Lampião e seus protetores no Agreste Pernambucano Por:Antonio Vilela




Antonio Vilela e Gonzaga de Garanhuns

Antes de abraçar o mundo do crime, o jovem Virgulino Ferreira da Silva andava pelo agreste meridional de Pernambuco como almocreve, pois comprava vários produtos, em especial o café, para vender na ribeira do Pajeú. Após o assassinato de José Ferreira, Lampião encontrou um lugar seguro pra seus irmãos em Bom Conselho do Papa Caça. Mesmo inocentes, eram perseguidos pelos inimigos de Lampião. Em Bom Conselho a família Ferreira encontra a proteção do coronel José Abílio de Albuquerque Ávila, que por incrível que pareça era parente do tenente José Lucena Albuquerque Maranhão, o assassino de José Ferreira. A família Ferreira fixa residência na terra do Papa Caça até 1924, quando vão morar em Juazeiro do Norte-CE. Outro grande protetor de Lampião no agreste pernambucano era o coronel Audálio Tenório de Albuquerque, me Águas Belas.


Em destaque Águas Belas ; agreste pernambucano

O seu refugio era a casa grande da fazenda nova, no riacho fundo. Ali, Lampião se refugiava por dias, protegido pelo coronel Audálio Tenório, um dos homens mais influentes na política do interior de Pernambuco.

Na propriedade do coronel Audálio, os cangaceiros descansavam em um abrigo com cinco quartos, duas salas e uma grande cozinha, e que permitia uma visão total do seu entorno. Mas as volantes nunca passaram por aquelas bandas. O coronel foi considerado um dos grandes coiteiros de Lampião em Pernambuco, e responsável, segundo alguns pesquisadores, pelo contato de Lampião com o Sírio-Libanês Benjamin Abrahão que resultou nas imagens registradas em 1936 no Capiá da Igrejinha – AL, há poucas léguas de Águas Belas.


Cel. Audálio Tenório de Águas Belas

Já o coronel Abílio tinha uma grande amizade com Lampião e era fornecedor de armas e munição. Em 1923, Lampião viajou com seus irmãos para Bom Conselho, ao povoado, nesse entremeio, chegou o coronel Abílio, procedente do Recife trazendo de automóvel muito armamento e munição envolvidos numa lona, destinados a Lampião, a quem entregou.

O coronel era uma espécie de banco particular de Lampião, guardando parte da fortuna. Teve a ousadia de levar o Capitão cego para Recife para fazer o tratamento oftalmológico com o Dr. Isaque Salazar. Disfarçado de fazendeiro, cabelo e barba crescidos, óculos escuros, Lampião chegou à capital pernambucana em outubro de 1926. Andou de bonde, passeou pela Veneza brasileira e chegou até a assistir um filme. Esta viagem foi feita de trem, Garanhuns-Recife.


Imagens de Bom Conselho, Pernambuco

O rei vesgo ainda tinha também a amizade e proteção do coronel Gerson Maranhão, em Itaiba. O que me chama a atenção nesses protetores era a ligação de parentesco com José Lucena de Albuquerque Maranhão. Acredito que Lampião, José Abílio, Audálio, Gerson Maranhão e José Lucena eram “farinha do mesmo saco”.

Antônio Vilela de Souza - Garanhuns
Sócio da SBEC

11 comentários:

Helio disse...

Caro Vilela,

Fantástica essa reflexão: farinha do mesmo saco!!! na verdade lampião só pode reinar por tanto tempo porque encontrou "farinha e interesses do mesmo saco".
Aqui também no Ceará foi do mesmo jeito com cel. Santana, Cel Totonho, Cel. Isaias, major Zé Inácio do Barro, e assim vai.

Saudações cnagaceiras,

Professor Mario Helio.

Helio disse...

Severão, cadê a postagem sobre MARICA MACEDO e a segunda parte de FIDERALINA,......

Abração,

Bruno Tavares disse...

Cangaceiro em Recife? Vôti.....

Anônimo disse...

Meu amigo! Minha origem é Itaiba, onde minha família tinham posses no Alto Vermelho,na Lagoa dos Teixeiras, Manari, etc. Ainda menino conheci esses personagens pois tinham boas relações com a família. Portanto, só quero comentar um fato. Estive algumas vezes na Fazenda Nova e na Fazenda Angico Torto, de Audálio Tenório e de Gerson Maranhão.Nenhum dos dois eram tratados de CORONEL e, sim DOUTOR.Não tinham patente da Gurda Nacional, que foi extinta na década de 1910. O primeiro era filho do Capitão da GN Francisco Martins e neto do Coronel da GN de mesmo nome, já o segundo, não me consta ter pai Of da GN. A propósito, quando o Dr Audálio era Deputado, eu menino, almocei com ele no seu aparatamento no Recife no 6º andar do Edifício Capibaribe, na Rua da Aurora. Sua esposa Dª Orísmídia era uma verdadeira dama.
Manoel Teixeira Pires- Coronel do Exército.

