Os Labirintos de Lampião Parte II Por: Alcino Costa


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Conforme prometi aqui estou para discorrer sobre alguns dos famosos mistérios e extraordinárias mentiras de Angico. Os mistérios e as mentiras que perduram até os dias atuais e que foram perpetuadas como verdades intocáveis, acreditadas e defendidas por muitos.
Eis alguns mistérios e famosas mentiras.

1 – O antigo cangaceiro Candeeiro, num seminário realizado na cidade de Canindé de São Francisco, em Sergipe, afirmou que quando Lampião estava no Estado de Alagoas, antes de atravessar para Sergipe e se homiziar em Angico, reuniu seu grupo e avisou que iria realizar uma longa viagem; dizendo que qualquer um de seus comandados ficasse à vontade para decidir se o acompanharia ou não.
Que viagem era essa? Para onde?

2 – No livro “Assim morreu Lampião”, página 101, o irmão de Pedro de Cândido – Durval – disse que na terça-feira à noite levou dois sacos de balas para Lampião que João Bezerra mandava, e ainda, afirmou categoricamente que Lampião ficou um longo tempo, afastado do bando, em uma conversa sigilosa com Pedro de Cândido. “Muito novo, com uns 18 anos, num conhecia nada disso i o Pedro palestrou muito com Lampião. Até de madrugada” – asseverou convicto Durval Rodrigues Rosa que prosseguiu em seu depoimento dizendo: “Os dois. Dentro do mato. Us cangaceiros tudo calmo”.
“Elis cunversaram, i dispois si dispidiram” – ainda testemunhou Durval.
Estas afirmações são verdadeiras? Se forem como é que fica a história? É inacreditável que um comandante militar cometesse a loucura de municiar um homem como Lampião para depois ir cercá-lo e com ele e seu bando ser travado um combate mortal.
O que é que você, meu querido estudioso e apaixonado pela saga cangaço e Lampião, tem a dizer sobre esta afirmativa? O que os historiadores têm a comentar sobre este depoimento de Durval?

 
3 – No livro de João Bezerra, páginas 204 e 207, quando da viagem da volante de Pedra (Delmiro) para Piranhas, na quarta-feira pela manhã, o famoso comandante diz que: “estávamos consertando os nossos planos quando me chegou um coiteiro que eu já esperava – atentem bem para este: “eu já esperava” – trazendo outras notícias das zonas suspeitas que coincidiam perfeitamente com o que sabíamos. Assim juntou-se a sopa no mel...”
...E finalmente, que ele lhe perguntara (a ele coiteiro que esteve pouco antes no meio do grupo)...
Ora, na minha visão estes testemunhos contidos nos livros de Amaury e de João Bezerra, estão envoltos num tremendo mistério. Se Pedro na terça-feira conversou por longas horas, dentro do mato, com Lampião, e na quarta-feira um coiteiro – “que eu já esperava”, diz o tenente – esteve com ele no trajeto Pedra/Piranhas, e que, ainda mais, o comandante afirma: “a ele coiteiro que esteve pouco antes no meio do grupo”, este coiteiro não há dúvida de que era o mesmo que na terça-feira à noite havia trocado confidências com o rei dos cangaceiros, ou seja, Pedro de Cândido.
E porque João Bezerra diz que “assim deu a sopa no mel”, se na terça-feira à noite ele havia enviado pelo próprio Pedro dois sacos com balas? Por que o tenente municiou Lampião para depois ir cercá-lo e atacá-lo?
Quem era na verdade este coiteiro?

