Fazenda Pitombeira e o Lendário Barão do Pajeú no Cariri Cangaço 2022

Cariri Cangaço visita a Fazenda Pitombeira, "feudo" do Barão do Pajeú

A tarde de 15 de dezembro de 2021; segundo dia de trabalho em Serra Talhada; marcaria um dos momentos mais marcantes do conjunto de visitas preparativas para o Cariri Cangaço Serra Talhada 2022. A Caravana liderada por Manoel Severo e Luiz Ferraz Filho seguiu para um dos cenários históricos mais emblemáticos de todo o Pajeú: A Fazenda Pitombeira, feudo do Coronel Andrelino Pereira da Silva, o famoso Barão do Pajeú. 

Luiz Ferraz Filho esclarece: "A Pitombeira era propriedade do coronel Andrelino Pereira da Silva, o Barão do Pajeú, que daqui  comandava toda a política de Serra Talhada e região, na segunda metade do século XIX e início do século XX. Foi aqui que dentre outros importantes momentos, o Barão hospedou várias autoridades e personalidades sertanejas, tais como o Padre Cícero Romão Batista na viagem que fez para Roma-ITA e o juiz de direito paraibano, Augusto Santa Cruz."

Coronel Andrelino Pereira da Silva, o Barão do Pajeú. Nasceu em 1823, proprietário fundador da fazenda Pitombeira, em Serra Talhada, filho do Comandante Superior Manuel   Pereira, a fazenda pitombeira foi destaque na história do Pajeú, aclamado Barão em dezembro de 1888, substituiu o pai no comando político local, foi primeiro Prefeito de Vila Bela, entre os anos de 1892 a 1895, faleceu no ano 1901.

A Fazenda Pitombeira era um grande latifúndio de 12 mil hectares, que compreendia as Fazendas Caiçara, Ipueira, Cedro e Belém, esta última herança que o Barão do Pajeú recebeu do seu pai, o comandante-superior Manoel Pereira da Silva, o mesmo, responsável pelo ataque aos fanáticos da Pedra do Reino em maio de 1838. Por ocasião da visita, a caravana Cariri Cangaço foi recebida brilhantemente pelo atual proprietário; Antônio Alves Filho, seu Antônio Caiçara; empresário serra-talhadense do  grupo Pajeú Nordeste ; ao lado de sua esposa dona Zélia Pereira, neta e herdeira do major Isidoro Conrado de Lorena e Sá; ex-prefeito de São José do Belmonte e que comprou a Fazenda Pitombeira em 1911 ao coronel Antônio Andrelino Pereira da Silva, filho do Barão do Pajeú.

Fazenda Pitombeira, imagens atuais do feudo que pertenceu ao 
emblemático Barão do Pajeú, coronel Andrelino Pereira da Silva.

"Da família a qual pertencia, sobressaiu-se Andrelino, agraciado com o título de “Barão de Pajeú” por decreto imperial de 1º de dezembro de 1888. O referido barão chefiou, desde o Império, o Partido Conservador em Vila Bela. Muito rico dizem que possuía nas velhas arcas de cedro da Fazenda Pitombeira, trezentas redes, com que haveria de hospedar qualquer caravana" comenta Valdir Nogueira.


Um Pouco dos personagens do Clã Pereira do Pajeú:

O capitão José Pereira da Silva (Cap. Zezinho) patriarca da maior parte dos Pereiras do Pajeú, é quem inicia essa saga do clã na região, que depois é exercida por muitos outros de seus descendentes, figuras como: Cap. Simplício Pereira da Silva, considerado por muitos o maior revolucionário do sertão; Vitorino Pereira da Silva, foi presidente da câmara em Vila Bela; Manoel Pereira da Silva, Coronel da Guarda Nacional, Comandante Superior das Ordenanças de Flores, Ingazeira e Vila Bela, Cavaleiro de Cristo e Comendador da Imperial Ordem da Rosa; Andrelino Pereira da Silva (Barão do Pajeú), primeiro prefeito de Vila Bela, hoje Serra Talhada-PE; Antônio Andrelino Pereira da Silva filho do Barão, terceiro prefeito de Vila Bela; Manoel Pereira da Silva Jacobina (Padre Pereira), segundo prefeito de Serra Talhada; Major Sebastião Pereira da Silva; Arcôncio Pereira da Silva, bacharel e primeiro deputado provincial da família; Tenente Coronel José Sebastião Pereira da Silva, primeiro prefeito de São José do Belmonte-PE; Antônio Cassiano Pereira da Silva, segundo prefeito de São José do Belmonte."

