Fonte: www.umolharsobresaojoao.blogspot.com.br
“Esconde essa aliança e casa com outro. Chico já morreu”. Era o que
Jardelina Nóbrega ouvia das pessoas aconselhando-a a desistir de se
casar com Chico Pereira, que virou cangaceiro. Jarda, como era chamada
começou a namorar com Chico aos 12 anos, noivou aos 13, casou aos 14 e
ficou viúva aos 17 anos de idade, com três filhos pequenos. O caçula
tinha apenas seis meses.
Sua vida daria um filme, como já tentaram fazer. Tudo começou em 1920, na localidade de São Gonçalo, Sertão da Paraíba, quando Jarda conheceu Chico, então com 20 anos, um pacato comerciante de cal. Filho do coronel João Pereira, pessoa bem relacionada na redondeza. De repente, o coronel viu-se envolvido numa briga na sua mercearia. E nela, foi morto o coronel. Uma morte encomendada por questões políticas. Agonizante, João Pereira pediu aos filhos que não queria vingança como ditava o código de honra da época.
Chico, o filho mais velho conseguiu prender Zé Dias, que matou seu pai e o entregou à polícia achando que assim a justiça seria feita. Mas na semana seguinte, Zé Dias estava solto, para revolta de todos. Chico era insuflado pelo povo a vingar-se e ao mesmo tempo não queria revidar, mas percebia a má vontade da polícia em prender Zé Dias. Tinha receio de ser chamado de frouxo.
Então, o jeito foi fazer justiça com as próprias mãos, como fez Virgolino. A cidade de Souza perdeu a tranquilidade e a briga entre famílias Pereira e Dias ganhava corpo. Chico vingou a morte do pai e tornou-se cangaceiro. Formou um bando e sua vida mudou totalmente e a de sua noiva também. Passou a ser foragido da polícia.Entretanto, sua preocupação maior era Jarda, sua noiva adolescente. Após uma longa conversa com ela, alertou para o tipo de vida que levava e, se ela quisesse desistir do casamento prometido, ele iria entender. “É com você que quero me casar”, foi a resposta. E como seria esse casamento?
Sua vida daria um filme, como já tentaram fazer. Tudo começou em 1920, na localidade de São Gonçalo, Sertão da Paraíba, quando Jarda conheceu Chico, então com 20 anos, um pacato comerciante de cal. Filho do coronel João Pereira, pessoa bem relacionada na redondeza. De repente, o coronel viu-se envolvido numa briga na sua mercearia. E nela, foi morto o coronel. Uma morte encomendada por questões políticas. Agonizante, João Pereira pediu aos filhos que não queria vingança como ditava o código de honra da época.
Chico, o filho mais velho conseguiu prender Zé Dias, que matou seu pai e o entregou à polícia achando que assim a justiça seria feita. Mas na semana seguinte, Zé Dias estava solto, para revolta de todos. Chico era insuflado pelo povo a vingar-se e ao mesmo tempo não queria revidar, mas percebia a má vontade da polícia em prender Zé Dias. Tinha receio de ser chamado de frouxo.
Então, o jeito foi fazer justiça com as próprias mãos, como fez Virgolino. A cidade de Souza perdeu a tranquilidade e a briga entre famílias Pereira e Dias ganhava corpo. Chico vingou a morte do pai e tornou-se cangaceiro. Formou um bando e sua vida mudou totalmente e a de sua noiva também. Passou a ser foragido da polícia.Entretanto, sua preocupação maior era Jarda, sua noiva adolescente. Após uma longa conversa com ela, alertou para o tipo de vida que levava e, se ela quisesse desistir do casamento prometido, ele iria entender. “É com você que quero me casar”, foi a resposta. E como seria esse casamento?
Chico Pereira
Conseguiram celebrar por meio de procuração, na manhã de 26 de maio de
1925, na igreja de Pombal. Jarda continuou morando com a família e os
encontros com o marido eram escondidos. Nasceu o primeiro filho,
Raimundo. Depois vieram Dagmar e Francisco. Houve uma menina, mas morreu
prematura. Jarda teve uma vida marcada por mortes trágicas: pai, sogro,
cunhado e marido.
Chico Pereira comandou vários ataques, inclusive com cangaceiros de Lampião. Passou seis anos nessa vida até encontrar a morte misteriosa numa estrada do Rio Grande do Norte, aos 28 anos de idade, a 24 de agosto de 1928. Uma morte até hoje não esclarecida.
