Solenidade marca Instalacao da Academia Literária do Amplo Sertão – ALAS


O município de Nossa Senhora da Glória, promoveu na noite do ultimo dia 15 de novembro a solenidade de instalação da Academia Literária do Amplo Sertão – ALAS, que tem como lema principal “Sol omnibus nascitur” (O sol nasce para todos) e que tem como patrono o saudoso Alcino Alves Costa. O evento aconteceu na Escola Pe. Léon Grégoire.
A Academia Literária do Amplo Sertão - ALAS terá como campo principal de atuação 12 municípios do alto sertão sergipano e pretende desenvolver ações de incentivo e promoção da literatura, bem como de toda manifestação cultural e artística no território alano. Dentre os membros fundadores da ALAS temos companheiros dos municípios de Gararu, Poco Redondo, Monte Alegre de Sergipe, Canindé, Sao Miguel, Porto da Folha, Feira Nova, dentre outros.

Vasko Vasconcelos, Jose Bezerra Lima Irmao, Archimedes e Elane Marques
A Solenidade estiveram presentes José Anderson Nascimento, Presidente da Academia Sergipana de Letras; o Professor Jouberto Uchôa, Magnífico Reitor da UNIT; Domingos Pascoal, membro da Academia Sergipana de Letras; Francisco Nogueira (Chico do Correio), prefeito de Nossa Senhora da Glória; Benjamin Batista, Presidente da Academia de Cultura da Bahia; Eliane Quadros, professora da Universidade do Estado da Bahia (UNEB); Jorge Henrique Santos, Presidente da Academia Gloriense de Letras; João Paulo Araújo de Carvalho, Presidente da Academia Dorense de Letras; a poetisa Verônica Sales, da Academia Gloriense de Letras; Antônio Saracura, da Academia Itabaianense de Letras, o escritor Archimedes Marques e sua esposa, a também escritora Elane Lima Marques. 
Na oportunidade, foi lançada a antologia “Abrindo Alas”, uma coletânea de textos e poemas produzidos pelos membros da novel academia. Foram também lançados os livros “O Espelho da Felicidade”, de Leunira Batista, e “Lampião – a Raposa das Caatingas”, de José Bezerra Lima Irmão.
Manoel Severo - Cariri Cangaço 

O Lendário Poço do Ferro ! Por:Jorge Remígio

Jorge Remigio, Jair Tavares e Narciso Dias no local onde foi sepultado Antônio Ferreira

No dia 18 de setembro de 2014, viajei de João Pessoa-PB, com os amigos e companheiros do nosso grupo, Narciso Dias e Jair Tavares, tendo como destino a cidade de Floresta-PE. Um dos objetivos principais dessa incursão aos sertões do Moxotó e do Pajeú pernambucano, era justamente visitar a emblemática Fazenda Poço do Ferro do lendário Coronel Ângelo da Gia. Por corruptela Anjo da Gia. Localizada a uns 12 km após Ibimirim-PE na PE 360 que dá acesso à cidade de Floresta-PE.

Ao chegarmos na porteira da fazenda, àquela sensação palpitante de está pisando no solo de um dos locais onde se deu um dos episódios mais relevantes e controversos na história do cangaço. A morte por acidente com arma de fogo do irmão primogênito e braço direito do já Rei do Cangaço, aquele que exercia com maestria a tática letal da retaguarda, o Antônio Ferreira. 


Neste local aconteceu o "sucesso" com Antônio Ferreira

Foi um "sucesso", na linguagem cultural do sertanejo. Fato protagonizado pelo cangaceiro Luiz Pedro do Retiro.Os primeiros contatos com os moradores da fazenda foram frutíferos.Povo simples,humilde e bastante solícito A casa grande que pertenceu ao coronel Anjo da Gia já não existe mais. Em conversa com moradores,
fomos informados que a casa onde ocorreu o episódio que vitimou Antônio Ferreira, ficava a uns 300 metros no sentido sul.

Ao chegarmos ao local indicado,o Sr.João muito cordato, afirmou que residia há muitos anos naquele local e prontificou-se a nos levar até a cova onde o irmão de Lampião, o Antônio Ferreira estava enterrado. Seguimos em fila indiana o Sr.João, seus filhos e o cachorro, encantados com a presença de pessoas estranhas ao seu cotidiano. Seguimos a comitiva em caminhar acelerado numa caatinga rala e solo bastante pedregoso, por uns trezentos metros até chegarmos ao local tão esperado. 

