Angico, o triângulo das bermudas do cangaço! Por:Paulo Britto

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Paulo Britto, Victor Junior e Paulo Gastão, no Cariri Cangaço

O combate de Angico por ser considerado pela história como o marco do final do cangaço lampiônico, tem sido estudado e pesquisado ao extremo, por pessoas de todos os matizes, se sobressaindo por aqueles que dedicaram a sua vida debruçados ao estudo sério e criterioso, contribuindo brilhantemente com a história verdadeira do cangaço.Não se deve, portanto, por uma questão de justiça aos protagonistas do fato, quer sejam eles cangaceiros ou volantes, ao arrepio da verdade, que se plante questionamentos e informações infundadas.

Em defesa da verdade sobre o militar João Bezerra – meu pai, me insurjo e passo a fazer algumas considerações ao prezado Paulo Medeiros Gastão, de quem tive a satisfação de ser apresentado há mais de 10 anos, quando conheci a Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço – SBEC, por ele fundada e que se consolida pelas administrações que o sucederam a exemplo do amigo Ângelo Osmiro Barreto e hoje o Dr. Lemuel Rodrigues.

A satisfação do primeiro contato com esta pessoa simpática, sorridente, brincalhona, que parece até não levar as coisas a sério, foi em Recife/PE, no clube do Banco do Brasil, quando este proferiria palestra (para um seleto grupo de serratalhadenses), para a qual fui convidado. Lá fomos cientizados, pelo próprio Paulo Gastão, da existência de um pesquisador mineiro que em breve iria lançar um livro que revolucionaria a história do cangaço, provando a sobrevida de Lampião e a sua morte (03 de agosto de 1993), aos 96 anos, em Buritis/MG.

Posteriormente, no I Cariri Cangaço (2009), confesso ter ficado impressionado pelo belo trabalho, organização e conduta dos amigos Manuel Severo, Danielle e toda sua equipe, envolvendo as cidades de Juazeiro, Crato, Barbalha e Missão Velha, no qual fui apresentado ao casal José Geraldo Aguiar e esposa, pelo destacado Paulo Gastão junto a outras pessoas, que ao me apresentar referia-se que somente eu e minha amiga Vera Ferreira, neta de Virgulino Ferreira da Silva (Lampião), poderíamos criar algum embaraço ao lançamento do referido livro. De imediato me posicionei em não ter esta intenção e que pelo que conheço de Vera ela faria o mesmo, bastava que ele trouxesse ao conhecimento do público argumentos irrefutáveis que pusessem toda a verdade conhecida por terra.

No detalhe, Lampião de Buritis

Dada a seriedade e gravidade dos “novos” fatos, que, supostamente, devidamente fundamentados, colocaria por terra o combate de Angico, li o livro e confesso que jamais vi tanta criatividade e coragem de um escritor, para lançar num evento como o I Cariri Cangaço, com tantos e brilhantes escritores, pesquisadores e estudiosos do tema, um livro que atinge o seu auge de devaneios quando relata que o corpo de “Maria Bonita”, após o Combate em Angico, em 28 de julho de 1938, estava representado por um jovem (isso mesmo, um homem), cujas feições lembravam as de quem iria tomar o lugar, e outros nove “cangaceiros temporários”.

Para mim... bastou!

Esta teoria, de ter sido o corpo de Maria Bonita substituído por uma pessoa do sexo masculino, passar despercebido por todos que ali estiveram para levantamento e reconhecimento dos corpos. Incrível só ser descoberto agora pelo autor, mas... e as provas? Já seria o suficiente para dizer da qualidade do “trabalho” que se propunha a ser o novo marco da história do Combate de Angico. Mas, o que mais me causou estranheza, foi o fato de ter sido o comentário contido na orelha do livro, assinado por Paulo Gastão. Este livro, a meu ver, não era para ter sido averbado e ciceroneado por um fundador da SBEC e que imagino querer ajudar em manter a credibilidade da instituição que tantos se empenham por ela.

