Economia Criativa com Cláudia Leitão

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Secretária Cláudia Leitão

Gostaríamos de compartilhar com toda a família Cariri Cangaço a grande satisfação dos cearenses pela nomeação
 de nossa amiga 
ex-Secretária de Cultura do estado do Ceará, Cláudia Leitão, para a nova Secretaria Especial da Economia Criativa, do Ministério da Cultura.

Com certeza com o talento, a determinação, a seriedade e amor que Cláudia Leitão imprimiu a sua gestão à frente da Secretaria de Cultura de nosso estado, temos a certeza de uma gestão profícua e de pleno sucesso no Ministério da Cultura. Estimada Cláudia, receba o abraço de todos os que fazem o 
Cariri Cangaço.

Manoel Severo
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Porque a reunião no coito do Angico? Por:Aderbal Nogueira

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Caro Sabino, venho aqui mais uma vez tentar colaborar com o debate e com esta história tão cheia de mistérios, como diz nosso amigo Alcino, que é o Cangaço. Pois bem, lendo sua matéria aqui no Cariri Cangaço (Nota: Postagem abaixo) , lembrei de dois depoimentos que gravei com amigos ex-cangaceiros, Candeeiro e Vinte e Cinco, depoimentos esses que tiveram um intervalo de aproximadamente 8 anos entre a gravação de um e de outro. Um detalhe é que Candeeiro só encontrou com Vinte e Cinco cerca de 50 anos após o combate de Angico.Gravei primeiro com Candeeiro, e quando gravamos com "25" ele nos narrou a mesma coisa que Candeeiro havia falado, sem que nós sequer tenhamos comentado o assunto. Ambos os depoimentos foram tomados por mim e pelo amigo Paulo Gastão. Mais uma vez digo que eu, Aderbal, não estou dizendo absolutamente nada, não quero eu causar celeumas, apenas coloco ao público o que foi por mim gravado; tento somente colaborar com as pesquisas. Esse assunto no caso, estava até esquecido por mim. Quando vi a matéria hoje no Cariri Cangaço é que lembrei. 
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Confesso que até pensei em não mais enviar esses vídeos para os blogs, pois pode parecer, como algumas pessoas já falaram, que estou querendo me intrometer demais, porém o caso não é de intromissão e sim de colaboração. Por favor receba o vídeo como algo a mais para as pesquisas. 

"Ele queria ir para Minas..."
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Eu, Aderbal, não julgo se o depoimento é verdadeiro ou falso, afinal não estava no bando na referida época - 1938. 

Aderbal Nogueira
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Lampião tinha tudo que necessitava...

.XOo
Olho no Olho...
Por Sabino Bassetti
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 Pesquisador e escritor Sabino Bassetti

Amigos do Cariri Cangaço,

No meu entender, os motivos de Lampião se manter vivo por tanto tempo na vida bandida foram vários.Um deles é o fato dele respeitar o inimigo, não brigando quando não havia possibilidade de vitória como no caso do ataque a Mossoró e, outros de menor vulto. Outro motivo podemos dizer que seja o apoio que Lampião recebia dos coiteiros das mais diferentes classes. Tenho também que citar liderança que Lampião tinha sobre seus cabras não importando a importância que este ou aquele tivesse no grupo. E por fim a coragem natural que o rei dos cangaceiros possuia.

Quanto a ligação que Lampião tinha com coiteiros e protetores de grande projeção, era importante e proveitosa para os dois lados.

Sendo amigo e, prestando favores a Lampião, o fazendeiro, comerciante ou qualquer pessoa importante não teria suas propriedades, seus empregados e também suas famílias molestadas pelo cangaceiro. Em contra partida, Lampião tinha em suas mãos tudo aquilo que nescessitava com bastante facilidade. Além disso, negociar com Lampião, era uma razoavel fonte de renda. Mas não podemos negar, que existiram coiteiros importantes que serviam a Lampião apenas por amizade. Como exemplo das desvantagens de não se ter um bom relacionamento com Lampião, é lembrarmos do coronel Petronilo Reis, que logo depois de conhecer Lampião tornou-se seu inimigo sofrendo então enormes prejuizos.

