Antonio Amaury por Kiko Monteiro

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Manoel Severo, Antonio Amaury e Danielle Esmeraldo

A seguir postamos espetacular entrevista concedida pelo mestre Antonio Amaury Corrêa de Araújo, o paulista mais nordestino de todos os paulistas, um dos ícones do estudo e pesquisa da temática cangaço no Brasil, uma das presenças mais honrosas no Cariri Cangaço; a entrevista foi feita ao amigo Kiko Monteiro por ocasião do Cariri Cangaço e transcrita no prestigiado blog "Lampião Aceso" do querido confrade, a qual trasncrevemos para os leitores do blog Cariri Cangaço.

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Antonio Amaury e Waldir Junior
Qual é o filho preferido do acervo? (Sobe o conjunto de sua obra...)Assim morreu Lampião.E de outro autor?"Lampião" de Ranulfo Prata.
Qual é literatura recomendada para um calouro?
Vai soar com autopromoção, mas entre os mais de 200 títulos existentes eu indico que comecem pelo meu acervo que foi fruto de uma pesquisa séria além de muita intuição para repassar depoimentos e narrativas de quem viveu o cangaço.
Atualizando números: Com o aparecimento de Durvinha, Moreno e Aristéia quantos personagens desta história foram entrevistados por Antonio Amaury?
Moreno e Durvinha não acrescentaram nada, entenda, para o que já sabíamos. Aristéia tem menor importância ainda, pois só viveu seis meses num subgrupo, nunca participou de um combate e nem sequer conheceu Lampião, Maria Bonita etc. Possuo precisamente sete mil entrevistas a maioria em arquivo de áudio. As mais importantes seriam: Sinhô Pereira, João Ferreira e Mané Veio foram peças de grande valia para a construção da história.
Quem foi o primeiro?
Foi uma figura apagada, filho de um coiteiro que tinha 15 anos quando conheceu Lampião na ocasião de uma visita a fazenda do pai. Mas no ano de 67 eu tive um contato coletivo... um acúmulo de conhecimentos com vários envolvidos conheci: Dadá, João Bezerra, Mocinha (irmã de Lampião ainda viva).
Quais destes contatos foram os mais difíceis?
Quase sempre com soldados houve certa resistência para dar depoimentos.
Amaury teve que pagar para obter entrevista?
Sim, várias vezes.
Qual o contato que não foi possível e lhe deixou de certo modo frustrado?
Aconteceu mais de uma vez, mas lamento mesmo não ter tido um encontro com o jornalista Melchiades da Rocha ele era do jornal "A noite ilustrada" do Rio de Janeiro e estava em Angico três dias após o Massacre, ele viveu aquele momento conversamos por telefone eu insisti para um encontro, mas ele não cedeu, não quis aproximação.
Um cangaceiro?
Balão.
Um volante?
Manoel Neto.
Um coadjuvante?
Tenente João Maria, de Serra Negra. (Hoje Pedro Alexandre-BA)

Uma personagem secundária?
Jogo para esta posição na pirâmide o cabo Antonio Honorato, dá impressão que teve grande importância, ele se rogava "o homem que atingiu Lampião", mas nunca foi provada a sua ação.

O que pretende fazer com as centenas de horas em entrevistas colhidas em vídeo?Estamos com a proposta de um estúdio e possivelmente vamos criar uma coletânea de vídeos afinal são mais de 250 horas de imagens.
E quanto às peças e relíquias é real o desejo de montar um museu particular?
Sim, mas já existe uma exposição itinerante com parte de meu acervo que atualmente circula pelo nordeste sob os cuidados de Ricardo Albuquerque neto de Adhemar Albuquerque da ABA films.

Nós que gostariamos de ver um filme que retratasse um cangaço autêntico, fiel aos fatos, sem licença poética, sem erro primário enfim sem exagero da ficção lamentamos a eterna necessidade de se ter finalmente uma produção digna da saga, de preferência um épico ou uma trilogia, enquanto isto não foi possível qual a película mais lhe agradou?
O mais próximo com a verdade Corisco o diabo loiro, com Leila Diniz e Mauricio do Vale.

Eleja a pérola mais absurda que já leu sobre Lampião?
Ultimamente tenho ouvido cada balela que é difícil destacar a pior, mas "Alguém" disse... pessoas descompromissadas afirmaram para um jornal: Lampião tinha pretensões de ser governador.