Sede da fazenda Pau Ferro de Angelo da Gia, e o local da cruz de Antônio Ferreira


Foi muito gratificante para nós que estudamos e temos o prazer em desvendar e garimpar os locais que são marcos na história do cangaço.Estávamos ali,diante da cova de um dos cangaceiros de maior destaque na fase primeira do cangaço Lampiônico. Fiquei pensando: "são raras as visitas a essa cova" Tudo era inédito para nós naquela hora escaldante do meio dia.Ficaram muitas lembranças e boas fotografias da ribeira do Moxotó.

Jorge Remígio,
Pesquisador - GPEC
João Pessoa, Paraiba

100 Anos da Prisão de Antônio Silvino Por: Manoel Severo

Geraldo Ferraz e mais uma grande obra sobre a prisão de 
Antônio Silvino por Theophanes Ferraz

Nascido no dia 02 de Setembro de 1875, em Afogados da Ingazeira-PE, filho de Francisco Batista de Morais e Balbina Pereira de Morais, Manoel Batista de Morais, mais conhecido como "Né Batista", era irmão de Higino, Zeferino e Francisco Batista de Morais.

Foi a partir da morte do seu pai, conhecido como "Batistão do Pajeú" que, em companhia do irmão Zeferino, enveredou pelos caminhos do cangaço, no ano de 1896. Movido pelo sentimento de vingança, mata Desidério, o assassino do seu pai, adota o nome de Antonio Silvino e se torna um dos mais temidos cangaceiros que precederam Lampião, liderando o bando do seu finado tio Silvino Ayres.



Antonio Silvino foi preso pelas tropas do major Theophanes Ferraz, comandante das tropas oficiais da polícia pernambucana, no final de novembro de 1914 na cidade de Taquaritinga-PE, e transferido para a Casa de Detenção do Recife. Após julgamentos pelos crimes praticados, o judiciário aplicou-lhe uma pena total de 39 anos e quatro meses de reclusão. 

Após cumprir mais de 23 anos de prisão, o velho cangaceiro, incentivado por amigos do cárcere, dirigiu uma "Carta", ao Presidente Getúlio Vargas solicitando o " Indulto ", haja vista que, no seu entendimento, já era demasiado o tempo de recolhimento á prisão, pois, achava que já tinha pago pelos seus crimes.


Tudo isso e muito mais, teremos, na mais nova obra do pesquisador e escritor Geraldo Ferraz de Sá Torres em " Theophanes Ferraz Torres - O Centenário da Prisão do Cangaceiro Antônio Silvino e o Julgamento do Século" acontecendo neste próximo dia 27 de novembro, próxima quinta-feira, no Clube dos Oficiais, em Recife.
Lançamento do Livro
"O Centenário da Prisão do 
Cangaceiro Antônio Silvino e o 
Julgamento do Século"
Por:Geraldo Ferraz
Dia 27 de Novembro de 2014
19 horas no Clube dos Oficiais
Recife- Pernambuco

A Prisão de Antônio Silvino Por:Rostand Medeiros


Teophanes Torres

O aprisionamento de Lampião não se me afigura impossível. Nada importa diga ele que prefere a morte. Antônio Silvino também o dizia, mas, apenas se viu baleado, foi o primeiro em fazer questão de mansamente se entregar à justiça. Restabelecido ulteriormente, voltaram-lhe no presídio os ímpetos brutais, como na manhã em que, entre descomposturas do calão mais vil, sacudiu um pão na cara de um desembargador.