Como é do conhecimento da grande maioria dos assíduos visitantes do presente Blog (http://cariricangaco.blogspot.com/), do nosso querido amigo Manoel Severo, foi postado/publicado o artigo “Angico por Paulo Gastão”. Diante do conteúdo desse, prezando pelo bom senso e, principalmente, em passar o conhecimento que tenho dos fatos, como filho do Cel. João Bezerra da Silva, resolvi destacar nas postagens abaixo; e comentar algumas frases contidas no referido artigo e, ao final, deixar minha humilde conclusão.

Paulo Britto
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12 comentários:

Lima Verde disse...

Gostaria de cumprimentar e parabenizar ao senhor Paulo Britto pela lucidez e serenidade com a qual se posiciona com relação ao episódio do Angico e com relação a ação de seu pai, tenente João Bezerra, o blog do Cariri Cangaço mais uma vez mostra a seriedade e a imparcilidade diante dos muitos caminhos que fazem dessa uma das maiores historias do nordeste: Cangaço.

Fernando Cesar Lima Verde

Anônimo disse...

Parabéns ao Sr. Paulo Britto pela coragem e pelo amor ao debate, não são todos que oferecem a face... Obrigado Severo, por oferecer um espaço aos estudiosos e aos curiosos.

Anônimo disse...

Parabéns ao filho daquele que nos livrou do mal (Lampião), àquele que proporcionou tanto sofrimento aos nordestinos.
A história deve ser contada por quem realmente sabe... não por quem diz conhecê-la. Temos que utilizar a mídia (os canais de comunicação) em favor da cultura. ESTUDAR É PRECISO!!!

Julio Cesar disse...

Quero, também, cumprimentar o sr. Paulo Britto pela sua elegância ao criticar o referido assunto.
Como diz nosso querido Alcino Costa, existem mistérios que ainda precisam ser esclarecidos, mas ele não afirma que os relatos estão equivocados, justamente por não possuir evidências concretas.
Não conheço pessoalmente o sr. Paulo Britto e espero ter o prazer de conhecê-lo, pois, são poucas pessoas que se mostram tão elegantes e abertos ao diálogo.

Bruno disse...

Eu fico bobo como uma argumentacao desse nivel so tenha recebido um comentario ate agora. Parece que a verdade dos fatos nao eh algo bem vindo aos historiadores de hoje. Parabens ao sr. Paulo Brito por saber distinguir o real do que eh fruto da mente fertil dos aproveitadores de plantao.
Bruno Tavares

Anônimo disse...

Paulo Britto com certeza cumpre o dever por dois aspectos: primeiro pelo bem da verdade, como sabedor que é de muitos aspectos verdadeiros daquele eposidio de Angico e o segundo é como filho que defende com unhas e dentes, por dever de amor e gratidão, a pisção e o trabalho reconhecido de seu respeitado pai, o tenente João Bezerra.

Parabéns ao pesquisador e principalmente ao filho Paulo Briito.

Nicanor de Oliveira Ramos
Rua Almir Rocha, 764
Dionisio Torres - Fortaleza CE

Helio disse...

Conheci o cidadão Paulo Britto no cariri cangaço 2009, quando ele formou mesa junto ao dr.leandro, antonio amaury e outros renomados escritores na noite de Juazeiro do norte, é facil perceber a elegancia e o respeito que emanam do filho de João Bezerra.

parabens ao dr. paulo britto e aos amigos do Cariri Cangaço.

Professor Mario Helio

Anônimo disse...

Paulo Brito, expõe seu entendimento sobre os acontecimentos da madrugada de 28/07/38, com muita propriedade e respeitosamente rebate o texto de Paulo Gastão, que o Sr. Mendes Pereira, informou ter sido escrito alguns anos atrás (antes de 2009). Não sabemos se o amigo Paulo Gastão, depois de tanta polêmica em torno do assunto, continua mantendo a mesma hipótese ou até já abandonou essa tese. Paulo Gastão é um dos grandes incentivadores das pesquisas e dos cangaceirólogos, o triunfense/mossoroense tem paciência e colabora com satisfação com todos que procuram sua ajuda. Paulo Gastão não pode ser confundido com qualquer aproveitador, que possa existir. Tenho o prazer de conhecer os dois Paulos e são dois homens de educação esmerada.

