Zé Rufino de Sanfoneiro a Matador de Cangaceiro Por:Ivanildo Silveira


Zé Rufino e sua volante, em foto de 1936


Em 1936, em um período em que Lampião já vivia uma discreta decadência, Zé Rufino eliminou o bando de Mariano, um cangaceiro da velha guarda que acompanhava o Rei do Cangaço há 13 anos. O bando foi destruído em Cangaleixo (SE), o que ajudou a torná-lo o maior matador de cangaceiros.

Segundo afirmou ao cineasta Paulo Gil Soares, Ele eliminou cerca de vinte integrantes dos bandos ligados a Lampião. Os homens de Mariano usavam roupas muito ricas, com peças de ouro e moedas de prata nos chapéus de couro. As cabeças dos bandoleiros foram cortadas e expostas em vários locais com o objetivo de provar à população que eles haviam sido eliminados.

Um ano depois Zé Rufino, um simples civil ;sanfoneiro; contratado para combater os cangaceiros, enfrentou os grupos de Lampião e Zé Sereno no episódio conhecido como Fogo de Domingo João, na Fazenda Crauá. Aparentemente, esse foi o último combate de Lampião. O cangaceiro “ BARRA NOVA” foi morto no confronto e o soldado da volante Antônio Izidoro saiu ferido no braço.
De acordo com a descrição do pesquisador Antônio Amaury Corrêa de Araújo, o combate se deu da seguinte forma:

Rosalvo Marinho, amigo e coiteiro de Lampião, chegou à fazenda correndo e avisou os cangaceiros:
"Foge que vem aí! Sai daí! Sai já, que a força vem aí!"
Lampião, calmamente, perguntou:
"Força de quem?"
O coiteiro respondeu que era de Zé Rufino.

Mais tenso, Zé Sereno ordenou a seu bando que se equipasse (pegasse as armas e demais equipamentos). Lampião, ainda mais tranqüilo, disse:
"Se a força vier, nós vamos brigar; se não vier, vamos comer. A comida já está no fogo e não vamos deixar pros macacos. Ou comemos ou briguemos."

Pouco tempo depois rajadas de metralhadora espalharam as brasas do fogo e atingiram nas costas o cangaceiro Barra Nova, cozinheiro de plantão. O cangaceiro Novo Tempo também foi ferido. Os cangaceiros fugiram depois de garantir a retirada de Maria Bonita e das cangaceiras Sila e Dulce.

Ivanildo Silveira
Colecionador do Cangaço

Fonte: lampiaoaceso.blogspot.com

NOTA CARIRI CANGAÇO: Zé Rufino é o tema da Conferência de Abertura do Cariri Cangaço 2010, dia 17 de agosto na cidade de Barbalha, com o pesquisador Antônio Amaury Correia de Araujo.

17 comentários:

Anônimo disse...

Excelente passagem narrada pelo professor Ivanildo, parabéns.
Esta conferencia sobre Ze Rufino promete, principalmente por termos o Dr Amaury, mas eu pergunto: E a morte de Corisco? foi ou não foi um ato de covardia de Zé Rufino? Corisco estava inutilizado, Dadá atirou na volante? Perguntas que não querem calar.

Ate lá!

Dário Freitas Gurgel - Fortaleza

José Mendes Pereira disse...

José Osório de Farias, um dos policiais e comandantes de volantes que mais matou cangaceiros. Era alcunhado no comando policial por Zé Rufino. Diz o escritor Alcindo em: “Lampião Além da Versão – Mentiras e Mistério de Angicos”, que o policial teve contato com Lampião em festas forrozeiras, quando ele fazia bailes lá pras bandas de Ribeiras do Pajeú e nas localidades adjacentes, no Estado de Pernambuco.
A primeira vez que o José Osório (ainda não era policial) fez contato com Lampião, foi no município de Salgueiro. Nesse encontro o José Osório era o sanfoneiro e animava a festa de um casamento, sendo que Lampião era um dos convidados. Ao ver o jovem José Osório, Lampião se interessou de convidá-lo para participar do seu bando de cangaceiros. Mas no momento do convite, ele se desculpou, dizendo que era arrimo de família e sua mãe já era de idade. Além disso, tinha uns irmãos que eram seus dependentes. E o capitão não o levasse a mal, pois não tinha intenções de um dia usar armas.
Tempos depois, outro encontro, e Lampião o fez o mesmo convite. José Osório o disse que ia pensar, pois precisava resolver alguns problemas e depois lhe daria uma resposta. Mas Lampião o liberou, marcando uma data e desta vez não aceitaria desculpas. E agora, o que José Osório faria para se livrar de Lampião? Sabendo que estava marcado por ele, decidiu que a solução seria entrar na polícia, e em vez de ser perseguido, passaria a ser perseguidor de cangaceiros. Como tocador de baile não dava mais, pois poderia Lampião chegar e bagunçar a sua festa. Meses depois José Osório engajou-se à polícia chegando a receber graduação de tenente, e a partir daí surgiu o Tenente Zé Rufino. Chegou rapidamente a oficial, alcançando a posição de coronel da Policia Militar da Bahia
Diz Alcindo que sua volante ficou famosa por cortar as cabeças dos asseclas mortos em combate. A morte mais comentada foi a de Corisco, um dos mais famosos facínoras que se tem noticia.
Diz o Dr. Ivanildo da Silveira que em depoimento que Zé Rufino deu ao cineasta Paulo Gil Soares, ele afirmou ter eliminado cerca de vinte integrantes dos bandos ligados a Lampião. Diz ainda Alcindo que em 1936, Zé Rufino eliminou o bando de Mariano, um cangaceiro da velha guarda que acompanhava o Rei do Cangaço há 13 anos.
Felicidades aos confrades do Cariri Cangaço.

