Adailton Macedo e Vicente Landim Macedo
Filha de João Manuel da Cruz(Joca da Gameleira) e de Dona Joaquina de Sales Landim(D. Quininha). Casara pela primeira vez entre 1883-1885 na igreja de Missão Velha com José Antonio de Macedo(Cazuzinha do Tipi) seu parente. Ambos descendentes dos “Terésios. Em 1891 o casal decide ir morar em Aurora comprando a propriedade do sítio Sabonete onde mais tarde se formaria a vila Tipi; local onde fixaram residência até o fim da vida.
Informações esporádicas dão conta de que era uma mulher de gênio, determinada e de inteligência incomum para aqueles tempos. Além de ousada, perspicaz e valente, notadamente quando se tratava de defender posições e os interesses do seu clã. Mesmo numa época em que imperava a supremacia do sistema patriarcal que, via de regra, relegava à mulher a uma posição social das mais subalternas. No mais das vezes, relegada aos afazeres domésticos, conquanto confinada à cozinha e a criação da prole.
De tal forma que, qualquer tentativa de se contrariar o velho padrão era encarado quase como um sacrilégio. Porém, com Marica do Tipi, o que até então era tido como regra acabou dando lugar à exceção. Pelo menos por aquelas bandas do Ceará... E assim foi que ousou, desafiou e se impôs do seu modo particularmente austero e imperativo ao status quo vigente. Por sua coragem e valentia de autêntica ‘amazonas sertaneja’, logo se tornou conhecida, influente e respeitada por todos os quadrantes do Cariri e região circunvizinha. Tanto que, ainda hoje alguns historiadores chegaram a denominá-la de “a coronel de saia” ou simplesmente de ‘a brava sertaneja de Aurora’.
A força do seu nome, portanto foi muito além do riacho do Tipi de onde construiu o seu poder. Que além de político era alicerçado no criatório de gado, lavoura de milho, algodão, casa de farinha e engenho de rapadura. Gostava de idéias novas e pioneiras. Como por exemplo, quando Antonio Macedo (seu filho), assumiu a prefeitura em 1919 ela ordenou que o município fosse divididos em quatro partes no sentido de facilitar administração. Cabendo a ela própria gerir os problemas e os interesses da região que ia do sítio Cobra, Sabonete, Mel e Tipi até à fronteira com a Paraíba. Há quem diga, que fizera uma excelente administração.
A força do seu nome, portanto foi muito além do riacho do Tipi de onde construiu o seu poder. Que além de político era alicerçado no criatório de gado, lavoura de milho, algodão, casa de farinha e engenho de rapadura. Gostava de idéias novas e pioneiras. Como por exemplo, quando Antonio Macedo (seu filho), assumiu a prefeitura em 1919 ela ordenou que o município fosse divididos em quatro partes no sentido de facilitar administração. Cabendo a ela própria gerir os problemas e os interesses da região que ia do sítio Cobra, Sabonete, Mel e Tipi até à fronteira com a Paraíba. Há quem diga, que fizera uma excelente administração.
Da casa grande, quanto da bagaceira do leito dava ordem aos seus comandados com a mesma autoridade e energia dos coronéis do seu tempo. Suas determinações tinham verdadeira força de lei. Tornando-se, por conseguinte, uma mulher de invejável poder e respeito não somente no que tange às questões familiares, como inclusive na política aurorense onde se pontificou por vários anos não, diretamente, mas através de filho, parentes e aliados.
Esteve no centro de questões emblemáticas, a exemplo do chamado “fogo do Taveira” que redundou na invasão e saque de Aurora em 1908 por mais de 600 jagunços sob o comando de Zé Inácio do Barro ante os auspícios de quase todos os coronéis da região. Quando foi deposto por meio das balas o então intendente municipal Antonio Leite Teixeira Neto(Totonho de Monte Alegre) pondo em seu lugar o seu fiel aliado, o cel. Cândido do Pavão. Um episódio que de tão marcante ainda hoje ocupa lugar de destaque nos anais da história do Cariri, do Ceará e do Nordeste.
