Mobilização pela Restauração da Casa de Chico Pereira


Fortaleza, Ce 10 de julho de 2013
O GECC (Grupo de Estudos do Cangaço do Ceará) vem se solidarizar com os pesquisadores e entidades voltadas para a temática “Cultura Nordestina” no sentido de solicitar as autoridades competentes todos os esforços no intuito da restauração da casa da Fazenda Jacu (Casa de Chico Pereira).Referido imóvel hoje é componente importante da história do Nordeste, por consequência do Brasil, vez que foi cenário de importância no movimento social que assolou o sertão.A pronta recuperação da casa da Fazenda Jacu seria um grande passo da administração publica municipal no sentido de resgatar parte de nossa história, além de alavancar o potencial do município no aspecto do turismo cultural.Nesses termos solicita especial atenção ao referido pleito em prol de nossa cultura.
Ângelo Osmiro Barreto-Historiador-Presidente do GECC 


Cajazeiras – PB, 08 de julho de 2013.
Exmº. Sr. Prefeito Salvan Mendes, Vereadores do município de Nazarezinho e Pesquisadores do Cangaço. O cangaço foi um movimento social de extrema relevância para a história do Nordeste brasileiro, sendo um dos elementos que caracteriza a própria identidade dessa região. Ele foi um reflexo de um período da história no qual não existia justiça, políticas públicas que atendessem as necessidades básicas da população e promovessem a dignidade humana, e uma política que fosse um real reflexo da Democracia.Dizendo isso não estamos, em nenhum momento, fazendo apologia ao banditismo e valorizando em demasia os feitos desumanos causados por esses homens e mulheres que colocaram-se sob o poder das armas e varreram sete estados nordestinos. No entanto, não podemos apagar da nossa história essa memória, pois o cangaço já faz parte da nossa cultura. A história, como senhora de todos os tempos, sobrepõe-se as nossas vontades, impera independente das tentativas de apagá-la, violá-la ou aprisioná-la, por isso da importância de monumentos e livros que criem uma cultura histórica e estejam constantemente lembrando ao presente onde esta as suas raízes, promovendo uma reflexão profícua que leve o homem a entender-se como um ser social e temporal. A Paraíba não esteve imune as investidas dos cangaceiros, sendo que constantemente era noticiada na imprensa da época ações  e excussões dos chamados “famigerados”. Cidades como Cajazeiras, Uiraúna, Sousa e Princesa Isabel, só para citar algumas, viram-se ameaçadas e em polvorosa para livrarem-se das pontas de punhais e rifles dos cangaceiros.Em Sousa, no ano de 1924, tivemos o maior ataque cangaceiro no sertão paraibano, quando os bandos de Chico Pereira de Nazarezinho e Lampião, invadiram a cidade e promoveram horas de terror, desacatando autoridades, violando lares e lojas e impondo o seu “senso” distorcido de justiça.O epicentro de elaboração desse ataque se deu em Nazarezinho, tendo a frente à figura de Chico Pereira, filho dessa terra, que enveredou no cangaço devido o assassinato do seu pai e a ineficácia e parcialidade da justiça. Entre as paredes da casa do sítio Jacu foi articulado o plano para vingar a morte do seu pai e atacar Sousa. Essa casa, que teima em enfrentar o tempo e permanece de pé é de uma importância incalculável para a História do Brasil, pois ela é um monumento inquestionável do passado, uma prova material e um espaço de memória que merece ser preservado para lembrar ao presente da força que a história do cangaço tem para o Nordeste. São mais de 90 anos enfrentando as chuvas e secas, no entanto, a ação do tempo e a deterioração já são visíveis, sendo que a referida casa carece urgentemente de reparos para que não venha a ruir. Como pesquisador e estudioso do cangaço peço encarecidamente que as autoridades constituídas olhem com carinho para a história, respeitem a memória do seu povo e a história brasileira e, independente de vinculação política, bandeira, e ideologia, unam-se para restaurar e tombar aquele patrimônio nacional. Não podemos deixar esse prédio ruir, pois simbolicamente isso significaria a visível degradação da história de Nazarezinho e um descaso político para com a memória do povo.É importante ressaltar que cultura também é sinônimo de VOTO, pois os eleitores também gostam de cultura. O povo não só quer comida, ele também quer arte.Reforço dessa maneira, o pedido para o tombamento, restauro e criação do museu/memorial do cangaço na cidade de Nazarezinho, inserindo essa cidade no circuito turístico do estado da Paraíba.Saudações cangaceiras.
Prof. Me. Wescley Rodrigues Dutra -Pesquisador, estudioso do cangaço e conselheiro da Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço (SBEC)