4 - Se foi Pedro o coiteiro que teve o encontro com o tenente Bezerra entre Pedra e Piranhas, porque na noite da quarta-feira, quando a volante estava na fazenda Remanso, o tenente mandou que os soldados Bida e Elias fossem buscá-lo em sua casa em Entre Montes: E porque o famoso coiteiro desdenhou a intimação da famosa autoridade, num tempo em que todos os sertanejos morriam de pavor perante uma ordem de qualquer militar, em especial de um comandante de volante? E qual a ascendência que Pedro tinha sobre João Bezerra para não atender o seu chamado? E mais misterioso ainda é que na segunda tentativa dos dois soldados em levá-lo até onde o tenente estava, aconteceu um fato incrível e que os historiadores nunca atentaram para ele. É que em vez, como era de se esperar e não podia ser diferente, do intimado ser escoltado pelos militares, ele viajou por terra, acompanhado apenas por Bida, um veterano soldado, amigo da família Rosa, e que havia destacado por muito tempo ali mesmo em Entre Montes. É incompreensível que Elias tenha retornado na canoa, separado do colega, enquanto este e aquele caminhavam sozinhos, na calada da noite, conversando sigilosamente por uma estradinha. Conversando o quê? Qual o assunto entre um soldado e um coiteiro que o seu companheiro de farda e de missão não podia participar? E olhem que se comentava abertamente que Pedro de Cândido era a ponte segura e confiável que ligava Lampião ao tenente João Bezerra.
Se Pedro de Cândido esteve na terça à noite com Lampião; na quarta pela manhã com João Bezerra, com o tenente sabendo que ele estivera no coito, qual o imperioso motivo que João Bezerra tinha com aquele tão importante coiteiro para mandar buscá-lo altas horas da noite em sua residência em Entre Montes? E porque armar um escarcéu, uma farsa, fingindo obrigá-lo a dizer onde estava Lampião, se ele (Bezerra) sabia, pelo próprio coiteiro, que o grande cangaceiro estava no outro lado do rio?
Vamos lá, senhores historiadores, digam o que vocês pensam dessa história? Ela realmente aconteceu? Ela é mais uma das deslavadas mentiras que cercam a Grota de Angico?


5 - Se o mosquetão que foi mostrado ao Brasil e ao mundo como o de Lampião é falso, não era aquele que consta do inventário dos bens do rei dos cangaceiros, como é que fica a história? E olhem que esta afirmativa obedece ao criterioso estudo de um dos maiores estudiosos do cangaço, o famoso historiador Frederico Pernambucano de Melo.
Se esta arma apresentada como a de Lampião era falsa, como é que fica a história da Grota de Angico? Qual a prova que possa indicar o que foi feito do mosquetão verdadeiro? E porque um falso mosquetão foi apresentado no meio dos pertences do grande chefe cangaceiro? Aquilo de se dizer: “eu penso”, “eu acho”, não vale e não convence ninguém. Onde está o verdadeiro mosquetão de Lampião?
Eu sei! Aqueles que fazem questão de preservar – não se sabe o real motivo – as mentiras e mistérios de Angico irão arrumar qualquer desculpa. E essa desculpa será prazerosamente aceita. Você é um desses que irão aceitar qualquer desculpa?
E o chapéu de Lampião? Existe uma versão de que não é aquele que aparece nas fotos. Você quer detalhe sobre se este chapéu é o verdadeiro ou não entre em contato como o respeitabilíssimo Dr. Ivanildo Silveira, do Rio Grande do Norte.

6 – E o dinheiro de Lampião? Quem o achou? Quem ficou com ele? Quanto era? Nada de concreto existe. Não se conhece nenhuma prova convincente de que este ou aquele soldado achou ou ficou com o dinheiro de Lampião.

Sobre o cerco, o combate e os que morreram não é preciso nem se falar. Em meu livro “Lampião além da versão” eu já discorri tudo de estranho que ali aconteceu.Todavia, não posso deixar de registrar o meu aborrecimento em saber que muitos imaginam, e outros dizem para me chatear, que eu digo que Lampião não morreu em Angico. Eu não sou louco para dizer tal barbaridade. Se dissesse tal coisa era porque eu tinha condições absolutas para fazer tão séria afirmativa.No entanto, o que eu posso afirmar com total convicção é que a história da chacina de Angico, aquela registrada nos livros; bem como os testemunhos dos que ali estavam são tão conflitantes que se chega a terrível conclusão de que nem uma criança de oito anos tem o direito de acreditar em tantas contradições dos envolvidos na trama daquele riacho.É de se estranhar e de se lamentar que muitos pesquisadores sérios, cuidadosos, e de enorme responsabilidade, foram vencidos por um estranho sentimento de perpetuação de tais absurdos que maculam uma história tão fascinante; assim deixando que as mentiras e os mistérios de Angico se tornassem verdades absolutas e sem direito à correção do que ali realmente aconteceu.
É uma pena!

