Natural de Sergipe morava com sua família em uma fazenda no sertão desse Estado. Entrou para o Cangaço após a visita de um bando de cangaceiros a fazenda onde morava. De forma pacífica eles realizaram uma festa onde Cristina e outras mulheres começaram a dançar e algumas a flertar com os cangaceiros. Cristina com o desejo de correr o mundo e iludida com a vida no Cangaço seguiu o cangaceiro Português que se tornou seu companheiro.
Com um olhar marcante que tinha como principal característica suas sobrancelhas grossas e bem arqueadas que muito lembram a pintora Frida Kahlo e um sorriso encantador, Cristina logo chamou a atenção do Cangaceiro Gitirana com quem teve um um envolvimento amoroso. Gitirana era conhecido por ser repentista habilidoso.
Maria Bonita e Cristina
Após a descoberta da traição Cristina pede desesperada para ficar no grupo de Corisco e alega gostar de Gitirana, o que foi negado por Corisco que alegou que seria mais um ponto de discórdia sua permanência . Permitiu que a mesma ficasse por uns dias e em seguida seria devolvida a família em Propriá em Sergipe.
No dia 20 de Julho Cristina seguiu viagem montada num cavalo acompanhada por um coiteiro de confiança . Foi assassinada a facadas por Luiz Pedro, Candieiro e Vila Nova. Oito dias depois, no dia 28 de Julho aconteceria a tragédia de Angicos que ceifou a vida do rei do Cangaço e de alguns companheiros. A traição feminina significava desonra e desmoralização do Cangaceiro e era paga com sangue. No intuito de lavar a honra do traído. O assassinato da mulher traidora também era uma forma de demonstração do poder masculino sobre sua companheira.
Noádia Costa, Teresina-PI
Fonte de pesquisa: Lampião As Mulheres e o Cangaço, de Antonio Amaury
Fotos: Benjamim Abraão
15 comentários:
Quem matou Cristina, foi Lampião. Segundo o próprio Português, em entrevista ao Jornal de Alagoas, 10 de janeiro de 1939. Ângelo Roque conta caso semelhante, em O Estranho Mundo dos Cangaceiros, de Estácio Lima.
Candeeiro estava nesta comitiva da morte, porém ele não participou efetivamente da morte de Cristina. Nesta comitiva também estava Juriti.Acredito que o assassinato de Cristina pode ser creditado a Luiz Pedro e/ou a Juriti, pois eram homens acostumados com esse tipo de trabalho.
Mais uma vez vê-se que o movimento do Cangaço nos serve de vasto repositório de fatos que nos permitem estudar os fenômenos sociais e entender o passado e o presente, sobretudo acerca da violência, que é tão presente ainda infelizmente. Parabéns pela postagem Noádia.
Eu só queria saber se corisco era conivente com a morte da Cristina. Eles armaram pra ela é isso?
Curisco, pelo os relatos existentes, na história da tal traição de Cristina, não quis se envolver por entender que esse caso de traição, só cabia ao Juritir decidir, ou seja, era um caso que não interessava ao cangaço,mas, um assunto pessoal de Cristina, e Juritir, acredito que quem matou a Cristina, foi o seu próprio marido, e não o Candeeiro, e nem Lampião.
Nao vi nenhum comentário de candeeiro,sobre isso
Era Cristina e Português.
Portugues mandou seu cabra Catingueira matar Gitirana mas Corisco interveio:"Cristina deu o que era dela nimguém toca no meu companheiro"!Lampião deu a palavra final: "Corisco tem razão, já basta os macacos para nos matar"!Cristina foge do bando de Lampião para o bando de Corisco.
Jornal físico? Voce teve acesso a ele na época ou está disponível em algum local? Ou foi em algum outro meio que esteja disponível?
Onde eu poderia encontrar essa entrevista? Foi em jornal físico que você teve acesso na época ou está em algum outro meio?
Cristina foi executada em 21.07.1938. Isso é relatado por vários Cangaceiros que sobreviveram.
Não, segundo pesquisadores, a morte de Cristina não foi bem aceita por corisco e Dadá, o caso não chegou a gerar um atrito, mas ficaram sim descontentes. Vale lembrar que português queria de todo jeito mandar matar Gitirana e foi prontamente desautorizado por Corisco. A primeira voz que cantou a morte de Cristina foi de Maria Bonita, dizendo que caso ela saísse ilesa, Português ficaria desmoralizado.
É muito interessante e enigmática essa história do cangaço, há muitos episódios com várias versões diferentes sobre o mesmo fato, até mesmo com mudanças entre nomes dos personagens, locais e datas. Mas Interessante mesmo é o personagem Manuel Dantas, o Candeeiro.
Foi de longe o cangaceiro mais carismático e divertido e alegre em seus relatos pós cangaço, expressava com extrema facilidade e pelo que se sabe era alegre e divertido também durante o cangaço, dá até pra duvidar que matava alguém, mas sabemos também que pra ficar no bando e no bando do CHEFE dos chefes, e mais ainda, homem de confiança era Candeeiro, assim como Luiz Pedro, Sabino, Moreno, Juriti e tantos outros. Muito difícil pra acreditar nas duas "faces" do cangaceiro Candeeiro.
Era Candeeiro o homem de confiança que levava os bilhetes de Lampião aos fazendeiros exigindo altas quantias pra que não tivessem as suas fazendas invadidas, e dizem que Candeeiro nunca voltava de mãos ou melhor, de embornal vazio.
É isso. Foi um período terrível, apavorante e muito triste para o sertanejo nordestino, de um lado as Volantes, grupos de homens tão violentos, corruptos, e desonestos quanto os vários grupos de Cangaceiros, e o pobre coitado com a sua família no meio.
Alguém sabe qual era o nome completo da Cristina e o nome dos seus pais?
"Lavar a honra com sangue" era um costume comum no Nordeste brasileiro. Não era um privilégio do cangaço. Atualmente há aqueles que não aceitam o fim de um relacionamento e matam a companheira.
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