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Faleceu na noite deste último dia 19, domingo, no Hospital Wilson Rosado Mossoró, o senhor Francisco Honório de Medeiros, 83. "Seu Chico Honório" era pai de Honório de Medeiros, companheiro confrade de SBEC e Cariri Cangaço, um grande carater, um ser humano inigualável. O velório aconteceu na Capela de São Vicente e o sepultamento ocorreu na manhã de hoje, segunda,20, no Cemitério São Sebastião em Mossoró.
Ao Amigo Honório...
Um maravilhoso dia tive o privilégio de ler uma inesquecível Declaração de Amor, nascida apartir do mais sincero respeito e admiração de um grande filho a um grande pai, me encheu de felicidade.
Hoje, como você, já não tenho meu pai junto a mim, e também como você, não abri mão em nunhum momento de lhes dizer e fazer sentir o quanto eu o amava e o quanto ele foi; como o senhor Chico Honório:um homem de fé, simples e bom.
Receba o fraterno e sincero abraço de todos os que fazem
a família Cariri Cangaço
Manoel Severo, Danielle, Gabriel, Pedro, Sawanna, Emily e Manoelinha...
"Seu Chico Honório", na foto ao lado da netinha Bárbara,
e a Declaração de Amor
e a Declaração de Amor
"Para Seu Chico Honório.
Quando meu pai finalmente concordou em receber o título de cidadão mossoroense impôs uma condição: se tivesse que falar eu o faria em seu lugar. Aceitei por que tinha consciência que sua humildade não lhe permitiria ocupar, deliberadamente, o centro das atenções. Depois, ao longo das minhas caminhadas diárias, enquanto não chegava o dia da cerimônia, compus vários discursos. Em um, eu começava falando de sua infância difícil, sem a presença do pai, tendo que tanger jumentos que conduziam água dos barreiros para as casas a troco de quase nada; em outro eu concluía comentando sua velhice serena, tocada pela melancolia que a doença de sua companheira de toda uma vida suscitara. Nada me agradava. Sentia que mesmo com toda a minha experiência, estava tão emocionalmente envolvido com o tema do discurso que não conseguiria realizar meu intento de ser fiel ao perfil que desejava projetar.
Não adiantaria, naquele momento, seguir o conselho antigo e precioso: “fale com o coração”. Ao contrário, pensava com meus próprios botões, “preciso é de razão.” Finalmente lembrei-me de perguntar a mim mesmo o que, em sua existência mossoroense, chamara a atenção daqueles que o homenageavam. A resposta era fácil: sua fé, que o transfigurara e o colocara distante de nós, católicos reticentes ou descuidados, por que lhe trouxera a brandura de coração e aquele olhar compassivo de quem, por tudo compreender, é capaz de sempre perdoar. Os anos, então, passaram ante os olhos da minha mente e eu recordei e pensei em transmitir para quem quisesse ouvir imagens esmaecidas de há muito tempo atrás, que mostravam uma família unida em torno do terço puxado diariamente por meu pai; as missas dominicais para as quais nos levava em nossas melhores roupas; as longas e confortantes conversas presenciadas de longe e pouco compreendidas, entre ele e quem o procurava – e eram muitos; o convívio com os companheiros de fé quando a Igreja os chamava; os últimos anos, ajudando a celebrar a Santa Missa e ministrando a Eucaristia na pequena Capela de São Vicente; a entrega amorosa e paciente à missão de cuidar da degradação física e mental do grande amor de sua vida...
Então seria por esse caminho. Eu não precisaria contar de uma paixão que lhe acalentara a meninice desde quando, para ganhar uns cobres a mais, cantava repentes na feira de São João do Sabugi – a viola. Não precisaria lembrar sua viagem solitária, a cavalo, nos idos dos anos 40, da mesma São João à Alexandria, em busca de dias melhores; não precisaria falar de seus anos na Estrada de Ferro, onde fora chefe de trem; não precisaria lembrar sua luta – já maduro – para concluir o curso técnico de contabilidade, nem dos anos vividos à sombra do radicalismo político de Mossoró, que tanto nos fizera sofrer. Principalmente não precisaria dizer como lhe calaram a viola por não compreenderem o valor de sua arte, nem de sua resignação, tudo aceitando por amor à família.
Talvez, no final, eu resolvesse dizer quanto nós, seus filhos, somos felizes em tê-lo como pai; quanto nosso caráter foi moldado pelo seu exemplo e quanto nos orgulhamos de perceber, na cidade que escolheu para casar, ter e criar seus filhos, o reconhecimento de seus pares a um homem de fé, simples e bom. Não foi necessário, graças a Deus. Outro falou pelos demais. Como nada disse naquele dia, e acho que falaria mais para ele que para os outros que ali estavam, resolvi publicar este artigo.
Para que ele saiba.
Honório de Medeiros, em 05 de fevereiro de 2010
honoriodemedeiros.blogspot.com"
Ele saberá...Ele sempre soube...
20 comentários:
Ao amigo Honório, os meus mais sinceros pêsames.
João de Sousa Lima
Paulo Afonso BA
Senhor Honório de Medeiros, receba os nossos sentimentos pela perda de seu genitor, esperamos que Deus possa consolar toda a família neste momento de dor.
Professor Mario Helio
Caro Severo.
Apresente nossos sentimentos e solidariedade a família do Sr Chico Honório.Sabemos como é doloroso esse momento.Meu abraço,
ANDREA LUCETTI
Em nome da
Familia de Hilario Lucetti
Professor Honório de Medeiros, nossos pêsames e sentimentos.