Tempos depois da morte de Lampião, falou-se que ele iria se encontrar com seus sub grupos em Angico, para tratar, da sua retirada do cangaço ou uma possivel mudança de ares. Porém, poucos dias antes de Lampião chegar em Angico, ele esteve reunido com diversos de seus sub grupos e não tocou nesse assunto. Durante a semana que esteve em Angico, também lá esteve pelo mesmo periodo Zé Sereno e todo seu grupo e, Lampião não disse uma palavra a ninguém a respeito de abandonar o cangaço ou o nordeste como se cogitou. O encontro de Angico foi apenas mais um encontro rotineiro de Lampião e seus sub grupos.

Taí meu caro Severo, espero que seja isso que o amigo queria. Estou a sua disposição para qualquer tipo de colaboração que eu possa dar. Como se diz aqui no interior de São Paulo: "nóis num entende muito, mais nóis vai empurrando devagar".

Abraço fraterno.

Sabino Bassetti
Pesquisador e escritor
Salto - São Paulo
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Em Março compromisso é com Maria!

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De 23 a 26 de Março nosso compromisso é com o Centenário de Maria Bonita;
Paulo Afonso, Canindé do São Francisco e Piranhas, Não perca!
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E os cangaceiros invadem a avenida!

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Carro alegórico da Escola de Samba Mangueira no desfile do ano de 2009

A Escola de Samba Imperadores da Parquelândia, do bairro Parquelândia, em Fortaleza, levará para o Carnaval da avenida Domingos Olímpio neste ano o samba-enredo ” O Rei do cangaço”. Promete contar toda a saga de Lampião e Maria Bonita pelo Nordeste. Com a aproximação do Carnaval, a Imperadores da Parquelândia informa para o Blog está intensificando seus ensaios e com inscrições abertas para preenchimento de vagas de passistas e até destaque em suas alas.
ENSAIOS-Avenida Jovita Feitosa esquina com rua Viriato Ribeiro s/n, às terças e quintas-feiras, a partir das 18 horas, em Fortaleza.
SAMBA-ENREDO
O REI DO CANGAÇO
Letra e Musica: Maria Ivete da Silva Barros
Que loucura de paixão e amor,
A de lampião e Maria bonita
E não é fita!
Seu nome era Virgulino
Quando menino desejava ser vaqueiro
Depois que seu pai pereceu
Se transformou em lampião o cangaceiro
Conduzia munição, armado de rifle
Criando emboscadas, fazendo trincheira
Juntou-se a jagunçada e se divertia
Com a canção da mulher rendeira.
Olé mulher rendeira, olé mulher renda (BIS)
Tu me ensina afazer renda que eu te ensino a namorar
Lampião foi odiado, mas muita gente o idolatrava
Mesmo sendo um fora da lei
Na literatura seu nome ficou.
A Imperadores nessa historia deu final
Lampião e Maria bonita
Nesse lindo carnaval (BIS)
É lamp, é lamp, é lamp, é lamp, é lampião
O maior rei do cangaço animando a multidão. (BIS)
Mas que loucura

Fonte- blogdoeliomar - Jornal O Povo
Jornalista Eliomar de Lima
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E mais cangaceiro na Sapucai...

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Cangaceiro da Acadêmicos do Tucuruvi, no carnaval carioca de 2010... 
`Tem a cara do povo nordestino` pelo carnavalesco da escola Wagner Santo.

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A Mangueira e Alcino Alves Costa

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Mas...querido amigos, tenho uma revelação, certamente vocês haverão de concordar comigo. Com certeza a Escola de Samba Mangueira, no desfile do carnaval carioca de 2009, estava na verdade prestando nao 
uma homenagem a Virgulino 
e sim ao Caipira de Poco Redondo...

Manoel Severo
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Bornais prontos para Paulo Afonso !

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Tudo pronto para a realização do Seminário Internacional do Centenário de Maria Bonita.  Dia 08 de março , dia internacional da mulher, nascia na Malhada da Caiçara, terras de Paulo Afonso, há exatos cem anos, a Maria do Capitão, a Santinha de Virgulino que se tornaria a "Rainha do Cangaço".

A iniciativa é das Prefeituras de Paulo Afonso, Piranhas e Canindé do São Francisco, tendo ainda o apoio da UNEB, da CHESF e do SEBRAE. Dos dias 23 a 26 de março próximo, o universo do cangaço voltará seus olhos para esse grande evento capitaneado pelo confrade, pesquisador e escritor João de Sousa Lima.

