Uma polêmica que há anos se arrasta, com projetos de lei, para mudar o nome da terra do ´Padim´, para, claro, Juazeiro do Padre Cícero. Uma homenagem ao seu mais ilustre representante. Essa ideia passa novamente a ser encampada, e dessa vez, poderá ser para valer. É que já existe aprovado na Assembleia Legislativa do Estado, desde 2001, de autoria do ex-deputado estadual Giovanni Sampaio, decreto que autoriza a realização do plebiscito para saber da população do município juazeirense se aceita a mudança de nome.
"Os romeiros naturalmente já chamam assim". É o que diz o entusiasta da campanha, o empresário que há mais de 30 anos está em Juazeiro, Tadeu Alencar, natural da cidade de Araripe, mas que se traduz um romeiro e tem uma ligação com o sacerdote. "Sou um devoto", diz ao classificar esse como o momento oportuno para iniciar um trabalho no sentido de mudança do nome da cidade.
Antes, de acordo com ele, isso poderia justificar custos maiores, para mudança dos nomes em recibos, notas, mas agora, com a informatização, isso não tem tanto custo, explica ele, ao justificar que, no início dos anos 80, foi iniciado um movimento para mudar o nome de Juazeiro, mas não houve uma ressonância. O projeto de lei, de autoria do então vereador João Barbosa, radialista na cidade, não teve tanto apoio em nível de Assembleia Legislativa, por conta da oposição na época e o projeto foi engavetado.
A consulta poderia acontecer ainda este ano. Pelo menos, é o que objetiva o empresário, que afirma ser esse um movimento que se inicia sem finalidade política, mas na sociedade civil. E até uma música já está sendo composta pelo cantor e compositor juazeirense, Luis Fidélis, para dar coro à campanha de marketing, que deverá ser bem elaborada, chegando a todas as comunidades.
O empresário tem visitado algumas rádios da cidade para dar entrevistas e levar a ideia para a população.
Este trabalho é realizado junto com sua esposa, a empresária Luiziane Alencar. O casal está à frente da Organização Não Governamental (ONG) Anjos Solidários, que realiza trabalho social na cidade. Ela escreveu recentemente editorial para os meios de comunicação. Nele, afirma que o artigo publicado recentemente no Diário do Nordeste, de autoria de Flávio Paiva, sob o título "A Juazeiro do Padre Verde", que aborda a escolha do padre como "Padroeiro das Florestas", pela ONG Greenpeace, serve de inspiração para a proposta de mudança do nome da cidade.
"Consideramos esse o momento ideal, para darmos início a uma campanha ampla, visando incluir na denominação de nosso município, o nome de seu principal precursor e propulsor dos seus avanços", diz ela. A empresária acrescenta que essa é a concretização de um sonho inovador, que irá mobilizar as classes dirigentes do núcleo geográfico, além de uma movimentação de cunho nacional.
O empresário afirma que vários são os ganhos que justificam a mudança do nome da cidade, do ponto de vista econômico e social, por divulgar melhor e com mais objetividade Juazeiro do Norte.
Outro aspecto que ele considera, diz respeito à reabilitação do Padre Cícero, processo em tramitação em Roma, no que irá ajudar bastante. "É uma forma de divulgar a cidade turisticamente, já que o complemento ´Norte´ não tem muito a ver com a realidade de uma cidade que se encontra no Sul do Estado. Portanto, indefinido, já que também não estamos no Norte do Brasil", justifica.Para Luiziane Alencar, essa é uma forma de projetar mais a presença do sacerdote junto aos registros oficiais do País, "levando o seu exemplo a tantos que ainda não conhecem", diz.
O ano do centenário, em 2011, poderá ser o salto para um novo nome sendo projetado para Juazeiro. Tadeu Alencar ressalta a importância deste ano eleitoral, que poderá ou não facilitar o processo. Sairia, segundo ele, com menos custos financeiros, se esse plebiscito fosse feito durante as eleições, aproveitando o momento de mobilização popular. Mas, as restrições relacionadas à lei eleitoral para a consulta poderão ser um empecilho para o plebiscito.
No momento, começam as articulações da sociedade civil, que incluirá esclarecimento nas comunidades sobre essa possível mudança do nome, com um investimento em marketing para auxiliar todo o processo. A proposta será levada também para a Comissão do Centenário, que vem atuando no processo de realização das comemorações alusivas aos 100 anos da cidade de Juazeiro.
Quase duas décadas depois de propor o projeto na Câmara, o ex-vereador João Barbosa diz que é válida a mudança no nome da cidade, por não ser no Norte e ser conhecida entre os romeiros como Juazeiro do Padre Cícero. E ele ainda é um entusiasta da proposta, que esbarrou na AL. "Qualquer pessoa que queira encampar essa ideia, estou pronto para ajudar. E que isso aconteça antes dos 100 anos", afirma.
E o empresário Tadeu Alencar se lembra de outro grande centro de romaria, em Aparecida, no Estado de São Paulo, que leva o nome da padroeira e condiciona essa alternativa para as terras do Padim.
Mas, de antemão, ele se antecipa ao citar que a lei estadual não permite que haja convocação de plebiscito quando há eleição para governador, nos 12 meses anteriores. "Vou verificar se pode ser feita junto com a eleição, já que será no dia e não em período anterior", explica. O projeto irá desencadear a autorização junto ao Tribunal Regional Eleitoral. Para isso, estará sendo apresentado pelo deputado Osmar Baquit junto à Assembleia e, com isso, dar a oportunidade de revalidar, o que está na ponta da língua dos romeiros, para o mundo.
Fique por dentro
Proposta de 1982
A mudança de nome de Juazeiro do Norte para Juazeiro do Padre Cícero foi proposta em 1982, pelo então vereador João Babosa. A ideia não teve apoio da Assembleia Legislativa na época. O decreto legislativo 3/2001, de autoria do então deputado estadual Giovanni Sampaio, aprovado pela AL, autoriza a realização do plebiscito para saber da população de Juazeiro se aceita a mudança do nome para Juazeiro do Padre Cícero. O artigo 1º do decreto autoriza o Tribunal Regional Eleitoral a realizar consulta plebiscitária no município. No decreto, a justificativa leva em consideração que Juazeiro vem se tornando um lugar de milhões de devotos do Padre Cícero Romão Batista, dotado de um centro populacional progressista no contexto das cidades cearenses. É também a primeira cidade em densidade demográfica e convergência sócio-política depois de Fortaleza e centro de grande expressão religiosa popular no mundo com presença anual de dois milhões de pessoas.
Elizângela Santos
RepórterFonte:diariodonordeste.com.br
Um comentário:
Não acho que seja pruducente essa mudança de nome, o municipio já tá consolidado como Juazeiro do Norte há cem anos, e tem mais, no coração dos romeiros já é Juazeiro do Padre Cícero, não vejo necessidade em gastar dinheiro e energia com isso.
Juazeiro do Norte é o mesmo Juazeiro do Padre Cícero, são a mesma coisa!!!
MARILIA LOPES
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