Alcino Alves Costa
Poço Redondo SE
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21 comentários:

Anônimo disse...

Já se ouviu muita coisa sobre Angico!!! E ainda temos postos a serem explorados?????

Ricardo Freire

Anônimo disse...

Esse papo de que Lampião teria recebido sacos de munição dois ou tres dias antes do massacre? Não cabe na cabeça de ninguém, sinceramente.

Ricardo Freire

Yuri Luna disse...

Caro Senhor Alcino,

Vejo também algumas coisas que não casam neste fogo do Angico, concordo com o Ricardo (aí acima) quanto a remessa de munição a Lampião por parte supostamente por João Bezerra, não acredito nisso de jeito nenhum, João Bezerra era um militar por demais respsitado; mas, concordo com o senhor: Lampião morreu em Angico, MAS NÃO DA FORMA COMO SE TEM CONTADO ATÉ OS DIAS DE HOJE.

Severá, um abraço para vc meu irmão.
YURI

Charles Garrido disse...

Prezado Sr.Alcino, gostaria de comentar apenas o fato sobre seu relato quanto ao Sr. Durval Rosa ( irmão de Pedro de Cândido ), cujo qual tive o imenso prazer de entrevistar no dia 5 de fevereiro de 1999, em sua residência na cidade de Poço Redondo. Inclusive, na ocasião , estava acompanhado da ex-cangaceira Sila. Tal conversa ( gravada em áudio e vídeo ) teve duração de aproximadamente 3 horas, sendo o entrevistado sabatinado sobre vários assuntos, dentre os quais, obviamente seu irmão Pedro não poderia ser deixado de lado, e confesso que, em nenhum momento, Durval relata essa conversa prolongada entre Lampião e Pedro de Cândido. Entretanto, Durval realmente relata que levara sacos de balas à mando de João Bezerra.

Charles Garrido
Pesquisador
Fortaleza-Ce

Anônimo disse...

Caros, Esse coiteiro não seria o Joca Bernardo? Se fosse Pedro como se justifica na noite do mesmo dia o ten Bezerra ir a sua própria casa?

Ou então outro coiteiro, pois é sabido que mais de um esteve com o grupo de Lampião em Angico?

Wellington Novaes
Campina Grande

Leandro Cardoso Fernandes disse...

Parabenizo o Alcino pelo artigo, mas devemos analisar com cuidado essa história do fornecimento de munição por parte de João Bezerra. Hoje em dia é difícil obter informações sobre quem fornecia munição e armas a Lampião, mesmo quando a gente pergunta a ex-cangaceiros, que dirá de um rapazinho que na época contava com 17-18 anos, e que conhecera Lampião naqueles dias. Se essa informação a respeito de João Bezerra é verdadeira, então Lampião realmente estava próximo do fim ou da aposentadoria, pois esse é um segredo vital para a longevidade do bando e sabemos que - no máximo - o Estado Maior de Lampião sabia a identidade dos fornecedores. É só ver a entrevista de Candeeiro quando indagado a esse respeito: ele diz que não sabia. Que ficavam esperando no mato enquanto Lampião se isolava com o fornecer ou um emissário do mesmo. Não acho que Durval tenha inventado ou mentido a esse respseito; mas acho que ele deve ter ouvido um boato e ter assumido aquilo como verdade. Sabemos que havia corrupção na polícia e que Lampião recebia armas e munições muitas vezes procedentes dos quarteis. Como João Bezerra era oficial e naquele momento a peça mais importante em Piranhas para a repressão a Lampião (Ferreira de Melo viera de fora), então nada mais lógico que inconscientemente "culpar" Bezerra (que representa a polícia militar local) como fornecedor de armas para Lampião, mesmo sem provas.