Este ano o Seminário Internacional do Centenário de Maria Bonita terá um formato diferente, dinâmico e itinerante, contemplando as cidades de Paulo Afonso, Canindé do São Francisco e Piranhas, numa autêntica festa de congraçamento, integração e harmonia entre os estados da Bahia, Sergipe e Alagoas.


Com uma programação arrojada e rica, reunirá grandes nomes da pesquisa e estudo do tema Cangaço no Brasil, entre eles, os ex-Presidentes da SBEC, Paulo Gastão e Ângelo Osmiro, escritores do porte de Alcino Alves Costa, Sabino Basseti e Carlos Megale, pesquisadores respeitados como Alfredo Bonessi, Juliana Ischiara, Antônio Porfírio e Jairo Luiz, além de personalidades marcantes deste universo do estudo e pesquisa do cangaço como Aderbal Nogueira, Kiko Monteiro, Edson Barreto e Antônio Galdino, o evento terá ainda a participação do pesquisador e escritor francês, Jack de Witte. 

Para conhecer a Programação Completa, visite o blog oficial do amigo João de Sousa Lima: www.joaodesousalima.blogspot.com , pronto; arrume os bornais e marque já sua presença. Bom seminário! nos vemos em Paulo Afonso.

Manoel Severo

Visite: www.joaodesousalima.blogspot.com
o site oficial do Seminário Internacional do Centenário de Maria Bonita
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A beleza da mulher cangaceira Por:Alcino Alves Costa

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A bela Enedina, esposa de Zé de Julião

Há muitos anos, dominado pela minha obsessão em pesquisar as coisas do sertão, em especial, as coisas do cangaço, eu vivo à procura de fatos quase que impossíveis de serem encontrados dos tempos de Lampião. C
arrego em meu sentimento uma vontade louca de encontrar fotos daquelas mocinhas que se bandearam para o cangaço. Será que fotografias não conhecidas poderiam ainda ser encontradas? – assim eu imaginava. E
u tinha quase a convicção que não. Você, meu querido vaqueiro da história, você já imaginou encontrarmos uma foto de Lídia Pereira de Sousa, a famosa Lídia de Zé Baiano, nascida no Raso da Catarina, no lugarejo Salgadinho, o mesmo local do nascimento de Nenê de Luís Pedro e de Naninha de Gavião?

Como se sabe, dizem que Lídia era a mulher mais linda e mais atraente do cangaço. A sua história foi triste e medonha. Em 1934 foi assassinada. O assassino foi seu próprio companheiro, o desalmado “Carrasco de Chorrochó”, o antigo pedreiro Aleixo, celebrado no cangaço com o nome de Zé Baiano. Uma versão dá conta de que ela foi enterrada no Riacho do Quatarvo, nas terras da antiga fazenda Paus Pretos, do coronel Antônio Caixeiro, em terras do município de Poço Redondo.

Será que existem fotos da bela Maria de Juriti, nos tempos de sua juvenil mocidade ao lado deste famoso cangaceiro? Quem é de nossos confrades que conhece uma foto de Dinda, a mocinha filha de Poço Redondo que foi para a companhia de seu noivo, João Mulatinho, irmão de Adília de Canário, alcunhado no bando de Delicado?

Alcino Alves Costa em momento de entrevistas no Cariri Cangaço

Quem conhece uma foto de Rosinha, de Mariano e de Adelaide, de Criança, caboclinhas irmãs, filhas que eram de Lé Soares? 
Quem antes dessa postagem conhecia uma foto de Enedina, a única mulher casada do bando de Lampião? Com certeza absoluta ninguém.
Pois bem! Meus amigos e companheiros no rastejar a história dos povos sertanejos, em especial a história do cangaço e de Lampião, neste mês de fevereiro de 2011, eu tive uma grandiosa surpresa. Surpresa que me deixou pleno de felicidade. Emocionado mesmo. Conversando com Antônio Neto, um grande artista de Poço Redondo, neto da falecida Maninha, que era irmã de Enedina, a Enedina de Zé de Julião, a Enedina que morreu em Angico ao lado de Lampião, ele me disse que sua mãe, dona Antonieta, tinha uma foto da esposa do cangaceiro Cajazeira de pouco antes dela ter ido para o cangaço. Ainda mais. Que aquela foto havia sido tirada no dia de seu casamento que aconteceu na igrejinha de Poço Redondo, em 15 de Agosto de 1937.

