Almoço Literário Discute Antônio Conselheiro no Cariri Cangaço

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Dando continuidade ao segundo dia de Cariri Cangaço Quixeramobim, a próxima parada seria a Fazenda Barro Doce, a cerca de 15 quilômetros do centro da cidade; na rodovia CE 060 que liga aos municípios de Pedra Branca e Senador Pompeu, no sertão central cearense. A caravana Cariri Cangaço foi recepcionada pelo talento da espetacular música de David Einstein, interprete e musico e pelo percussionista "Geleia", para logo em seguida sermos presenteados pelo maravilhoso baião e o forró pé de serra com a talentosa e encantadora Cecília do Acordeon.
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 "Geleia" e David Einstein
Cecília do Acordeon
Manoel Severo e Wescley Rodrigues
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A temperatura do nosso sertão, em boa parte de nossa região nordestina, está sempre variando entre o quente e o fervendo, mas Quixeramobim nos permitiu um tempo ameno com direito a chuva leve e refrescante além de um surpreendente arco-iris, como que selando a harmonia e a celebração da cultura nordestina ! Na programação um almoço tipicamente sertanejo: O feijão de corda e o feijão verde, a carne seca, a galinha caipira, carneiro guisado e um inigualável pirão, vatapá , arroz, saladas, tudo com  ingredientes de forte vínculo regional marcaram o segundo dia de Cariri Cangaço. 
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O verdadeiro tempero do sertão no Almoço Literário do Cariri Cangaço Quixeramobim
 Paulo de Tarso, Manoel Serafim, José Irari, Jorge Figueiredo
 Carlos Alberto, Quirino Silva, Mucio Procópio e Ângelo Osmiro
 Afranio Gomes, Tomaz Cisne, Edilane, Beto e Kévyla Sousa
Lili Conceição, Célia Maria, Quirino Silva, Ângela e Luiz Ruben
Archimedes Marques e Damata Costa
Célia Maria, Professor Domingos, Francine e Quirino Silva 
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Em seguida ao almoço com sabor de sertão, trouxemos muita literatura, conhecimento e debate tendo como tema central: Antônio Vicente Mendes Maciel - Antônio Conselheiro. A bancada de conferencistas do almoço literário, sob a mediação do advogado Pedro Igor Azevedo, iniciou com a pesquisadora e professora Goreth Pimentel de Quixeramobim, que apresentou reflexões sobre o tema "O que ficou de Antônio Conselheiro e Canudos no Imaginário Popular de Quixeramobim”.  Goreth Pimentel que é filha de Quixeramobim, é especialista em História pela Universidade Estadual do Ceará (UECE) / Faculdade de Educação Ciências e Letras do Sertão Central (Feclesc), ressaltou: " Está sendo desenvolvido no município iniciativas exitosas como o movimento Conselheiro Vivo, que se constitui um trabalho permanente de construção e revisão da imagem de Antonio Conselheiro, fazendo justiça ao líder sertanejo, tão confundido pela historiografia oficial, diminuindo e denegrindo a imagem dos líderes populares quando eles desagradam os seus interesses. O Cariri Cangaço se une de forma maravilhosa a esse sentimento e trabalho feito aqui em Quixeramobim." 
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 Neto Camorim, Pedro Igor e Goreth Pimentel
Pedro Igor, Goreth Pimentel e Damata Costa
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Sobre o tema a professora Goreth Pimentel comenta ,"o que ficou de Antônio Conselheiro e Canudos no imaginário popular de Quixeramobim", um trabalho desenvolvido ainda na metade da década de 1990 e orientado pelo professor Luiz Osvaldo Moreira Santiago, traz à tona a memória do povo de Quixeramobim sobre o conterrâneo Antônio Conselheiro e denuncia o impacto do silêncio, do esquecimento, da visão distorcida e até do preconceito, semeados pela historiografia oficial. 
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Antônio Vicente Mendes Maciel é o verdadeiro nome do beato Antônio Conselheiro. Ele nasceu aos 13 de março de 1830, na Vila do Campo Maior, hoje Quixeramobim. Morreu no dia 22 de setembro de 1897, no arraial de Canudos, um vilarejo no sertão da Bahia, numa sangrenta batalha contra as tropas do exército da República. Com seu carisma e pregações messiânicas, Conselheiro atraiu milhares de seguidores, entre lavradores retirantes da seca, índios e escravos recém-libertos, unidos na crença numa salvação milagrosa que os pouparia do dos flagelos do clima e da exclusão econômica e social. O movimento foi duramente reprimido e a imagem de Conselheiro, para confundir a opinião pública, foi retratada como um louco, fanático religioso e contrarrevolucionário monarquista perigoso.
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Professor Neto Camorim
Em seguida o pesquisador e professor Neto Camorim, também de Quixeramobim, apresentou "Os Caminhos de Conselheiro”, resultado de muitas de suas peregrinações pelos caminhos percorridos por Antônio Conselheiro; "rasgando" os sertões nordestinos a partir de Quixeramobim no Ceará até a mítica Canudos, no sertão baiano
