Nossa eterna gratidão... Por:Manoel Severo


Manoel Severo, curador do Cariri Cangaço


Construir um evento como o Cariri Cangaço; sob todos os aspectos,  exige, além de muita determinação, esforço e responsabilidade; o comprometimento de uma espetacular equipe de trabalho e o decisivo apoio de parceiros vitais.

Novamente, neste 2011 que finda, reeditamos essa grande festa. 
Foram seis dias de intensas atividades, mais de 60 horas de "agenda cheia"; manhã, tarde, noite e às vezes...madrugada à dentro; hospedagem para 125 convidados, almoço festivo e jantar temático, invariavelmente para cerca de 150 pessoas; vários teatros, ginásios, auditórios, logística de som, projetor, telão, recepção, limpeza dos locais, montagem, latada do livro, produção e ajustes de kits promocionais, assessoria aos meios de comunicação, cerimoniais, música, imagens, traslados, transportes internos nos mais de 1.000 km rodados dentro do evento... e o cuidado para possibilitar aos mais de 2.000 participantes nas sete cidades anfitriãs, o melhor que podíamos.

A todos os colaboaradores: da SBEC, do GECC, das prefeituras do Crato, Juazeiro do Norte, Barbalha, Missão Velha, Barro, Aurora, Porteiras, aos queridos amigos da imprensa, companheiros do ICC, do ICVC do Pró Memória, dos SESCs Crato e Juazeiro, da Expresso Guanabara, do Hotel Pasargada, da Laser Vídeo, enfim.. a cada um de vocês e a todos vocês; que estiveram, estão e estarão ao nosso lado na construção desse sonho; nesta época maravilhosa de festas natalinas; o nosso mais sincero e verdadeiro sentimento de gratidão. Muito obrigado; muito, muito, muito obrigado e até 2012, com mais um Cariri Cangaço.

Então que venha o fantástico ano de  2012 !!!

Manoel Severo
Cariri Cangaço

Que venha o fantástico ano de 2012



Uma pequena homenagem a alguns dos muitos que acreditaram ao nosso lado,
que era possível.
Muito obrigado, muito obrigado mesmo.

Manoel Severo
Cariri Cangaço

Antônio Amaury, o que dizer do Mestre ? Por:Manoel Severo

Antônio Amaury Correa de Araujo

Aconteceu no último dia 13, deste mês de dezembro, na Assembléia Legislativa da Bahia, em Salvador, os lançamentos de mais uma obra e a reedição de outra; do renomado pesquisador e escritor do cangaço, Antônio Amaury Correa de Araujo: "Maria Bonita" - Coleção Gente da Bahia e uma nova edição de "Gente de Lampião: Dadá e Corisco". 

Impossível não falar da temática cangaço sem citar o desbravador, aquele que quando pouco ou quase nada se sabia sobre o tema, saiu do conforto de sua casa e de sua família em São Paulo e enveredou pelo sertão afora, caatinga a dentro, buscando e rebuscando fragmentos da verdade histórica. Ali começava a se construir um legado para a eternidade, o legado da espetacular obra de homem obstinado, determinado, disciplinado e cheio de talento, chamado carinhosamente por seus amigos de: Doutor Amaury. 

Momento do honroso autógrafo
Capitão Marins e Eduardo Dorea
Inseparável escudeiro, filho e amigo, Carlos Elydio
Luiz Ruben
Professor Manoel Neto

Aos amigos Antônio Amaury, Dona Renê, querido Carlos, Sérgia e família e Amaury Junior, o nosso abraço fraterno de respeito e profunda admiração.Recebam os mais sinceros votos de felicidades no ano que começa,

Manoel Severo
Cariri Cangaço

NOTA CARIRI CANGAÇO: Fotografias cortesia de Luiz Ruben

Abrindo o Baú...Lembranças de 2010 Por:Manoel Severo


Ao lado do pesquisador e escritor Magérbio de Lucena, participando do mais tradicional programa de rádio do Cariri; Jornal do Cariri, do jornalista Antônio Vicelmo; naquela oportunidade estávamos realizando a divulgação promocional do Cariri Cangaço 2010. Magérbio de Lucena acabara de contar um pouco mais sobre o "fogo da Piçarra" quando tombou sem vida o cangaceiro Sabino e nós estávamos discorrendo sobre a Programação do Evento para aquele ano, que aconteceu no mês de agosto.


