Cariri Cangaço Paulo Afonso 2022 chega a Malhada da Caiçara e ao Museu Casa de Maria Bonita !


A joia da coroa ! Quando nos referimos a essa expressão estamos dando ênfase ao que temos de melhor. Em Paulo Afonso temos uma manancial inesgotável de cenários importantes e vitais dentro da historiografia do cangaço, além de inúmeros personagens que escreveram com sangue, suor e lágrimas algumas dessas trágicas paginas sertanejas, entretendo nossa joia da coroa tem nome e sobrenome: 
Maria Gomes de Oliveira, a Maria do Capitão ! nascida bem ali na terra do condor, numa pequena fazenda no povoado de Malhada da Caiçara, zona rural da bela Paulo Afonso... 

Ingrid Rebouças e João de Sousa Lima no Museu Casa de Maria Bonita

Ainda do povoado do Riacho (25km do centro de Paulo Afonso pela BR110) se passa pela Vila de Dona Generosa e mais 13km de estrada de terra, chegamos ao solo sagrado berço da rainha do cangaço; Maria Bonita. Naquela época, final de 1929 e começo dos anos 30, Lampião já havia se tornado presença constante no terreiro de seu Zé de Felipe e dona Déa; Maria Joaquina Conceição Oliveira; principalmente pela ligação que mantinha com o coiteiro Odilon Café. Nessas idas e vindas o destino acabaria pregando uma peça no maior de todos os cangaceiros e a partir dali a historia do cangaço seria contada de outra forma, nascia a presença das mulheres, de forma efetiva, nos bandos cangaceiros e o casal mais famoso dos sertões.

João de Sousa Lima, Ingrid Rebouças e Manoel Severo
João de Sousa Lima no Museu Casa de Maria Bonita

Novamente anfitrionados pelo Conselheiro João de Sousa Lima, presidente da Comissão Organizadora do Cariri Cangaço Paulo Afonso 2022, chegar à Malhada da Caiçara e ao Museu Casa de Maria Bonita, é como voltar no tempo, é como se a qualquer momento a jovem Maria de Déa; que era a segunda filha do casal Zé de Felipe e dona Déa; saísse por uma daquelas portas e se colocasse debruçada em uma das singelas janelas da casa restaurada... Maria, com 18 anos na época em que conheceu Virgulino Lampião, já vinha de um primeiro casamento fracassado com um primo, o sapateiro Zé de Nêne, e a partir daqueles primeiros encontros com o chefe dos cangaceiros nasceu o romance maia famoso do cangaço e eternizado pela literatura de cordel e cantadores dos mais distantes rincões sertanejos. 


"A construção — uma casa de reboco de 50 metros quadrados — abrigou a cangaceira de 1911 a 1929, quando ela conheceu Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião. Depois de passar por uma restauração, o imóvel virou ponto turístico da cidade, em 2006. Até hoje na vizinhança da casa ainda vivem os parentes da família de Maria Bonita. No local, estão expostos alguns objetos da família, da história de Maria Bonita e reproduções de fotos dos cangaceiros."


Maria Déa, A Bonita Maria de Lampião, ou Maria Gomes de Oliveira, nasceu no dia 8 de março de 1911, no Sítio Malhada do Caiçara, em Curral dos Bois, atual Paulo Afonso, filha de José Gomes de Oliveira, conhecido como Zé Felipe e Dona Maria Joaquina, conhecida como Dona Déa. Era a segunda numa família de dez irmãos. Casou ainda muito cedo, aos 15 anos de idade com o primo, José Miguel da Silva, o Zé de Nêne, sapateiro e reconhecido boêmio da região. Naquela época já era notório o forte gênio da morena filha de Zé Felipe, costumeiramente o casal estava envolvido em brigas fundamentalmente em função do ciúme de Maria. Sempre que brigavam a jovem se abrigava na casa dos pais; foi justamente em uma dessas oportunidades que em 1929 teria havido o primeiro contato de Maria Déa com o Rei dos Cangaceiros, Virgulino Ferreira. Naquele dia Virgulino passaria pelas terras do Sítio Tara do conhecido coiteiro Odilon Martins de Sá, vulgo Odilon Café, e depois se dirigiria para as terras da Malhada do Caiçara, ali por longos meses havia construído uma sólida base de sustentação em terras baianas, estava entre amigos. Ao se despedir da família de Zé Felipe se dirige à morena Maria e pergunta se sabe bordar, ato contínuo deixa alguns lenços de seda para o ofício da sertaneja, prometendo voltar em breve para buscá-los. Parece-nos que já naquele momento o destino começava a traçar suas linhas na direção da maior mudança da história do cangaço: a entrada das mulheres nos bandos cangaceiros. E assim; Maria, Durvinha, Aristéia, Moça, Adília, Dadá, Enedina, Cristina, Lídia, Eleonora, Quitéria, Adelaide, Nenem, Sila, Rosinha... mudariam para sempre a feição do cangaço nordestino de Virgulino Lampião.

Para Manoel Severo, "sem dúvidas uma das visitas mais aguardadas de nossa programação do Cariri Cangaço Paulo Afonso 2022, será essa ao Museu Casa de Maria Bonita. Chegando aqui é como se estivéssemos sendo transportado no tempo. Já estive aqui ao lado do João de Sousa inúmeras vezes mas sempre é uma emoção diferente. O lugar tem um magnetismo absolutamente forte. Agora é aguardar o mês de março e vir conosco neste grande Cariri Cangaço Paulo Afonso.

CARIRI CANGAÇO PAULO AFONSO 2022
24 a 27 de Março de 2022
Paulo Afonso
BAHIA-BRASIL

Redação Cariri Cangaço

Paulo Afonso; 16 de Dezembro de 2021

Um comentário:

Maria Gelza Rocha F. de Carvalho disse...

Muito interessante esse texto sobre a casa de Maria Bonita. Uma dúvida. Com o arrombamento ocorrido em 2016, com roubo de várias peças, ainda existem objetos originais que pertenceram a Maria Bonita? Viagens turísticas para Paulo Afonso são organizados em Recife,Pe?