Unknown disse...

Muito procedente a fala do professor Leandro, era comum se imputar principalmente às autoridades da polícia esse tipo de conduta; não diria que não houvessem policiais corruptos, mas acho mesmo que o irmão de Pedro, durval rosa, "ouviu o galo cantar e não sabe onde".

Alcino Costa é um dos escritores mais respeitados do cangaço e com certeza nos traz preocupações procedentes, apenas nõa creio ter veracidade essa informação de Durval, perpetrada em vídeo como falou o sr Chales.

Saudações

Assunção

Anônimo disse...

segundo se houve de historiadores, as cabeças não sairam da grota do angico em latas, mas em sacos de estopa, ou não foi assim?

Marcos Paulo
cariri

Anônimo disse...

Sem dúvida existem alguns detalhes obscuros no acontecimento da madrugada de 28/07/38, na Grota de Angicos. O descuido do bando de Lampião é intrigante. É comprovado pelo depoimento de todos os volantes que participaram da tropa, que os comandados de João Bezerra estavam embriagados. Uma região tão acidentada como aquela, é difícil imaginar que os policiais subiram em silêncio nessas condições.
Outro detalhe curioso: Bezerra teria pedido uma metralhadora emprestada a tropa baiana de Odilon Flor, para usar no Angicos. Seria possível? Por que Odilon não acompanhou a volante alagoana? Parece que Bezerra sabia que não encontraria resistência. “Era sopa no mel”.
A possibilidade de parceria entre Bezerra e Lampião é frágil apesar do depoimento de Durval Rosa. A munição que o coiteiro alega ter entregado a Lampião a mando do tenente, não é mencionada por ninguém que participou do combate. Para onde teriam ido as balas?
Luitgarde Oliveira diz no seu livro “A Derradeira Gesta”, que o coiteiro Bié das Emendadas afirmou que Lampião participava de animados jogos de baralho junto com João Bezerra, na fazenda de sua mãe Da. Sofia.
Esses detalhes não alteram muita coisa no raciocínio dos acontecimentos, porém são desafiadores para os cangaceirólogos. Explicar passo a passo o que aconteceu naquela madrugada é a grande motivação para os encontros sempre sem conclusão, mas com enorme prazer entre os participantes.
O faro do grande pesquisador Alcino tem que ser respeitado, ele conhece como ninguém os segredos e mistérios do cangaço e do sertão.

Um abraço aos amigos do blog Cariri Cangaço

Carlos Eduardo Gomes.

Juliana Ischiara disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Juliana Ischiara disse...

Obs. exclui o comentário que postei anteriormente para corrigir alguns erros de digitação.

Caro Alcino

Parabéns pelo artigo, assim devem proceder os historiadores, pesquisadores e estudiosos, não se aquietar com os fatos históricos. O que seria das narrativas históricas se não fosse a ousadia inquietante dos investigadores? Como seriam desvendados fatos e acontecimentos se todos dissessem amém para os fatos contados pelos vencidos? Todos nós sabemos que a história oficiosa guarda mais veracidades que a história oficial.

Basta um breve passeio pela historiografia mundial, dos templários à guerra dos cem anos, da Primeira Guerra Mundial à Segunda Grande Guerra Mundial, sem falar na história da Igreja Católica dentre muitas outras... se a história mundial é uma grande colcha de retalhos, que dirá a formação histórica do Nordeste, que a meu ver é uma grande colcha de retalhos da mesma cor.

Assim, como disse o grande filosofo Nietzsche, “ Não há fatos eternos, como não há verdades absolutas”. Um acontecimento será sempre multifacetado, cada um terá uma versão. Afinal, nada mais humano que tentar buscar eternizar-se de forma honrosa. Sendo a memória seletiva, lembraremos ou acreditaremos apenas naquilo que nos seja conveniente enquanto humanóides.

