Cariri Cangaço Recife 2025 Oficial

 

 PROGRAMAÇÃO OFICIAL - CARIRI CANGAÇO RECIFE
Pernambuco - Nordeste do Brasil

18 SETEMBRO 25 QUINTA

NOITE SOLENE FREDERICO PERNAMBUCANO DE MELLO
ACADEMIA PERNAMBUCANA DE LETRAS
Avenida Rui Barbosa, 1596 - Graças - Recife PE

19h Formação da Mesa Solene de Abertura

RAQUEL TEIXEIRA LYRA LUCENA - Governadora do Estado de Pernambuco
MANOEL SEVERO BARBOSA - Curador Cariri Cangaço
FREDERICO PERNAMBUCANO DE MELLO - Pesquisador e escritor
ERIVELTON DE FRANÇA - Presidente da Comissão Organizadora
KAIO MANIÇOBA - Secretário do Turismo e Lazer do estado de Pernambuco
CACAU DE PAULA - Secretária de Cultura de Pernambuco
CEL. IVANILDO CESAR T. DE MEDEIROS- Comandante Geral da Policia Militar
LOURIVAL DE HOLANDA BARROS - Pres. da Academia Pernambucana de Letras
RINALDO CARVALHO BARBOSA Museu do Estado de Pernambuco
WESCLEY RODRIGUES DUTRA- SBEC Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço
ARCHIMEDES MARQUES- Academia Brasileira de Letras e Artes do Cangaço
LEONARDO GOMINHO - Academia Brasileira de Estudos do Sertão Nordestino
WASTERLAND FERREIRA GECAPE Grupo de Estudos do Cangaço de Pernambuco
BISMARCK MARTINS - Presidente do Grupo Paraibano de Estudos do Cangaço
ANITA PAIXÃO - Presidente do Grupo Sergipano de Estudos do Cangaço

19h20 Hino Nacional 
Banda de Música da Polícia Militar de Pernambuco
BANDA DE MUSICA CAPITÃO ZUZINHA

 19h15 - Entrada do Estandarte 15 Anos do Cariri Cangaço 
Conselheira Cariri Cangaço CÉLIA MARIA PARAHYBANA 

20h - Fala das Autoridades

20h30 Entrega da Comenda "Personalidade Eterna do Sertão" 
FREDERICO PERNAMBUCANO DE MELLO
Entregue pela Conselheira LUMA HOLLANDA

Palavras pelo Homenageado

20h40 - Entrega de Comendas "Mérito Cultural Cariri Cangaço"
MANOEL SEVERO - Curador do Cariri Cangaço

1. RAQUEL TEIXEIRA LYRA LUCENA  
Governadora do Estado de Pernambuco
2. PRISCILA KRAUSE BRANCO  
Vice-governadora do Estado de Pernambuco
3. KAIO CÉSAR DE MOURA MANIÇOBA NOVAES FERRAZ  
Secretário do Turismo e Lazer de Pernambuco
4. MARIA CLÁUDIA DUBEX DE PAULA FIGUEIREDO BATISTA 
CACAU DE PAULA Secretária da Cultura de Pernambuco
5. CIDA PEDROSA 
Vereadora, Poeta e Escritora
6. LAMARTINE DE ANDRADE LIMA
Oficial médico da Marinha, professor, pesquisador e escritor
7. MARILOURDES FERRAZ
Jornalista, pesquisadora e escritora
8. MIGUEL MEIRA DE VASCONCELOS
Pesquisador e Editor
9. MARGARIDA DE OLIVEIRA CANTARELLI
Desembargadora, jurista, professora, escritora
10. ANA CELY FERRAZ
Produtora Cultural
11. CAPITÃO ARLINDO ROCHA, in memorian
 Edivanete Bione Rocha

Palavras pela representante dos Homenageados

21h - Entrega às Instituições "Mérito Cultural Cariri Cangaço"
MANOEL SEVERO - Curador do Cariri Cangaço

