Barro e a Memória de seus Beneméritos! Por Sousa Neto

Prefeito Marquinélio, Manoel Severo e Sousa Neto

Estamos festejando o nosso 66° ano de independência do município de Milagres. Temos evoluído em muitos aspectos, sobretudo no social e educacional. Muitas foram as conquistas nessa jornada graças ao empenho e luta de muitos de seus filhos. Tivemos também o empenho de outros que não nasceram nessas terras mais que deixaram os seus nomes marcados para sempre na nossa história.Todo o povo tem a sua evolução, quer seja na formação de um país, estado ou mesmo em um pequeno município. Qualquer informação que se aprovisione é uma perfeita orientação quanto a sua originalidade, todas as particularidades de sua história deve trazer até nós a exposição de fatos e episódios especiais.

E assim sendo, é meu dever como estudioso e fervoroso apaixonado pela a nossa história, destacar duas figuras que não poderão jamais ser renegadas ao esquecimento.
Refiro-me aos eméritos Monsenhor Joviniano Barreto e Dr. Walter de Sá Cavalcante.

MONSENHOR JOVINIANO BARRETO; Nasceu em 05 de maio de 1889 no município de Tauá e logo cedo apresentou dedicação às causas cristãs. Recebeu ordenação sacerdotal em Fortaleza no dia 22 de dezembro de 1911 aos 22 anos de idade. Com a criação da Diocese de Crato o então Padre Joviniano Barreto foi vigário-cooperador de Lavras da Mangabeira. Posteriormente, ele foi Cura da Catedral de Crato, Secretário do Bispado, professor e reitor do Seminário Diocesano São José, vice-presidente do Banco do Cariri (pertencente á diocese) e diretor do Ginásio, hoje Colégio Diocesano. Era depositário de toda a confiança do pastor diocesano e primeiro bispo do Crato Dom Quintino Rodrigues de Oliveira e Silva que o tinha como conselheiro contando também com a simpatia, amizade e respeito de todo o clero diocesano. Homem apostólico, dedicado, trabalhador, inteligente e culto. Tinha um caráter forte e uma personalidade marcante.

Assumiu a paroquia de Juazeiro em 1935 um ano após a morte de Padre Cícero ajudando na evolução social daquela urbe. 
Monsenhor Joviniano Barreto sempre que podia vinha a nossa terra e tinha estreita amizade com o povo da então vila do Barro onde passava dias na casa da família André. 
Quando da coesão de forças das principais famílias da comuna na época com vistas a sua emancipação do município de Milagres, o Barro contou com o valioso auxílio do Monsenhor Joviniano Barreto, que sendo uma figura de destaque no clero diocesano, assumiu a responsabilidade de receber e organizar o planejamento e demarcação das ruas e praças, para que a vila do Barro tivesse em pouco tempo um número satisfatório de casas residenciais e comerciais para sediar o futuro município. A missão foi um sucesso! O patrimônio de Santo Antônio, nosso padroeiro, foi oferecido de volta ao povo.

Lamentavelmente um ano antes da emancipação politica do Barro, monsenhor Joviniano Barreto foi assassinado na noite do dia 06 de janeiro de 1950. Em uma solenidade no Juazeiro um infeliz desferiu uma facada no seu coração o matando covardemente. Monsenhor Joviniano Barreto também por o "Mártir do Dever".

Monsenhor Joviniano Barreto e Walter de Sá Cavalcante


WATER DE SÁ CAVALCANTI- Nasceu em Fortaleza aos 30 de junho de 1915. Era filho de João de Sá Cavalcanti e Raimunda Rabelo de Sá. Aos 18 anos ingressou na Faculdade de direito do Ceará na qual colou grau de Bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais em 08 de dezembro de 1937. Após exercer vários cargos públicos importantes em 1947 foi eleito deputado à constituinte. Foi Professor da Escola de Agronomia. Atuou como membro e presidente de três comissões de inquérito da Secretaria de Agricultura e fez parte da Comissão que constituiu a banca examinadora do concurso para provimento do cargo de Agrônomo classificador do Departamento de Economia Agrícola da Secretaria de Agricultura do Estado.

Walter foi ainda Jornalista de crédito firmado, foi colaborador dos jornais, “O Povo” e “O Estado”, orientando as Páginas Estudantis desses órgãos da imprensa fortalezense. No matutino “O Estado” ingressou como redator em 1937 passando a redator-chefe a 02 de novembro de 1942 e sócio coproprietário e em 26 de abril de 1945 exerce a direção.

O Dr. Walter de Sá Cavalcante ingressou nas fileiras do PSD (Partido Social Democrático) quando da campanha da sucessão presidencial para as eleições de 02 de dezembro de 1945. Candidato a deputado foi eleito a 19 de janeiro com 4.277 votos, o 2º mais sufragado na legenda do Partido e o 6º dentre os 45 eleitos pelos cinco partidos que concorreram ao pleito. Fez parte substituindo o deputado Wilson Gonçalves, da Comissão Constitucional e em sessão ordinária de 22 de julho eleito para a Comissão de Constituição, Justiça e Legislação, da qual passou a presidente.

Foi eleito deputado federal em 1950, mas faleceu antes de terminar o mandato em 10 de junho de 1954 no Rio de Janeiro. Foi sepultado em Fortaleza, onde recebeu grande consagração póstuma por parte de seus conterrâneos.

Walter de Sá Cavalcanti politico atuante e determinado atendeu a solicitação das lideranças politicas do Barro e entrou com o projeto de lei nº 1.153 de 22 de novembro de 1951 que aprovado por unanimidade foi sancionada pelo então governador Raul Barbosa, jornalista e fundador do Jornal “O Estado”. 
A memória de Walter Sá Cavalcanti foi celebrada por ocasião do primeiro prédio escolar edificado nesse torrão há poucas décadas que levou o seu nome. A cidade foi se desenvolvendo e outras escolas foram surgindo. A edificação ruiu e junto com ela a memoria desse ilustre cearense que deu o maior presente que o Barro já teve, a sua independência! 
O Monsenhor Joviniano jamais foi lembrado!

Ao completar 66 anos de emancipação politica é dever do povo dessa terra agradecer a esses ilustres benfeitores. Muitos se empenharam, mas esses dois são meritórios.

Sousa Neto, Pesquisador e Escritor
Secretário de Cultura de Barro
Conselheiro do Cariri Cangaço 

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