Bárbara de Alencar no Cariri Cangaço Exu


Bárbara Pereira de Alencar, ou simplesmente "Dona Bárbara" , sem dúvida um dos maiores símbolos da força da mulher sertaneja e nordestina de raiz. Guerreira, idealista, líder da revolução de 1817 no Cariri e no Araripe, nasceu na Fazenda Caiçara em Exu, Bárbara de Alencar terminou sendo presa em nome dos seus ideais libertários. 

Na tarde do último dia 21 de julho de 2017 a Caravana Cariri Cangaço teve a honra de visitar, dentro da Programação do Cariri Cangaço Exu, a Fazenda Caiçara e o Museu de Dona Barbara. Acolhidos e recepcionados pelos descendentes de Bárbara, tendo a frente, Amparo Alencar, os convidados do Cariri Cangaço puderam conhecer mais de perto a história e a personalidade desta que tornou-se um mito depois de mais de 170 anos de sua morte. Bárbara de Alencar;  heroína idealista; morreu no Sítio Touro no estado do Piauí em 1832, uma de suas exigências teria sido ser enterrada como seus amigos: Os escravos; num enterro simples e dentro de uma rede .

Ingrid Rebouças e o Museu de dona Bàrbara na Caiçara
 Leandro Cardoso, Kiko  Monteiro, Manoel Severo, Daniel Walker e Raimundo Araujo
 Alvenir Peixoto, Manoel Severo e Carlos Mendonça
 Wescley Rodrigues
Emmanuel Arruda e Manoel Severo
Luizinha e José Tavares

Para o pesquisador paraibano de Pombal, José Tavares de Araujo Neto, "O Cariri Cangaço é um evento que mexe muito com as emoções, por isso fica muito difícil de descrevê-lo. Só estando presente se pode mensurar a dimensão da sua grandiosidade", já o pesquisador e Conselheiro do Cariri Cangaço Dr Leandro Cardoso brinca,"para todas as outras coisas existe Mastercard,mas participar do Cariri Cangaço, não tem preço".

Amparo Alencar, representante e mantenedora do Museu de Dona Barbara ressaltou a grande e importante visita da Caravana Cariri Cangaço à Caiçara: "É uma grande honra receber pesquisadores de todo o Brasil e o Dr Manoel Severo, o Cariri Cangaço desenvolve um trabalho elogiável e hoje estamos todos 
muito honrados."

 Francisco de Assis, João de Sousa Lima, Amparo Alencar e Manoel Severo
 Manoel Severo e a honra do Cariri Cangaço chegar ao Museu de Dona Bárbara 
 Dr Marcelo Alves e Manoel Serafim entregam o Título ao Museu de Dona Bárbara
João de Sousa Lima, Manoel Serafim, Amparo Alencar, Marcelo Alves e Manoel Severo

Por ocasião da programação, o Curador do Cariri Cangaço, Manoel Severo convidou ao Conselheiro Manoel Serafim e ao pesquisador de Teixeira, Dr Marcelo Alves, para passarem às mãos de Amparo Alencar, representando o Museu, o Diploma de "Equipamento Imprescindível para a Perpetuação da Memória do Sertão"; Título conferido pelo Conselho Alcino Alves Costa do Cariri Cangaço. 

Entenda o ideal de Bárbara...
O Crato projetou-se no cenário político da colônia com as lutas pró-independência, quando representante da aristocracia agrária — principalmente a família Alencar — engajaram-se na Revolução Pernambucana de 1817 e envolveram a Vila Real do Crato e Jardim, no projeto revolucionário de 1817: Independência de Portugal e instituição de um sistema republicano de governo. Apesar da repressão sofrida, o espírito de luta desta elite local a faz proclamar antecipadamente a independência, em 1º de setembro. Igualmente ocorre em 1824, quando essa mesma elite liberal se engaja na Confederação do Equador, contrária a política absolutista de Dom Pedro I e favorável à idéia de uma República Separatista. 

O aumento abusivo dos impostos e da dominação política exercida pela Coroa Portuguesa no país, gerou insatisfação das províncias. Estas organizaram um movimento contra Dom Pedro I. A Revolução Pernambucana de 1817 lutava pela Independência do Brasil de Portugal. O ato espalhou-se por todo o Nordeste e chegou ao Crato. José Martiniano, após missa no púlpito da igreja da Sé catedral, proclamou a independência do Brasil no dia 03 de Maio de 1817. Foi apoiado por sua mãe; Bárbara de Alencar, e pelo irmão Tristão Gonçalves de Alencar Araripe, que tinham ideais republicanos. Esta atitude deixou muitas personalidades influentes da época insatisfeitas; dentre elas Leandro Bezerra Monteiro, o mais importante latifundiário da região, católico e cheio de ideais monárquicos; mandou prende-los..