Manoel Severo, curador do Cariri Cangaço, ressaltou a importância da visita; "estamos muito gratos ao seu Antônio Caiçara e a dona Zélia por nos anfitrionarem de forma sensacional neste que sem dúvidas, é dos cenários mais preciosos de toda a história de Serra Talhada e gostaríamos de parabenizar a família por todo o zelo, cuidado e a espetacular manutenção deste extraordinário patrimônio histórico e arquitetônico, não só do Pajeú, nem de Pernambuco, mas de todo o sertão do Brasil. Parabéns !" 

Clênio Novaes, Adriano Carvalho, Junior Almeida, Antônio Caiçara,
Manoel Severo e Luiz Ferraz Filho.
Joaquim Pereira e Adriano Carvalho; representante dos dois clã se encontram na casa do Barão do Pajeú
Pesquisador José Francisco
Júnior Almeida

Palavras de Agradecimento do curador do Cariri Cangaço, Manoel Severo, ao proprietário e anfitrião, senhor Antônio Caiçara, durante a extraordinária visita do Cariri Cangaço a Fazenda Pitombeira; outrora, morada do Barão do Pajeú.


Imagens gentilmente cedidas por: Adriano Carvalho
Fonte: CONVERSAS & CONVIDADOS - Canal You Tube


lém do coronel Andrelino Pereira da Silva, o Barão de Pajeú, que era tio avô de Sebastião Pereira da Silva, o Sinhô Pereira, único chefe de Virgolino Ferreira da Silva, Lampião; seu filho, o coronel Antônio Pereira da Silva, também da Fazenda Pitombeira, que nasceu aos 11 de setembro de 1863 e foi o terceiro Prefeito de Serra Talhada (1898 a 1901) desde muito cedo esteve também presente nas contendas envolvendo a família Pereira. Seu nome ficou estampado nos anais da história, destemido e rico, lutava e financiava partes da logística nos momentos mais críticos das lutas envolvendo seu clã, já empobrecido, mudou-se para o Ceará, deixando para trás seu torrão natal, faleceu no distrito do Carmo, município de Belmonte, aos 16 de outubro de 1948.

Manoel Severo apresenta o Cariri Cangaço e agradece a acolhida 
na casa do Barão do Pajeú a seu Antônio Caiçara
Cariri Cangaço e o Café na Casa do Barão do Pajeú
Moustafá Veras, Vilson da Piçarra, Joaquim Pereira e Clênio Novaes

Recorremos ao site oficial da Família Pereira, em texto de Helvécio Neves Feitosa: (https://familiapereira.net.br/) para trazer um episódio que ilustra bem a presença forte da Fazenda Pitombeira no cenário histórico local da época em todo o Pajeú:

"Ulysses Lins de Albuquerque, em seu livro “Um Sertanejo e o Sertão“, conta que, em 1916, teve que voltar a Triunfo, de onde seguiu para Serra Talhada, Flores e Belmonte, na condição de coletor federal, quando arrecadava impostos de patentes de registro. Estava na companhia do cargueiro Manuel Salina. Naquela ocasião, relata a visita ao Coronel Antônio Pereira à fazenda Pitombeira. Informa o autor que Vila Bela estava agitada em virtude da questão surgida entre as famílias Pereira e Carvalho, rivais há quase um século. E, de 1905 até aquela data, alguns choques entre membros das duas famílias reacenderam o facho das discórdias.

Nas palavras do autor: "Viajando de Vila Bela para Belmonte, tive de almoçar na fazenda Pitombeiras, do coronel Antônio Pereira, filho do barão de Pajeú — coronel Andrelino Pereira da Silva. Fui muito bem tratado e admirei a agudeza de espírito da esposa do coronel Pereira — senhora inteligente e enérgica. 

O coronel mostrou-me o seu paiol de armas — mais de uma centena de bacamartes de espoleta, senão mais, guardados no sótão, com as respectivas cartucheiras. [Naquele tempo, havia poucos rifles no sertão e as armas antigas eram muito usadas]. Aqueles velhos arcabuzes — alguns de boca-de-sino — tinham a sua história: participaram muitos deles dos combates travados pelo coronel Manuel Pereira da Silva [pai do barão do Pajeú] e seu irmão Simplício, contra os liberais chefiados por Francisco Barbosa Nogueira Paes, na vila de Flores e na Serra Negra, numa luta que durou dez anos ou mais...


