Manoel Severo e Louro Teles em plena caatinga...
O mês era Novembro, o ano:1926...A luta que iniciou perto das oito da manhã daquele dia 27, se seguiu até o final do dia com um resultado desastroso para as tropas volantes, preponderantemente pela vantagem inegável do posicionamento estratégico do bando de Lampião em cima da serra; uma garganta de quase duas léguas de extensão; enquanto as volantes subiam quase de peito aberto de encontro ao ataque cangaceiro. Pela primeira vez na guerra contra os cangaceiros, estavam sendo usadas metralhadoras, no caso, duas hot Kiss.
Primeiro chegaram as forças de Manuel Neto e Arlindo Rocha, aguardavam a chegada de Higino Belarmino para entrarem juntos na garganta da Serra Grande, segundo Marilourdes Ferraz em seu livro O Canto do Acauã, “tornava-se difícil traçar um plano com segurança relativa para os soldados. A serra, muito acidentada, era um local adequado para emboscadas”, o que com certeza veio a ser fatal para as forças volantes. O grupo cangaceiro estrategicamente localizado estava dividido em três frentes, aguardando a chegada dos soldados, que se organizavam; para o enfrentamento, entretanto as forças policiais não conseguiam se entender sob que plano executar para o embate vital. Vamos entender um pouco mais desse combate na segunda parte do documentário do pesquisador Louro Teles, de Calumbi, Pernambuco.
Louro Teles na Serra Grande
CARTA DE UM GOVERNADOR PARA O OUTRO
Senhor governador de Pernambuco,
Suas saudações com os seus.
Faço-lhe esta devido a uma proposta que desejo fazer ao senhor para evitar guerra no sertão e acabar de vez com as brigas. (...) Se o senhor estiver no acordo, devemos dividir os nossos territórios. Eu que sou capitão Virgulino Ferreira Lampião, Governador do Sertão, fico governando esta zona de cá por inteiro, até as pontas dos trilhos em Rio Branco. E o senhor, do seu lado, governa do Rio Branco até a pancada do mar no Recife. Isso mesmo. Fica cada um no que é seu. Pois então é o que convém. Assim ficamos os dois em paz, nem o senhor manda seus macacos me emboscar, nem eu com os meninos atravessamos a extrema, cada um governando o que é seu sem haver questão. Faço esta por amor à Paz que eu tenho e para que não se diga que sou bandido, que não mereço. Aguardo a sua resposta e confio sempre.
Capitão Virgulino Ferreira Lampião, Governador do Sertão.
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