Falar
sobre o xaxado carece de uma pequena digressão. Ao que tudo indica, o xaxado
surgiu em Pernambuco na década de 20 do século passado, sendo dançado
originalmente apenas por homens, já que a mulher só foi entrar no cangaço na
última década de sua existência, por volta dos anos 30. Durante a dança é comum
se ouvir os dançarinos entoando gritos de guerra, talvez remontando aos gritos
comuns entre os cangaceiros durante as refregas contra às Volantes. A difusão
dessa dança é creditada ao bando de Virgulino Ferreira, o famoso Lampião.
O grupo de xaxado da cidade de Solidão, pequena cidade pajeuzeira, tem vinte e um anos de existência e tradição, levando o xaxado para todo o Brasil. Numa conversa que tive com Agrimele, coordenador do grupo e membro desde a primeira formação, “o grupo começou em 17 de outubro de 2001, fruto de um projeto desenvolvido pelo Governo do Estado de Pernambuco chamado Ciranda da Criança”, desde então várias gerações já passaram pelo grupo. Pelas contas rápidas de Agrimele, mais de mil pessoas já xaxaram com grupo.
O integrante mais novo tem 11 anos, mostrando que a formação cultural no Bandoleiros de Solidão começa desde cedo. Os membros são todos estudantes das escolas públicas da cidade, são bem educados, alegres e respeitadores. Um show em todos os sentidos. O sucesso da apresentação do grupo de Solidão na Escola Anchieta Torres foi tão grande que no dia 17 de junho o grupo volta a Tuparetama para fazer nova apresentação, dessa vez na Escola Estadual Ernesto de Souza Leite.
Grupos de xaxado como o Bandoleiros de Solidão, dentre tantos outros, mostram que a (nossa) cultura é viva, forte, vibrante e resistente, e temos obrigação moral de nos irmanarmos para apoiá-la, afinal, nascer no Nordeste já é um privilégio, e no sertão é uma verdadeira benção. Viva a Cultura do Sertão! Viva todos aqueles que amam nossas raízes! Viva o Cariri Cangaço!
Quem quiser saber mais sobre o grupo
pode entrar em contato com o Prof. Agrimele pelo telefone (87) 9.8833-0903.
Por Hesdras Souto, Sociólogo, Pesquisador e Presidente do Centro de Pesquisa e Documentação do Pajeú (CPDoc-Pajeú).
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