Simplício Pereira, apontado pelo jornalista João Brígido, do Ceará, como autor de mais de 50 mortes, ficou indignado ao ler o artigo, e, quando a mulher — que o interpela pelo motivo da zanga — lhe diz que ‘contando com os caboclos, uns índios por ele trucidados, ‘talvez passasse de 50 mortes’. Então ele retruca: ‘Ora, que besteira! Eu falo é em gente batizada!” De Pitombeiras segui para Belmonte, e entre aquela fazenda e a da Carnaúba — esta de propriedade do coronel Manuel Pereira Lins, primo de Antônio Pereira – encontrei diversos homens armados, mas aquilo não me surpreendeu, pois sabia que viviam em estado de alerta.

Pernoitei no povoado de Bom Nome, onde era intenso o comércio de borracha de maniçoba, cultivada em larga escala no município de Belmonte, onde existia em abundância aquela seringueira, em estado nativo. Uma riqueza que alguns anos depois entraria em colapso, com a queda vertical do preço do produto."

Vilson da Piçarra, Joaquim Pereira, Luiz Ferraz, Manoel Severo, José Francisco, Amélia Araújo, Adriano Carvalho, Criscelio, Valdir Nogueira, Clênio Novaes e Moustafa Veras
Luiz Ferraz Filho, Manoel Severo, José Francisco, Amélia Araújo, 
Adriano Carvalho e Criscelio
Adriano Carvalho, Vilson da Piçarra, Manoel Severo e Joaquim Pereira
Valdir Nogueira

É o pesquisador e escritor Valdir Nogueira, Conselheiro Cariri Cangaço, que relata: "na lendária Vila Bela de outrora, na saga da fazenda Pitombeira, vicejam muitas histórias relacionadas com o seu primitivo proprietário, o Barão do Pajeú; conta-se que durante o novenário da Padroeira Nossa Senhora da Penha, o rico barão escolhia a cada dia o tipo de animal de montaria em que a caravana partindo da Pitombeira, entre proprietários, familiares, vaqueiros e moradores, seguiria para participar das novenas na Matriz de Vila Bela. Dizia o barão: “Hoje iremos todos à novena em cavalos pampas pretos... amanhã em cavalos pampas castanhos...depois de amanhã em cavalos brancos...depois em cavalos melados...”,e assim por diante... 

Baronesa Verônica Pereira da Silva

O Barão do Pajeú casou duas vezes: a 1ª com Maria Osséria de Santo Antônio e a 2ª com a Baronesa do Pajeú, Verônica Pereira da Silva. No tempo do apogeu e esplendor da Fazenda Pitombeira, na larga varanda da velha casa de vivenda, sentada sobre um couro de boi curtido, passava horas a fio a Baronesa do Pajeú, matando o seu tempo numa almofada bastante abaulada fazendo renda de bilro. Certo dia, tendo encerrado uma conversa um pouco acalorada com Dona Marica Pereira, sua nora, falou a baronesa: “Olhe Marica, quando eu morrer, vou deixar o meu dinheiro para você queimar.”

O Barão do Pajeú faleceu a 30 de dezembro de 1901. Tempos depois, já doente e em tratamento com o afamado “Tio Cornélio de Sá” de Salgueiro, na época, o doutor de toda aquela região, não resistindo a uma forte infecção intestinal faleceu a Baronesa do Pajeú. Depois da sua morte, Dona Marica Pereira, julgando o que não teria mais importância e nem serventia resolveu queimar os pertences da baronesa. Entre os objetos destinados ao fogo, estava a velha almofada de fazer renda. Quando as chamas iam velozmente reduzindo tudo a cinzas, uma preta, antiga cozinheira da fazenda percebeu que junto com os resquícios chamuscados do enchimento da almofada, estava parte da fortuna da baronesa, ora detectada através de pedaços de algumas cédulas, já soltos no ar, dentro da fumaça escura se elevando no espaço. Entre os valores dos dez réis e dos mil réis, dos vinténs, dos tostões e dos cruzados, de uma enorme quantidade em dinheiro de cédulas da baronesa, foi tudo devorado pelo fogo. E cumpriu-se então o que a baronesa havia dito tempos antes: “Marica, quando eu morrer, vou deixar o meu dinheiro para você queimar.”