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Francisco Chagas da Silva Neto, conhecido por Neto Camorim em função do nome do avô paterno que se chamava Manuel Camorim, é um dos fundadores do IPHANAC; parceiro do Cariri Cangaço Quixeramobim; e conta que sua primeira visita a Canudos foi em 2007 mas só a partir de 2012 participa ativamente da “Romaria de Canudos” ao lado de outros entusiastas do tema, todos de Quixeramobim e região. 
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Neto Camorim, Pedro Igor, Goreth Pimentel e Damata Costa
Arraial de Canudos 
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“Desde muito tempo refletia o porque dessas duas cidades que possuem tanto em comum não se aproximarem e pensarem ações conjuntas sobre conselheiro; quero ressaltar, que foi Zé Celso quem já na época dos “Sertões” fazia essa indagação”e continua Camorim, "aí então em 2012 junto com alguns amigos resolvemos ir todo ano a Canudos e participar da Romaria, quando ao mesmo tempo possuíamos o desejo de  incentivar a aproximação de Canudos a Quixeramobim. Como consequência a aproximação aconteceu e se em outubro vamos a Canudos, em março o pessoal de Canudos vem a Quixeramobim".
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Por fim o pesquisador João da Mata Costa, de Natal trouxe: "Santo Antônio dos Mares e o Rio Grande do Norte". João da Mata Costa, conhecido por Damata Costa. Possui mestrado em Geofísica pela Universidade de São Paulo e doutorado em Física pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, é professor da UFRN, além das experiências na área de Geofísica Astronomia, atua ainda nas temáticas: Historia e Filosofia da Ciência, Divulgação Científica e Cultural, Astronomia entre outros.
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Pedro Igor, Goreth Pimentel e Damata Costa
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Damata apresentou aos convidados do Cariri Cangaço reflexões sobre o episódio da participação do estado do Rio Grande do Norte na guerra de Canudos: " A grande família Wanderley forma um clã de ilustres poetas, médicos, teatrólogos, jornalistas e grandes intelectuais norte-rio-grandense. Manoel Segundo Wanderley (1860- 1909) faz parte dessa família e faleceu no dia 14 de janeiro de 1909, ano da morte do escritor Euclydes da Cunha. O grande poeta Segundo Wanderley escreveu o belo poema "Na Brecha" em homenagem aos bravos soldados do 34º Batalhão de Infantaria, convocados para preservar a república e libertar a nação do fanatismo e banditismo associados ao grupo liderado pelo beato Antonio Conselheiro, em Canudos. 
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Ruinas da Capela do Bom Jesus em Canudos, após o massacre de 1897
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E continua Damata: "integrava esse Batalhão o cabo do Exercito Francisco Dias de Andrade, conhecido como Chico de Jino nascido na cidade de Arez – RN (1879 –1960). O 34º B. I. saiu de Natal em 29 de março de 1897 no vapor Uma até Recife. Lá se uniu ao 40º Batalhão do Pará e ao 35º do Piauí, compondo a Quinta Brigada. O 34º B. I. integrou a Quarta Expedição que finalmente conseguiu derrotar Canudos. Segundo Sales, desse Batalhão morreram 41 soldados. A guerra acabou em Outubro com o massacre final e queima de todo Arraial. Os soldados do Batalhão do qual fazia parte Chico de Jino só regressaria ao lar em Dezembro de 1897."
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Preservar a República recém instalada contra um bando de fanáticos … Infelizmente era essa a visão distorcida disseminada pelos meios de comunicação e pelo escritor Euclydes da Cunha. Canudos foi a maior guerra civil do Brasil e dizimou milhares de inocentes, mulheres, crianças e soldados por três vezes derrotados pelos destemidos seguidores de Antonio Conselheiro. Uma guerra de canhões e metralhadoras contra facões e carabinas.O poema “ Na Brecha” foi lido em Natal com muito fervor patriótico na despedida dos soldados para combater o mal:“Soldado chegou a hora / De triunfar ou morrer… / Se é grande o vosso heroísmo / Maior é o vosso dever! / … “
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Pedro Igor e Francine Maria
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O encerramento do almoço literário do Cariri Cangaço Quixeramobim em seu segundo dia reservou a apresentação do cordel sobre a vida de Antônio Conselheiro de autoria do grande poeta Geraldo Amâncio e declamado por Francine Maria, que intercalou ao pandeiro, com uma composição de João Cabral de Melo Neto, "Morte e Vida Severina".   
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Louro Teles, Célia Maria, Francine Maria e Quirino Silva
 Paulo de Tarso, Elane Marques e Linda Lemos
Wescley Rodrigues, Cristina Couto e Divonildo Sobreira
 Afranio Oliveira, Aderbal Nogueira, Ana Lucia, Vera e Archimedes Marques
Manoel Belarmino, Maria Oliveira, Rose Souza e Rai Arts
Fátima Lemos, Linda Lemos e Divonildo Sobreira
Goreth Pimentel, Célia Maria, Carlos Alberto Carneiro, Lili e Quirino Silva

Segundo Dia Cariri Cangaço Quixeramobim
Almoço Literário na Fazenda Barro Doce
13 horas do dia 25 de Maio de 2019
Fotos de Louro Teles

Um comentário:

Francimary disse...

O meu abraço carinhoso a todos os membros dessa família linda,composta por pessoas comprometidas com a nossa cultura nordestina.