Cajazeiras – PB, em 11 de julho de 2013
       Falar de cangaço é falar da nossa cultura de um movimento histórico-social, realizado por homens que em sua maioria eram do campo, valentes, corajosos e ousados, que se rebelaram contra a ordem dominante que esmagava os menos favorecidos, vidas sofridas, principalmente, pela ausência de justiça e educação.Não queremos enaltecer os personagens da época, isto é, os cangaceiros, mas eles deixaram um legado imensurável para a história, pela coragem com que enfrentavam as adversidades do sertão, e na forma ousada de fazer justiça; de modo que o tema cangaço, é motivo de incessantes pesquisas por acadêmicos, historiadores e pesquisadores.A propósito da pesquisa, a Casa do cangaceiro Chico Pereira, localizada no Sitio Jacú, município de Nazarezinho – PB,  carece urgentemente de Recuperação a qual contribuirá para a saga do cangaço.como pesquisadora e estudiosa do cangaço, venho respeitosamente solicitar das autoridades do município a Restauração e Tombamento da Casa supracitada que é de grande relevância para a história.
Francisca Pereira Martins
Professora, Advogada, Pesquisadora e 
Sócia da Sociedade Brasileira de Estudos do  Cangaço (SBEC)


Fortaleza, 09 de julho de 2013
Dizem que o Brasil não tem memória, o que em parte é verdade. Gasta-se muito e na maioria das vezes em dólar e euro para se conhecer a história de outros povos, de outras nações e isso é uma triste verdade.
Levando-se em conta que o Brasil e, em especial, o Nordeste brasileiro conta com uma historia riquíssima e de interesse mundial pelo que aqui ocorreu, isso chega a ser um absurdo.
Participei de um encontro na Universidade Federal do Ceará quando dos 100 anos de Canudos e o número de estrangeiros nesse evento superava o de brasileiros. Canadenses, americanos, franceses, alemães, etc., tinham um conhecimento perfeito sobre Canudos.
Nazarezinho tem em suas mãos um monumento que merece ser guardado para a posteridade, monumento esse que faz parte de uma história digna de estrelar grandes produções cinematográficas e obras literárias no mundo todo. Não deixemos que esse casarão caia no esquecimento. "Se não cuidarmos de nossa história, quem vai cuidar ?"
O senhor Salvan Mendes, independente de ser prefeito ou não, tem uma responsabilidade ímpar nessa nossa luta. Faça Nazarezinho e a casa da família Pereira entrar para o circuito histórico/cultural brasileiro. Seu nome ficará para sempre gravado na parede da memória como um dos principais responsáveis  por esse grande feito e nós, pesquisadores e brasileiros como um todo, 
lhes seremos eternamente gratos por essa realização.
Aderbal Nogueira
 Documentarista, pesquisador sócio da SBEC e do GECC