Não concordo com os que pensam esgotado o assunto Angicos. Assim como não existe crime perfeito, não existem mentiras eternas. O peso do que aconteceu em Angicos, seja mentira ou verdade, é demasiadamente pesado para qualquer psiquê. Porisso devemos ficar atentos, pois esta história não terminou naquela madrugada do dia 28 de Julho de 1938. Muito foi dito e muito ainda será dito. É possível que a verdade seja tão óbvia que insistimos em não aceitá-la? Não devemos buscar rotulações de bandidos e heróis, corruptos e corrompidos,mas a busca pela verdade real ou pelo menos o que se aproxima dela deve nos bastar.

Alcino sua inquietações são por demais pertinentes. Não é por acaso que você faz parte do seleto time dos melhores conhecedores da história do cangaço.

No mais, quero parabenizá-lo mais uma vez pelo seu ANIVERSÁRIO. Hoje é um dia muito especial para todos nós, afinal, não é todo os dia que se apaga 70 velinhas e com tanto vigor.

Grande abraço mestre.
Juliana Ischiara

Anônimo disse...

Grande Alcino

Quando o que está em jogo é muito, muito, mas muito dinheiro vivo, ouro e fama, pode-se esperar qualquer coisa.

Homens com a força e o poder que o cargo e o dinheiro sustentam, calam bocas e escrevem fatos.

Porque ao menos não se debate a respeito?
A quem interessa a manutenção de uma história que fala de atos heróicos e comportamentos duvidosos da mesma pessoa - tanto cangaceiros quanto comandantes?

Sempre houve interesse dos dois lados da história e acontecimentos relatados de forma contraditória estão registrados por vários historiadores respeitados.

Parabenizo sua coragem de levantar a discussão e espero que seja proveitosa.

Um grande abraço meu amigo e, mais uma vez, FELIZ ANIVERSÁRIO.

Julio Cesar Ischiara

Anônimo disse...

E "SE" ... São muitos “SE”s... Analisando sua matéria uma coisa é certa: O grupo de Lampião acabou-se em Angico e os 07 estados ficaram livres desse tormento.

Conclusão: O objetivo foi alcançado. Se Lampião morreu ou não, foi rezar e tentar se purificar em outro canto, bem quietinho "em espírito", que Deus o tenha. Mas ainda acho que o defeito de ser “covarde” justiça seja feita, ele não teve não. Duvi d o do... E as muitas conversas e entrevistas dos próprios cangaceiros, presentes no momento do tiroteio, entre eles Dadá, Sila, e outros? Todos estavam em comum acordo? É muita gente pro Tenente convencer, não acha?

Jesus Cristo foi apedrejado, crucificado e morto por inescrupulosos. Mas o que vale é que o tempo e a história provou quem foi Jesus Cristo e quem foi Judas.

Hitler teve e "tem" seus seguidores e admiradores. E, no entanto, quem foi Hitler???.

Logo se vê que todas as suas insinuações, infundadas, é de alguém que não conheceu e não faz questão de saber quem foi o Tenente Bezerra. Esse militar foi cabra macho, cumpridor do seu dever, militar respeitado e digno.

É tão bom quando lemos alguma coisa com lógica. Aplausos para o Sr. Sérgio Dantas, tai uma entrevista com lucidez, sensatez e análise dignas de um estudioso. Parabéns doutor.
E "SE" você é um pesquisador, estudioso, ou até mesmo curioso, deve ter visto várias entrevistas do próprio Durval, em épocas diferentes e nelas percebe-se a mudança nas falas e nos pensamentos. Observe a seriedade com que ele transcreve a noite do dia 28 de julho de 1938 e num lampejo de maldade, com ar de riso, ele fala sobre a munição... Outras várias do soldado Elias, também mudando o texto de uma pra outra, dependendo da época e para quem estavam dando tais entrevistas. Enfim, “SE” matando ou botando pra correr, graças à estratégia do Tenente Bezerra o nordeste ficou livre daqueles bandidos.