Fernando Lima Verde
Aqueles que amamos nunca morrem, apenas partem antes de nós. meus sinceros sentimentos. abraço
Thomaz e Afranio
Perder alguém que amamos e sem sombra de dúvidas, perder parte de nós. Na complexa e fascinante trajetória de nossas vidas, na qual o bonde vai seguindo o seu destino ininterrupto em busca das próximas estações, a dor muitas vezes senta no nosso lado, faz morada nos mais íntimos vãos da nossa alma, e temos que aprender a conviver com ela, a driblar as suas nuanças. Meus sentimentos, amigo Honório.
Wescley Rodrigues
João Pessoa - PB
Meu nobre amigo Honório, há momentos em que não existem palavras para se expressar. Só posso te dizer: "força"
Aderbal Nogueira
Amigo Manoel Severo
Acabei de ver a bela e merecida homenagem a Chico Honório no seu blog. Parabéns, seu Chico merece e Honório de Medeiros também
Segue abaixo um relato feito sobre seu Chico Honório feito por Marcos Pinto, publicado no Blog de Carlos Santos:
De "Sêo" Chico Honório guardo o relato que ele me fez acerca de um assalto do qual foi vítima em uma de suas caminhadas matinais. Certo dia um trombadinha o abordou e anunciou o assalto. Na mais completa calmaria, "Sêo" Chico Honório falou para o trombadinha que só tinha o relógio de pulso, no que de imediato o entregou ao meliante. Feito isto, olhou para o malandro e disse-lhe: "Vá com DEUS". Pois não é que o trombadinha, que já distava uns 300 metros, retornou e entregou de volta o relógio ao "Sêo" Chico Honório. Quão importante são os desígnios divinos!
EDILSON SEGUNDO
Mossoró RN
Meu prezado Honório Medeiros,
Não pense que as luzes deste Natal se tornaram opacas e tristes para
você e sua família, em virtude da viagem que seu pai fez para o
descampado azul da eternidade. Não, meu querido amigo, as luzes deste natal, desde o dia 19 estão muito mais belas e sublimes, pois a luz gloriosa do espirito de seu pai ainda mais floresceu as luzes deste natal de 2010.
Você e os seus perderam a presença física do papai, porém
espiritualmente ele jamais sairá de suas vidas.
Abraços, meu querido amigo
Alcino Alves Costa
O Caipira de Poço Redondo
Honório de Medeiros, receba nosso abraço e conforto.
Carlos Gregório e Família
Queridos amigos dessa maravilhosa família do "Cariri Cangaço", muito obrigado.
Essa solidariedade que vcs me manifestaram eu carregarei comigo, em meu coração, para sempre.
Deus os abençoe a todos.
Honório de Medeiros
AMIGO HONÓRIO,
Receba os nossos pêsames, e, o reconhecimento de que seu "CHICO HONÓRIO " foi um grande pai; homem de bem, respeitado e admirado, por todos aqueles que o conheciam. Exemplo de homem digno e honesto. Que Deus o tenha em um bom lugar, em harmonia com seus bons feitos, aqui na terra.
Abraço
IVANILDO SILVEIRA
Natal/RN
Caro Severo,
Envio meus pêsames aos familiartes e amigos de Francisco Honório,
do amigo,
Rui Siqueira
MUSEU DO RUI
Vitoria ES
Professor e Escritor Honório de Medeiros, nos solidarizamos com este momento de fé cristã. Deus haverá de abençoar seu grande pai, agora no céu.
Francisco Turco
Petrolina
Professor e escritor Honório de Medeiros: Não o lembre com tristeza. Veja-o sempre com alegria, pois Deus o deixou descansar em paz. Sentimos muito quando falta uma ovelha em nosso rebanho. Mas devemos lembrar que esta mesma ovelha que partiu, entrou no rebanho do maior pastor, o nosso Senhor Jesus Cristo.
Desejo ao escritor e todos os seus familiares: “UM FELIZ NATAL E PRÓSPERO ANO NOVO”.
José Mendes Pereira – Mossoró-RN.
Caro Honório,
Sei o quanto este momento é difícil, o quanto necessitamos de força e fé para continuarmos vivendo sem a presença física daqueles que amamos, mas podemos senti-la espiritualmente. Este é o mistério da vida, ela nunca acaba só continua em outro plano. Com certeza seu pai agora é mais uma estrelinha a brilhar no céu.
Um abraço fraterno amigo.
Juliana Ischiara
Amigo Honório - nesse momento de dor e de saudades receba nosso abraço fraterno de comunhão pelo pesar do desaparecimento de seu querido e saudoso pai. A tua dor é nossa dor. Fraternalmente.
Alfredo Bonessi e Familiares
Caro Honório, em momentos como esse renovamos nossa fé e trazemos força ao coração de nossos familiares, receba nossa solidariedade.
Professor Alberto Rodrigues
A Família do Amigo Honório de Medeiros:
Nossas condolências e que o Pai Eterno receba seu Chico Honório no reino de glória.
Abraços fraternos de:
Célia Magalhães, Ariston Magalhães e família.
Missão Velha
Caro Xará,Manoel Severo
Nossa solidariedade ao companheiro Honório de Medeiros pela perda do seu pai, que temos convicção estará descansando em sossego, como merece um velho sertanejo temperado na luta.
Aproveitamos para desejar a todos os amigos um Feliz Natal e um bom Ano Novo, especialmente para você meu Xará, que está sempre me atualizando com os estudos e pesquisas sobre o cangaço e a cultura popular sertaneja.
Grande e fraternal abraço,
Professor Manoel Neto
UNEB Salvador BA
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