Antonio Silvino preso.
Antônio Silvino preso.
Quando a captura de Lampião parece a tanta gente sonho irrealizável, vem a propósito recordar como se deu a de seu terrível predecessor.
O que desgraçou Antônio Silvino foi a perseguição sem tréguas que lhe moveu uma de suas vítimas mais humildes. Bem diz o povo que “não há inimigo pequeno” e que “mutuca é que tira boi do mato”…
Sargento Alvino, promovido a alferes após a captura de Antonio Silvino
Sargento Alvino, promovido a alferes após a captura de Antonio Silvino
José Alvino Correia de Queiroz era obscuro comerciante no sertão de Pernambuco, quando Antônio Silvino lhe saqueou o pequeno estabelecimento. Reduzido à miséria, jurou vingar-se e entrou a polícia daquele Estado. Acreditaram nos seus propósitos e fizeram-no sargento.
Inteirado de que Silvino transitaria por certa faixa do município de Taquaritinga, o Sargento Alvino buscou informações de João Vicente e Joaquim Pedro, moradores naquelas paragens. Ambos negaram a pés juntos ter qualquer conhecimento a respeito. Mas, tão jeitosamente o miliciano conduziu as investigações, que a esposa de João Vicente o orientou:
- Quando o Sr. chegar à casa de nosso vizinho, o Joaquim Pedro, e encontrar as mulheres torrando galinhas ou fazendo comedoria de sobra, pode apertar o pessoal que o “capitão” Antônio Silvino está escondido perto, no mato…
O oficial Theophanes Ferraz Torres, comandante da volante que capturou Silvino. Valente e destemido, seria um grande perseguidor de Lampião.
O oficial Theophanes Ferraz Torres, comandante da volante que capturou Silvino. Valente e destemido, seria um grande perseguidor de Lampião.
No dia esperado, 27 de novembro de 1914, os policiais, sob o comando do Alferes Teófanes Torres e do Sargento José Alvino, estavam no local referido, de nome Lagoa Laje.
Assim que penetrou na residência de Joaquim Pedro, o Sargento Alvino se encaminhou diretamente para a cozinha, atrás de cuja porta se lhe deparou pendurada uma banda de ovelha. E viu chegar desconfiado, pelo quintal, um rapazola com um tabuleiro à cabeça, cheio de tigelas, colheres e pratos. Interrogado, o recém-vindo explicou, titubeante, que havia ido deixar comida a uns “trabalhadores”, num roçado.
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Concomitantemente, o Alferes Teófanes submetia Joaquim Pedro a interrogatório, e este negava que soubesse do paradeiro de Silvino. Aparece o sargento e, depois de falar na ovelha morta e de mostrar o tabuleiro com os restos de comida, pede permissão para forçar o velho sertanejo a não continuar mentindo. Ato contínuo, tranca-lhe, numa alcova, a mulher e os filhos e ordena que os soldados desembainhem os sabres.
Nos antigos jornais e revista por mim pesquisados, esta foto consta como sendo a força policial que lutou e capturou Antonio Silvino, mas muitos pesquisadores apontam como sendo o próprio bando de Antonio Silvino.
Nos antigos jornais e revista por mim pesquisados, esta foto consta como sendo a força policial que lutou e capturou Antonio Silvino, mas muitos pesquisadores apontam como sendo o próprio bando de Antonio Silvino.
Nesse momento, mais nervosa, uma filha do ameaçado pede, da alcova:
- Meu pai, por caridade, descubra logo!
Joaquim Pedro roga que não lhe batam e justifica-se, alegando que logo não disse a verdade por temer a vingança de Silvino, no caso de a polícia o não prender ou matar. E confessa que o celerado está escondido não longe dali. Eram cinco horas da tarde e urgia assaltar os cangaceiros, antes que a noite sobreviesse.
Também nos jornais de época esta mulher foi apresentada como Antônia de Arruda, amante de Silvino.
Também nos jornais de época esta mulher foi apresentada como Antônia de Arruda, amante de Silvino.
Sob as ameaças de ser liquidado, se desse o menor sinal aos bandidos, Joaquim Pedro vai mostrar o esconderijo deles. Com todas as precauções imagináveis, a tropa se aproxima da malta criminosa.
Antônio Silvino estava deitado numa pedra, sobre a qual se debruçava copada oiticica. Perto, divertiam-se alguns de seus cabras, a jogar um sete-e-meio. Ao ouvir a primeira descarga, Silvino gritou, motejante:
Ferimentos de Antonio Silvino após a sua captura.
Ferimentos de Antônio Silvino após a sua captura.
- Espera aí, rapaziada! Deixem, ao menos, os menino acabar esta mão!
Mas o fogo irrompeu violento e sem intermitências, dos dois lados. Com o cair da noite, o tiroteio deixou de ser correspondido. O Alferes Teófanes e o Sargento Alvino acreditaram que Silvino tivesse fugido. Suspeitando, todavia, que ele se quisesse vingar de Joaquim Pedro, foram entrincheirar-se na casa deste.

