Glória Amedrontada Por:João de Sousa



João de Sousa Lima na foto com Alceu Valença e Jadilson Ferraz

Fazia poucos meses que Lampião havia rompido sua amizade com o Coronel Petro e como castigo pela suposta traição realizada pelo ilustre fazendeiro, incendiara algumas das suas fazendas, matando vários animais do seu criatório. A população de Glória não esqueceria tão cedo o duro castigo.

A cidade estava em festa. Uma linda lua cheia clareava a praça central, palco principal daquele festivo evento; Toda a circunvizinhança encontrava-se concentrada ali, abrilhantando o espetáculo. Manoel Luiz, Zé Inácio e seu filho Né eram os canoeiros responsáveis pela travessia que separava os estados de Pernambuco e Bahia. Depois de um dia cansativo, os canoeiros resolveram curtir a festa e atracando seus barcos; enquanto divertian-se, as velas descansavam nas águas calmas do "Velho Chico".


Imagem da Cidade de Glória no sertão baiano

Zé Nozinho e alguns amigos vieram de Tacaratú/Pe, com o desejo de participarem da badalada festa. Chegaram na estação Quixaba, sétima estação da estrada de ferro Paulo Afonso, arrendada à Great Western, ainda pelo lado Pernambucano (não confundir com o povoado Quixaba que fica do lado baiano e pertence à Glória) e depois de duas longas horas de espera, tiveram uma desastrosa idéia: Zé Nozinho combinou com os amigos, que dariam alguns tiros para cima com intuito de chamar a atenção dos canoeiros. O plano é acatado e todos disparam suas armas ao mesmo tempo. Do outro lado a população escuta o pipocar das balas deflagradas, um enorme silêncio apoderou-se daquele ambiente antes alegre e festivo. Um falso alarme é ouvido: São os cangaceiros! A praça da alegria transforma-se em um verdadeiro campo de guerra com um corre-corre desenfreado e gritos histéricos, gente pisoteada e crianças perdidas. A poeira turvou o colorido de uma feliz confraternização. Do outro lado do rio, Zé Nozinho e seus companheiros não imaginavam que havia acabado antecipadamente uma alegríssima festa. Enquanto isso, as velas das embarcações tremulavam nas areias prateadas do "Mar Doce do Sertão".

João de Sousa Lima
Fonte:joaodesousalima.blogspot.com

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