Augusto Martins, Manoel Severo e Valdir Nogueira
A tradicional e antiga fazenda Gameleira no município de São José do Belmonte pertenceu inicialmente ao major Antônio Alves da Luz, que foi casado a segunda vez com Maria Francisca de Barros (Maria da Gameleira), filha de Jacinto Gomes dos Santos, da “Lagoa”, também em Belmonte. O casal Antônio Alves da Luz e Maria da Gameleira, deixou seis filhos, dentre os quais o famoso major Pedro Alves da Luz, da fazenda Barrinha, em Belém do São Francisco, e Maria Francisca da Luz Barros (Cotinha), que fugiu para casar com seu primo Antônio Onias de Carvalho Barros. O major Antônio da Luz revoltado, e totalmente contrariado com o rapto de sua filha, resolveu vender a Gameleira cujo comprador foi o capitão Rufino Gomes Barbosa Leal.
Conta-se que Joaquim da Silveira de Araújo, chefe de numerosa família, além de ser um afamado vaqueiro do capitão Rufino Gomes Barbosa Leal, da fazenda Gameleira, também almocrevava o comércio de Belmonte para Floresta.
Certa feita, o pobre homem foi furtado em dois burros, no entanto, para descobrir aquele crime, iniciou uma série de diligências e obteve êxito, pois os burros foram encontrados em um povoado do Cariri cearense, numa obra pública do governo federal no Nordeste. O engenheiro encarregado daquela seção lhe declarou que os animais, como outros havia comprado a Horácio Novaes. Esse indivíduo pertencia a uma das tradicionais famílias de Floresta, tendo por residência a fazenda Santa Paula, onde dizem que costumava esconder Lampião. Horácio se envolveu em muitas encrencas, uma vez se viu em apuros diante de um cerco posto pelo tenente Alencar (Sinhozinho Alencar) no povoado de Nazaré, município de Floresta, porém, conseguiu fugir. Relatam também que Horácio sempre dominou a região da serra do Umã, entre os municípios de Floresta, Belém de Cabrobó, Salgueiro e Belmonte, zona transformada em fortaleza de perigosos bandidos. Certo dia Horácio Ferraz dominou o arruado de Conceição das Crioulas, município de Salgueiro, enfrentando forças volantes sob os comandos do 1º tenente Euclides Lemos e o 2º tenente Miranda. O tiroteio foi cerrado, havendo saído algumas praças feridas e morto o bandido Sipaúba.
Quando Horácio Novaes foi desmascarado no caso do furto dos burros, jurou este vingar-se de Joaquim Araújo, tentando mesmo contra sua família, que foi forçada a se retirar para Bodocó. Em tais condições, o belmontense Joaquim Araújo, vaqueiro da Gameleira, também jurou vingar-se, tendo também no mesmo tempo resolvido Horácio Novaes enfileirar-se nas forças de Lampião.
Joaquim Araújo procurou o capitão da Força Pública de Pernambuco, Muniz de Farias, a fim de verificar praça, no que foi prontamente atendido, declarando logo para aquele oficial qual era o seu objetivo. Pois foi esse modesto vaqueiro, que por ato de bravura foi promovido a anspeçada em virtude de ter contribuído para o êxito em algumas derrotas de Lampião e do próprio Horácio Novaes.
Valdir José Nogueira de Moura, pesquisador e escritor
Conselheiro Cariri Cangaço
São José de Belmonte, PE
Nenhum comentário:
Postar um comentário