José Mendes Pereira - Mossoró-Rn.

Josafá disse...

Valeu pessoal! Pelas contribuiçoes no texto

Anônimo disse...

Mais ainda exter gente de zer rufino

Riva Júnior disse...

Alguèm sabe o local exato dessa foto acima de Zé Rufino e a sua volante???

Riva Júnior disse...

hein?

Unknown disse...

Só o que Curisco fez na Fazanda Patos ja era p suficiente o que Cel. Zé Rufino fez com ele

francisco disse...

Todas essas histórias, ouvi muito meus avós falando, e hoje poder lê as notícias e ouvi os fatos narrados por quem com viveu de perto é de uma importância tamanho, q não tem preço.

Unknown disse...

Agradeço a esse sensacional site. Parabéns pelo excelente trabalho!
Zé Rufino era muito amigo do meu bisavô Zé Saturnino, conhecido em Jeremoabo como Mestre Zezinho. Depois meu bisavô foi morar em Paulo Afonso e lá morreu aos 99 anos em 2002. Zé Rufino costumava tocar os 8 baixos acompanhado de Mestre Zezinho em Jeremoabo nas horas vagas. Meu bisavô odiava os cangaceiros, em especial Dadá. Sucedeu que meu bisavô morava na ''Zarueira'' na Bahia, e o bando de cangaceiros por lá chegou pedindo dinheiro. Meu bisavô era um rapaz novo nessa época e não tinha dinheiro. Ele fugiu por entre a mata de catingueira enquanto ouvia Dadá, a única mulher que estava nesse dia, gritar bem alto ''MATA ELE, MATA ELE!''. Depois, Dadá foi morar em Paulo Afonso e Vovô Zezinho fazia de tudo para não vê-la pela cidade. Esse meu bisavô é bem conhecido das pessoas mais antigas de Paulo Afonso. Foi um dos primeiros moradores quando do início das construções das barragens e usinas, tendo ele mesmo trabalhado na construção de estradas de ligação de Paulo Afonso nessa época. Sua casa em Paulo Afonso ficava onde hoje está a sessão de frigoríficos do Supermercado Braga. Ele, Sr. Cacheado e outros grupos de velhinhos eram conhecidos demais em Paulo Afonso. Ele deixou muitas saudades. João Sousa e Lee, pesquisadores de Paulo Afonso, certamente sabem quem foi ele assim como outros familiares meus de Paulo Afonso. Um abraço a todos!

Unknown disse...

Covardia era o q essa cambada gazia com o povo daquela época, PRINCIPALMENTE corisco foi tarde

Unknown disse...

Alguém sabe se tem livro que conta história de José Rufino

Unknown disse...

Muito bom saber as histórias suas famílias e gerações!bem como da veracidade dos fatos!
Um previlegiro saber das informações!

Unknown disse...

Gostaria de mais informações se possível!
Livros,fatos,ter contatos com pessoas que vivenciaram e ou sabem dos fatos da época!

Unknown disse...

Você saberia dizer o ano em que Zé Rufino encontrou Lampião em Salgueiro e o ano que o mesmo entrou pra polícia?

Unknown disse...

Porque não tem livro com história e fotos que conta história de Zé Rufino

Odilon Nogueira disse...

Muito bacana seu relato

Anônimo disse...

Amei sua historia...amo essas histirias me ajudad