhas promovidas pelo produtor cultural Fernando Ivo, Presidente do Fã Clube Romero já está colocado entre os maiores e melhores
escritores do Brasil, e com o lançamento de
“Notas para a História
do Nordeste” imortaliza o grau cultural
que nossa região proclama e o Brasil
exalta.
Tem razão o escritor Clemildo
Brunet quando afirma ser “Romero Cardoso
- uma inteligência rara”, e Marinalva
Freire que eleva o grau cultural
do nosso escritor.
Não se pode falar da obra de Romero sem lembrar fervorosamente a capa do livro, pelo espírito
de criatividade juntando monstros
sagrados como Luiz Gonzaga e Padre Cícero,
retirantes saindo das várzeas secas buscando
o solo fértil,
vaqueiro na corrida
pelo boi, as árvores do mundo novo e o castigo
das mortas pela falta de chuvas nesse Nordeste tão esquecido
pelo poder dos homens e sempre exaltado por líderes inesquecíveis como: Raimundo
Asfora, Delmiro Gouveia, José Américo
de Almeida, Vint-un Rosado, Josué
de Castro e Ariano Suassuna.
Junto a Romero as palavras
de um dos maiores
paraibanos, Senador Argemiro de Figueiredo sobre a seca: “A seca destrói
tudo, as lavouras, os rebanhos,
o patrimônio, a tranquilidade, o bem estar, a esperança e até a própria dignidade
A respeito da consciência da nossa região,
Argemiro fala com propriedade: “O Nordeste tem nesta hora uma consciência formada: a consciência de que é um pedaço do Brasil. A consciência de que é uma parcela
da Nação. A consciência de que merece viver dignamente, sem fome e sem miséria”. É assim, José, temos que ser fortes, corajosos, dinâmicos, livres,
prontos para todas as batalhas, criativos como o
“Caldeirão Político”, que homenageia os heróis nordestinos com o Troféu “Vencedor
de Todas as Lutas”.
Temos que seguir ensinamentos
seus, reconhecendo o valor da
civilização do couro, o heroísmo
das parteiras tradicionais, como a querida “Mãe Fulô”, a luta dos almocreves, o aboio dos vaqueiros. Temos de vencedores de todas as lutas, para fazer os nossos irmãos nordestinos livres e independentes.
Francisco Alves Cardoso
Advogado, escritor, jornalista e cronista social.
Membro da União Brasileira de Escritores-PB
Notas para História do Nordeste,
por Francisco Pereira...
por Francisco Pereira...
Recebi, com grande satisfação, o convite do amigo, professor
e escritor, José Romero
Araújo Cardoso, para editar e prefaciar
este seu, mais recente,
trabalho, “Notas para a História do Nordeste”. Cumpri essa incumbência honrosa, com grande
prazer, apenas reconhecendo as minhas
limitações, no cumprimento de tão importante missão. Escrever sobre a história e a cultura
nordestina é dissertar
a complexidade, os meandros de milhares
de fatos, personagens, fenômenos e manifestações artísticas e literárias, que abrangem os
fatores políticos, econômicos,
sociais, religiosos e culturais, que marcaram
profundamente a nossa
região.
Professor Pereira e Fátima Cruz
O grande desafio
é levar a nossa história
às mesas de leitura,
estudos e debates, tornando-a conhecida pela maioria dos nordestinos, especialmente, os estudantes. A missão
não é fácil,
mas é nosso dever lutar por este objetivo. Dando a sua contribuição, nesse sentido,
o professor e escritor Romero Cardoso, um amante da história
regional, abnegado estudioso e exímio escritor das nordestinidades, escreveu uma série de artigos relacionados ao Cangaço, Coronelismo, Coiteiros, Canudos, Lampião, Revolta de Princesa, personagens e tradições
regionais, como Luiz Gonzaga, os Almocreves, os Vaqueiros, as Parteiras, o fenômeno
das secas, entre outros e publicou em sites, blogs, jornais e revistas.
Agora, resolveu nos presentear, reunindo
parte deste material e outros
artigos inéditos, num livro (Coletânea) com o título
“Notas Para a História
do Nordeste”.
O objetivo
deste trabalho fica bem claro, que é contribuir com o estudo
da nossa História,
evitando que a ferrugem do tempo apague essas memórias, tão bem elaboradas por meio desses
excelentes artigos. Em alguns artigos, o autor fez uma análise mais aprofundada, fundamentada teoricamente; em outros,
a dissertação foi mais superficial, sem o aprofundamento merecido, mas sem prejudicar a mensagem
do autor referente ao tema tratado. A clarividência e objetividade com os seus escritos
é uma característica marcante deste escritor paraibano de Pombal, adotado por Mossoró.
A obra de José Romero inicia falando
da Civilização do Couro nos séculos XVIII, XIX e início do séc. XX; continua falando das nossas parteiras e dos Almocreves. Defende que o Aboio dos vaqueiros deve ser considerado patrimônio do Nordeste.
Trata da grade seca de 1877-1879, uma catástrofe. Em seguida, descreve a saga do famigerado Rio Preto, que agiu na região de Pombal-PB. Comenta os possíveis motivos
da sua personalidade perversa e cruel. Seus crimes
e seu fim. Na sequência, vem a Guerra
de Canudos, um massacre
injustificável, onde foram dizimadas
milhares de vida de conselheiristas e de militares. Trata também
do estrategista de guerra, “Pajeú”.
Passeia pela história de um dos grandes visionários e progressistas do Nordeste,
o industrial Delmiro
Gouveia.
Entra na História
do Cangaço, com o Ataque
a Sousa-PB, em 1924, reação
do Cel. Zé Pereira,
o assassinato de Meia-Noite e a vingança
de Lampião. Fala da Coluna Prestes, em Piancó,
e o caso Padre Aristides, em 1926. Vem a Revolta de Princesa,
o assassinato do presidente João Pessoa e a Revolução de 30. É um verdadeiro
passeio nas veias, veredas e recantos
da terra do sol. Mostra-se
emocionado ao descrever a experiência de assistir
ao show do Rei do Baião, quando ainda pequeno,
em praça pública,
na sua querida cidade de Pombal-PB, no ombro do seu pai, que era fã de Luiz Gonzaga e finaliza,
fazendo uma referência especial
ao seu grande amigo Dr. Benedito
Vasconcelos e seu Museu do Sertão, na fazenda Rancho
Verde, em Mossoró.Recomendo a todos, a leitura desta coletânea e desejo
muito sucesso ao autor no lançamento deste seu trabalho.
Francisco Pereira Lima; professor Pereira
Sócio da SBEC - Conselheiro do Cariri Cangaço
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