Registro da Visita do Cariri Cangaço à Fazenda Pitombeira, do Barão do Pajeú

E completa Valdir Nogueira: "nos tempos do Barão do Pajeú e do seu filho Coronel Antônio Pereira, a Fazenda Pitombeira continuava próspera e produtiva e se destacava, além da região do Pajeú como em todo alto e árido sertão pernambucano pela sua importância política, econômica e social. Opulento criador, a título de curiosidade a relação dos nomes de alguns animais deixados pelo fidalgo sertanejo, de acordo com seu testamento feito a 27 de agosto de 1901. Cavalos: Bebedor, Borborema, Borboleta, Bordado, Borrego, Cabeceira, Campina, Cravo-branco, Crumatá, Cruzeta, Cuidado, Dançarino, Lavandeira, Mancha, Marujo, Melado-bravo, Nevoeiro, Passarinho, Pensamento, Piáu, Pinto-macho, Raposão, Redondinho, Salvaterra, Tamborete e Vila-bela. Entre os burros: Beleza, Cajazeira, Castanhinho, Ceará, Cutia, Encardido, Enjeitado, Gazo, Pimpão, Quixaba e Tição. Entre as burras: Barra, Bonita, Castanha, Catolé, Fita-preta, Macaca e Praibana."  

CARIRI CANGAÇO SERRA TALHADA 2022
11 a 14 de Novembro de 2022
Serra Talhada - Calumbi
PERNAMBUCO-BRASIL

Redação Cariri Cangaço
Fazenda Pitombeira - Serra Talhada-PE; 
15 de Dezembro de 2021

Serra Vermelha: Passagem das Pedras, Fazenda São Miguel e o berço de Virgulino! Que venha o Cariri Cangaço Serra Talhada 2022


Dando prosseguimento ao segundo dia de trabalho do Cariri Cangaço em Serra Talhada, a comitiva partiu de Calumbi para a Visita Técnica ao Sítio Passagem das Pedras, à Fazenda Pedreira, e à Fazenda São Miguel, locais vitais e imprescindíveis dentro da programação a ser construída, pois trata-se da região berço de Virgulino Ferreira da Silva, vulgo Lampião.

O cenário é a mais pura manifestação da braba caatinga sertaneja. De longe se avista a majestosa Serra Vermelha, tão famosa e tão falada na vasta literatura do cangaço. Estando em Serra Talhada saímos pela rodovia que nos liga ao município de Floresta, cerca de 20 km de estrada vamos encontrar a "estrada José Saturnino", agora é entrar a esquerda e rodar mais uns 4 a 5 km até chegar ao Sítio Passagem das Pedras, aqui foi construída uma réplica da casa da avó de Virgulino, dona Jacoza. Nessas terras nasceria nos idos de 1898  o mais destacado cangaceiro de todos os tempos: Lampião. 

Manoel Severo, Anildoma e Luiz Ferraz Filho

Manoel Severo e Anildoma Willians
 Junior Almeida, Joaquim Pereira, Manoel Severo, Vilson da Piçarra e Moustafa Veras
Luiz Ferraz Filho entrega documento histórico onde consta a copia original do casamento civil de Zé Ferreira e dona Maria 
Anildoma, Rubelvan Lira, Otavio Cardoso, Vilson da Piçarra e Moustafa Veras

"Essa foi uma visita muito importante no sítio Passagem das Pedras, antiga moradia da família materna de Lampião; os Lopes; localidade vizinha do sítio Matinha onde residia Zé Ferreira e sua esposa Maria. Essas propriedades todas pertencentes a antiga Fazenda Ingazeira, da família Nogueira, banhadas pelo riacho São Domingos. Foi aqui, com os vizinhos Alves de Barros, da Serra Vermelha e da Fazenda Pedreira, o verdadeiro epicentro das questões que culminaram com o início do cangaço lampiônico. Hoje, nesta visita tivemos junto com Severo a oportunidade de entregar à Fundação Cabras de Lampião, o documento histórico onde consta a copia original do casamento civil de Zé Ferreira e dona Maria , realizado em setembro de 1900, tendo como testemunhas Saturnino Alves de Barros; pai de Zé Saturnino; e Manoel Ferreira ,tio paterno de Lampião." Ressalta Luiz Ferraz Filho.

