Sobre o Ataque de Sabino a Cajazeiras
Na sombria tarde de 28 de setembro de 1926, a cidade de Cajazeiras localizada às margens do Açude Grande, tendo à frente a Igreja Matriz e ao lado esquerdo o Colégio Padre Rolim, mais à frente as casas comerciais e residências, no silêncio da espera, desperta aos tiros das armas do cangaceiro Sabino Gomes e seus asseclas.
Sabino Gomes teve a coragem de atacar a cidade de Cajazeiras, que tinha aproximadamente mais de 5.000 habitantes, e que através das autoridades da terra do Padre Rolim, como sejam Prefeito e o representante da força policial, tinham preparado estratégias para frustrar o ataque, além do juiz da cidade pedir reforço ao Presidente do Estado.
As autoridades tiveram conhecimento da marcha dos bandoleiros através de telegramas expedidos por parentes residentes nas cidades do Cariri cearense, informando-os que Lampião à frente de 100 homens, teria atravessado a região em direção à Paraíba, visando Cajazeiras.
Na verdade, quem marchou para a cidade de Cajazeiras foi Sabino Gomes, Sabino Gomes de Góes conhecido no mundo do cangaço como feroz guerrilheiro Sabino das Abóboras, lugar-tenente de Lampião, patente recebida em 06 de março de 1926, na cidade de Juazeiro do Norte, Ceará, para lutar contra a Coluna Prestes.
A cidade se preparou tão bem que foram os primeiros a assassinarem três homens do Bando de Sabino, que estiveram na cidade para observar o movimento e repassar as informações.
Depois de três anos, estava de volta à Cajazeiras Sabino sob a chefia de 22 asseclas. Entre eles estavam: Laurindo, Mariano, Bom Deveras, Bentivi, Dois de Ouro, Rio Preto, Picapau, Euclides, Formiga, Braúna, Namorado, Gusmão, Maçarico e outros. Esse era um momento muito aguardado por Sabino!
Sabino e o seu bando iniciaram suas façanhas através dos Sítios: Marimbas, Tambor, Redondo e Baixa Grande onde fizeram uma parada. No sítio Baixa Grande, assassinou dois agricultores: Raimundo Cassimiro e seu filho Chico Cassimiro. Esta notícia se espalhou rapidamente assombrando a população dos recantos do município e principalmente a população de Cajazeiras.
Vários escritores, já descreveram o itinerário quando da entrada de Sabino à terra de Padre Rolim, iniciando pelo Sítio Remédios (atual bairro Remédios) com parada na casa de Luiz Boca-Aberta; desceram pela rua Cel. Vital Rolim, antiga Matança (atual Dr. Coelho), onde assassinaram, com um tiro na cabeça, um policial que fazia correição de animais soltos nas vias públicas.
Vista aérea atual da cidade de Cajazeiras, na Paraíba
A gritaria e os disparos amedrontavam a cidade. Nas proximidades do Prédio Vicentino, ex-Cine Pax, mataram Cícero Ferreira Lima, vulgo Pé de Cágado, que teve a ousadia de responder a Sabino que não tinha medo nem de cangaceiro nem de Lampião.Em seguida entraram pela rua do comércio, atual Padre José Tomaz, até a Praça Coração de Jesus, entrincheirando-se na Igreja do mesmo nome, enquanto os defensores encontravam-se entrincheirados nas ruas Sete de Setembro, atual Av. Presidente João Pessoa, e Tenente Sabino com a rua do Comércio, acontecendo um cerrado “fogo”. No calor do “fogo”, Sabino junto aos seus companheiros, deu exemplo de bravura pessoal, correndo pela rua, atirando ora com mosquetão, ora servindo-se do rifle papo amarelo, que acendia lampejos de fogo, refletindo uma fúria monstruosa. Na verdade, um grande guerrilheiro! Os defensores encontravam-se em posição privilegiada para o avanço dos bandoleiros, que tiveram que recuar pela rua da Tamarina e na passagem assassinaram o alfaiate Eliezer. Seguiram pela Travessa S. Francisco, entraram na rua Quinze de Novembro e atacaram a casa de Major Epifânio Sobreira, arrolado como um dos ricos da cidade. O Major reagiu ao ataque com ajuda de seu empregado José Inácio da Silva, mas mesmo assim foi ferido. O grupo avançou para a rua Sete de Setembro, atual Av. Pres. João Pessoa, quando foram surpreendidos pela misteriosa explosão da Usina de Força e Luz, instalada ao sopé da barragem do Açude Grande, sob a direção técnica de José Sinfrônio Assis, levando os bandoleiros a recuarem. Pensava eles ser reforço e era regra no cangaço recuar, quando o combate se tornava confuso ou incerto.