Tristão Gonçalves,Bárbara de Alencar (aos 57 anos de idade) e José Martiniano são encontrados e presos em Jardim, em 05 de maio de 1817, pelo Capitão Mor José Pereira Filgueira, quando buscavam apoio do tio Leonel Pereira de Alencar, para a causa republicana. Enviados às masmorras de Fortaleza, depois para Salvador e Recife onde foram humilhados e torturados. Posteriormente receberam anistia da coroa e foram soltos. Os presos políticos foram denominados de “Infames Cabeças”. Enviados para Icó, no Ceará, em seguida para Fortaleza; de lá transferidos para Recife, em Pernambuco e finalmente para a Bahia. Dentre eles estava D. Bárbara, a primeira mulher presa por motivos políticos no Brasil.


José Tavares, José Bezerra Lima Irmão e Givaldo Peixoto

 Grande Família Cariri Cangaço no Museu de dona Bárbara 
 Luizinha, Maricô, Diana, Gilka, Gerlane, Glícia, Aparecida e Ingrid Rebouças 
Ranaise e Junior Almeida, Noádia Costa e Aline Melo
Carlina Alencar, Cícero Marcelino e Manoel Severo

Para Juliana Pereira; Conselheira do Cariri Cangaço; "está hoje testemunhando a entrega desse importante Título ao Museu de dona Bárbara, é reconhecer toda a representatividade dela na historia não só do nordeste, mas de todo o Brasil. Hoje é um dia histórico para nós que fazemos o Cariri Cangaço." Para Alvenir Peixoto, também descendente de dona Bárbara, "O Cariri Cangaço trouxe ares novos para a cultura do Exu e do Araripe, que maravilha receber a todos nesta grande festa que muito nos honra".

A Dor da Separação...
Durante os três anos e meio que passou na prisão, D. Bárbara foi afastada de sua família, tratada com crueldade e submetida a diversos tipos de humilhações, porém nunca desistiu de seus ideais. Foi libertada em 1820. Veio à óbito em 1832, aos 72 anos, .em na fazenda Touro, no Piauí.

Em 1824 Tristão Gonçalves, aderiu ao movimento da Confederação do Equador e foi aclamado pelos rebeldes presidente da Província do Ceará. Faleceu em combate com as forças contrárias ao movimento em 31 de outubro de 1825.O Crato ficou dividido entre monarquista e republicanos. Merece destaque o monarquista que ordenou a prisão dos revolucionários: Capitão Joaquim Pinto Madeira, chefe político da Vila de Jardim. Com a renúncia de D. Pedro I em 07 de Abril de 1831, inimigos da monarquia aproveitaram para se vingar de Pinto Madeira, que, na ocasião, armou dois mil Jagunços, com ajuda do vigário de Jardim, Antônio Manuel de Sousa e invadiu o Crato em 1832. Sua tropa Começou vencendo a batalha, porém sucumbiu.
Pinto Madeira e Padre Antonio foram presos e Enviados à Recife e ao Maranhão. Em 1834 Pinto Madeira foi condenado a forca, em Crato. Porém, alegando patente de coronel, morreu fuzilado.Fechando um parêntese da história do cariri, faleceu em 15 de março de 1860, o Senador José Martiniano de Alencar, sem nunca ter desistido de lutar pelas causas republicanas .
 Francimary Oliveira e Carla Mota
 Manoel Severo, Múcio Procópio, Kydelmir Dantas e Leonel Alencar
 Manoel Severo e Maciel Silva
 José Irari e José Tavares
 Ivanildo Silveira e Junior Almeida
 Yasmim, Ranaise e Junior Almeida
 Louro Teles e Ana Lúcia
Marcelo Alves, Rivaldo e Cícero Aguiar e Junior Almeida

Mas não paramos por aqui, ali, também na Fazenda Caiçara haveria de nascer outros dois vultos da historia de Exu e do nordeste: Gualter Martiniano de Alencar, o Barão de Exu e o grande Rei do Baião, Luiz Gonzaga do Nascimento; eita Caiçara abençoada! A Caravana Cariri Cangaço esteve visitando o "marco" onde estava a casa que nasceu o maior embaixador do baião e do sertão.  

José Tavares no marco da Casa onde nasceu Luiz Gonzaga


"Por essas coisas que parecem uma bela articulação do destino, Luiz Gonzaga nasceu em uma propriedade muito especial, em torno da Casa Grande da Fazenda Caiçara, hoje museu da heroína Bárbara de Alencar.
Talvez tenha sido sua presença na cozinha da casa onde nasceu a primeira presa política brasileira, que tenha lhe dado tanta audácia." Mariana Albanese.

Cariri Cangaço Exu
Visita a Fazenda Caiçara, Museu de Dona Bárbara
21 de Julho de 2017, Exu, Pernambuco

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