Vilson da Piçarra, Moustafa Veras e Manoel Severo
Junior Almeida na  Casa de Dona Jacosa
Junior Almeida, Moustafa Veras e Otavio Cardoso

Em princípio ciceroneados pelo fundador da Fundação Cabras de Lampião, Anildomá Willians, mantenedor do espaço; os visitantes pisavam, muitos deles pela primeira vez, o cenário da região onde nasceu e cresceu o menino Virgulino e seus irmãos. De passagem e sem sair da trilha avistamos a casa do velho Saturnino e as ruínas da antiga casa-grande da fazenda Pedreira, pertencente ao filho, Zé Saturnino; primeiro inimigo de Lampião. Toda região foi palco de um dos mais emocionantes capítulos da história do cangaço.  

Dali a caravana partiu para as emblemáticas terras da fazenda São Miguel, recepção ficou a cargo do netos de José Saturnino. Ali um pedaço dessa história começava a ser contada. "Para nós da Caravana Cariri Cangaço Serra Talhada 2022, sermos recebidos pelos netos de Zé Saturnino é uma grande satisfação.

Manoel Severo, Espedito Alves de Barros; o Dito do São Miguel; o idealizador e construtor da Biblioteca Luiz de Cazuza e Valdir Nogueira
Junior Almeida, Clênio Novaes e Moustafa Veras



Clênio Novaes, Manoel Severo e Dorgival Alves de Barros (Doge), filho de Luiz de Cazuza

"Ontem falei com Assisão e estivemos pessoalmente com o amigo, vereador Francisco Pinheiro de Barros, e hoje ter aqui seus irmãos; Paulão e Espedito Alves de Barros, fechando a agenda oficial do Cariri Cangaço Serra Talhada com uma super visita a Fazenda São Miguel é uma grande honra. Na verdade esse compromisso assumimos ainda em fevereiro de 2017 quando fomos recebidos aqui no São  Miguel, pelo Assisão, pelo Pinheiro, dona Nádia, o Luiz Barros, o próprio Espedito Barros, além do Buda, numa visita articulada pelo inesquecível Manoel Serafim, e que agora em sua memória estamos confirmando" revela Manoel Severo.

Registro da visita do Cariri Cangaço ao São Miguel em fevereiro de 2017, 
com Manoel Severo, Pinheiro, Assisão e Manoel Sefarim

Música que dá título ao CD de Assisão de 2016. Em parceria com o Grupo de Xaxado Cabras de Lampião, Assisão resgata parte de sua obra relacionada ao cangaço.
CANAL CAMILO MELO - YOUTUBE

"A Visita de agora à célebre Fazenda São Miguel; enraizada na cultura nordestina através da linda canção de Antônio Barros na voz do filho da terra, Assisão; e sermos recebidos pelos filhos de Luiz de Cazuza e com netos de Zé Saturnino, visitar a Biblioteca Luiz de Cazuza, é uma grande alegria para todos nós do Cariri Cangaço" confirma Luiz Ferraz Filho.

Pisar as terras da Fazenda São Miguel, as terras da Passagem das Pedras, das Pedreiras... onde nasceram José Saturnino e Virgulino Ferreira da Silva, ambas na antiga Vila Bela, atual Serra Talhada na belíssima região da Serra Vermelha é como voltar no tempo para compreender como tudo começou e entender de fato histórico desse conflito secular, a briga entre os dois amigos que se tornariam os maiores inimigos e o surgimento do maior cangaceiro de todos os tempos.

Luiz de Cazuza e Zé Alves Sobrinhos, homenagens no 
Cariri Cangaço Serra Talhada 2022 em São Miguel

"Aqui nas terras da Fazenda São Miguel  a caravana aos poucos começa a conhecer mais de perto o "outro lado da moeda",  reflete Manoel Severo, que fez questão de lembrar a memória de "mais dois espetaculares expoentes dessa saga": Seu Luiz de Cazuza e o pesquisador e escritor José Alves Sobrinho, que serão homenageados dentro da programação do Cariri Cangaço Serra Talhada 2022

CARIRI CANGAÇO SERRA TALHADA 2022
11 a 14 de Novembro de 2022
Serra Talhada - Calumbi
PERNAMBUCO-BRASIL

Redação Cariri Cangaço
Serra Talhada-PE; 15 de Dezembro de 2021

Memórias Sangradas Por:Ricardo Beliel

Manoel Severo e "Memórias Sangradas" de Ricardo Beliel

grande Manoel Severo, alma e cérebro do Cariri Cangaço, manifesta seu prazer e simpatia ao receber o livro Memórias Sangradas na véspera do Natal. Em breve faremos um programa especialmente para contar em detalhes a realização desse projeto.