Zé de Julião

Fiquei atarantado com aquela inesperada novidade. Ter esta foto em minhas mãos era algo de um valor extraordinário. Tonho Neto se comprometeu em ir buscá-la na Pia do Boi, fazendinha do município onde a sua mãe reside. A minha expectativa era enorme. Eis que no dia 20 deste mês, este meu querido amigo me entregou a foto, esta foto que tenho a felicidade de mostrá-la a todos os que pesquisam e estudam o cangaço.

Vejam meus companheiros o quanto Enedina era bela. Uma menina-moça que carregava em seu corpo e em seu espírito uma lindeza incomparável. E saber que uma jovem e linda mulher, como Enedina, no fulgor de sua mocidade, perdeu a vida, com a sua cabeça esbagaçada por uma infeliz bala, na subida de uma das serras de Angico, é um acontecimento que ainda hoje, após tantos anos, nos deixa tristes e desconsolados.
Olhem devagar e com muito carinho esta foto. O que é que vocês acharam? Que tal! Aí está a prova do quanto a mulher sertaneja era e é bela, linda, maravilhosa.

A beleza da mulher cangaceira era realmente invulgar. Além de Lídia, considerada a mais bela de todas, não podemos desconhecer a beleza de Maria Bonita, de Maria de Pancada, de Dulce, a segunda companheira de Criança; de Sila de Zé Sereno, o jeito trigueiro e belo de Dadá de Corisco e Inacinha de Gato e tantas outras que com sua beleza e seu fascínio alucinavam os jovens cangaceiros que tinham naquelas lindas flores campestres, flores em forma de gente, a essência do amor e do desejo se derramando aos dengos em seus másculos braços, alucinadas de desejos, dominadas por uma volúpia incontrolável, dando e recebendo quase que divinais momentos de felicidade e prazer, mesmo que em um ambiente quase que perene de sofrimento e gravíssimos perigos da própria vida.


A história tem sido injusta com a mulher cangaceira. Elas mudaram o viver do cangaço. Foram verdadeiras heroínas que amenizavam a brutalidade dos cangaceiros. Foram elas as sertanejas que ali estavam, naquele tão perigoso meio, unicamente para estarem ao lado do homem amado, dando e recebendo carinho, arriscando a vida em troca do prazer e da felicidade em acompanhar e estar ao lado do homem de sua vida.

Elas eram lindas. Enedina era uma prova do que estou afirmando. Admirem esta foto que é uma relíquia da história de Poço Red
ondo e da história do cangaço.

Alcino Alves Costa
Caipira de Poço Redondo
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A Patente do Capitão Lampião


Pesquisador e escritor Daniel Walker

Um dos momentos mais polêmicos da passagem de Lampião em Juazeiro do Norte naquele março de 1926 foi sem dúvidas a questão da famosa patente de Capitão dos Batalhões Patrióticos, neste vídeo trazemos o grande pesquisador e escritor de Juazeiro do Norte, Daniel Walker que nos coloca suas impressões sobre o aludido episódio.
Grande abraço a Daniel Walker.

Manoel Severo
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Causos e Casos Por:José Cícero

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Além de um bom prosador à moda antiga dos sertões do Cariri, o Sr. Zamora Taveres do Tipi de Aurora tem muitas estórias e histórias pra contar. Todas elas guardadas no fundo da memória. Fresquinhas como se tivessem ocorrido ontem. Talvez uma herança atávica dos seus ancestrais – os Tavares das ribeiras aurorenses. Antigos desbravadores e proprietários de terras naquele fértil e aprazível riacho.

Como é possível perceber, boa parte das narrativas de Zamora foram lhe contadas pelo próprio pai Miguel Tavares recentemente falecido. Famoso vaqueiro-agricultor, proprietário e criador de gado na região do Tipi. Uma figura bastante conhecida, cuja oralidade era, por assim dizer, um rico e imenso palimpsesto recheado de fatos, exemplos, contos e causos dos mais antigos. Na sua grande maioria acontecimentos idos das quebradas dos sertões do Ceará a Paraíba.