C Eduardo.

José Mendes Pereira disse...

Lamento e me arrependo de ter lido este texto do escritor Paulo Gastão; e por não esperar uma repercussão sobre o assunto, publiquei-o em meu blog.
Espero que como o senhor Paulo Brito com elegância e educação rebateu as palavras do Paulo Gastão, entendo que o mesmo talvez apresente as suas defesas também com simplicidade e consideração ao senhor Paulo Brito.
A final, este estudo "Cangaço", tem mesmo que ser discutido, cada um apresenta a sua opinião, e posteriormente será um por todos e todos por um, desde que a maioria concorde com os fatos apresentados.
O tema cangaço não deve ser estudado pela amizade. Tem que ser discutido mesmo, para que não seja jogado às futuras gerações como fictício. A amizade tem que ser preservada e respeitada, mas o tema “cangaço” merece mesmo discussão, não no intuito de brigas e desmoralização com os que navegam no mesmo barco.
Quanto a morte de Lampião não ter acontecido na grota de Angico, isso é conversa sem fundamento. Mas sobre isto, o senhor Paulo Gastão em nenhum momento ele relata que Lampião escapou da chacina de Angico.
Apesar de morarmos na mesma cidade, e já fiz compras em sua empresa, o conheço apenas através de foto, mas se ver que o escritor Paulo Gastão é um homem calmo e bastante educado. Tenho certeza que se ele quiser falar alguma coisa sobre o assunto, será com muita elegância.

José Mendes Pereira – Mossoró-RN.

José Mendes Pereira disse...

Sobre o livro que foi lançado na própria "SBEC", com muito respeito à pessoa do Paulo Gastão, confesso a minha discordância, ele não deveria ter aceitado a publicação de um livro contrário aos estudos dos demais historiadores.

Qual a razão da minha discordância?

O tema "Cangaço", desde da fundação da sociedade, ver-se que ele vem crescendo, multiplicando o número de pessoas interessadas, quer seja no nordeste, como em todo Brasil.

Uma publicação contrária ao que já escreveram, com certeza, muitos brasileiros irão imaginar que tudo que registraram antes, não passou de farsas, coisas inexistentes, isto é, fictício.

O escritor Paulo Medeiros Gastão, talvez não estivesse acreditando muito na Sociedade, e por essa razão, aceitou o lançamento do livro, que para mim, a ficção está escrita nele.

Não estou me referindo ao que disse Paulo Gastão sobre a Grota de Angicos, isso pertence a ele, e que na verdade, sobre depoimentos de alguns cangaceiros, fantasiaram uma parte de informações.

Mas como todos nós somos sujeitos ao erro, o escritor deve ter deslizado um pouco, ou por respeito ao senhor que escreveu o livro protestando a morte de Lampião na grota, baixou a cabeça diante dele e disse: "Lança teu livro, já que o sol é para todos".

Mas, repito, o Paulo Gastão aceitou o lançamento do livro por não acreditar que a Sociedade se expandisse em todo Brasil.

Escritor Paulo Medeiros Gastão, mesmo não o conhecendo, o respeito muito, e o considero um grande memorialista do cangaço.

José Mendes Pereira - Mossoró-RN

Unknown disse...

Penso que toda descorberta que venha modificar a história de um fato, deverá ser investigada minuciosamente, para se provar o contrário. Sinceramente não sei o que levaria um homem, a mostrar seu trabalho diante de verdadeiros cientistas sobre o assunto. Porém devo dizer que já li diversos livros sobre o cangaço onde a maioria dos autores fazem parte da SBEC. Alguns deles falam sobre a baixa do grupo de Virgínio e sua companheira Durvinha, assim como, um cabra chamado Moreno. Quase 70 anos depois ressurgem vivos Moreno e Durvinha. Angicos guarda sim muitos mistérios.

JEOBLOG disse...

para comprovar ou refutar o fato, bastava um simples teste de dna com material extraído do cadaver do suposto Lampião de buritis comparado com material genético de descendentes diretos de lampião