Aracaju - SE, 11 de julho de 2013.
O reconhecimento com a valorização das nossas raízes, da nossa cultura, da nossa história nordestina é sem dúvida um legado de suma importância que deixamos para os nossos filhos, para seus filhos, para os filhos dos seus filhos e assim sucessivamente. Tais medidas visam além do resgate da história, que importantes fatos do passado passem a não ser esquecidos ou virem meras conjecturas na poeira do tempo.E é justamente em nome dessa assertiva, também em nome daqueles que prezam pela nossa história sertaneja, mais de perto pela enigmática história do cangaço e afins, seus atos, fatos e consequências, que venho me manifestar para solicitar em somação às outras diversas moções de solidariedade em prol da restauração da casa pertencente à família Pereira, imóvel esse também palco de episódios marcantes protagonizados, porque não dizer, por um dos seus filhos mais ilustres e corajosos, Francisco Pereira Dantas, o lendário Chico Pereira.
          A participação de todos nós amantes, pesquisadores e historiadores da cultura e da história dos nossos ancestrais nordestinos, aqueles verdadeiros cabras-machos que também escreveram o seu tempo com letras de tintas de sangue, assume particular importância num momento em que buscamos o fortalecimento das nossas raízes, vez que não há árvores frondosas sustentadas por frágeis raízes. A restauração da casa do justiceiro Chico Pereira, sem dúvida alguma, fortalece essas raízes culturais. Infelizmente a instabilidade social que agrava a sã consciência cultural do nosso povo é preocupante, principalmente no Nordeste, daí também o nosso grito de alerta para o bom resgate da nossa história assim quando temos a oportunidade de intervir, como é o presente momento. Muitos casarios espalhados pelo nosso Nordeste que fizeram parte da época do cangaço, palcos de inúmeras batalhas e passagens diversas, hoje não passam de ruínas e com eles também se arruínam parte da nossa história, entretanto, há de se observar que no momento, privilegiadamente, o município de Nazarezinho no lindo e aprazível Estado da Paraíba, tem a oportunidade de resgatar essa dívida histórica, restaurando para o bem e felicidade geral de todos, a casa de Chico Pereira. A história de Chico Pereira é uma história de luta, uma história de injustiça, uma história de revolta contra o sistema que então imperava o coronelismo, o mesmo coronelismo que tinha no povo o seu gado e no seu gado o povo, os dois como num só. Chico Pereira, até então um homem de bem, um homem cumpridor dos seus deveres, um homem que acreditava nas leis dos homens viu seu pai, João Pereira, ser assassinado. Em seu leito de morte, o pai pede ao seu querido filho que não procure vingança com as suas mãos, ou seja, que não suje as suas mãos de sangue tal qual sujaram consigo. Com tal atitude a vítima também relembra os ensinamentos do filho de Deus a dar o outro lado da face ao seu agressor, diferentemente do pensar e agir desse sofrido povo, vez que no nosso sertão nordestino na década de 20, era sem dúvida, DENTE POR DENTE, OLHO POR OLHO. Ao encontrar o atroz assassino do seu amado pai, Chico Pereira controla a sua emoção e mesmo agindo contra a razão da época, o entrega à polícia. Entretanto, por influência polí tica, por interferência do coronelismo, o criminoso é posto em liberdade. Diante disso, Chico Pereira, tomado pela revolta, por uma justa causa, alia-se a cangaceiros e vira lenda no sertão nordestino, vivendo a partir de então como um fora da lei, a mesma lei que erroneamente colocou em liberdade o assassino do seu pai.A exemplo da maioria dos revoltosos que fizeram história nessa época há os prós e os contras relacionados às suas atitudes e consequências. Para alguns, Chico Pereira era um herói porque buscava justiça para a morte do pai, entretanto, para tantos outros ele não passou de um cangaceiro sanguinário que aterrorizava o sertão nordestino com roubos, estupros e assassinatos.  De uma maneira ou de outra o fato gerador de tudo nasceu de uma imensurável injustiça, ademais a sua história, hoje faz parte da nossa história, da história do cangaço, da história do Brasil, faz parte da labuta sertaneja marcada nesse tempo de poeira e sangue nas escaldantes e áridas terras, faz parte de uma história que não pode ser esquecida jamais.
Assim sendo, entendo que todos os esforços no intuito de restaurar e transformar em museu a casa da Fazenda Jacu, a casa do suposto “herói fora da lei”, Chico Pereira, devem ser envidados e exauridos, pois além de tudo, o dito imóvel fora cenário de importância nesse intrigante movimento social que assolou o nosso sertão. Sem esquecer que com tal medida, a municipalidade de Nazarezinho estará também alavancando o turismo local, gerando renda a diversas famílias que a partir de então passarão a melhor fabricar e vender os seus diversos produtos artesanais, alimentícios, culturais e afins.Atenciosamente,
Archimedes Marques
Delegado de Polícia no Estado de Sergipe, Pesquisador e Escritor do Cangaço.

Cajazeiras – PB, 10 de julho de 2013
O Cangaço, inserido no contexto histórico nordestino, nos legou verdadeiros tesouros históricos, como o casarão da Fazenda  Abóboras, em Serra Talhada; o casarão do Major Floro, no povoado de Patos do Irerê, São José de Princesa e a casa da Fazenda Jacu, do Coronel  João Pereira e seus filhos Aproniano, Abdias e, especialmente, o cangaceiro Chico Pereira, em Nazarezinho, que infelizmente, estão padecendo nas garras do tempo  e vítimas da nossa inércia.
O evento Parahyba Cangaço,  nos proporcionou a oportunidade de visitar aquele casarão e nos encorajar a lutar pela restauração desse patrimônio histórico, que não pertence somente a Nazarezinho, mas ao Nordeste e ao Brasil. Somente quem ler o, extraordinário livro, “Vingança, Não”,  do filho do cangaceiro Chico  Pereira, Francisco Pereira Nóbrega,  sabe da importância que essa casa representa para a História do Cangaço. Senhor Prefeito Salvam Mendes e senhores Vereadores restaurem e preservem  esse casarão da Fazenda Jacu, a história e a cultura nordestina agradecerá.Saúde, 
Paz e Prosperidade a todos,
Francisco Pereira Lima
Professor, membro da SBEC, 
Conselheiro do Cariri Cangaço 
Membro do Grupo Paraibano de Estudo do Cangaço. 

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