Uma dessas narrativas me fora contada recentemente, ocasião em que eu pesquisava a passagem de Lampião por Aurora. Tal história nos remete inapelavelmente, às primeiras investidas do rei do cangaço ao lado de Massilon Leite, sob os auspícios do coronel Izaías Arruda e seus jagunços na região fronteiriça de Aurora e o estado paraibano. 
Provavelmente na mesma época em que se deram as primeiras incursões dos temíveis cangaceiros de Virgolino aos municípios de Cajazeiras, Canto do Feijão(atual Santa Helena), Belém do Rio do Peixe(Uiraúna), Apodi, dentre outros.

Como protagonista, a figura de um simples agricultor que conseguiu ficar “podre de rico”, como se diz por estas bandas, ‘da noite para o dia’. Tanto que, mesmo após 84 anos do ocorrido, aqui acolá ainda se ouve falar sobre este interessante episódio. Seu nome: Antonio Dias das Braúnas, cuja propriedade localiza-se entre os limites de Aurora(Tipi) com a Paraíba(Cachoeira dos Índios). Um nome que ainda figura entre os mais ricos e afamados proprietários de terras e gado de toda esta região naquele tempo.

Vamos aos fatos:Na segunda metade dos anos 20, auge do cangaceirismo nordestino o Sr. Antonio Dias(das Braúnas) era praticamente um desconhecido. Levava sua vidazinha simples de agregado-agricultor trabalhando pesado no eito de sol a sol, para conseguir tirar da terra o sagrado pão, para o sustento da sua prole. Num tempo em que o sertão estava infestado de cangaceiros e jagunços, não apenas do famoso bando de Lampião, como também dos conhecidos subgrupos sustentados pelos potentados coronéis de engenhos.

Certa noite, quando já se preparava para o recolhimento, o Sr. Antonio Dias ouviu um barulho junto a porteira que dava para o curral ao lado da casa. Noite bela e enluarada, conseguiu avistar de onde estava, por cima da porta, um animal estranho. Resolveu se aproximar para ver de perto do que se tratava. Era uma burra cardan, completamente arriada como se diz no sertão. Sob a sela, corona e embornais avolumados deixavam transparecer que continha no seu interior alguma mercadoria fina. Completamente cheios. Sinal de que traziam algo, mas que ele, até então não havia se certificado do que realmente era.



Homem experiente de boa visão noturna esquadrinhou de relance todo o ambiente. Nem um sinal de uma alma viva, com exceção dele próprio e o animal que parecia assustado. Agarrou o muare pelas rédeas e após alguns passos, amarrou-o numa outra estaca da velha cerca, desta feita, pela parte interna do cercado. Afrouxou a sia da sela tirando em seguida a corona e os alforjes. Estavam pesados. Arriou o animal ali mesmo. Num caco de barro improvisado, ainda com água, colocou bem ao lado da burra. Comida mesmo, ele só daria no outro dia no baixio. até que o dono aparecesse. Deixou-a ali presa a estaca pelo cabresto.

Agora, sobre os seus braços as coronas e os embornais à lua da sela... Rumou para casa com celeridade. Sob a luz esmaecida do grande candeeiro já no centro da sala pôs os arreios no chão. Estava curioso para saber o que havia de fato dentro dos compartimentos de couro. Com extremo cuidado, movido pela crescente expectativa aproximou ainda mais a candeia dos alforjes. Tivera um susto com o que realmente seus olhos enxergaram. Num impulso quase incontrolável quis sentir aquele conteúdo com as próprias mãos. Como quem não acreditasse nos seus olhos. Um frio estranho percorreu todo o seu corpo. As suas mãos acostumasa a segurar até serpentes. Agora tremiam diante do que seus olhos lobrigavam. Um tanto esbaforido pela emoção, sentiu por fim, o peso daquela coisa por entre seus dedos cheios de calos.
- Dinheiro! Meu Deus quanto dinheiro...

Ele sussurrou baixinho como quem falasse para dentro de si mesmo. Depois daquele momento, tudo era só solidão e silêncio.
Uma áurea de mistério empalideceu seu rosto de repente. Os outros da casa encontravam-se recolhindos. Dormiam profundamente...Cédulas, moedas e jóias. Grossos cordões de prata e ouro. Assustado, por um momento ficou ali mesmo prostrado perdido em pensamentos. Sentado sozinho sobre a rés do chão da imensa sala fintava sob a luz mórbida da lamparina de azeite aquela fortuna.