1. PMPE - POLICIA MILITAR DE PERNAMBUCO
Coronel Ivanildo Cesar Torres de Medeiros
2. IAHGP - INSTITUTO ARQUEOLÓGICO HISTORICO GEOGRAFICO PERNAMBUCANO
George Felix Cabral de Sousa
3. CEHM - CENTRO DE ESTUDOS DE HISTORIA MUNICIPAL
Elisabeth Meneses Gomes Silva
4. GECAPE - GRUPO DE ESTUDOS DO CANGAÇO DE PERNAMBUCO
Wasterland Ferreira
5. IHO - INSTITUTO HISTÓRICO DE OLINDA
Severino Vicente da Silva
6. MUSEU DA POLICIA MILITAR DE PERNAMBUCO
1º Sargento Leandro Cleiton Breyner 
7. APL - ACADEMIA PERNAMBUCANA DE LETRAS
Lourival de Holanda Barros
8. MEPE - MUSEU DO ESTADO DE PERNAMBUCO
Rinaldo Carvalho Barbosa

Palavras pelo representante das Instituições Homenageadas

 21h15 - Posse Conselho Cariri Cangaço

Encerramento


19 SETEMBRO 25 SEXTA

MANHÃ

8h MUSEU DO ESTADO DE PERNAMBUCO
Avenida Rui Barbosa,960  Graças - Recife PE
Conferências

Exposição Operacional
BEPI-PMPE - Batalhão Especializado de Polícia do Interior

8h30 DENNIS RICHARD MOCOCK
As Armas do Cangaço

9h15 CLAUDIO AGUIAR
Movimentos Sociais Assistêmicos: O Caso de Caldeirão

10h JOSÉ MARCELO FERREIRA FILHO
O Cangaço e a Questão Ambiental no Semiárido

10h45 EVANDRO DUARTE DE SÁ 
A Saga do Cangaceiro Cabeleira

*

11h30 BISMARCK MARTINS DE OLIVEIRA
Lançamento "Cangaceiros de Antônio Silvino, o "Rifle de ouro" de A a Z

TARDE

14h MUSEU DO ESTADO DE PERNAMBUCO
Avenida Rui Barbosa,960  Graças - Recife PE
Conferências e Lançamentos

14h30 SAULO DE TARCIO DUARTE DE LIMA
Lançamento "Memória da Pedra Bonita do Reino" 

*

14h45 MARCOS ROBERTO NUNES
Os Poetas do Alto Pajeú: Itapetim, Berço Imortal da Poesia

15h25 ANA MARIA CÉSAR
Três Homens Chamados João
 
16h GEORGE FELIX CABRAL DE SOUSA
Pernambuco Libertário

16h40 DIRCEU SALVIANO MARQUES MARROQUIM
1824 - A Confederação do Equador

17h20. JOAQUIM PEREIRA
A Via Crucies de Anayde Beiriz, com base no Processo Judicial

*

18h FABIANA AGRA
Lançamento "O Sertão em Chamas: Lampião e Prestes em 1926" 

18h15 MANOEL SEVERO
Lançamento "Sinho Pereira e Luiz Padre: Na Rota do Cangaço"
de Jose Alves Sobrinho, in memorian


NOITE LIVRE


20 SETEMBRO 25 SÁBADO

MANHÃ

8h30 QUARTEL DO DERBY
Comando Geral da Policia Militar de Pernambuco
Rua do Derby, Derby - Recife PE

9h Visita Técnica 
MUSEU DA POLICIA MILITAR DE PERNAMBUCO

9h50 Entrega de Comenda Mérito Cultural Cariri Cangaço

1. CORONEL PM MARCUS VINICIUS RIBEIRO DE OLIVEIRA
Chefe da Assessoria de Comunicação Social da PMPE 
2. MAJOR PM GABRIELA ALMEIDA FRAZÃO MACIEL
Chefe do Cerimonial da Assessoria de Comunicação Social da PMPE 
3. 1º SARGENTO PM LEANDRO CLEITON BRAYNER
Gerente e Historiador do Museu da PMPE
4. 2º SARGENTO PM CÍCERO BATISTA DA SILVA
  Curador do Museu da PMPE
5. CABO ANDERSON JOSÉ DA SILVA
Historiador do Museu da PMPE

10h Roda de Conversa no Quartel do Derby
 MARILOURDES FERRAZ
Memórias de "O Canto da Acauã"

TARDE

14h MUSEU DO ESTADO DE PERNAMBUCO
Avenida Rui Barbosa,960  Graças - Recife PE
Conferências e Lançamento

14h30 LUIZ RUBEN BONFIM
Lançamento: "Lampião: seu perseguidores e o jornalismo desvirtuado 1935"

