Aconteceu na noite do último dia 17 de dezembro no Centro Cultural Dragão do Mar, em Fortaleza a festa de entrega do Prêmio Chico Albuquerque de Fotografia 2019; uma promoção da Secretaria da Cultura do Ceará. O Prêmio Chico Albuquerque; repaginado, com novas categorias, novo valor e agora com abrangência nacional; contou com mais de 170 propostas inscritas e a participação de 20 estados,
o prêmio contemplou cinco projetos nas categorias: Narrativas Brasileiras,
Categoria Descobertas e Outras Visões. Cada autor participou com apenas uma proposta de trabalho autoral em uma das três categorias
de premiação.
Tiago Santana apresenta o Prêmio Chico Albuquerque
Antes mesmo de continuarmos com a festa da noite de premiação, é importante dizer quem foi Chico Albuquerque, para isso nos valeremos da apresentação de seu Chico feito pelo IMS-Instituto Moreira Sales: "Pioneiro da publicidade brasileira na década de 1940, Chico Albuquerque foi exímio retratista de personalidades, chefe da equipe que montou o departamento de fotografia da Editora Abril na virada dos anos 1960-1970 e ensaísta apaixonado pelos temas típicos de sua terra natal, o Ceará. Todas essas vertentes de seu trabalho resultaram num acervo de cerca de 70 mil imagens que está preservado no Instituto Moreira Salles por meio de convênio com o Museu da Imagem e do Som de São Paulo".
Chico Albuquerque
E continua o IMS:"Nascido numa família de fotógrafos, o jovem Francisco começou sua carreira no cinema, aos 15 anos, como auxiliar do pai, Adhemar Albuquerque, também cinegrafista amador. Foi produzindo retratos no estúdio fundado por este em Fortaleza, o Aba Film, que se iniciou profissionalmente na fotografia. Aos 25 anos, participou, como fotógrafo de cena, das lendárias filmagens em locações cearenses de It’s All True, o documentário inacabado de Orson Welles, que havia se instalado momentaneamente em Fortaleza. Com Welles, Albuquerque afirmou ter compreendido a necessidade de desenvolver uma noção estética para se fotografar corretamente. O documentário foi rodado na praia do Mucuripe, na capital do Ceará, o mesmo cenário de seu primeiro grande ensaio do fotógrafo, realizado dez anos mais tarde.A rigorosa composição dos quadros, que Albuquerque considerava uma lição do cineasta americano, o acompanharia por toda a carreira, traduzindo-se em sua busca de controle total da imagem, sobretudo em estúdio, mas também sob luz natural – característica que fazia dele, segundo o amigo e colega Thomas Farkas, um profissional “muito perfeccionista”. Para encontrar seu caminho, o jovem Albuquerque organizou o próprio portfólio e viajou para o Rio de Janeiro em duas ocasiões, entre 1934 e 1946. Queria aprofundar os conhecimentos e melhorar a técnica."
Fabiano Piúba ao lado dos ganhadores do Prêmio Chico Albuquerque
“Avaliamos o prêmio e tomamos um
caminho de que ele pudesse ganhar uma abrangência nacional. A própria figura do
Chico Albuquerque é uma referência nacional, merece esse destaque. Além disso,
o Ceará já tem uma vocação e um percurso reconhecido na fotografia. De como a
fotografia cearense dialoga com a fotografia nacional para que possamos ter aí
um movimento de dentro para fora, de fora para dentro, de chamar atenção do
país para o Ceará e vice-versa”, afirma Fabiano Piúba, secretário da Cultura do
Ceará.
Vamos às premiações da noite. Na Categoria Narrativas Brasileiras, foram analisadas 29 propostas, desse total, foram finalistas cinco propostas, sendo vencedor o fotografo Luiz Otávio Salameh Braga. Na Categoria Descobertas, foram analisadas 79 propostas sendo vencedores André de Sampaio Penteado e Mauricio Soares Gomes de Oliveira e por fim na Categoria Outras Visões, depois de analisadas 44 propostas foram vencedoras, Claudia Barbosa Vieira Tavares e Letícia Lampert.
Luiz Braga e Ingrid Rebouças
Luiz Braga é formado pela Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal do Pará (UFPA). Realizou mais de 70 exposições entre individuais e coletivas no Brasil e no exterior, e suas fotografias compõem coleções importantes como a do Museu de Arte de São Paulo, do Centro Português de Fotografia, do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, entre outras.
