A mangueira, a tesoura e a onça do coronel Santana Por:Bosco André

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O Cel. Santana, homem de pulso, chefe político e respeitado no seu Clã familiar, certa feita foi chamado para árbitro de uma questão entre duas pessoas da sua família. A questão era um "pé de manga" entre vizinhos, localizado na cerca da estrema entre as duas propriedades, que a matrona, já viúva, exigia que as mangas que caíssem na propriedade do seu parente e vizinho, lhes fossem entregues. O Cel. Santana, tentou por todos os meios sanar a briga, mas sem êxito. Resolveu colocar um terceiro na história e o peitou para que toda noite colocasse uma lata d'agua quente e urinasse no pé da mangueira. Ao cabo de um mês, a mangueira estava morta, caso solucionado, sem deixar mágoa a nenhum dos seus parentes e seus eleitores e o mais importante, sem que aparecesse aquela estratégia do ardiloso coronel, o local ainda hoje é conhecido como: “A MANGUEIRA MIJADA” ...

Cel Santana
 
Certa feita o Cel. Santana, chegou a casa de uma sua parenta nas redondezas de Missão Velha, a qual se encontrava chorando muito, ao que foi interpelada pelo coronel, o que estava acontecendo? Ela, lhe disse que havia desaparecido uma tesoura de ouro, que fora herança da sua avó e que suspeitava de umas mulheres que estavam apanhando um feijão na sua roça, em número de oito trabalhadoras rurais. O Cel. Santana, pediu calma e perguntou a que horas aquelas mulheres voltariam da roça, tendo a sua parenta dito que ao final da tarde; lá para as quatro e meia da tarde. À hora marcada, o coronel chegou a casa da sua parenta e mandou que as mulheres desocupassem os lençóis, jogando o feijão ao pé da parede e mandou que pegassem quatro lençóis daqueles e cada uma, pegasse numa ponta do lençol e tentassem rasgá-lo, a certa altura o Cel. Santana, disse: “a mulher que roubou a sua tesoura minha prima, não vai conseguir rasgar o lençol! ao que uma das circunstantes, disse: “não Coronel eu vou conseguir!”, então aí o Cel. Santana, mandou que ela fosse buscar a tesoura e entregasse a sua legítima dona. Terminando assim o segredo do roubo da tesoura.

a famosa tesoura de ouro

Numa de suas fazendas o Cel. Santana, mantinha um criatório de bodes e começou a desaparecer os bodes e o coronel chamou ao seu encarregado e disse: “Compadre, isso é a onça que está pegando estes bodes e vamos pastorar a onça para matar”, lhe entregando um rifle. Debalde aquela ordem do coronel, pois o compadre sempre alegava que não conseguia matar a onça e os bodes sumindo. Um dia o Cel. Santana, manda chamar o compadre a Serra do Mato e conversa vai, conversa vem, escureceu e o Cel. Santana diz ao compadre: "Você hoje vai dormir aqui e pode amarrar o seu cavalo perto daquela cana que replantei  a poucos dias, mas amarre bem seguro para não estragar a cana e ainda porque lá perto tem uma bola de capim que dá para o cavalo alimentar-se bem durante a noite". O compadre preparou um torno, fincou ao chão e amarrou o burro com uma corda nova. Por tras, o Cel. Santana, manda um seu cabra a noite velha, cortar a corda com pedras, para que o compadre de nada desconfiasse. Madrugada cedo, o compadre levantou-se e foi até onde estava amarrado o seu cavalo e para seu espanto o mesmo estava dentro da cana tão recomendada pelo coronel. Ao retornar a casa grande, o Cel. Santana, já estava de pé e perguntou: “como foi compadre, o cavalo estava amarrado no lugar que você deixou?” e o compadre disse: “compadre o burro soltou-se e deu um estrago muito grande na sua cana, isso eu não posso negar”. Então o Cel. Santana, disse: “pode ir pra casa compadre, pois o homem que não mente, também não rouba”. Tirando a limpo a história de que a onça, realmente era quem estava comendo os bodes do Coronel e não o compadre, como ele desconfiava.
 
João Bosco André
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5 comentários:

Lima Verde disse...

Senhor Bosco André já estávamos com saudades de seus causos, que nos trazem sempre histórias marcantes desse cariri maravilhoso. Parabens e garnde abraço.

Fernando César Lima Verde

José Mendes Pereira disse...