O livro Memórias Sangradas, vida e morte nos tempos do cangaço é um lindo trabalho de mais de 14 anos, com 125 fotografias e no texto depoimentos diversos e a experiência pessoal do autor em busca de seus personagens em seus próprios ambientes originais são apresentados através de uma narrativa como um diário de viagem. Foram realizadas nove viagens no período de 2007 a 2019 nas regiões dos sertões de Alagoas, Pernambuco, Bahia, Sergipe, Rio Grande do Norte, Ceará, São Paulo e Minas Gerais para a coleta de materiais narrativos e imagéticos de míticos cangaceiros, coiteiros e volantes e alguns de seus descendentes. Onze mil quilômetros foram percorridos, em grande parte em precárias estradas do interior sertanejo, resultando no encontro com quarenta e três personagens. São eles que guardam relatos importantes relacionados à história do cangaço - ocorridos na primeira metade do século XX - em quarenta e nove localidades – palco de lutas, amizades, emboscadas, amores e massacres entre cangaceiros, volantes, jagunços, coronéis e camponeses; um mundo sertanejo que está se extinguindo nas suas tradições orais. Em cada personagem testemunha-se esse fluxo da memória e do esquecimento, onde os encontros nas pesquisas de campo revelaram uma potente e épica narrativa das memórias pessoais que envolvem tradições e lugares. Os personagens entrevistados, em sua grande maioria pessoas quase centenárias, possuem uma riqueza assemelhada ao mistério da terra. Personagens de um ciclo da história do Brasil que aqui resgatamos para que não fiquem no esquecimento, como pedras silenciosas no meio do caminho.

Ricardo Beliel, Rio de Janeiro-RJ

O livro já está à venda no site da editora. Ao finalizar a compra é possível colocar o cupon memoriassangradas10 que tem direito a 10% de desconto. O site é https://editoraolhares.com.br/.../memorias-sangradas.../Memórias Sangradas tem o apoio do Rumos/Itaú Cultural

Calumbi e o Combate da Serra Grande na Rota do Cariri Cangaço Serra Talhada

Manoel Severo, Clênio Novaes, Louro Teles e Junior Almeida

Serra Grande, pedaço de chão encravado no sertão pernambucano de Virgulino Ferreira, serra enigmática com seus mais de 900 metros de altitude situada entre os municípios de Calumbi, Flores e Serra Talhada, no famoso Vale do Pajeú. Serra Grande, palco do maior combate que o cangaço de Lampião protagonizou ao longo de seus 20 anos de reinado.

O Cariri Cangaço Serra Talhada 2022 já configura-se em seu planejamento como um indutor forte da integração regional. A própria Comissão Organizadora do evento, capitaneada por personalidades destacadas de Serra Talhada, possui também membros dos municípios de Salgueiro, São José de Belmonte, Afogados da Ingazeira, Floresta, Triunfo e Calumbi, dentre outras. "Esse cuidado do Cariri Cangaço em reunir nessa Comissão representantes de outros municípios do Pajeú e região, demonstra o compromisso firme com a integração entre as cidades e seu povo; nota dez pela iniciativa" reforça o pesquisador e escritor, Junior Almeida, Conselheiro Cariri Cangaço, da cidade de Capoeiras, presente às reuniões de trabalho em Serra Talhada.

Manoel Severo e Louro Teles no Monte Alegre
Betinho Numeriano, Luiz Ferraz, Joaquim Pereira, Valdir Nogueira, 
Clênio Novaes e Louro Teles, emoldurados pela enigmática Serra Grande
Ana Gleide e Ingrid Rebouças

Os números são impressionantes até para aqueles que são afeitos ao estudo do fenômeno: 10 mortos, 14 feridos, quase 300 militares numa sanha desesperada em busca de dar fim a Virgulino com seus mais de 115 cangaceiros; foram cerca de 3 mil tiros em quase 10 horas de combate naquele longínquo 26 de novembro de 1926.