O principal objetivo do ataque de Sabino à Cajazeiras era VINGANÇA, por ter sido vítima de emboscada por policiais, tendo como responsável o soldado reformado Lourenço Dunga; em seguida prender o prefeito Sabino Rolim e o Dr. Draenner engenheiro das Secas, para pedir resgate. O saque ao comércio e as casas dos ricaços era praxe quando dos ataques dos cangaceiros; e por fim também vingar-se do velho conhecido ex-cangaceiro Raimundo Anastácio que aliou-se às autoridades policiais, passando todas as informações sobre o ataque.
Apesar da resistência formada por vinte e cinco homens, em primeiro plano Tenente Elias Fernandes (Delegado de Policia) e quinze soldados; mais: Romeu Menando Cruz, Pe. Gervásio Coelho, Joaquim Sobreira Cartaxo (Marechal), Bacharel Praxedes Pitanga, Jaime Carneiro, Raimundo Anastácio, Major Epifânio Sobreira, José Sinfrônio Assis e José Inácio da Silva, a cidade viveu as agruras do ataque que deixou marcas indeléveis. O soldado Lourenço pagou com a vida pelo que fez a Sabino. A casa de Raimundo Anastácio foi destruída, e quando da fuga, o grupo incendiou a residência de Martinho Barbosa e saquearam as residências de: Dr. José Coelho Sobrinho, do médico Dr. José Jorge Almeida, Manoel Pinheiros e do comerciante Júlio Marques entre outras.
Dom Moisés Sinezano Coelho, Bispo de Cajazeiras em 1926
O célebre e afamado Sabino com o seu bando, levou a cidade a viver mais de cinco horas de pavor. Inúmeras famílias, por medo, fugiram para as proximidades do município, pois os cangaceiros não usavam de piedade. A Igreja, na pessoa do Bispo D. Moisés Coelho, tomou como arma a oração pela cidade e pelos cangaceiros, porque afinal os cangaceiros eram filhos de Deus e vítimas das injustiças sociais.
Sabino era pernambucano, veio para Cajazeiras, através do importante político e comerciante, além de ser proprietário do Jornal “O Rebate”, Cel. Marcolino Pereira Diniz, com quem tinha uma forte ligação. Tempos depois trouxe também suas quatros filhas (Maria, Geni, Alaíde – Nazinha - e Maria de Lourdes – Delouza, e a sua mãe, Maria Paulo, à qual as pessoas chamavam carinhosamente de Vó.
Dra.Francisquinha; penultima à nossa direita, por ocasião do Cariri Cangaço
Sabino era um homem cujas decisões se davam pela ponta do punhal ou do rifle. O guerrilheiro Sabino fez a sua historia pelas armas. E a partir do meado da década de 20, no Sertão, uma toada muito conhecida veio a imortalizá-lo.
Lá vem Sabino
Mais Lampião
Chapéu quebrado
Fuzil na mão
Lá vem Sabino
Mais Lampião
Chapéu -de- couro
E Fuzil na mão.
Dra. Francisca Perreira Martins Gomes
Pesquisadora, sócia da SBEC; neta do Cangaceiro Sabino.