Coisa bem diversa se passava. Silvino fora atingido por uma bala nas espáduas e o seu companheiro Joaquim Moura tivera quebrada uma perna. Os demais cangaceiros se embrenharam, desorientados, na caatinga, favorecidos pelo negrume da noite.
Estando a perder muito sangue, Silvino convidou Joaquim Moura a se entregarem, mas este repelira o convite e, depois de dizer que macaco do Governo não tinha o gosto de botar-lhe as mãos em riba, ele vivo, suicidou-se com um tiro na cabeça. Impressionado ainda mais com o trágico fim do último assecla que lhe restava, Silvino despojou-se das armas e arrastou-se para a casa da mulher que ele ignorava tivesse sido quem o denunciara. O marido dela, João Vicente, a estava censurando por sua leviandade, persuadido de que Silvino, sabedor da denúncia, lhes não perdoaria.
De repente, batem à porta. Quando, de fora, uma voz anuncia que quem bate é Antônio Silvino, João Vicente encomenda a alma a Deus, convicto de que vai morrer. É sua mulher quem se afoita a atender ao chamamento.
Aqui outra imagem do sargento Alvino.
Aqui outra imagem do sargento Alvino.
Ao se abrir a porta, aparece, à luz da lamparina, o vulto do grande salteador. Quase desfalecido e com as vestes rubras de sangue, Silvino está escorado no portal.
- Capitão, que horror é este?
- Mataram-me… arqueja aquele que, acovardado, começava a expiar crimes sem conta.
Conduzido a uma rede, ele pede que chamem a polícia. Vai alguém a Taquaritinga, mas não encontra lá os soldados. Na confusão em que todos se viam, ninguém a princípio se apercebeu de que os policiais poderiam estar pernoitando na fazenda de Joaquim Pedro. À mulher de João Vicente ocorre agora essa possibilidade. Despacham para ali o portador. Quando este bate à porta de Joaquim Pedro, os soldados aperram as armas, crentes de que é Silvino quem chega. Aberta a muito custo uma janela, o mensageiro dá contas de sua incumbência: vem avisar que Antônio Silvino, sozinho, desarmado e gravemente ferido, está em casa de João Vicente e quer entregar-se à prisão.
Expectativa para a chegada do famoso bandoleiro nordestino na Casa de Detenção de Recife.
Expectativa para a chegada do famoso bandoleiro nordestino na Casa de Detenção de Recife.
O Alferes Teófanes suspeita que se trate duma cilada e opina que se aguarde o raiar do dia. Tanto insiste, porém, o Sargento Alvino que, afinal, o seu comandante se dispõe a ir ver Silvino. Ainda assim, o recadista vai seguro pelos cós e advertido de que receberá uma punhalada, ao primeiro tiro com que a tropa seja surpreendida.
Cercada com cautelas a morada de João Vicente, houve grande alegria, quando se patenteou aos olhos de seus perseguidores a mísera situação daquele que se gabava de que, embora sem saber ler, governava todo o sertão! O Sargento Alvino parecia o mais contente. Exigiu que se não fizesse o menor mal a Antônio Silvino e saiu, pelos matos, a cortar umas folhas de quixabeira para lhe lavar as feridas.
Fora destronado o Átila bronco que, durante dois decênios, apavorara a gente matuta do meio-norte e assoalhava não ser passarinho que morasse entre grades… Por trinta anos ia se fechar atrás dele o portão da Penitenciária de Recife!
Multidão a frente da Estação Central do Recife na chegada do famoso cangaceiro.
Multidão a frente da Estação Central do Recife na chegada do famoso cangaceiro.
Foi à tenacidade do Sargento Alvino, à sua argúcia e vontade firme de vingança que se deveu a prisão de Antônio Silvino. Forçoso é, porém, reconhecer que colaborou inestimavelmente nisso a indiscrição duma mulher.
Acontecerá o mesmo, algum dia, a Lampião? Até na ruína dos cangaceiros terá aplicabilidade o cherchez la femme.
Texto acima é do Cearense Leonardo Mota, inserido no seu livro “No tempo de Lampião” e publicado pela Of. Industrial Gráfica, do Rio de Janeiro, em 1931. Esta reprodução é da segunda edição, de 1967. Leonado Mota era cearense da cidade de Pedra Branca, nasceu em 1891 e faleceu em 1948. Estudou a fundo o sertão nordestino, onde descreveu vários aspectos da região em obras memoráveis. 
Antes de Lampião, Antônio Silvino era o cangaceiro mais famoso e seu apelido mais conhecido foi “Rifle de Ouro”. Nascido no dia 2 de dezembro de 1875, em Afogados da Ingazeira, Manoel Batista de Morais entrou para a história como Antonio Silvino. Durante 16 anos, driblou a polícia, praticou saques e assassinou inimigos, mas era tratado pelos poetas populares como um “herói” por respeitar as famílias. A invencibilidade de Silvino terminou no dia 27 de novembro de 1914, quando ocorreu o seu último tiroteio com a polícia. Atingido no pulmão direito, conseguiu se refugiar na casa de um amigo e disse que ia se entregar. Da cadeia de Taquaritinga seguiu, dentro de uma rede, até a estação ferroviária de Caruaru, onde um trem especial da Great Western o levou para o Recife. Uma multidão o aguardava na Casa de Detenção, atual Casa da Cultura. Antonio Silvino tornou-se o detento número 1.122, condenado a 239 anos e oito meses de prisão. Em 4 de fevereiro de 1937, depois de vinte e três anos, dois meses e 18 dias de reclusão, foi indultado pelo presidente Getúlio Vargas. O ex-rei do cangaço morreu em 30 de julho de 1944, em Campina Grande, na casa de uma prima.
Rostand Medeiros
Fonte:http://tokdehistoria.com.br/2013/11/13/

