Ana Lúcia entre Wescley Rodrigues e Antônio Tomaz
O título desta música identifica muito bem um dos períodos mais cruéis da nossa História brasileira que foi a ditadura, os “Anos de Chumbo” que neste ano de 2014 fez 50 anos. Esta música de Geraldo Vandré foi considerada o Hino da Resistência num tempo em que a liberdade de expressão foi cerceada, tolhida, oprimida...
Como cidadã e docente da disciplina de História,
pude fazer uma reflexão desse fato histórico e percebi que poucos sabemos ou
poucos sabem do passado do nosso país e dos que ajudaram a fazer e formar sua
História, a exemplo de um personagem que marcou uma época de repressão chamado
Padre Antonio Henrique Pereira da Silva Neto, o Padre Henrique, assassinado no
dia 27 de Maio de 1969 acusado de ser traidor do regime vigente, na cidade do
Recife. Seu crime? Era fazer parte da Pastoral da Juventude onde exercia um
trabalho nobre de orientar os jovens tirando-os do mundo das drogas, dos
conflitos gerados que os afastavam de suas famílias, tudo isso, Padre Henrique
fazia por meio do DIÁLOGO, da conscientização de que todos devem exercer o seu
papel de cidadão.
Diante deste fato, eu me reportei a outro período
histórico que tanto nos leva a pesquisar, a estudar, a admirar e de forma
periódica a nos reunirmos para aprendermos mais que é a temática do Cangaço.Bem
antes de trabalharmos e fazermos a culminância do Projeto didático “Ditadura
nunca mais” nas nossas escolas, eu fiz uma visita ao túmulo do Padre Henrique
na Igreja da Sé em Olinda, como também o túmulo que fica ao seu lado de um
grande homem que foi um símbolo da paz, Dom Helder. Minha emoção foi tão imensa
que simplesmente chorei copiosamente de alegria por está diante de personagens
que só vimos nos livros (ainda que mortos), que participaram ativamente pelo
bem social e de tristeza por saber que ambos tiveram uma trajetória de vida
bastante conturbada, ameaçada, principalmente ao jovem padre Henrique que teve
uma morte trágica marcada por tiros e tortura. Ao visitar o túmulo do Padre Henrique
também pude me reportar à emoção que é ao pisar no solo de Angico, Poço
Redondo, onde a impressão que sinto é que a qualquer momento as volantes e os
cangaceiros irão se enfrentar e reviver aquele momento histórico.
Pode até ser
tola essa minha impressão, mas como amante e Vaqueira da História e
principalmente das histórias do nosso sertão e da nossa caatinga, me sinto
muito feliz em participar dessas excursões em locais tão reais, de
acontecimentos tão reais que muito me engrandecem.Afinal, quem é o historiador
que não se sente realizado, feliz em participar da história adentrando lugares
inóspitos, complexos, ouvindo pessoas e produzindo conhecimentos mediante
cansativas buscas?
Padre Henrique e a cena do crime
Lampião e Padre Henrique, claro, viveram Histórias
em épocas e lugares diferentes, mas cada um teve o seu propósito, cada um teve
sua breve trajetória. Lampião é considerado um mito. Padre Henrique foi
considerado um mártir. Lampião fez 75 anos de morte. Padre Henrique fez 45
anos. Como mencionei no início desta minha reflexão, pouco sabemos ou poucos
sabem do passado, de personagens que fizeram história no nosso país. Sendo
assim, certos fatos, certos acontecimentos passam despercebidos e muitas vezes
pela falta de conhecimento, as pessoas não são incentivadas a buscar, a
aprender a conhecer. Nós, como cidadãos e amantes da História, não devemos
deixar que isso aconteça. É preciso acender sempre o lampião para continuarmos
sempre investigadores e divulgadores e que a luz do conhecimento continue
sempre acesa em nossas mentes e nas mentes coletivas.
Ana Lucia Granja
Pesquisadora, Historiadora e Conselheira Cariri Cangaço
Fotos:http://www.onordeste.com/onordeste/enciclopediaNordeste/index.php?titulo=Padre+Henrique<r=p&id_perso=406
Fotos:http://www.onordeste.com/onordeste/enciclopediaNordeste/index.php?titulo=Padre+Henrique<r=p&id_perso=406
2 comentários:
Professora Ana Lucia!
Uma reflexão bem conceituada. Uma verdadeira aula de História. Parabéns pelo texto!!!
Edvaldo A. Feitosa.
Água Branca-Alagoas.
Cara amiga Aninha. Agradeço a postagem da foto. Gostei muito do seu texto. Personagens como o Padre Antonio Henrique, Dom Helder e outros grandes mártires da nossa história merecem ter o reconhecimento de todos nós. Grande abraço do seu amigo Tomaz.
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