Livros consultados:
Carcará – Ivan Bichara
Guerreiros do Sol – Frederico Pernambucano de Melo
Carcará – Ivan Bichara
Guerreiros do Sol – Frederico Pernambucano de Melo
A Cajazeiras que Vi e onde Vivi (Memórias) Antonio Costa Assis
Historia da Medicina em Cajazeiras – Luiz de Gonzaga Braga Barreto
Fonte:sbec-mossoro.blogspot.com
16 comentários:
Sabino Gomes ou Sabino Goré, um dos mais ferozes e braço direito de Lampião por muito tempo. Esse ataque a Cajazeiras, penso que talvez pudesse ter o clâ de Zé Pereira de princesa e Macolino Diniz por traz, como um subterfúgio para as disputas políticas e não apenas as questões de vigança.
abraçoa todos,
Professor Mario Helio
Tomei a liberdade, no próximo dia 26, vou postar esta mensagem no meu blog.
Claudiomar Rolim
http://fnorronha.blogspot.com/
Só acho que o termo "guerrilheiro" destoa um pouco da atuação específica do cangaceiro...
Guerrilheiro foi Guevara, através do foquismo, e com objetivo político-ideológico bem definido.
No mais, o artigo está muito bem elaborado.
Abraço
Sérgio.'.
Cara Francisquinha, parabéns pelo o artigo. A escolha do título não poderia ser melhor e mais preciso.
Guerrilha, do espanhol "guerrilla", diz respeito a pequenas guerras, combates. Um tipo de guerra não convencional no qual a principal estratagema é a ocultação e extrema mobilidade dos combatetentes "guerrilheiros".
Segunda a históriografia, o guerrilheiro é em geral o indivíduo que não teve uma formação militar formal, vivem e combatem em uma determinada região, região esta permeada por toda sorte de adversidades, onde os perigos são intríseco ao seu cotidiano.
Em síntese e sob o prima da historiografia, penso que Sabino foi um guerrilheiro arretado!
Juliana Ischiara
Quixadá-CE
Cara Francisquinha, muito bom o seu artigo. Fez-me lembrar de visita que fizemos a Cajazeiras juntamento com outros amigos aqui de Mossoró, e que voce e o Professor Pereira tão bem nos recebeu. Andamos todas as ruas citadas em seu artigo e nos emocionamos com a riquese de detalhes dos fatos ali ocorridos.
Parabéns e um feliz Ano Novo.
Assis Nascimento // Mossoró(Rn)
É. Talvez ate com o Manifesto Comunista ou O Capital dentro do bornal. Marxista puro, já que hoje tudo eh possível.
O bom de espaço assim eh que a gente aprende.
Abraço
Bruno Tavares
Etmologicamente está correto, Sra. Juliana. Parabéns. Pertinentíssima sua observação.
Mas, por outro lado, tenho que referendar que o termo GUERRILHEIRO, em seu sentido mais puro e atual, estaria associado somente a alguém que luta por uma ideologia política. Para mim esse não seria o caso dos cangaceiros.
Sou pouco conhecedor das intermináveis histórias do cangaço, mas não vejo presente nenhum tipo de ideologia neste movimento.
Se formos buscar a significação do termo nas nossas raízes linguísticas ibéricas, a partir do Latim vulgar (este que deu orígem ao Português, Italiano, Romanche, Galego, Catalão, Francês, Provençal, Romeno e até o Espanhol que a Sra. citou), aí sim poderemos afirmar que a aplicação do referido vocábulo GUERRILHEIRO procede.
Mas, ideologicamente, não. Sou marxista insistente e teimoso e jamais consegui enxergar algo pró-sociedade nesse movimento armado.
Feliz 2010 a todos.
Parabéns pelo Blog.
Adauto Souto
Professor de Língua e Literatura Portuguesa.
Fortaleza/CE
Caro Professor Adauto,
Mesmo compreendendo a colocação da Sra Juliana de quixadá, vou ter que concordar com o que o senhor coloca; não consigo enxergar nem em momento algum o carater ideologico do cangaço. Era, como fala Frederico Pernambucano: Sem Lei nem Rei, e também sem nenhum cunho ideologico.
Sabino tem-se como um violento cangaceiro, mas talvez o termo guerrilheiro não seja o mais apropriado.