Uma vez mais, meteu a mão agora com força no meio das moedas. Sentiu-as com o tato dos dedos mais do que com os olhos, constatando que de fato, eram muitas...
- Uma fortuna! - Exclamou ele exaltado dentro de si mesmo.
– Diacho, quem será seu dono! – disse. Ningém lhe respondera. Pleno silêncio...
Pegou tudo aquilo, inclusive os arreios em seu conjunto, subiu, com a ajuda de uma escada e guardou no fundo do sótão.Passou o resto da noite em claro. Pensativo, tentou ventilar um milhão de possibilidades para aquele fato. Mas nada de objetivo. Nada se sustentava ante seus esforços imaginativos de sertanejo desconfiado. Teve que de novo, agora pela janela, de verificar se a 'burrinha da felcidade' estava lá como deixou. No pátio ao lado da cerca.

Por algum momento, imaginou que tudo aquilo não passara de um sonho. Mas não. Não estava louco nem sonhando. Um vez que, calma, ao contrário dele, a burra da fortuna permanecia lá onde deixou. Quem sabe na certeza que teria finalmente encontrado seu verdadeiro dono.
– Um milagre!... Ele falou quase num suspiro aliviado.

Aquela madrugada passou voando. Passaram-se dias. Passaram-se anos. Décadas e décadas passaram com celeridade, igualmente as aves de arribação da caatinga naquele ano.
Espero. E nada. Nunca ninguém apareceu para reclamar aquela fortuna. A burrinha nunca mais viajou nem trabalhou. Desde então, passou a viver garbosamente pastando longe dos olhos de todo mundo. Dizem que era um animal formoso. Seu novo dono comprara fazendas, gado, bons cavalos. E de vez terminou ficando rico e afamado...Ninguém jamais soube ao certo como esta história veio a tona e se tornou conhecida.

Sem muita explicação dizem até hoje que o animal havia se desgarrado do bando de lampião num possível confronto com as volantes paraibanas. E uma vez perdida pelas matas do sertão adentro, a burrinha, terminou parando nas Braúnas. Na residência do famoso e sortudo Antonio Dias.
Coisas que escrevo porque ouvi falar...

Por José Cícero
In História que ouvi contar
LEIA MAIS EM:
http://www.prosaeversojc.blogspot.com/
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O fascínio dos Guerreiros do Sol Por:Manoel Severo

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Virgulino e Maria, pelo ilustrador André Neves

É interessante perceber o tamanho do interesse que a temática Cangaço desperta ainda hoje nas camadas mais jovens de nossa sociedade, mesmo depois de mais de 80 anos do fim da saga dos "Guerreiros do Sol". Por ocasião das duas edições de nosso Cariri Cangaço, 2009 e 2010, tivemos um volume significativo de jovens inscritos; 69%, destes, o fato curioso: Os mesmos 69% eram do sexo feminino, secundaristas e universitárias notadamente de nossa região do cariri.

Esse fato chamou minha atenção e provocou um conjunto de reflexões sobre o surpreendente interesse de nossas jovens com relação ao Cangaço; com certeza ali se encontravam uma infinidade de motivações; acadêmicas, científicas, de estudo e produção universitária, enfim, mas, causou-me surpresa, uma vez que imaginávamos que no inconsciente coletivo as questões preponderantemente exploradas pela mídia com relação ao cangaço, que por muito tempo se resumiam apenas ao estereótipo da violência, selvageria, crueldade; um recorte inevitável certamente, pudessem vir a despertar a curiosidade e atenção das mulheres, mas, é fato, e na verdade ficamos muito felizes.

Foto constante do livro "Estrelas de Couro" de Frederico Pernambucano

Entretanto,  e o próprio Cariri Cangaço já aponta nesta direção; começamos a vislumbrar uma nova fase na pesquisa e estudo do fenômeno cangaço, voltada mais para a abordagem científica, que em muito nos auxiliam no entendimento do que aconteceu e de todos os seus reflexos e capilaridades; é o que nosso estimado amigo, pesquisador e escritor do cangaço, professor de Filosofia do Direito, Honório de Medeiros chama de a "Nova Onda do Cangaço". Na verdade sem desmerecer os vaqueiros da história; muito pelo contrário; fortalecendo suas teorias, impressões e leituras, à luz do aprofundamento das ciências humanas; com certeza nos mostram um pouco a razão do interesse desses jovens com relação ao cangaço, notadamente com o ciclo Lampiônico. 