Seu Lunga Partiu !


Juazeiro do Norte está de luto. Faleceu na manha de hoje o senhor Joaquim dos Santos Rodrigues... 
mundialmente conhecido por 
"Seu Lunga"...

Joaquim dos Santos Rodrigues, conhecido como "Seu Lunga", morreu às 9h30 da manhã deste sábado, 22, na cidade de Barbalha, no Interior do Ceará. Seu Lunga foi internado na última quarta-feira, 19, por complicações no sistema digestivo. O quadro piorou na sexta-feira, levando ao falecimento do poeta. Seu Lunga tinha 87 anos e estava internado no Hospital São Vicente de Paulo, em Barbalha, onde tratava de um câncer de esôfago.

De acordo com Demontier Tenório, primo em segundo grau do sucateiro, há cerca de seis meses ele foi submetido a uma cirurgia no esôfago, mas se recuperava bem.
A previsão é que o corpo seja velado na Capela de São Vicente, em Juazeiro no Norte, próximo à sua residência. O sepultamento deve ocorrer no Cemitério do Socorro. Os horários ainda não estão definidos.

Seu Lunga era um poeta, vendedor de sucata e repentista do Juazeiro do Norte, que ganhou notoriedade pelo seu temperamento forte, tornando-se um personagem do folclore nordestino. Seu apelido veio de uma vizinha que lhe chamava de Calunga, devido a sua loja. Com os passar dos anos ficou apenas Lunga.

Fonte:http://www.opovo.com.br/app/fortaleza/2014/11/22/noticiafortaleza,3351903/morre-poeta-e-personagem-cearense-seu-lunga.shtml

Lagoa do Limo ou Lagoa do Lino ? O Cangaço em Mairi-Ba Parte II Por:Vicente Figueiredo


A morte do grupo de Azulão; Maria, Zabelê e Canjica pela Volante de Zé Rufino na Lagoa do Limo, em Mairi, Bahia... Na citação abaixo Nascimento descreve a figura de Maria de Azulão.