Carla Iuri - Joboatão Pe
Prezada Carla:
Pouco ou nada sei sobre Sabino, mas uma coisa afirmo: nem ele ou cangaceiro algum tinha o mínimo de aprofundamento teórico para entender a extensão de termos como ideologia ou guerrilha. A coisa era definida mesmo com os nomes de combate, tiroteio, refrega ou mesmo o vulgar nome de FOGO. Fogo feito de emboscada e com finalidade de matar o maior número de policiais que lhes fosse possível.
Mas como estamos em um país democrático, apesar do atual governo querer a todo custo cassar essa democracia, cada um fala o que pensa. Mesmo sendo algo fora de contexto.
Feliz 2010 para você.
Adauto M Souto
Nossa! Vim aqui conferir para acreditar: estou de fato assombrado com a cruz que me colocaram por conta da interpretação pessoal de uma palavra.
Só me resta agradecer à professora Juliana pela aula.
Acabei de cometer mais um erro crasso. Que coisa..
Todavia, o que sei que é 'certo' é que o mestre/amigo/consultor Frederico Pernambucano de Mello está 'certo'. E muito certo!
(E cada um entenda como quiser).
Até um dia.
Sérgio Dantas.'.
A priori quero agradecer pelo oportunidade do debate. Penso ser uma forma agradável e salutar de se aprender. Como não tenho uma bagagem de conhecimento a altura dos que aqui se fazem presente, só tenho a agradecer pelo o muito que tenho aprendido.
Professor Adauto, obrigada por sua brilhante exposição. Ratifico que em nenhum momento disse que Sabino ou qualquer cangaceiro tivessem ideais políticos ideológicos. O termo "guerrilheiro" passou a ser usado na América Latina nos idos de 1810, salvo melhor juízo, Guevara ainda não havia nascido. Sendo o senhor professor de literatura, sem sombra de dúvidas, tens mais conhecimento que eu, em sendo assim, obrigada pela correção.
Carla, obrigada. Mas estás certa em concordar com o nobre professor. Por isso tenho a humildade de reconhecer minha ignorância, me dispondo sempre à aprender.
Dr. Sergio, se parece uma aula, não foi minha intenção. Quando postei o comentário não havia atentado para o vosso, caso tivesse visto não teria postado. Conheci Francisquinha por ocasião do Cariri Cangaço,a vejo como uma boa pessoa. Se existe alguém a quem so colocou uma cruz, com certeza não foi no senhor.
Em sintése, o senhor não cometeu nenhum erro crasso, pelo contrário, seu comentário foi muito pertinente, certíssimo, assim como o excelente artigo que o senhor postou, parabéns!Me parece que, quem está sempre a cometer erros crassos sou eu, principalmente por querer medir a sensibilidade e a benevolência de alguns usando a mesma régua que uso para medir a minha.
Graças a Deus não estou mais na adolescencia para me achar detentora de um saber absoluto e ou inatigível, não vejo a crítica ao que eu escrevo como algo pessoal, como uma peseguição a minha pessoa, vejo como algo construtivo e recebo um estímulo de bom grado.
Obrigada
Juliana Ischiara
Quixadá-Ceará
REPITO: O que sei que é 'certo' é que o mestre/amigo/consultor Frederico Pernambucano de Mello está 'certo'. E muito certo!
Até um dia.
Sérgio Dantas.'.
cesarriccetto@bol.com.br
Realmente fantástico poder saber algo mais.
Passei a admirar a história do cngaço quando me casei e conheci a Vó de minha esposa, nascida em Pernambuco no ano de 1901 que afirmava ser prima de Sabino Gomes.
Ela contava que quando chegavam na fazenda onde vivera, Sabino usava um lenço de seda verde amarrado ao pescoço e sempre a tirava para dançar.Que era muito educado e não gostava que lhe tirassem retrato.Pois dizia que dava azar.Talvez seja esse o motivo de não termos fotos com sua presença.
É isso aí, um grande abraço a todos.
"Guerrilheiro" mata gente inocente também?
Não sei se os cangaceiros foram ou não guerrilheiros, posto que o termo guerrilheiro trás agregado ao seu conceito características como, objetivos ou ideais políticos e sociais. Em sendo assim, não é minha pretensão querer conceituá-los.