O tal “Fogo do Taveira” aconteceu entre os dias 16 e 17 de dezembro do ano de 1908 no sítio Taveira de Aurora, situado já nos limites de Milagres e contíguo ao Barro. Quando num tiroteio fora morto o seu filho mais novo José Antonio de Macedo(Cazuza) de apenas 14 anos sendo também ferido o proprietário da casa . Coincidentemente, mesmo dia e na mesma ribeira se dava a polêmica demarcação das célebres minas do Coxá pertencentes ao padre Cícero Romão Batista. Objeto de disputa entre o sacerdote e pequenos sitiantes das imediações. O que decerto, contribuiu ainda mais para o acirramento dos ânimos entre a gente do coronel Totonho de Monte Alegre, Marica Macedo, Zé Inácio do Barro e coronel Domingos Furtado de Milagres.
Distrito do Tipi em Aurora
Sabendo disso, Marica solicitou ajuda a Floro Bartolomeu que se encontrava nas imediações do sítio Maracajá(Pavão) com um grupo jagunços armados até os dentes. Não querendo participar diretamente do conflito o representante do padre Cícero apenas usou do seu prestígio junto ao então governador do estado - Nogueira Acióli que ordenara a retira imediata do destacamento policial que dava apoio ao cel. Totonho. O que facilitou ainda mais a estratagema para a invasão e deposição do então intendente municipal. Assim, o fogo do Taveira representou o verdadeiro estopim para a invasão e saque de Aurora, por cerca de 600 jagunços a mando dos coronéis da região a pedido de Marica. Como era bastante comum naquele tempo, todos os grandes coronéis, invariavelmente, possuíam seus grupos particulares de jagunços e cangaceiros.
O dato predito culminando com a deposição forçada do então intendente Cel. Antonio Leite Teixeira Neto(Totonho de Monte Alegre) parente da matriarca. Sendo em seguida colocado em seu lugar o cel. Cândido do Pavão, rendeiro e amigo do padre Cícero e aliado incondicional da matriarca. Quanto viúva, casara pela segunda vez em 1906 com o barbalhense Antonio Abel de Araújo. Mandona e dominadora, dizem que não costuma levar desaforo pra casa. Nada acontecia na Aurora do seu tempo, tanto na política quanto nas questões mais comezinhas que não fosse do seu inteiro conhecimento. Influente e respeitada era de fato uma grande liderança. Ao passo que também, tinha a força de juiz, prefeito, delegada, assim como senhora de engenho e conselheira familiar.
Uma mulher sertaneja que, dentre outras qualidades, se notabilizou sobretudo por está muito além do seu tempo... Morreu supostamente de ataque cardíaco em 6 de janeiro de 1924 na residência de sua filha, localizada a rua José dos Santos, na beira fresca de Aurora.
Palestra durante o Cariri cangaço em Aurora : Na noite do dia 20 de setembro durante o seminário Cariri Cangaço 2013 em grande estilo Aurora celebrará pela terceira vez, tanto à memória quanto o resgate desta palpitante história protagonizada por Marica Macedo, quando se comemora a passagem dos 148 anos do seu nascimento. A palestra ficará por conta do seu neto, o Dr. Vicente Landim de Macedo residente na capital federal e presidente de honra da AFA-Brasília*. Indubitavelmente, um momento dos mais afirmativos em que a população aurorense será convidada a conhecer um pouco mais sobre a história de uma das mais célebres mulheres do Cariri e do Nordeste brasileiro. Um instante de verdadeira celebração da geração do presente com alguns dos grandes acontecimentos do seu passado. Por fim, um verdadeiro brinde ao resgate e a preservação da memória histórica de Aurora, do Cariri e do Nordeste.
Prof. José Cícero
Secretário de Cultura e Turismo
Pesquisador do Cangaço
e conselheiro do Cariri Cangaço.
Aurora – CE.
Obras Consultadas:
Aurora, História e Folclore – Amarílio Gonçalves Tavares
Marica Macedo, a brava sertaneja de Aurora – Vicente Landim de Macedo.
Matriarcas do Ceará(Papéis Avulsos) – Raquel de Queiroz e Heloísa Buarque de Hollanda.
Estripe de Santa Tereza – Joaryvar Macedo.
Venda Grande d’Aurora – João Tavares Calixto Jr.
Império do Bacamarte – Joaryvar Macedo.
Revista Aurora – edição 2007.
CARIRI CANGAÇO 2013!
AURORA:
Dia 20 de setembro de 2013
TEMA: “Marica Macedo do Tipi – Sertaneja d’Aurora, Matriarca do Cariri”.
Dr. Vicente landim de Macedo
Neto de Marica, Presidente de Honra da AFA-Brasília.
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