                 [...] Maria de Azulão, morena esbelta e vestia a caráter. Trajava roupa para entrar no mato, visto que as mulheres do cangaço usavam dois trajes, um para o mato e outro para a cidade. No reinício das atividades usava roupa nova. Era vestido de mescla acinzentado, cujo comprimento ia a baixo dos joelhos; manga até os punhos, remendadas por galões coloridos. No tórax, à altura dos seios, outros calões enfeitavam o traje da sertaneja, natural de Jacobina Bahia.(Nascimento p 225)

As cabeças foram transportadas em sacos, expostas para fotografia em Mairi e depois seguiram para o Instituto Nina Rodrigues em Salvador. Ainda de acordo com o velho Pedro, próximo do local havia uma roça de mandioca que ficou totalmente arrasada com o tiroteio.

Zabelê, Maria de Azulão, Azulão e Canjica
Sepultadas no Cemitério da Quintas do Lázaro

Segundo meus avós moradores da região foram vistos dois cabras e uma mulher, sobreviventes do conflito passaram próximos a uma fazenda no povoado de Maracujá[1] e seguiram em direção a Senhor do Bonfim. Antes de chegar a Lagoa do Limo, todavia, o bando de Azulão passou pela casa de minha tia avó Joana Ferreira, moradora do Bom Sucesso no município de Mairi, quando este ainda adotava a toponímia de Monte Alegre. De acordo com depoimento de minha avó Vitalina Ferreira Dias, no ano de 1933 um grupo de cangaceiros passou pela casa de sua irmã Joana Ferreira, moradora do Bom Sucesso. De acordo com ela, os “cabras” chegaram à tardinha e foram logo pedindo comida, mas a velha disse que não tinha a “mistura”, no caso o complemento de carne animal (frango, bode, boi, caça, etc). 

Foto atual da casa da Lagoa do Limo
Fonte:http://cangaconabahia.blogspot.com.br

Naquela ocasião passava pelos arredores da casa uma novilha do coronel Manoel Juazeiro[2], os bandoleiros abateram a novilha a rifle e depois que tiraram parte do couro pediram a ela que aprontasse. Contava à velha que eles foram muito gentis com ela, alguns pilheriavam, contavam casos. Foi uma noite muito alegre, a anciã tinha uns tachos grandes de barro nos quais eles ajudaram na preparação da carne e, quando se retiraram pela madrugada lhes deram uma grande soma em dinheiro, mas embora ela nunca revelasse o valor, sabe-se que não foi pouco, porque dona Joana Ferreira pôde adquirir uma propriedade e criar gado com o dinheiro recebido. 

Consta ainda da tradição oral que quando os cangaceiros partiram, o marido dela, temeroso, pediu que ela queimasse imediatamente o dinheiro, porque a volante podia imputar-lhes a acusação de coiteiros, mas dona Joana não se intimidou, ao contrário e espertamente, enterrou o dinheiro e só depois de algum tempo foi usá-lo. Confirmava a minha avó foi esse dinheiro que ela comprou sua própria terra e até gado, já que antes ela morava de agregada nas terras do coronel Manoel Juazeiro, aqui já citado anteriormente. Esse Azulão já citado diversa vezes era o terceiro; o baiano nascido na Várzea da Ema. No Cangaço tinha esta pratica dos indivíduos adotarem o nome dos anteriores, Lampião estrategicamente, ao morrer um cangaceiro, o próximo recrutado levava o nome do antigo e assim ele confundia seus perseguidores.

Vicente Figueiredo, Oleone Fontes e Jornalista Mauricio

Curiosamente no livro “Lampião na Bahia” do escritor e historiador Oleone Coelho Fontes, editado em 1988, o autor comete um equivoco com relação ao nome da fazenda Lagoa do Limo local onde foi abatido o bando de Azulão. A página 314 da obra mencionada, Fontes denomina a Lagoa do Limo como Lagoa do Lino, entretanto, ao conversarmos com o próprio escritor ele admitiu o equivoco cometido, mas podemos perceber que permanece uma grande lacuna na historiografia brasileira, pois a maioria dos historiadores e escritores que produzem sobre o cangaço não se aprofunda em suas pesquisas e nem faz uma análise historiográfica crítica, algo que não se aplica a Oleone Coelho, porquanto, muito embora não seja um autor que se ocupe da interpretação dos fatos históricos, cuida com zelo de pesquisar e levantar fontes, notadamente as fontes orais, as quais concede espaço generoso em seus trabalhos. 


