Os Wolney e São José do Duro Por:Alcino Costa

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.Antônio Amaury, Ivanildo Silveira e Alcino Costa, no Cariri Cangaço

A fonte histórica dos Gerais de Goiás é deveras fascinante. O Brasil historiou. Os homens escreveram e registraram os magistrais feitos dos senhores daquele mundão que hoje faz parte do Estado do Tocantins.Um antigo lugarejo chama atenção pelo épico de sua história. São José do Ouro, depois chamado de São José do Duro e por corruptela o Duro que hoje é a próspera e abençoada Dianópolis.

O Duro era o mundo de um temido coronel. O seu nome é uma lenda naquelas plagas. Esse titã chamava-se Joaquim Ayres Cavalcante Wolney e era senhor de cutelo e baraço daquele pedaço de chão goiano. Com desmedido prestígio e força, dominava a ferro e fogo toda aquela região dos Gerais. Feliz, o velho coronel tinha certeza e convicção de que seu filho Abílio Wolney iria substituí-lo sem nenhum embaraço e, ainda mais, levando a vantagem de ser um rapaz praciante e, acima de tudo, vitorioso na política e respeitado em todo Estado de Goiás.

O velho cuida das fazendas. O filho da política. Aos 18 anos o rapazinho já era eleito deputado estadual, fato que o obrigou a mudar-se para Goiás Velho, antiga capital do Estado. Seis anos depois (1900) era eleito deputado federal. No entanto, sofre uma grande decepção. É “depurado” o que quer dizer que não fora reconhecido pela Câmara Federal. Volta a ser vaqueiro e agricultor.

A política está no sangue de Abílio. Elege-se deputado estadual. É convidado, e aceita orgulhoso, ser o líder do governo na Assembléia. Tempos depois vamos encontrá-lo presidindo a Câmara Estadual. É por essa ocasião que se intriga com os Caiados – tivera uma discussão violenta com o deputado Ramos Caiado quando presidia a Câmara Estadual, ou seja, a Assembléia Legislativa.Termina o mandato. Em vez de retornar ao Duro, Abílio abre escritório de advocacia em Goiás Velho. Funda um jornal (O Estado de Goyaz) e faz medonha oposição ao governo.Em 1915 deixa Goiás Velho e então retorna ao Duro. Em sua terra encontra um feroz esquema de perseguição política. Sem alternativas, volta aos cuidos da terra e do gado. O seu pai, apesar da idade, ainda é forte e rijo. Sem nenhuma dificuldade passa o dia, do amanhecer ao pôr-do-sol, na luta campeira ou nos roçados de sua imensa fazenda Buracão.

A desgraça da família estava a caminho.Um crime passional foi o estopim das tragédias.Um amigo do coronel Abílio (Vicente Belém) é assassinado pelo cunhado Zuca Viana. O crime foi passional. Zuca tinha um ciúme doentio de sua mulher e julgava ser ela amante de Vicente. O assassinato ficou impune. As autoridades, inimigas do coronel, não tiveram nenhuma vontade de punir o matador. A preocupação foi justamente com o inventário, pois existia a manifesta intenção de prejudicar a desconsolada viúva, Rosa Belém.

Num ato injusto, o coletor estadual (Sebastião de Brito Guimarães) impugnou o inventário alegando sonegação, numa clara manobra de prejudicar a herdeira do pequeno espólio deixado por Vicente Belém.A resposta a esse desmando veio rápida e dura.Pai e filho (Joaquim e Abílio) e alguns jagunços vão até o cartório. Impõem suas próprias leis junto ao juiz municipal (Manoel de Almeida) dizendo-lhe que dê uma solução urgente ao caso. Afoitos, amedrontam a autoridade judicial. Desabusados e insolentes batem com o coice de suas carabinas na mesa do magistrado. O juiz, intimidado, cede, prometendo despachar a ação naquele mesmo dia, conforme as vontades dos coronéis. O inventário é despachado. No entanto uma denúncia é feita e enviada para Goiás Velho. Com receio, os denunciadores (Manoel de Almeida e Sebastião de Brito Guimarães) retiram-se do Duro.

Aguardem as próximas postagens com o desfecho do abuso e o consequente assassinato do poderoso coronel Joaquim Wolney...
 

Alcino Alves da Costa
O Decano, Caipira de Poço Redondo
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7 comentários:

José Mendes Pereira disse...

Uma excelente história do escritor Alcindo Alves da Costa.
Vamos esperar a segunda parte que talvez não demora muito.

José Mendes Pereira - Mossoró-RN.

Helio disse...

Severo, gostaria mais uma vez de parabenizá-lo pelo site; hoje com essa verdadeira demonstração de aula de história pelo escritor Alcino Alves da Costa, de Sergipe. Sensacional, parabens e essa trama sobre os Wolney, foi ponto marcante na história com a Chacina romanceada em "O TRonco"

Professor Mario Helio

Demetrius Calvin disse...

Abílio Wolney acolheu o Sinhô Pereira em São José do Duro ou foi seu inimigo?

Parabens ao grande Alcino Costa

Demetrius

Anônimo disse...

Parabensn pessoal pela historia de Dianopolis, antiga Duro e seu personagem mais importante, cel Abilio Wolney.

Fernanda Freitas - Palmas TO

Lima Verde disse...

Grande Alcino, esse Tragédio do Duro, é uma das passagens mais marcantes e sangrentas da história, parabens por nos trazer, estamos ansiosos pelo desfecho.

Fernando Cesar Lima Verde

ENGENHEIRO GMARLON disse...

Alcino Costa receba nossos cumprimentos pelo belo texto sobre o coronel das Gerais, Dr. Abilio Volney.

Marlon

Sebastião C. Belem disse...

Bom dia.Muito boa a matéria.
meu nome é Sebastião Caetano Belem,
Sou neto de José Belem, que era filho de Vicente e Rosa Belem.
Estou buscando construir a arvore geneoalogica da familia e não consegui mais informações sobre a familia de Vicente e Rosa.
Quantos filhos tinham, além de José, e os nomes deles.
José a época do conflito fugiu para o Pará. e os demais irmãos?
Obrigado,se puderem dar algum indicativo.