Chico Pereira comandou vários ataques, inclusive com cangaceiros de Lampião. Passou seis anos nessa vida até encontrar a morte misteriosa numa estrada do Rio Grande do Norte, aos 28 anos de idade, a 24 de agosto de 1928. Uma morte até hoje não esclarecida.
Jarda, com três filhos pequenos, pensava o que seria dela. E dos filhos? Futuros cangaceiros? Como iria educar os meninos com salário de professora rural? A solução foi deixar cada um com um parente. Periodicamente viajava a cavalo para ver os filhos. Uma vida sacrificada. Os três irmãos só se encontraram bem mais tarde.
Wanessa Campos
Certo dia, recebeu um bilhete anônimo por meio de um cavaleiro
desconhecido montado num cavalo branco, quando estava pensativa no
alpendre da casa. O bilhete dizia:” Se queres ser feliz, perdoa seus
inimigos”. Uma cena quase irreal. E Jarda tinha muito a quem perdoar.
Decidiu queimar todas as cartas, livros de cordel, jornais, tudo que
falava de Chico Pereira. Estava queimando seu passado para salvar o
futuro dos filhos, escreveu Francisco no seu livro “Vingança, não”.
Os anos foram passando e a primeira alegria veio com Raimundo que se formou em engenharia civil no Recife. Depois, foi a vez de Dagmar, que se tornou frade franciscano com o nome de frei Albano. Surpresa maior veio com Francisco, ordenado padre em Roma, onde estudou. Com ele, a alegria de Jarda foi maior, pois assistiu sua ordenação, recebeu bênção especial do papa e a comunhão pelo próprio filho na sua primeira missa. Jarda encontrou a felicidade através do perdão.
Dos três filhos, apenas frei Albano está vivo, no Convento de São Francisco, em Salvador, Bahia. Jarda ficou viúva para sempre e morreu em João Pessoa onde morava e o filho Francisco também.
Jarda foi uma Maria Bonita.
NOTA – Conheci e convivi com dona Jarda desde menina até a idade adulta, na minha casa e na da minha irmã mais velha, Wanice, casada com Raimundo com que ela morou durante muito tempo. Dona Jarda, muito alva, cabelos castanhos, bonita e vaidosa que me pedia para comprar batons de cores claras. Falava baixinho, gostava de conversar e contava com naturalidade sua vida com Chico Pereira. Demonstrava serenidade e nem parecia ter um passado sofredor. Os filhos diziam que ninguém conseguiu ver Jarda chorar. Gostava dela.
Os anos foram passando e a primeira alegria veio com Raimundo que se formou em engenharia civil no Recife. Depois, foi a vez de Dagmar, que se tornou frade franciscano com o nome de frei Albano. Surpresa maior veio com Francisco, ordenado padre em Roma, onde estudou. Com ele, a alegria de Jarda foi maior, pois assistiu sua ordenação, recebeu bênção especial do papa e a comunhão pelo próprio filho na sua primeira missa. Jarda encontrou a felicidade através do perdão.
Dos três filhos, apenas frei Albano está vivo, no Convento de São Francisco, em Salvador, Bahia. Jarda ficou viúva para sempre e morreu em João Pessoa onde morava e o filho Francisco também.
Jarda foi uma Maria Bonita.
NOTA – Conheci e convivi com dona Jarda desde menina até a idade adulta, na minha casa e na da minha irmã mais velha, Wanice, casada com Raimundo com que ela morou durante muito tempo. Dona Jarda, muito alva, cabelos castanhos, bonita e vaidosa que me pedia para comprar batons de cores claras. Falava baixinho, gostava de conversar e contava com naturalidade sua vida com Chico Pereira. Demonstrava serenidade e nem parecia ter um passado sofredor. Os filhos diziam que ninguém conseguiu ver Jarda chorar. Gostava dela.
Wanessa Campos
www.lampiaoaceso.com
E nos dias 15 e 16 de Junho
Cariri Cangaço Parayba
Avant-Première em Sousa e Nazarezinho
"terra de Chico Pereira"...
3 comentários:
Que linda história e que pesquisa interessante. Parabéns pelo resgate destas memórias.
Parabéns pela narrativa. Uma bela história de uma mulher que serviria de exemplo para muitas mulheres de hoje.
👏👏👏
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