Vicente Figueiredo, Isabel Queiroz, Manoel Neto e Antonio Olavo

O historiador e estudioso do assunto Manoel Neto, tem um analise pertinente sobre isso, segundo Neto " o sujeito lê um livro, mas escreve dois, sem pelos menos fazer um estudo profundo da temática". O episodio da Lagoa do Limo é bom exemplo disso. Ao longo dos meus estudos sobre o cangaço tenho percebido que grande parte dos pesquisadores, historiadores e escritores repetem-se incidindo no erro cometido por Coelho Fontes. A citação abaixo se refere ao combate da Fazenda Lagoa do Limo em 1933. Oleone escreveu: e Jaynes Billy Chandler, em seu livro “Lampião, o Rei dos Cangaceiros[3], como também, Frederico Pernambucano de Mello, em “Guerreiros do Sol[4]”, engrossa essa a lista que foi crescendo.

                   [...] Mais homens de Lampião iriam tombar, no mês seguinte, no dia 19 na fazenda Lagoa do Lino (grifo nosso), município de Monte Alegre (hoje Mairí). Naquele mês havia seguido para a zona de Mundo Novo e Monte Alegre 3 volantes, pois corriam rumores de que Azulão e 5 cangaceiros operavam naquelas bandas. Quando os policiais chegaram à fazenda onde, segundo declarara o informante, se achavam alojados os bandidos, encontraram apenas 1 mulher que disse não ter conhecimento do paradeiro deles. Duas meninas se aproximavam da casa, interrogadas, informaram que alguns homens estavam bem ali pertinho se alimentando. A policia, cercada dos devidos cuidados, aproximou-se e abriu fogo, conseguindo ferir gravemente 4 dos 6 bandidos, numa luta que durou mais de 15 minutos. Em seguida, a volante acabou de matar os feridos, decapitando-os. As cabeças, depois de expostas em Monte Alegre, foram levadas para Salvador e mostradas no Instituto Médico-Legal Nina Rodrigues, para uma multidão de curiosos. (FONTES, P. 314)

A Lagoa do Limo nunca foi do Lino, isso é um erro factual, pois ela sempre se chamou Lagoa do Limo. Quem costumava dar essas denominações às lagoas eram os vaqueiros, como pontos de encontros na caatinga, já que naquela época o gado vivia solto, não existindo cercas. O processo de cercamento em grande parte do sertão nordestino só se daria à partir da década de 1950, mas até hoje existem algumas regiões que o gado vive solto na caatinga, como por exemplo, na região de Jaguarari no sertão baiano. De acordo como meus avós, moradores de região, a Lagoa tinha esse nome porque era uma lagoa muito funda e quando chegava à época das chuvas de trovoadas ela enchia e passava um longo período de cheia, produzindo em decorrência um grosso limo por cima da água, daí o nome Lagoa do Limo.

Professor Vicente Figueiredo
Historiador - Salvador - Ba - Centro de Estudos Euclydes da Cunha / UNEB

FONTES CONSULTADAS
BIBLIOGRÁFICAS
CASCUDO, Câmara Luís da. Viajando o sertão. 4º Ed. Editora global. São Paulo 2009.CHANDLER, Billy Jaynes. Lampião reis dos cangaceiros. Rio de janeiro:paz e terra 1981.FONTES, Oleone Coelho. Lampião na Bahia. Petrópolis: vozes, 2008.LINS, Wilson. O médio são Francisco: uma sociedade de pastores guerreiros. 3º Ed. Editora nacional. São Paulo-1983.MELLO, Frederico Pernambucano. Guerreiros do sol: o banditismo no nordeste do Brasil. Ed. A Girafa. São Paulo, 2004. NASCIMENTO, José Anderson. Cangaceiros, coiteiros e volantes. -são Paulo: Editora Ícone, 1998. PERICÁS, Luiz Bernardo. Os cangaceiros: ensaio de interpretação histórica. Editorial Boitempo São Paulo-2010.VILLA, Marco Antonio. Vida e morte no sertão: história das secas no nordeste nos XIX e XX. São Paulo: editora Ática-2001. 
IMPRESSAS;
1º. Um aspecto dos flagelados em jacobina, Estado da Bahia, terça-feira, 14 de março de 1933, p. 1º.
2º. Êxodo dos sertanejos, Estado da Bahia, sábado 21 de janeiro de 1933, p. 1º.
3º. O celebre vampiro Dusseldolf, Diário da Bahia, sexta-feira 25 de abril de 1933, p. 3º.
4º. REVISTA, Memória da Bahia, o ciclo do cangaço, editada pela universidade católica de Salvador, com grandes matérias do Correio da Bahia. Salvador, 2002, p 20 a 26.

