Grupo de Estudos do Cangaço da Paraíba reunidos no Sebo Cultural
Na mais recente reunião do Grupo de Estudos do Cangaço da Paraíba, capetaneado pelos confrades Narciso Dias, Jobeno e Jorge Remigio dentre outros, acontecida no Sebo Cultural, houve o debate e analise do recente artigo publicado na Revista Carta Capital, nº 696 , de autoria do jornalista Orlando Margarido, como abaixo em recorte da Matéria "Cangaceiros S/A da Carta Capital:
Estivessem em atividade hoje, os cangaceiros talvez fossem vistos no
plenário de alguma casa legislativa do País,- anéis de ouro e prata em
profusão e chapéus meia-lua a ostentar nas abas símbolos como a
flor-de-lis e a Cruz de Malta. Vaidosos, esses populares bandoleiros,
heróis e algozes conviveram com o governo oficial mais do que se
esperaria, a exemplo de Lampião, tornado capitão pelo Exército e
cooptado pelo Estado Novo no combate à Coluna Prestes. O cangaço
barbarizava os que a ele se opunham, latifundiários ou sertanejos, e
lançava trocados à comunidade para perpetuar a fama de benevolência.
Fama essa revista por estudos sérios ou publicações que se sustentam
no fascínio do fenômeno. A imagem configurou-se em um dos principais
instrumentos de legitimação do mito quando aventureiros amadores, como o
mascate Benjamin Abrahão, registraram em fotografia estática e em
movimento os foras da lei. O imigrante de origem sírio-libanesa foi o
único a deixar rastros de sua convivência com o grupo de Lampião, se não
o primeiro, por certo o mais longevo e último dos cangaceiros. É esse o
material que nos traz o livro Iconografia do Cangaço, lançamento da Terceiro Nome com 144 fotos, a maioria de Abrahão, além de textos de Moacir Assunção e Rubens Fernandes Filho.
A predominância de registros do imigrante se explica pela filiação do
organizador Ricardo Albuquerque. Seu avô, Adhemar Bezerra Albuquerque,
funcionário de banco no Ceará e documentarista que fundou a Aba Film,
emprestou o equipamento para a façanha de Abrahão. O espólio da
produtora passou ao que é hoje o Instituto Chico Albuquerque e inclui as
cenas filmadas pelo aventureiro com uma Zeiss Ikon Kinamo, agora
apresentadas em um DVD de 15 minutos que integra a edição. Tanto nas
fotos quanto nas filmagens entre 1935 e 1937 há imagens posadas, raras,
do bando a cavalo e de Lampião a distribuir comprimidos aos parceiros
perante um cartaz publicitário da Bayer. Incomodado com a propagação
dessas imagens na imprensa e nos cinemas, Getúlio Vargas mandou
apreendê-las e ordenou a maior ação até aquele momento contra os
cangaceiros. As “volantes” dizimaram boa parte do grupo e o próprio
Lampião em 28 de julho de 1938. *Leia matéria completa na Edição 696 de Carta Capital.
Com a palavra o Grupo de Estudos do Cangaço da Paraíba: "O
presente artigo até tenta assumir uma postura revisionista do tema,
primando como diz sobre a revista por estudos sérios ou publicações
que se sustentam no fascínio do fenômeno. Cita posições de
autores como Frederico Pernambucano de Mello e Luiz Bernardo Pericás,
considerados críticos com visão sócio-antropológica do tema. Cita
livros interessantes e recém publicados como: Iconografia do
Cangaço, organizado por Ricardo Albuquerque e Bonita Maria do
Capitão, organizado por Germana Gonçalves de Araújo e Vera
Ferreira. Reporta-se a uma nova versão sobre a data de nascimento de
Maria Bonita, porém, cometendo gafe de não citar o nome do
pesquisador Voldi Ribeiro.
O
objetivo principal de analise era identificar coerências e
incongruências no teor da matéria. Plagiando uma afirmação do
autor, “Quando se trata de cangaço, é verdade, há pouco material
unânime”. Inclusive, o texto Cangaceiros
S/A.
Vejamos algumas afirmações improcedentes, descabidas e
inconseqüentes que se seguem: “Lampião, tornardo Capitão pelo
exercito e cooptado pelo Estado Novo no combate à Coluna Prestes”.
Disparate. Lampião foi ao Juazeiro atendendo o chamado de Floro
Bartolomeu, que idealizou incorporar um bando ao Batalhão
Patriótico, espécie de grupo paramilitar. Absurdo também dizer que
este foi cooptado pelo Estado Novo. O ano era 1926, quem governava o
país era Artur Bernardes e o Estado Novo instituiu-se após o golpe
de Estado em 1937 no governo Getulio Vargas. Portanto, 11 anos
depois.
“Lançava
trocados à comunidade pra perpetuar a fama de benevolência”.
Desconhecemos essa pratica. Se tal fato ocorreu, foram casos tão
raros que não cabe tal afirmação.
“Incomodado
com a propagação dessas imagens na imprensa e nos cinemas”. As
imagens cinematográficas foram censuradas e confiscadas após
primeira e única exibição no Cine Moderno em Fortaleza, para uma
platéia restrita, inclusive presente vários membros do governo de
exceção. Portanto não houve exibição em cinemas.
Narciso Dias
Membro do Grupo de Estudos do Cangaço da Paraíba
Conselheiro do Cariri Cangaço
2 comentários:
Grande comandante Narciso.
Prazer revelo em tão boas companhias de estudo e pesquisa.
Aderbal Nogueira
parabens a todo o pessoal que pesquisa o cangaço em joão pessoa.
Gisa
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