Maria José, menininha sertaneja, personagem do curta Vida Maria 

Outro aspecto interessante e que acabamos de nos defrontar a partir de uma postagem neste mesmo Blog, da jornalista Denize Marques  com o título: Os bailes do rei do cangaço, sobre o fascínio que os Cangaceiros; seu modo de vida, seus trajes, seus adereços, os bailes, o perfume, enfim; despertavam nas mocinhas de nosso sertão, e alí a jornalista nos traz o depoimento da senhora Alzira Marques, de Canindé do São Francisco, trazendo uma impressão extremamente importante com relação ao momento histórico e social vivido nos rincões de nosso nordeste. Esse cangaço realmente é um tema apaixonante e rico.

Manoel Severo
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Sedição de Juazeiro segue em ritmo acelerado

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Jagunços de Floro Bartolomeu

Severo, seguem mais algumas fotos das gravações da mini-série Sedição de Juazeiro, realizada pala FGF, Faculdade Grande Fortaleza, tendo na direção Daniel Abreu e na Produção e roteiro Jonas Luiz. As gravações seguem em ritmo acelerado, com  imagens captadas em Quixeramobim, Rio de Janeiro, Juazeiro do Norte e em Minas Gerais. Eu, como pesquisador das histórias nordestinas e do Ceará, em especial, me sinto extremamente satisfeito em estar co-produzindo esta série, além de ser uma das histórias mais polêmicas do Ceará.  





Estou certo que os amantes das histórias cangaceiras vão gostar da série, pois tem muitos ingredientes das histórias Lampiônicas. Fica aqui também o meu agradecimento ao convite feito a mim por Daniel Abreu e Jonas Luiz para a parceria da Laser Vídeo nessa obra vital para a nossa história.

Aderbal Nogueira
Laser Video Produções
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Dadá, a princesa do cangaço Por: Ana Lucia

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Ana Lúcia, Lili e Wescley Rodrigues

Neste ano de 2011, em que as mulheres ocupam uma posição de destaque na esfera política, econômica e social, como também mulheres ativamente envolvidas na arte, na música, na cultura, nas ciências e em vários outros setores, não podemos esquecer o centenário de nascimento da Rainha do Cangaço; Maria Gomes de Oliveira; a Maria Bonita. Mulher corajosa, a frente do seu tempo, determinou a enfrentar uma vida nômade, bandoleira, tornando-se a primeira mulher a entrar no mundo do cangaço.

A entrada da mulher no cangaço foi uma necessidade de afeto, de carinho e principalmente apoio e companheirismo diante de tantos atos criminosos praticados por seus companheiros neste sertão nordestino em que a própria sociedade como também por motivos diversos, contribuíram para que esses indivíduos se transformassem em cangaceiros ávidos por mudanças.

Diante desse exposto e recapitulando um pouco de sua história, destacamos a figura de uma outra mulher extraordinária, valente, guerreira... e amável: Sérgia Ribeiro da Silva, a Dadá, mulher de Cristino Gomes da Silva Cleto, o Corisco. Dadá, a Princesa do Cangaço, também chamada por Suçuarana justamente por sua valentia, tinha habilidades tanto no bordado e na costura como no manuseio de armas que, com muita precisão no atirar, foi à única mulher no cangaço a participar de forma ativa nas lutas e combates.


Dadá e Corisco em foto de 1936

Dadá era diferente. Foi uma mulher forte, destemida, que seguiu seu companheiro quebrando também paradigmas sociais de sua época. Nascida em Belém do São Francisco, Pernambuco, casou-se oficialmente com Corisco tendo com ele sete filhos, dos quais apenas três sobreviveram. Sobre sua convivência com as outras mulheres e os cangaceiros dentro do bando, ela afirmou em depoimento ao médico Estácio de Lima:

“ [...] Era uma convivência maravilhosa,
todo mundo tinha seu marido, uma amor danado,
uma costurava, outra ajeitava um vestidinho, uma coisa.
Uma vida bacana. Com Lampião, ali,
ninguém dava um nome, ninguém se enxeria com coisa
nenhuma. Agora, se ela saísse linha, o chumbo comia,
matavam, como aconteceu com Cristina de Português e Lidia.Os cangaceiros eram muitos amorosos, tinham tanto carinho, eram capazes até de se esquecer das armas.”