*

14h45 IGOR CARDOSO
A Hecatombe de Garanhuns

15h30 TEN. CEL. ALESSANDRO LOPES BEZERRA
 Comandante do BEPI- PMPE - Batalhão Especializado de Polícia do Interior
"A História do BEPI e a Importância das Técnicas de Rastreamento em Ações no Bioma Caatinga"

16h10 ANDRÉ CARNEIRO DE ALBUQUERQUE
Conferência e Lançamento de os Capitães do Fim do Mundo.
Tropas Volantes: A Guerra Irregular no Sertão e as Lições que ainda Ecoam


16h50 ERIVELTON DE FRANÇA & DIANA RODRIGUES
Padre Ibiapina, o Apóstolo de Sertão

NOITE

18h MUSEU DO ESTADO DE PERNAMBUCO
Avenida Rui Barbosa,960  Graças - Recife PE
18h15 Grande Lançamento

FREDERICO PERNAMBUCANO DE MELLO
LANÇAMENTO NOVA EDIÇÃO
" Benjamin Abrahão: Entre Padre Cícero e Lampião "
CEPE - Companhia Editora de Pernambuco

Encerramento


21 SETEMBRO 25 DOMINGO

MANHÃ

8h Saída para Roteiro Histórico pelas Ruas do Recife 

Concentração no Instituto Arqueológico Histórico Geográfico Pernambucano
Teatro do Parque
Casa de Clarice Lispector
Igreja Matriz de Nossa Senhora da Boa Vista
Sobrado de Joaquim Nabuco
Ponte de Ferro
Confeitaria Glória
Casa de Detenção - Casa da Cultura
Cais do Sertão

Encerramento

Comissão Organizadora
Presidente: ERIVELTON DE FRANÇA
Vice: ANA GLEIDE LEAL
Membros:
JOAQUIM PEREIRA
LUMA HOLLANDA
JOSÉ AILTON MATTOS
JORGE REMÍGIO
ANINHA FERRAZ
TAILENE NOGUEIRA BARROS




Capitão Timótheo e os Viriatos Por: Cícero Pereira de Sousa


No começo de julho de 1878, o Capitão Francisco Timótheo de Sousa recebeu ordens do Governo Imperial para combater os Viriatos, conhecidos bandidos que, homiziados em Boa Esperança, no Ceará, aterrorizavam fazendeiros e populações daquela província e dos vizinhos Rio Grande do Norte e Paraíba. Com apenas 28 anos de idade, embora já integrasse a Guarda Nacional, Francisco Timotheo ainda não havia consolidado sua liderança na região, a ponto de poder organizar com a rapidez que o caso requeria, um contingente capaz de cumprir com sucesso tão grave missão.

Os homens de que dispunha no momento não passavam de trinta e cinco, embora contasse com um bom armamento de fuzis, mosquetões e rifles,além da coragem e lealdade desses valorosos companheiros. Por outro lado, a grande seca de 1877, que ceifou centenas de milhares de vidas naqueles sertões, continuava vitimando famílias inteiras com epidemias e doenças de todo tipo. Para completar, os constantes assaltos de bandos armados que pululavam por todo o sertão, representavam impedimento à ausência daqueles homens de suas próprias casas, ainda que por pouco tempo. Mesmo assim, tão logo pôde, o Capitão os convocou e se organizaram todos para a luta.

Foi nessas condições desfavoráveis que partiram de Bonito-PB, na madrugada de 25 de julho de 1878. Rumaram até São José de Piranhas-PB e, a partir daí, seguiram pela estrada das Cuncas. Era a mais curta, embora acidentada. Seguindo pelo Vale do Piranhas, com suas terras férteis e matas ainda fechadas, rumaram por umas trilhas pedregosas até atingirem o sopé da serra do Bongá. Dalí por diante, em direção ao oeste, tiveram que enfrentar sucessivas ladeiras para chegarem ao sítio Barros, (hoje cidade e à época pertencente ao Termo de Milagres, no Ceará). Gastou-se um dia e meio de viagem até esse ponto. Aí, na fazenda de um amigo, para descanso da tropa e refazimento dos animais, o Capitão resolveu acampar antes de percorrer o último estágio da caminhada até Boa Esperança (Cangati), o reduto do inimigo.