Roberto Caldas

Anônimo disse...

Senhor Roberto Caldas

É justamente estes "SE" que não podem e nem devem receber o tratamento de perpetuação que eles recebem.

As mentiras e os mistérios de Angico não deslustram a credibilidade, capacidade e respeito que João Bezerra é com justiça é merecedor. No entanto, e você e todos os que postaram os seus comentários também acham, muita mentira se espalhou na Grota de Angico. Muita coisa que foi dita sobre Angico não passam de grotescas mentiras. Aí é que entra a minha grande inquietação, porque eu odeio mentiras. No entanto, uma indagação fica no ar. E se os depoimentos dos que participaram do grande acontecimento; como o de Durval, o de Panta de Godoy, o de Abdom, o de Noratinho, o de Zé Sereno, forem verdadeiros, como é que fica a história? Eu não tenho dúvidas de que esses depoimentos não são verdadeiros, mas se eles disseram a verdade, aí meu amigo, a Grota de Angico guarda um monumental mistério.

As dúvidas geram desconfianças, as desconfianças geram mentiras, das mentiras despontam os mistérios. É assim que está envolto os acontecimentos da Grota de Angico.

Eu sei que estou lidando com pessoas inteligentes e, pode crêr, não sou homem deslumbrado e nem vaidoso. Não seria um irresponsável e nenhum louco imaginário para cometer a imbecilidade de me arvorar de senhor "sabe tudo".

Não era meu interesse, mas agora faço questão de postar a última parte dos Labirintos de Lampião. O que mais desejo é fazer com que todos se manifestem sobre as mentiras e os mistérios de Angico.

Abrsços

Alcino Alves Costa
O Caipira de Poço Redondo

Anônimo disse...

Aguardando a última parte.

As contradições devem ser discutidas e poucos têm o cacife e a coragem de colocá-las à mesa para debate.
Não vejo a razão da resistência de algumas pessoas em manter a discussão, em questionar Alcino. Ele não se diz o dono da verdade, mas se coloca à disposição para possíveis esclarecimentos.
Quem tem competência que se habilite.


Grande Alcino

Julio Cesar Ischiara

Juliana Ischiara disse...

Quem foi Hitler...? Terá sido um estadista posto no governo por seus pares? Não discordo nem compactuo com as “atrocidades” cometidas pelo mesmo, porém, quem sabe minimamente acerca da história mundial, saberá que seu governo era legítimo, ou seja, ele tinha autorização para governar, se foi humanista ou não, eis a questão. Para quem deseja fundamentar tais assertivas, indico o livro de uma dos maiores jurista do século XX, Hans Kelsen, que escreveu a Teoria Pura do Direito. Nesta obra ele fala sobre a norma hipotética fundamental, ou seja, as normas norteadoras do Estado e suas legitimidades.

Em linhas gerais, para quem entende minimamente da organização do Estado, saberá que mesmo sendo uma criatura execrável, Hitler exerceu um poder legítimo. Claro! Com isso não estou dizendo que sou fã de carteirinha do indivíduo, apenas não caio no erro crasso de analisá-lo sob uma ótica oligofrênica.

Vamos ao Cangaço. Pois bem, primeiro não percebo insinuações em nenhum momento no artigo em tela, mas ilações. Segundo é senso comum entre os pesquisadores do cangaço e, para muitos, é um dos mais sérios e competentes pesquisadores e conhecedores acerca desta temática. Terceiro, ele não diz em nenhum momento que tudo é mentira ou tudo é verdade, ele apenas nos convida a pensar sobre as diversas versões. Por fim, nunca foi ouvido ou lido Alcino prolatando algo que desabone a moral de Tenente Bezerra, tanto que o mesmo é muito amigo de Paulo Brito, filho do Tenente Bezerra.

Quanto ao Dr. Sérgio Dantas, é verdade, ele também é um dos mais sérios e compromissados com a verdade. Haja vista seus excelentes livros, o que confirma ser ele um grande pesquisador e estudioso do Cangaço.