Amigo Bosco André:
Estas três histórias que o senhor conta do coronel Santana, mostram que ele tinha uma grande experiência para descobrir fatos não declarados. Também pudera, era um oficial.
Aqui em Mossoró, tinha um senhor chamado Genésio Xavier Rebouças (faleceu nos anos noventa com quase 100 anos), que era um dos grandes proprietários de terras, muito bem conceituado no meio de todos mossoroenses. Mas levava uma vida como o Manoel do Brejinho (segundo Alcindo Alves em: Lampião Além da Versão - Mentiras e Mistérios de Angicos), com uma simplicidade fora do comum. Meio seguro, mas sempre estava para resolver alguns problemas de quem dele solicitava. Dono de um barracão onde vendia cereais aos moradores do bairro Belo Horizonte em Mossoró.
Certo dia ao chegar em seu amado barracão, notou que alguém havia lhe roubado. E como ele era um senhor que não gostava de estar acusando a ou b, ficou na sua. Em um momento, subiu no teto e fez a cobertura, colocando as telhas por onde o ladrão havia passado. Não comunicou nem a sua própria esposa que havia sido roubado.
Dias depois, um dos seus fregueses de muita confiança, comprador e bom pagador, chegou em seu barracão, e lá conversou muito com Genésio sobre as coisas do dia a dia. Assim que encerraram a palestra, ele fez a seguinte pergunta ao Genésio que jamais esperava.
- Seu Genésio, é verdade que um ladrão entrou no seu barracão e lhe roubou?
Ele não querendo espantar o que se acusava ocultamente ter lhe roubado, respondeu-lhe:
- Até o momento graças a Deus nunca ninguém me roubou.
Assim que lhe deu a resposta, o velho Xavier saiu do lugar em que estava com ele, dirigiu-se a um quarto onde era instalado o antigo telefone dos tempos coloniais. E lá se ocultou por um momento. Fez a ligação direta à polícia.
Minutos depois o infeliz estava preso. Realmente tinha sido ele, pois o Genésio Xavier não tinha contado nem para sua esposa. Como o acusado sabia do roubo? Só podia ter sido ele mesmo.

José Mendes Pereira – Mossoró-Rn.

José Mendes Pereira disse...

Amigo Bosco André:
Dizem que uma conversa puxa outra. É verdade!
Pedro Leão (faleceu nos anos noventa) era um velho gordo, barrigudo e só andava de paletó. Nunca faltava em sua boca um enorme e fedorento charuto. Era um dos mais velhos comerciantes de Mossoró no ramo de ferragens. Mas não faz muitos anos, e por sinal eu o conheci muito (não de vista e chapéu, pessoalmente), quando eu era linotipista de umas das gráficas de Mossoró, e que muitas vezes eu levei as provas das chapas montadas das suas notas fiscais e talões de conferências, para que ele fizesse a correção. Era um velho altamente exigente. Uma letrinha com apenas um pedacinho quebrado, ele exigia que eu a trocasse. Mas esta história que eu vou lhe contar, eu ainda não tinha intimidade com o velho Pedro Leão.
O único funcionário da sua loja (nos dias de hoje é proprietário de uma loja) como vendedor de balcão, sentiu-se incentivado pelos fregueses, que diziam que ele estava trabalhando muito, e pedisse aumento salarial a seu Pedro, alegando que ele fazia o trabalho de dois funcionários.
O funcionário caiu na onda dos fregueses. Dias depois chamou o velho e lhe pediu um tempinho para esclarecer o que o incomodava no momento.
- Seu Pedro, o que eu quero é aumento salarial.
- Por que você está querendo aumento salarial nesse período? – perguntou-lhe seu Pedro
- Eu estou trabalhando por dois, seu Pedro. – disse-lhe o funcionário.
- E quem é esse outro que está trabalhando na minha loja sem o meu consentimento, que eu quero botar pra fora agora? Na minha loja eu só preciso de um. Tem dois. Eu vou botar todos os dois pra fora.
Dias depois o jovem estava desempregado. Seu Pedro Leão o demitiu, alegando que só queria um em sua loja um funcionário, e não dois.
Felicidades para todos confrades, e que Deus os acompanhe nas suas atividades.

José Mendes Pereira – Mossoró-Rn.

Anônimo disse...

Demais! Como são sempre saborosas as estórias e história contadas em minúcias pelo amigo memorialista Bosco André, por sinal, meu ilustre conterrâneo da velha missão dos Kariris novos.
Mui grato,
José Cícero
Aurora-CE
www.jcaurora.blogspot.com

Anônimo disse...

Coronel Santana meu tataravô,