ORAIS: 5º. Depoimento de minha avó Vitalina Ferreira Dias, de 82 anos. Depoimento de meu tio Pedro Lopes, em dezembro de 2011.
6º. A narrativa do meu pai Osvaldo Lopes de Silva em dezembro de 2005.
ELETRÔNICAS;http://www.cidades.ibge.gov.br/painel/painel.php? lang=&codmun=292010&search=bahia%7Cmairi%7Cinfograficos:-dados-gerais-do-municipio.


[1] Povoado pertencente ao município de Serrolândia, cidade do semiárido baiano.
[2] Poderoso fazendeiro e latifundiário domiciliado naquela zona.
[3] CHANDLER, Billy Jaynes. Lampião reis dos cangaceiros. Rio de janeiro:paz e terra 1981.
[4] MELLO, Frederico Pernambucano. Guerreiros do sol: o banditismo no nordeste do Brasil. Ed. A Girafa. São Paulo, 2004, P. 418, (legenda fotográfica)

Cavalgada de Serra Grande Por:Rostand Medeiros

Rostand Medeiros na Cavalgada de Serra Grande

Este fim de semana estive no Pajeú com o amigo Luiz Dutra. Lá estivemos juntos dos muitos amigos que lá, tive o privilégio de conhecer. Pessoas maravilhosas que lutam e valorizam a história nordestina e a nossa cultura. O empresário Francisco Mourato organizou e realizou com vários amigos a Cavalgada da Serra Grande, onde um grupo de 40 cavaleiros trilharam os antigos caminhos dos almocreves e passaram pelo cenário do maior combate da história do cangaço. 

A cavalgada encerrou na Fazenda Barreiros, do nosso amigo Álvaro Severo onde os cavaleiros assistiram uma corrida dos tradicionais vaqueiros pela caatinga e provaram do interessante e gostoso “bode enterrado”, um prato antigo, utilizado pelos cangaceiros do grupo de Lampião. 

Para mim é uma satisfação desfrutar da amizade e da extrema receptividade dos amigos da região do Pajeú Pernambucano. Melhor ainda é podemos trabalhar juntos em prol da nossa história e nossa cultura, pois nesta luta somos todos NORDESTINOS. Um grande e forte abraço a Zel Ferraz, Patrícia Noia da Silva, Patrícia Cruz e ao amigo André Vasconcelos, responsável por me apresentar as maravilhas do Pajeú. A reportagem que segue mostra um pouco do que foi esta interessante cavalgada.

TV JORNAL MEIO-DIA - Cavalgada de Serra Grande 
é reaberta após 30 anos

Font: Youtube

Rostand Medeiros, pesquisador e escritor
Natal, Rio Grande do Norte

O Cangaço na Literatura; de Robério Santos Por:Manoel Severo

A arte das cabeças cortadas de Caribé

O Cangaço na Literatura é um projeto do confrade Robério Santos, sergupano de Itabaiana e que tem como objetivo apresentar ao grande público os principais cenários da historiografia do cangaço. Segundo Robério será "um programa que nos levará até locais que a maioria apenas lê em livros ou nem sabia de sua existência no universo do Cangaço."

Os episódios do Programa serão baseados em uma obra literária com o cuidado de no final apresentar uma outra indicação de leitura. Trata-se de um projeto independente e sem fins lucrativos, o mesmo é apresentado por Robério Santos e filmado por Thayane Matos. O primeiro episódio é sobre as cabeças dos cangaceiros após a chacina do Angico. Vejam o primeiro episódio de O Cangaço na Literatura:

O Cangaço na Literatura - Cabeças Cortadas
Tem boi no pasto....

Fonte: Youtube

Manoel Severo - Curador do Cariri Cangaço