No mais, respeito e ponderação é como caldo de galinha, não faz mal a ninguém, nem mesmo aos mais afoitos e atirados. Por fim, deixo mais uma reflexão, o que seria da história se não fosse os “ SEs”? Penso que a história é construída e reconstruída a partir dos famosos e não menos importante e fundamental “SE”.

Assim como é fundamental estudar e compreender as entrelinhas para depois dissertar acerca dos “ SEs”.

Saudações a todos.

Juliana Ischiara

José Mendes Pereira disse...

Ilustre, notável e respeitado escritor Alcindo Alves Costa:
Sou um dos seus leitores que muito respeita a sua valiosa e honrada opinião. Mas lhe peço desculpas por não querer concordar com as palavras, segundo o senhor, que Durval disse, que na terça-feira à noite levou dois sacos de balas para Lampião que João Bezerra mandava. E ainda afirmou categoricamente que Lampião ficou um longo tempo afastado do bando, em uma conversa sigilosa com Pedro de Cândido.
Mas eu pergunto ao nobre escritor: Será que essa conversa entre Lampião e Pedro de Cândido,foi uma maneira de saber se o mesmo iria permanecer mais alguns dias na grota de Angicos, para facilitar a chacina, evitando que as volantes caminhassem em direção ao nada, isto é,ao coito desocupado?
O escritor Paulo Medeiros Gastão, mossoroense, diz em um dos seus artigos, na revista Jornal de Fato, da Edição 315/2008 – exemplar “DOMINGO” Segue o que ele colheu do Durval: "Durval Rosa, irmão de Pedro de Cândido, em depoimento a mim prestado e registrado em fita de vídeo, declara que na noite anterior ele desceu a serra e foi levar um saco de balas, dividido em duas porções, em cima de um jumento. “Era muito peso, dizia o entrevistado a Paulo Gastão".
O grande escritor Paulo Gastão faz a seguinte pergunta no seu texto: Para que tantas balas? Que desejaria o capitão fazer com o material?
Respeitando o ilustre escritor Paulo Gastão, eu tenho que fazer a minha pergunta: Se Lampião era na verdade marginal, o senhor acha que ficaria nas caatingas sem munição?
O cangaceiro Balão deu uma entrevista à Revista Realidade em novembro de 1973: "Então vi Lampião caído de costas, com uma bala na testa. Maria Bonita, ferida, escondeu-se debaixo de algumas pedras. Mas foi encontrada e degolada viva... Não havia tempo para chorar. As balas batiam nas pedras soltando faíscas e lascas. Ouviam-se os gritos por toda parte. Um inferno. Luis Pedro ainda gritou: "Vamos pegar o dinheiro e o ouro na barraca de Lampião..."
O escritor Alcindo Alves, respeitosamente, se o senhor juntar a foto do rei com a foto do Lampião de Buritis, vai ver que a cabeça de Lampião de Buritis, aparentemente, na época, tinha aproxiamdamente 80 anos.
José Mendes Pereira - Mossoró - Rio Grande do Norte.

José Mendes Pereira disse...

Em 11 de outubro de 2010, eu fiz uma postagem a qual hoje não me sinto bem, em relação o que me referi aos escritores: Alcindo Alves da Costa e ao Paulo Medeiros Gastão, quando ambos dizem com convicção, que a história da Grota de Angicos é outra.
O livro: “Lampião Além da Versão – Mentiras e Mistérios de Angicos, o qual eu tive oportunidade de lê-lo, através do amigo Francisco das Chagas do Nascimento, membro da Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço de Mossoró, e que muito me deixou preocupado quando Alcindo fala no seu maravilhoso livro que a história da Grota de Angicos é outra, e a que contam hoje não passa de mentiras. Dias depois, eu folheando alguns livros na biblioteca da escola em que eu trabalhava me depararei com uma revista do Jornal de Fato, onde lá li um artigo escrito por Paulo Medeiros Gastão, onde ele também afirma que a história da grota de Angicos é outra. E com mais essa, o meu entusiasmo pelo tema “Cangaço”, quase se acabou. Ora, se dois grandes conhecedores do tema afirmam que o que houve na grota de Angicos tudo não passou de uma grande mentira, como eu ficaria? O certo era eu desistir. Mas lentamente fui compreendendo o que eles se referem e afirmam que é mentira o que dizem em relação aos acontecimentos na grota de Angicos na madrugada de 28 de julho de 1938. Hoje concordo com os dois escritores, que realmente muitas afirmações dos depoentes na época, foram fabricadas e fantasiadas. Mas eu peço desculpas aos escritores, por não ter entendido antes o que eles teimam em afirmar que a história da chacina de Angicos é outra.
José Mendes Pereira – Mossoró-RN.