Nesse relato, Dadá nos revela que, mesmo possuindo características marcantes como crueldade e hostilidade, por exemplo, os cangaceiros ao mesmo tempo mostravam-se capazes de demonstrar atos de doçura e amor por suas mulheres. Dadá lembra-se ainda que “quando não tinha tiro, tinha alegria, era tudo bom”. Em 1938 o cangaço se extinguiu com a morte de Lampião e de forma definitiva em 1940 com a morte de Corisco, que teimava em continuar para vingar a morte dos seus companheiros.

Entretanto, cabe aqui ressaltar a bravura de Dadá, esta mulher que após uma vida cheia de sofrimentos, alegrias, amor e lutas, morreu pobre na periferia de Salvador em Fevereiro de 1994 aos 78 anos, portanto, são exatos dezessete anos que Dadá não está mais entre nós. Aposentou-se como costureira, casando-se pela segunda vez com um pintor de paredes e uma vida dedicada a família com simplicidade e humildade acima de tudo e por tudo que ela significou para a história, foi uma guerreira notável e admirada por todos que a conheciam.Dadá ainda foi homenageada por sua luta e representatividade feminina em Salvador por sua personalidade forte e grandiosa como mulher, mãe e pessoa dotada de espírito solidário.
Dadá em foto dos anos 70  

Homenagem justa, mas não podemos esquecer a importância desta figura feminina para a história social do Brasil que, no século XX, naquela época, eram tratadas para serem submissas aos maridos, sem valor, sem direitos e muito menos eram proibidas de subverterem contra qualquer injustiça tendo que se comportar de acordo com os padrões que regiam as convenções sociais, mas em pleno sertão rural nordestino, determinadas mulheres corajosas como Dadá, por exemplo, teve o denodo de enfrentar situações diversas e adversas por amor, cumplicidade e companheirismo participando ativamente do cangaço enquanto movimento popular, tornando-se um símbolo feminino contra a resistência política e social vigente.  

São dezessete anos sem a nossa querida Dadá. Querida sim, pelos seus feitos, pela pessoa humana que foi, pela sua história de amor e dedicação que sobrepujou diante de todos por suas qualidades.

Ana Lucia Granja de Souza
Historiadora e pesquisadora
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Vejam esta: Cícero, Virgulino e Bento

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O Papa Bento XVI apareceu em público usando um modelo de chapéu “saturno” para se proteger do sol. O chapéu é tradicional na vestimenta papal e chegou a ser usado pela última vez pelo Papa João Paulo II. A cor vermelha era a distinção dos papas na hierarquia da igreja até o século XVI, quando Pio V instituiu o branco..Sei não, mas com este chapéu, o Papa ficou um misto de Padre Cícero com Lampião.

Pesquei no ahtrine.com.br
Postado em 09-06-2010- O chapéu do Papa
Arquivado em (Ah Tri Né, Design, Imagens OMG!, Internet, Notinhas)
por Emerson Oliveira
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A Singer e os níqueis Por: Guilherme Machado

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Maquina Singer americana , ano 1907; doada a avó do compadre Aluisio Ferreira da Silva,da localidade de Pedras, municipio de Flecheiras, Pernambuco. Essa máquina a família do compadre ganhou do bando de Lampião em 1925, quando sua família recepcionou os cangaceiros de Lampião com uma deliciosa buchada de bode (recepção obrigada) , segunda a velha avó de Aluisio, ganhei a máquina de costura do bando. Também fizeram uma pequena oferta em dinheiro pelo almoço servido ao bando. O fato é que esse dinheiro permaneceu por toda a vida dentro da gaveta cofre da máquina, a Velha não gastou um réis sequer. Achava que o dinheiro era fruto de roubo. Quando o compadre me deu a máquina eu contei: Cinquenta contos de réis, em moedas dos anos de 1910 a 1922, moedas de níquel, prata e cobre. Reparem nas fotos; as moedas ainda permanecem na gaveta do cofre ao lado da máquina. 

FONTE: blogportaldocangaço.blogspot.com
do amigo Guilherme Machado
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