Além da nova edição ampliada da obra Assim morreu Lampião qual a próxima novidade que teremos em nossas estantes?
Assim morreu Lampião ainda está encaminhada, "Cidades invadidas ou visitadas" também, estou preparando um livro sobre "Maria Bonita", mas meu próximo livro mesmo, o qual esperava ter lançado aqui no Cariri Cangaço é "Lampião, herói ou bandido?" a editora não me entregou a tempo de viajar.
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Antonio Amaury, Ivanildo Silveira e Alcino Costa

Qual é o capitulo preferido do mestre Amaury?
A história do cangaço é um tema tão controverso tem capítulos extraordinários e chocantes. Elejo três: Lampião em Juazeiro, Mossoró, e a batalha de Serra Grande.
Diante de tantas polêmicas surgidas posteriormente a tragédia em Angico alguma chegou a fazer sentido, levando-o a dar atenção especial ex.: Ezequiel reaparece anos mais tarde, João Peitudo filho de Lampião, O Lampião de Buritis e esta, mais recente sobre a paternidade de Ananias?
Sim, o caso Ananias, pois acompanhei de perto. Foi interessante até determinado ponto, depois achei por bem recuar.
Qual foi o melhor momento deste Cariri Cangaço?
Gostei de todas as palestras, mas as mais interessantes foram a do Promotor Ivanildo Silveira e a de Honório de Medeiros.
Antonio Amaury a Kiko Monteiro

Entrevista concedida ao Blog Lampião Aceso.
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5 comentários:

Anônimo disse...

Foi uma grande satisfação para todos nós a presença de todos os pesquisadores que só conhecíamos através dos livros e da imprensa e em particular gostaria de parabenizar a Organização do Evento pela presença do senhor Antonio Amaury, de São Paulo, com certeza uma referencia sobre o assunto. O que pouca gente sabe é que o distinto pesauisador é Odontólogo, pois é, e dedicou toda a sua vida à pesquisa sobre o cangaço, para nossa sorte, e hoje temos o prazer de tê-lo no nosso Ceará.

Concordo com ele, sobre a palestra do Dr. Honório de Medeiros e Ivanildo, mas uma maravilhosa também, leve, lustrativa foi sobre Maria Bonita com João Lima, muito boa mesmo.

Parabens ao prefeitos e a URCA.

Wilson Simoni (não é Simonal!) Juazeiro Ce

Anônimo disse...

Esqueci de falar e a palestra em Missão Velha com o professor Bosco foi sensacional, quanta informação e história sobre nosso cariri quem não conhecíamos.

Parabens Professor Bosco.

Wilson.

Anônimo disse...

Concordo com o professor Antonio Amaury quando destaca Manel Neto como "volante", aquele bravo Nazareno era homem com coragem de "mamar em onça", e nunca fugiu da raia, um cabra macho todo. Sinto falta de mais literatura sobre os Nazarenos, muitas vezes esquecidos. Fica uma dica para o Severo em 2010, vamos promover uma palestra sobre os Nazarenos.
Parabens ao dr. Antonio Amaury pela entrevista

Antonio Nunes do Carmo - Juazeiro do Norte

João de Sousa Lima disse...

Discordo do mestre Amaury quando ele diz que Moreno, Durvinha e Aristeia não contribuiram com nada em se tratando de informações sobre o cangaço. Sobre os fatos vividos por eles pode-se ler um extenso foco de importantissimas informações no livro: Moreno e Durvinha, sangue, amor e fuga no cangaço.(sem fazer promoçao por que o livro é de minha autoria)
quanto a Aristeia, ela passou oito meses no cangaço e não seis, como foi dito. Salvo engano de Amaury ela participou de três combates e viu seu companheiro Catingueira ser morto por um tiro que estourou -lhe as costelas e ela teve sua importante sim, pois a importância de um cangaceiro, para a luz da história, não se resume ao mesmo ter conhecido o chefe maior que foi Lampião ou seja: conhecer o Rei do Cangaço não servia de trena para medir a importância dos fatos históricos.

Anônimo disse...

Boa noite !
Meu nome é Cristiano sou neto de CRIANÇA,e gostaria de obter mais informaçoes sobre sua historia.Eu tenho guardado ate hoje alguns objetos que ele me deu,se tiver alguma coisa pode mandar p/ meu email.cristiano.lima1@limao.com.br
Eu conheço o Sr.Amaury ele me deu um livro foi eu acho o ultimo que ele escreveu,foi eu e minha tia Vicentina vms no escritorio dele.