Quando ainda se preparava para essa missão, o Capitão Timotheo teve o cuidado de avisar o seu grande amigo e compadre José Guimarães, um português conhecido como Cazuza Marinheiro, residente em Cajazeiras-PB. Ao receber a mensagem, Cazuza exclamou para o portador: - Meu compadre ficou doido! Enfrentar aqueles bandidos com apenas trintae cinco homens? Volte agora mesmo e diga a ele que eu vou também. Pra vencer ou pra morrer com ele! Comerciante abastado e bem relacionado na região do Rio do Peixe, Guimarães depressa conseguiu recrutar cem homens bem armados e marchou com eles em auxílio do amigo Timotheo.

O COMBATE

Francisco Timotheo acercou-se de Boa Esperança, com os seus comandados, no início da noite do dia 26. No entanto, já tinha decidido que só atacaria na manhã seguinte, pois tinha conhecimento de que aqueles bandidos agiam à noite e dormiam durante o dia(*). Os Viriatos, por sua vez, ao notarem a aproximação daquela pequena tropa, debocharam, mandando repicar o sino da igreja e tocar sanfona, zabumba e cornetas, em clima de festa. (*) José do Patrocínio, em seu livro Os Retirantes, p 84, escreveu: Os Viriatos andam à noite, como as corujas agoureiras, com as onças; assustam e matam sem ver a quem o fazem. Nenhum deles por isso mesmo conhece as suas vítimas, nem é por elas conhecido, e no entanto ficam da passagem dos bandidos rastros de sangue e de cinzas, resultado dos assassinatos e dos incêndios .É noite e chove. Uma raridade nos sertões, durante julho. Um pouco pela chuva, um pouco pela iminência dos combates, ninguém dorme. Todos aguçam os ouvidos. Continuam repicando na escuridão os sinos da Capela da Conceição e as danças ao som das sanfonas e dos zabumbas. Entre os homens do Capitão, o silêncio. Diálogo mudo na treva chuvosa, prelúdio daquele combate histórico que fuzis, rifles e bacamartes travarão, mal desponte o dia.

Na manhã de 27, quando cessou o irônico folguedo na praça centralde Boa Esperança, o Capitão ordenou o ataque, suspendendo o sono dos Viriatos. Não durou muito para que estrugissem repetidos, prolongados e pavorosos viva aos Viriatos e, ao mesmo tempo, o bater dos mourões nas portas e janelas das casas. O espanto e a confusão propagaram-se e, de imediato, em todas as residências, cada um, temendo pela própria sorte, buscava refúgio para não ser atingido. A batalha começou heroicamente, envolvendo os combatentes dos dois lados, com um novo ressoar de cornetas e a vibração do sino daigrejinha. Desta vez, não mais em festa. Após três horas de um cerrado tiroteio, Francisco Timotheo, considerando sua posição de inferioridade em homens e armas, pensou em recuar. Contra ele, com mais de cem mosquetões e bacamartes, a artilharia inimiga, favorecida pela configuração topográfica do terreno, disparava cem cessar. Mesmo nessa condição, o Capitão logo ponderou: - “Uma retirada agora, em plena luz do dia, seria insensatez. E, para onde? Por onde? Seria levar ao sacrifício homens extenuados por dois dias de uma longa caminhada, uma noite sem dormir e horas a fio de intenso combate. – Eu nunca recuei na vida, por maior que fosse o perigo. Não será agora, quando empenhei minha honra e a de tantos companheiros que vou fazê-lo. Portanto, vou prosseguir.” Por volta do meio dia, quando o efetivo do Capitão já oscilava entre o cansaço e o desânimo, chegou o amigo Cazuza Marinheiro com a sua tropa, composta por cem guerreiros, ansiosos por entrarem na luta. -Compadre! – disse Cazuza a Francisco TImotheo. – Os seus homens estão exaustos! Recue para descansar com eles, enquanto eu e os meus assumiremos o ataque.