E Calumbi, distante cerca de 18  Km de Serra Talhado foi o primeiro destino da caravana Cariri Cangaço no segundo dia de trabalho da equipe organizadora. Saindo de Serra Talhada, a primeira parada foi uma visita técnica ao distrito de Varzinha. Em Varzinha teria sido o local onde Lampião exigiu a entrega do resgate de 20 contos pelo sequestrado Pedro Paulo Magalhães Dias; inspetor da Standard Oil Company; ali também localizava-se a residência de Silvino Liberalino; que tinha sido subdelegado de Vila Bela, em 1911; local onde Lampião estacionou com seu bando antes do fogo e acabou levando o mesmo como refém. 

De Varzinha a Caravana Cariri Cangaço partiu para a localidade de Monte Alegre, primeiro cenário do famoso fogo da Serra Grande. Sob o comando do pesquisador e escritor Louro Teles, Conselheiro Cariri Cangaço, os visitantes tiveram a oportunidade de pisar o solo sagrado de um dos maiores combates de toda a saga cangaceira. "O intuito de nossa visita nesta manhã é justamente estudar com o Louro, o Luiz Ferraz e o Severo, a logística necessária e possível para termos a possibilidade de um grande momento do Cariri Cangaço Serra Talhada 2022 aqui na Serra Grande" revela Valdir Nogueira, pesquisador e Escritor, Conselheiro Cariri Cangaço.

Caravana Cariri Cangaço e território sagrada da Serra Grande

"Sem dúvidas uma programação na Serra Grande não poderá faltar dentro do Cariri Cangaço Serra Talhada 2022, por isso nossa visita nesta manhã in loco, para vermos todos os detalhes" reforça Betinho Numeriano, representante de Floresta na Comissão Organizadora do evento. Para Clênio Novaes, pesquisador de São José de Belmonte;  também membro da Comissão Organizadora; "será um dos pontos altos de nosso Cariri Cangaço Serra Talhada , por isso estamos aqui hoje para essa visita de trabalho".

O combate de Serra Grande vem situar-se entre duas das mais polêmicas passagens da saga do filho de seu Zé Ferreira, vulgo Lampião, a saber; em Março do mesmo ano o rei dos cangaceiros visita Juazeiro do Norte para se integrar às forças dos Batalhões Patrióticos e receber fardamento e armas na Meca de padre Cícero Romão Batista e logo em seguida ao combate que ocorreu em novembro, escreveria a ousada carta ao governador de Pernambuco, Júlio de Melo, sugerindo a divisão do território pernambucano entre os dois.

Entre Monte Alegre e Tamboril, a pausa para o caldo de cana
Louro Teles e Moustafa Veras
Junior Almeida e Luiz Ferraz
Betinho Numeriano e cartuchos do fogo da Serra Grande

Depois da visita ao primeiro cenário da maior batalha do cangaço de todos os tempos, a caravana Cariri Cangaço seguiu para a localidade de Tamboril. "Aqui em Tamboril, Severo, foi justamente onde Lampião dormiu com seus cabras na véspera do combate, dormiu num engenho do outro lado da estrada de onde estamos e aqui nesta casa, chegaram ao amanhecer, as tropas volantes; por pouco não pegaram os cangaceiros aqui mesmo, daqui saíram no encalço do grupo e no final do dia, para esse alpendre, trouxeram os 14 soldados baleados no fogo da Serra Grande, foi um desmantelo..." completa Louro Teles.

"Serra Grande com quase dez horas de fogo serrado; com o combate iniciando depois das oito da manha e estendendo-se até o anoitecer, o que se viu foi a ampla vantagem numérica das forças volantes; que somavam quase 300 homens; ser pulverizada pela estratégia cangaceira, boa parte dela referente à extraordinária posição assumida pelo bando. As forças volantes sob o comando de Higino Belarmino e ainda contando com Arlindo Rocha, Manoel Neto e Euclides Flor acabaram sendo submetidas a um revés histórico com quase 30 soldados entre mortos e feridos. Entre as "vítimas morais" o destaque para o valoroso Arlindo Rocha; que teria comentado que os cangaceiros almoçariam bala e acabou recebendo um balaço no rosto que lhe fraturou o maxilar inferior; e o bravo nazareno Manoel Neto, que recebeu balaço nas duas pernas, além do episódio onde Euclides Flor recolocou ainda em combate as vísceras abdominais de Vicente Ferreira, ou Vicente Grande, baleado no estômago; desastre total para as forças volantes, enquanto no bando cangaceiro, nenhuma vítima registrada."