Anônimo disse...

Eu tenho coriosidade de envestigar mais profundament esta estoria pois estou em um fogo crusado em crofonto de estorias arelatos em estorias de que lampião teria um filho com Maria bonita se este filho foi real por quem foi criado por onde ele anda ele ainda é vivo ou esta parte não se sussede ou sim pois eu teria supostas afirmação do meu avo que me contou treichos desta lenda pis ja mas vista em qualquer outro canto pois omesmo afirmava ter um prentesco prosimo do ten. joão bezerra, então para mim sria de grade importancia saber de tas detalhes.
pode responder no saet ou pelo meu imeio dj.lj@hotmail.com eo ficaria muito fliz e pasar o pouco que eu seio por esta outra parte da estoria, debatr em meu msn desde ja agradesso ao moderador e todos uus historiadores que colaboraram com este blog.

Wilson G. M. Ortega disse...

Uma pergunta de um leigo; poderia a tal munição estar adulterada, a chamada bala de festim??? isso talvez pudesse explicar a frase "sopa no mel" e talvez a "facilidade" e o sucesso da operação??? e o fato de terem trocado o mosquetão, seria para tentar impedir a comprovação do uso de balas de festim???

Anônimo disse...

Caros amigos,
A história do cangaço no nordeste brasileiro, bem como a morte de lampião em 28/07/1938,
é um emaranhado de verdades e mentiras, nas quais muitos historiadores e curiosos,
por ter predileção por um dos lados da história, acabam na mesma vala comum dos enganados.
A verdade desse enredo de enganadores e enganados, só podem ser encontradas nos deslises
que alguns envolvidos nessa trama, deixam escapar em seus comentários em entrevista.
Vejamos: num vídeo apresentado por um ilustre pesquisador, a respeitosa e já falecida
esposa de João Bezerra, afirma com todas as letras que, Pedro de Candida, coiteiro de lampião,
frequentava a residência da família Bezerra, e que eles sabiam que o mesmo era coiteiro de lampião. A pergunta que não quer calar é, se João Bezerra já sabia que Pedro era coiteiro de lampião, porque então nada fez para extrair do mesmo a confissão do local onde estava o rei do cangaço. Nordeste á fora, inúmeras volantes daria tudo para obter uma informação privilegiada com essa que o comandante Bezerra detinha. Em uma outra entrevista, um filho do comandante Bezerra, revela algo no mínimo curioso, ele diz: que no fatídico dia da emboscada a lampião, um dos cangaceiro baliados, mas que ainda se encontrava com vida, ao ver o comandante Bezerra, lhe
destratou, e lhe disse, eu esperava que você tivesse uma outra índole, mas é isso aí o que você é. Novamente, a pergunta que não quer calar é, se aquele cangaceiro não tinha neuma ligação com
o comandante Bezerra, não faria sentido tal desabafo de decepção!
Quanto a suposta entrega de balas para lampião mandadas por Bezerra, e em seguida ter lhe atacado, parecer loucura, é perfeitamente razoável, visto que, se tal aconteceu, Bezerra
sabia muito bem que atacando os cangaceiros quando a maioria confiadamente dormiam, não haveria
revide.