CARIRI CANGAÇO disse...

Caro Coronel Manoel Pires,

Ficamos muito gratos com sua visita e seus esclarecimentos sobre tão importantes personalidades do Agreste Pernambucano . Estimamos que o amigo possa continuar visitando as páginas dessa revista eletrônica e se possível possa nos visitar no cariri cearense a partir de agosto, data de nosso Cariri Cangaço 2010.

Manoel Severo - Cariri Cangaço

Anônimo disse...

Sou de Bom Conselho e parente do Cel. José Abilio. Andei pesquisando muito sobre ele e é realmente verdade que Lampião esteve aqui com seu bando e que inclusive tomou café da manhã com o Coronel. No entanto até onde sei ele o convidou para fazer um acordo, no qual o Cel. dava-lhe proteção na região e o cangaceiro não faria nenhum mal a população local.

Cloves Lucena Reis disse...

conheci pessoalmente seu Gerço Maranhão e o Dr. Audalho quando eu e meus pais moravava-mos na fazenda "Passagem" entre o "Fação",Propriedade dos "Elias Martins" e o "Angico Torto de seu Gerço maranhão. Na verdade, lamento profundamente ler comentarios desfavoravel referente a estes dois homens. Nunca ouvi falar que eles foram protetores de "Lampião". Alias, tenho me perguntado: Sera que lampião era realmente um bandido? se era, por que os grandes BANDIDOS atuais não tem a coragem de uzar um chapéu de couro quebrado, com tres estrelas na testa, uma roupa de azulão e um lenço vermelho no pescoço? - Por favor: Reavalie estas pessoas que já se foram e que provavelmente voce não os conheceu. Eu, Cloves Lucena Reis, os conheci pessoalmente. Estou no fim de minha vida, mas ainda estou lucido; caso queira comunicar-se comigo aqui está meu endereço eletronico. chacaravaledosreis@hotmail.com

Unknown disse...

Sou sobrinho neto de Gérson de Albuquerque Maranhão e bisneto de Dona Maria José Albuquerque de Lima que era tia de Audálio Tenório e pelo o que eu sei Lampião foi perseguidor deles dois tanto de Gérson quanto Audálio, e destruiu propriedades dos dois que eram como irmãos. Suas lojas de tecidos foram queimadas, pôs fogo nas plantações jurou Gérson e Audálio de morte, quando Lampião se aproximava eles mandavam seus homens largar bala,pois Lampião queria exigir dinheiro. Certas vezes tiveram armas e munições roubadas pelos jagunços. Viviam em uma tremenda agonia com a criminalidade da época. Até a morte de Lampião.

Unknown disse...

Bem eu sou da cidade de BOM CONSELHO-PE eu tenho o maior orgulho de dizer que lampião e o maior herói que ja existiu a qui no pernambuco digo sem medo pois ele era deste muito bruto e impiedoso por que os policiais fi-serão ele ser deste jeito eu tive o grande prazer de conhecer a neta de lampião e o bisneto de curisco e tenho grande satisfação de diser eles são os grandes heróis nodestinos

Unknown disse...

Os comentários relatados identificando apoiadores coronéis incluindo Dr Audalio e outros tem relevância, sou dessa região filha de militar e neta de Joaquim Bezerra um dos fazendeiros que residia no Sítio Pontais Paranatama na época a famosa Serrinha da Prata reduto de Lampeao onde muitas Histórias temos para contar de pessoas que presenciaram e receberam lampeao em suas famílias, um deles o meu avô. Sou Professora de História mas sempre que tenho oportunidades escuto relatos reais de convivência de Lampeao Maria Bonita e seu bando a Família Ferreira o abuso de poder e a destruição dos patrimônios buscas e perseguições. O topo de morte do pai de Lampeao , o apoio da justiça e a impunidade a Família, o poder, é os Direitos Humanos ? A Cidadania ? O que levou Lapeao a tantos conflitos ?

Adelma disse...

Estou fazendo várias descobertas da família Ferreira, pois faço parte dela, segundo as pesquisas sou neta de Ezequiel,irmão mais novo de lampião. Estou buscando mais detalhes sobre a história e os comentários são de extrema importância para que possamos entender a história do cangaço.