O Prêmio é uma homenagem ao fotógrafo brasileiro Chico Albuquerque (1917-2000) que nasceu no Ceará e tornou-se pioneiro na fotografia publicitária no País e um dos artistas mais inovadores de sua geração. Ao longo de uma trajetória de 68 anos dedicados à fotografia, consagrou-se como retratista de personalidades que marcaram a história brasileira. Dentre seus principais trabalhos, destaca-se o ensaio “Mucuripe” (1952) que retrata o cotidiano de jangadeiros do litoral cearense, revelando a profunda relação desses homens com o mar.
"Paralelamente, construiu uma sólida reputação de retratista, fotografando em poses rigorosamente dirigidas – quase sempre em estúdio e sem nenhum adereço de cena – membros da alta sociedade paulistana, artistas e celebridades. Diante de sua lente, passaram personalidades tão díspares quanto Victor Brecheret, Juscelino, Ronald Golias,Luiz Gonzaga, Jânio Quadros e Hilda Hilst. Paralelamente à atividade comercial, participou ativamente de debates teóricos do Fotoclubismo, que acontecia principalmente em torno do Foto Cine Clube Bandeirante."
Tiago Santana
Tiago Santana e Ingrid Rebouças
Manoel Severo e Alênio Carlos
"Em 1952, Albuquerque voltou a Fortaleza para realizar um de seus ensaios mais célebres, Mucuripe, fotografando, num preto e branco de forte inclinação épica, a paisagem e a vida dos jangadeiros. Tema semelhante seria abordado por ele mais de 30 anos depois, agora em cores, no ensaio Jericoacoara. Também coloridas são as fotografias da série Frutas, de 1978, verdadeiras naturezas-mortas em sua ambição pictórica, que o artista plástico Aldemir Martins considerava “as melhores fotografias de frutas brasileiras que existem”. Albuquerque voltou a viver em Fortaleza em 1975. Em 1981, foi convidado a assumir, como consultor, a coordenação de um grupo de 12 repórteres fotográficos de O Povo. Ele começou reformulando o laboratório, espaço fundamental para o desenvolvimento profissional dos novos fotógrafos. O grupo se transformaria na primeira equipe de trabalho do jornal."
Manoel Severo e Silas de Paula
Beto Skef e Ingrid Rebouças
Paula Georgia e Ingrid Rebouças
"Quando Chico Albuquerque se transfere para São Paulo, em
1945, o mercado fotográfico é restrito e ainda voltado, sobretudo, para
reportagens de família. Atuando a princípio como retratista, destaca-se ao
fotografar personalidades como Juscelino Kubitschek (1902 - 1976), Victor
Brecheret (1894 - 1955) e Burle Marx (1909 - 1994), entre outros. Por meio de
enquadramentos fechados e pela ênfase na expressão dos olhares, os retratos
sugerem o estado psicológico dos modelos ou mostram flagrantes de emoções. O
aspecto teatral dos registros é realçado pelo tipo de iluminação, geralmente
lateral, com sombras marcadas e contraluzes." Portal Itau Cultural.
Silas de Paula e Ingrid Rebouças
Beto Skef, Igor Cavalcante e Ingrid Rebouças
Família Albuquerque e o Cangaço...
Aqui rendemos nossa homenagem ao querido e inesquecível Ricardo Albuquerque, filho de seu Chico Albuquerque e à sua obra: Iconografia do Cangaço, livro e DVD. A obra reúne mais de 150 fotografias, do acervo da Aba Film; revelando detalhes das vestimentas, do cotidiano, dos costumes e hábitos dos cangaceiros , com o livro, um DVD "Lampião, o rei do cangaço", com as únicas imagens em movimento dos cangaceiros, produzidas por Benjamin Abrahão incluindo 4 minutos inéditos, recuperados, em 2002, pela Cinemateca Brasileira. Ricardo era filho de seu Chico Albuquerque e neto de seu Ademar Albuquerque, fundador da Aba Film e grande responsável pela empreitada do libanês em fotografar e filmar Lampião.
Entrega do Prêmio Chico
Albuquerque, SECULT - Dragão do Mar-Fortaleza, Ceara 17 de dezembro de 2019.
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