Dentre todos os personagens desta encantadora história do nordeste; um em especial nos chama a atenção: Beato José Lourenço. Paraibano de nascimento e chegado ao Juazeiro do Padre Cícero ainda em 1890, Zé Lourenço viria a se tornar um dos mais destacados líderes religiosos do nordeste. A partir de orientações de Padre Cícero, Zé Lourenço conseguiu arrendar um lote de terra no sitio Baixa Dantas, no município do Crato, ali com ajuda dos inúmeros romeiros enviados pelo sacerdote, transformaria o lugar em um importante produtor e fornecedor de alimentos aos mais desvalidos que acorriam à Meca nordestina.
Imagens por: Manoel Severo
Em 1926 após a venda do Sítio Baixa Dantas o beato e seus seguidores partem para o Sítio Caldeirão da Santa Cruz do Deserto, também em Crato. Começava a se construir uma das mais destacadas e polêmicas experiências comunitárias da história do Brasil, assim como em Canudos de Antônio Conselheiro; ali o trabalho sob a liderança do beato Zé Lourenço e ainda de dois de seus mais fiéis seguidores: Isaías e Severino Tavares; acabou trazendo para o Caldeirão nos seus quase 500 hectares, cerca de mil e quinhentas pessoas.Era o ano de 1934 e após a morte de Padre Cícero o suplício dos seguidores de Zé Lourenço iria chegar ao clímax. Já em 1935 o movimento da Intentona Comunista acabaria indiretamente contribuindo para que o poder central declarasse guerra ao Caldeirão. Depois de intensa campanha e luta, os seguidores de José Lourenço viriam a ser atacados pelas forças do governo, à frente estavam o tenente José Góis de Campos Barros e o Chefe de Polícia, Capitão Cordeiro Neto, era o ano de 1937, posteriormente haveria o massacre, onde perderiam a vida perto de mil pessoas, entre homens, mulheres, velhos e crianças, fala-se até de um polêmico e “desmentido bombardeio” por parte do Brigadeiro Macedo.
Brigadeiro Macedo em foto do Acervo de Hilário Luceti (ICC)
O beato consegue se retirar para terras do Exu no visinho estado de Pernambuco e viria a morrer no dia 12 de fevereiro de 1946. Seu corpo é conduzido de volta a Juazeiro do Norte por seguidores a pé, ali seria sepultado no Cemitério do Socorro onde jaz o corpo de seu mentor, Padre Cícero Romão Batista.
5 comentários:
Tive a grata satisfação de fazer parte da Caravana Cariri Cangaço, na tarde histórica de 25.09.2009. A grande mesa de debate em torno do Tema Caldeirão, teve a presença da elite de escritores e estudiosos do Cangaço de todo o Brasil. Destaco a BRILHANTE participação do Professor Domingos Sávio.
Foi sem sombra de duvida, o momento mais emocionante de todo o Congresso.
Assis Nascimento
Socio da SBEC
SÍTIO CALDEIRÃO, O ARAGUAIA DO CEARÁ:
No CEARÁ, para quem não sabe, houve também um crime idêntico ao do “Araguaia”, contudo em piores proporções, foi o MASSACRE praticado por forças do Exército e da Polícia Militar do Ceará no ano de 1937, contra a comunidade de camponeses católicos do Sítio da Santa Cruz do Deserto ou Sítio Caldeirão, que tinha como líder religioso o beato JOSÉ LOURENÇO, seguidor do padre Cícero Romão Batista.
A ação criminosa deu-se inicialmente através de bombardeio aéreo, e depois, no solo, os militares usando armas diversas, como fuzis, revólveres, pistolas, facas e facões, assassinaram mulheres, crianças, adolescentes, idosos, doentes e todo o ser vivo que estivesse ao alcance de suas armas, agindo como feras enlouquecidas, como se ao mesmo tempo, fossem juízes e algozes.
Como o crime praticado pelo Exército e pela Polícia Militar do Ceará foi de LESA HUMANIDADE / GENOCÍDIO / CRIME CONTRA A HUMANIDADE é considerado IMPRESCRITÍVEL pela legislação brasileira bem como pelos Acordos e Convenções internacionais, e por isso a SOS - DIREITOS HUMANOS, ONG com sede em Fortaleza - Ceará, ajuizou no ano de 2008 uma Ação Civil Pública na Justiça Federal contra a União Federal e o Estado do Ceará, requerendo que sejam obrigados a informar a localização exata da COVA COLETIVA onde esconderam os corpos dos camponeses católicos assassinados na ação militar de 1937.
Vale frisar que a Universidade Federal do Ceará – UFC, no início de 2009 enviou pessoal para auxiliar nas buscas dos restos dos corpos dos guerrilheiros mortos no ARAGUAIA, esquecendo-se de procurar na CHAPADA DO ARRARIPE, interior do Ceará, uma COVA COM 1000 camponeses.
Seria discriminação por serem as vítimas do SÍTIO CALDEIRÃO “meros nordestinos católicos”?
Diante disto aproveitamos a oportunidade para pedir o apoio de todos os cidadãos de bem nessa luta, no sentido de divulgar o CRIME PERMANENTE praticado contra os habitantes do SÍTIO CALDEIRÃO, bem como, o direito das vítimas serem encontradas e enterradas com dignidade, para que não fiquem para sempre esquecidas em alguma cova coletiva na CHAPADA DO ARARIPE.
Dr. OTONIEL AJALA DOURADO
OAB/CE 9288 – (85) 8613.1197
Presidente da SOS - DIREITOS HUMANOS
www.sosdireitoshumanos.org.br
A Programação do Caldeirão do Deserto nos trouxe esclarecimentos importantes e que nos causavam muitas dúvidas, por exemplo, pensava que ali havia tido um massacre, o que realmente viria a acontecer na Mata dos Cavalos, na serra do araripe, estou certo....
Professor Mario Helio
É verdade que o Brigadeiro Macedo, esse mesmo Macedo do Caldeirão, foi combater Lampião no Raso da Catarina e quando chegou lá, não teve coragem de enfrentar o lider cangaceiros? Com a palevra vcs...
Obrigado, Evandro Marcos - Iguatu
Rapaz essas fotos do sítio caldeirão estão muito boas, por favor se vcs tiverem mais imagens favor coloquem no Blog.please....please
obrigada,
Shintya (URCA - Barbalha)
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