O cientista social, Billy Jaynes Chandler em sua obra ‘Lampião o rei dos cangaceiros’, diz:
Lampião (...). Era um sujeito muito astucioso, um verdadeiro guerrilheiro, que enganou e venceu as focas policiais tantas vezes e tão habilmente, que o povo do sertão chegou a acreditar que fosse dotado de poderes extraordinários. (CHANDLER, Billy Jaynes.Lampião, o rei dos cangaceiros, Ed. Paz e Terra, 4ª Ed, RJ, 2003, Pág. 14.)
Tidos como guerrilheiros, os integrantes da as FARC, defendem ideais políticos baseados em inspirações comunistas. Seqüestraram nos últimos 10 anos, mais de seis mil pessoas, mantendo-os em condições sub-humanas. Usam estes reféns como moeda de troca em suas reivindicações, quando não atendidas, age com extrema violência e muitas vezes chegam a matar reféns.
Penso que a resposta para sua pergunta, caro Mandoca é SIM. Pois os reféns da as FARC, são médicos, engenheiros, cientistas, políticos e crianças, dentre muitos outros. Indivíduos que mesmo não tendo nenhum envolvimento direto ou indireto com o governo colombiano, são usados para atender os anseios dos tais “guerrilheiros”.
Juliana Ischiara
Amigo Adauto Mendes:
Assim como você, eu sabia muito pouco sobre o cangaceiro Sabino. Mas tive a oportunidade de saber como aconteceu a morte de Sabino Gomes, no Ceará (1929), lá na Fazenda de seu Antonio da Piçarra, um dos coiteiros de Lampião, através do amigo Francisco das Chagas do Nascimento (tesoureiro da SBEC - Sociedade Brasileira de Estudos do cangaço de Mossoró), em seu acervo, no ano de 2009.
Contou-me que no momento do ataque dos policiais ao bando de Lampião, lá na fazenda de Seu Antonio da Piçarra, Sabino levou a pior, pois foi atingido, sofrendo um enorme tiro no estômago, deixando-o sem condições de caminhar com os demais cangaceiros.
Sabino sabendo que não teria a menor chance de sobreviver, pediu a Lampião que o matasse, pois não estava mais aguentando as dores que ora o incomodavam.
- Capitão, eu não consigo mais suportar tamanhas dores... Por favor, mate-me!
Lampião não aceitou a sua solicitação dizendo:
-Eu num tenho coragi de matá um cumpanheiro meu e nem tão pouco ordeno aus meus cabras qui o mate.
Mas Lampião viu que a situação de Sabino Gomes era irreversível, e afastando-se um pouco do local, chamou um dos cabras e lhe disse:
-Tire as bala do revóve e intregue a eli, para a genti vê a sua atitude. Maiz veja si num ficou alguma.
- Sim senhor capitão. – Confirmou o cabra. Assim que o cabra desarmou a arma, engatilhou-a e entregou-a a Sabino Gomes. Não demorou. Ele a levou ao ouvido e apertou o gatilho. Mas como a arma estava descarregada, não aconteceu nada.
Lampião vendo que ele queria mesmo morrer, perguntou aos cabras:
-Quem di ocês teim coragi de sacrificá-lo?
-Eu não tenho. – disse um dos cabras.
- Eu muito pior tenho corage pra assassiná um amigo meu...
Nesse ínterim, Mergulhão disse:
-É meu amigo, mas ele não tem mais como viver... E voltando-se para Sabino perguntou-lhe... Você está ciente do que está nos pedindo?
-Mais do que ciente... Eu não consigo mais viver.
Ajeitaram um lugar seco e bem limpinho, levaram-no para lá e cobriram-lhe os seus olhos, evitando que visse o extermínio de sua prória vida.
Mergulhão deu o tiro de misericórdia na cabeça. E o Sabino Gomes foi embora para eternidade.
Em seguida, Lampião recolheu-se a um canto do coito, penalizado com o fim do amigo de tantos anos. Chorou sem presenciar o enterro do seu grande amigo.
José Mendes Pereira - Mossoró-Rn.
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