Cariri Cangaço visita a casa do Senhor Francisco Braz no Sitío Tamboril, para onde foram levados os soldados baleados na Serra Grande
Localidade de Tamboril, em Calumbi
Tamboril: nestas baixas Lampião dormiu na véspera do fogo da Serra Grande 

O Pilão
Pilão usado pelas forças volantes para atender aos feridos da Serra Grande
Joaquim Pereira, Betinho Numeriano, Moustafá Veras, Luiz e Junior Almeida
O pilão onde foram preparada a beberagem remédio para os soldados feridos, "Não sobrou nenhum pintos desse terreiro, todos foram pisados com água no pilão e dai os soldados tomaram para vomitar e colocar tudo o que não prestava para fora..."

A casa do Senhor Francisco Braz no Sitio Tamboril, para onde foram levados os 14 soldados baleados na Serra Grande acabou se tornando um grande hospital. Entre os baleados levados ao lugar estavam Arlindo Rocha; colocado deitado em um banco de madeira e Mané Neto, que acabou deitando no chão junto ao banco. Dali enviam comunicado ao comando em Vila Bela. De Vila Bela parte o  major Theófhanes Ferraz Torres, que chega ao Tamboril com um comboio de cinco caminhões para transportar as volantes para Vila Bela. 

...de Tamboril o Cariri Cangaço parte para a sede de Calumbi

Seguindo a programação a Caravana Cariri Cangaço foi recepcionada por autoridades e personalidades da cidade de Calumbi na Câmara Municipal. Em suas palavras, Manoel Severo, curador do Cariri Cangaço, ressaltou a honra de poder ser recebido pelo  município de Calumbi e de ter, entre os Conselheiros do Cariri Cangaço, um filho do município; Louro Teles. Na oportunidade, representando o município de Calumbi, falou Louro Teles, dizendo a satisfação de Calumbi fazer parte da Programação do grande Cariri Cangaço Serra Talhada 2022, em seguida fez uso da palavra o presidente da Comissão Organizadora Luiz Ferraz Filho, sendo seguido por palavras dos representantes do município de Calumbi.

Cariri Cangaço recebido em Calumbi na Câmara Municipal

"Severo, Lampião teve sim uma forte ligação com Calumbi, desde os tempos em que a família Ferreira dedicava-se ao oficio de almocreve, ele ja tinha amizade com moradores do lugar, muitos coiteiros, mas também muitos inimigos. Aqui teve um surpreendente romance e até um suposto filho com uma menina chamada Tatu. Teve estupro, uma briga de Lampião com o primeiro prefeito, o processo movido pelo delegado da cidade e a invasão de Calumbi por Lampião e 50 cangaceiros" Reforça Louro Teles.

Cariri Cangaço recebido pelas autoridades de Calumbi
Secretária Jacielma, Louro Teles, Manoel Severo e Vice-prefeita Cuca 
Vice Prefeita Cuca do Riachão, representando o prefeito Joelson; saúda o Cariri Cangaço
Sirlene Almeida, Ana Gleide, Murilo, Louro Teles, Jacielma Silva, Betinho, Vilson da Piçarra, Joaquim Pereira, Manoel Severo e Junior Almeida
Junior Almeida e Amélia Araújo

Fizeram uso da palavra a Vice-Prefeita, Maria de Lourdes Brasileiro Nascimento; Cuca do Riachão; o coordenador político do Município, Murilo Almeida, Jacielma Silva que é secretária de Cultura esporte e Lazer, Sirlene Almeida que é Secretária de Ação Social, e  também presentes os vereadores Allison Alén Cordeiro de Siqueira, o Nem de Sofia e Ednaldo Moura, o secretário de agricultura Jailson Antônio Nascimento. Após a solenidade foi assinado um Termo de Compromisso para a realização do Cariri Cangaço Serra Talhada 2022 em Calumbi.

"O Cariri Cangaço Serra Talhada 2022 já começa grande, basta ver o cuidado com a formação da Comissão Organizadora, o zelo com todos os detalhes e o enorme numero de amigos; não só de Serra Talhada mas de todo o Pajeú, envolvidos na realização, Manoel Severo e Luiz Ferraz Filho estão de parabéns" afirma Amélia Araújo da cidade de Floresta, também fazendo parte da Caravana presente.

CARIRI CANGAÇO SERRA TALHADA 2022
11 a 14 de Novembro de 2022
Serra Talhada - Calumbi
PERNAMBUCO-BRASIL

Redação Cariri Cangaço
Calumbi-PE; 15 de Dezembro de 2021