O tiroteio seguiu por toda a tarde, ora esparso ora mais intenso. Com o reforço de Cajazeiras, foram bloqueados os demais acessos à fortaleza dos Viriatos, do Muquén e de Monte Alegre (hoje um posto fiscal), ficando os bandidos completamente isolados. Favorecido por essa vantagem, metade do batalhão de Cazuza Marinheiro marchou veloz, sob uma saraivada de balas, até o início do arruado onde se entocavam os bandidos, a pouco mais de cem metros da igreja. Em menos de uma hora pisavam no centro de Boa Esperança os primeiros guerreiros do seu valoroso grupo, dispostos a tomar de assalto a cidadela. Alguns tombaram ali mesmo, atingidos pelos tiros do inimigo entrincheirado no interior do casario, que se erguia em torno da praça. Enquanto isso, houve um princípio de desorganização na formatura do combate, por parte das forças do Capitão. De repente, embora extenuados, seus soldados se reanimaram, vendo avançar à sua frente o próprio Francisco Timotheo, manejando seu rifle Winchester com a mesma presteza e velocidade com que os bandidos assomavam e desapareciam nas cumeeiras das casas em volta. Já era madrugada do dia 28 quando o Capitão foi informado da chegada de mais reforços. A boa notícia vinha de Lavras da Mangabeira (distrito de Milagres), no Ceará. Era uma volante composta de cento e quarenta homens da polícia estadual, com ordens para se apresentarem aele e submeterem-se ao seu comando. Com esse novo contingente, as tropas legais resolveram invadir, definitivamente, o reduto do inimigo. 

Acossados, os Viriatos e seus sequazes, que apesar das perdas, ainda somavam quase duzentos homens, fortaleceram suas trincheiras, com certa vantagem sobre os atacantes, uma vez que se posicionavam fora da pontaria destes. Os combates, agora mais organizados e também mais ferozes com a entrada do elemento policial, prosseguiram por mais três horas consecutivas. Sentindo-se perdidos, os bandidos atacavam atônitos, apenas o tempo necessário para uma pontaria malfeita, uma descarga e recuavam. Em seguida, protegiam-se pelas casas adentro, ou então lançavam-se, atrevidamente, sobre os invasores num desespero suicida, empunhando sabres e punhais num corpo a corpo de vida ou morte. Era uma cena dantesca, que provocou inúmeras baixas em seu próprio reduto. Por fim, perdidos e sem mais ilusão de vitória, os Viriatos improvisaram a própria fuga. Liderados por José Vicente Viriato, sob intenso tiroteio, os principais chefes do bando deslocaram-se de suas posições até o interior da capela onde algumas famílias permaneciam em segurança e rezavam. Ali eles rasparam barbas e bigodes, trocaram de roupa com suas companheiras, fizeram turbantes com tiras de pano na cabeça e fugiram disfarçados de mulheres. Muitos outros empreenderam a fuga rompendo as paredes internas das habitações e transpondo-as, uma a uma, até atingir o extremo da rua, por onde se evadiram. A formação dessas casas, todas conjugadas, facilitou essa estratégia de fuga.

Terminado o conflito, Francisco Timotheo dirigiu-se à Capela do lugar para agradecer a Deus pela vitória. Ao adentrar o seu interior, surpreendeu-se com a presença ali de dezenas de mulheres assustadas e em pranto, todas vestindo roupas masculinas. Diante disso, determinou aos seus comandados, que perseguissem imediatamente, e abordassem qualquer bando, ainda que de senhoras, caminhando às pressas, nadireção de Milagres-CE ou de Cajazeiras-PB. Retornando, tranquilizou aquelas criaturas aflitas, prometendo respeitar a integridade física dos prisioneiros e rezou com elas. Deu graças também porque nessa refrega a grande maioria dos seus comandados retornaria ao seio de suas famílias sãos e salvos. Apenas um deles perdeu a vida e seis sofreram ferimentos em combate. Mandou tocar o sino da capela e saiu. Eram 18 horas do dia 28 de julho de 1878.Perseguidos, o mais valente dos Viriatos, José Vicente, resistiu e foi morto. Seu irmão Miguel entregou-se às forças legais e foi conduzido com vários outros prisioneiros para Fortaleza, onde seriam julgados e condenados por seus inúmeros crimes. 

Quase seis meses depois, os jornais do Ceará publicavam as informações oficiais da guerra contra os Viriatos: [...] contavam-se treze mortos, sendo doze dos Viriatos e um das forças legais. Os feridos eram muitos de lado a lado. Ao retornarem para suas bases, os vencedores conduziam vários prisioneiros, cem cavalgaduras e grande quantidade de ouro e moeda, fruto dos inúmeros assaltos dos bandidos.

Cícero Pereira de Sousa, Bacharel em Ciências Jurídicas, escritor e pesquisador, consultor do SEBRAE, Ex Diplomata da ONU / FAO