Edson Barreto e Alcino Costa
O sol desponta na terra sáfara do Nordeste
Figuras humanas rezam o Ofício de Nossa Senhora
E partem para a conquista do fuzil, do punhal
Num reino de espinhos, sangue e dor.
A caminhada é longa e não se chega a lugar algum
A cascavel se enrodilha na traição do coito
E o bote certeiro alcança passarinho, gato, sabiá e bem-te-vi
Escondidos em bananeira, alecrim, jurema e pitombeira.
O sol alto anuncia a fome do meio-dia
Não há como parar, a caatinga é tocaia
De macacos regidos pela mesma orquestra
De um concerto macabro de tiros e coros de ais.
Todos são valentes e destemidos, mas nem todos resistem
Ao espinho do quipá, à urticária do cansanção ao corte da macambira
Ao tiro certeiro de uma Hot Kiss costureira
Que beija sem carinho o corpo quente do cangaceiro.
O sol se põe vermelho como sangue
Diminuindo a quentura no grotão
Um angico inerte observa a noite e o
São Francisco vomita volantes armadas.
A lua que alumia o sertão feito um lampião
Mostra o rosto frágil de uma sertaneja bonita, ave, Maria
O céu corisca de sangue o manto da noite indolor
Negro como a asa da graúna de lábios de fel.
A madrugada é fria, a caatinga dorme ao sereno
A cascavel rasteja e sila a sua sede de almas
Os cangaceiros dormem, sono de agouro e criança
Embalados pelo cândido aspirante perfume de pólvora.
A volante avança o coito de pedras e pedros
Não dá tempo rezar nem pensar, pesar
A Grota do Angico é um inferno em dança de balas
No bornal o ouro vale mais que a vida.
A degola sugere derrota de onze e de todos os que fugiram
Deixando a carne marcada nos espinhos da mata branca
A estrela de Davi adornando a testa se despede
De golias dos sertões e batalhas fundas nas veredas cinzas.
No leito seco do riacho insone
Comandantes adubam o chão estéril sem patente
Lampião, Maria Bonita, Enedina, Luís Pedro...
O reino sem muralhas sucumbiu a uma lei bizarra, bezerra.
Cabeças expostas, troféus macabros, frutos amargos
Outra história que demarca o sertão encouraçado
São bandidos e heróis nos causos naufragados
Cangaceiros, cangaço, armas, mitos imortalizados.
Edson Barreto - Paulo Afonso
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O sol desponta na terra sáfara do Nordeste
Figuras humanas rezam o Ofício de Nossa Senhora
E partem para a conquista do fuzil, do punhal
Num reino de espinhos, sangue e dor.
A caminhada é longa e não se chega a lugar algum
A cascavel se enrodilha na traição do coito
E o bote certeiro alcança passarinho, gato, sabiá e bem-te-vi
Escondidos em bananeira, alecrim, jurema e pitombeira.
O sol alto anuncia a fome do meio-dia
Não há como parar, a caatinga é tocaia
De macacos regidos pela mesma orquestra
De um concerto macabro de tiros e coros de ais.
Todos são valentes e destemidos, mas nem todos resistem
Ao espinho do quipá, à urticária do cansanção ao corte da macambira
Ao tiro certeiro de uma Hot Kiss costureira
Que beija sem carinho o corpo quente do cangaceiro.
O sol se põe vermelho como sangue
Diminuindo a quentura no grotão
Um angico inerte observa a noite e o
São Francisco vomita volantes armadas.
A lua que alumia o sertão feito um lampião
Mostra o rosto frágil de uma sertaneja bonita, ave, Maria
O céu corisca de sangue o manto da noite indolor
Negro como a asa da graúna de lábios de fel.
A madrugada é fria, a caatinga dorme ao sereno
A cascavel rasteja e sila a sua sede de almas
Os cangaceiros dormem, sono de agouro e criança
Embalados pelo cândido aspirante perfume de pólvora.
A volante avança o coito de pedras e pedros
Não dá tempo rezar nem pensar, pesar
A Grota do Angico é um inferno em dança de balas
No bornal o ouro vale mais que a vida.
A degola sugere derrota de onze e de todos os que fugiram
Deixando a carne marcada nos espinhos da mata branca
A estrela de Davi adornando a testa se despede
De golias dos sertões e batalhas fundas nas veredas cinzas.
No leito seco do riacho insone
Comandantes adubam o chão estéril sem patente
Lampião, Maria Bonita, Enedina, Luís Pedro...
O reino sem muralhas sucumbiu a uma lei bizarra, bezerra.
Cabeças expostas, troféus macabros, frutos amargos
Outra história que demarca o sertão encouraçado
São bandidos e heróis nos causos naufragados
Cangaceiros, cangaço, armas, mitos imortalizados.
Edson Barreto - Paulo Afonso
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Caravana SBEC em Angico
Neli Gonçalves e Danielle Esmeraldo
Kydelmir Dantas e Alcino Costa
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