Ao lado da professora Anna Christina, professora da URCA e Diretora do Ponto de Cultura Lira Nordestina e do artesão José Lourenço. Naquele momento estávamos fechando a aquisição de 150 das famosas sandálias do Cariri Cangaço; presente do  município do Crato aos participantes do evento no ano de 2010. A arte em xilogravura, gravada em sandálias de borracha, tipo havaianas, traz as figuras de Lampião e Maria Bonita. criação de José Lourenço.


Uma das mais tradicionais famílias do Cariri, também do berço dos Terésios, é a família Macedo, da lendária Marica Macedo do Tipi, protagonista de um dos principais épicos de nossa região: O Fogo do Taveira. Naquela noite, ao lado dos confrades Ângelo Osmiro e Aderbal  Nogueira, fomos recepcionados para jantar pelo escritor Vicente Landim de Macedo, autor de Marica do Tipi.

  

O Grupo Empresarial Porto Freire promoveu a Exposição Cangaceiros, em seu Centro Cultural em Fortaleza. Para o lançamento, além das presenças da jornalista Vera Ferreira, neta de Lampião e do produtor Ricardo Albuquerque, o GECC se fez presente através de seus sócios; Ângelo Osmiro, Manoel Severo, Aderbal Nogueira, Edilson Cláudio, Haroldo Felinto, entre outros.


Em outra oportunidade novamente vamos abrir a tampa do 
Baú de nossas lembranças !

Manoel Severo

Jack de Witte, o francês mais nordestino do planeta. Por:Manoel Severo

Bosco André, Jack, Severo e Zé Cícero , em uma de nossas últimas visitas ao Ten João Gomes de Lira em Nazaré

Jack de Witte me foi apresentado pela amiga Luitgard de Oliveira Barros, junto com a apresentação, veio a recomendação: "Severo o homem é espetacular e um apaixonado pelas coisas do nordeste". Sem dúvidas as credenciais apontadas por nossa estimada Luit, se confirmaram sobre maneira. Jack um "brasilianista" que descobriu sua paixão pela caatinga e pelo cangaço, pesquisador atento e escritor, nos deu o prazer de estar ao nosso lado durante quase 10 dias, quando pudemos compartilhar o nosso Cariri, como também visitar alguns dos principais cenários de nossa história cangaceira. 

Jack de Witte, Manoel Severo, Bosco André e Vilson; neto de Antônio da Piçarra
Jack de Witte, Zé Cícero, Anildomá e Bosco André
Rumo a Fazenda São Miguel e Passagem das Pedras

Em principio uma passagem obrigatória; pelas terras de Antônio da Piçarra. Piçarra cenário mais do que vital para entendermos as relações de Virgulino Ferreira com a sociedade rural daquela época. Seu Tôim da Piçarra, coiteiro de confiança que pelas contigências do destino foi obrigado a entregar seu amigo Lampião. Ali nas terras da Piçarra, Lampião foi cercado pelas volantes de Arlindo Rocha e Manoel Neto e ali tombou morto Sabino. "Meu avô disse que entregou Lampião com lágrimas nos olhos", confessa Vilson, neto de seu Tôim da Piçarra e nosso anfitrião.

Serra Talhada e sua lendária "Passagem das Pedras" foi nossa segunda parada, sem deixar de abraçar o confrade Anildoma Willians e nossa querida Cléo da Fundação Cabras de Lampião. Da capital do Xaxado em Pernambuco, partimos para a Bahia não sem antes pisarmos o solo da Estrada Zé Saturnino e as fazendas Passagem das Pedras, onde nasceu Virgulino e São Miguel, berço da família de Seu Luiz de Cazuza.

Nazaré do Pico, a Carqueja, a Vila encardida no meio da caatinga brava, entre Serra Talhada e Floresta, terra de homens valentes e destemidos, ali Virgulino conheceu seus mais ferrenhos inimigos e perseguidores: Os nazarenos. Ali tivemos a oportunidade do último abraço em nosso querido Tenente João Gomes de Lira.

Pedro Luiz, Jack e Alcino Alves Costa na casa de Dona Generosa
Pedro Luiz, Julio Ischiara, Zé Cícero, Jack, Manoel Severo e Bosco André e ainda com Juliana Ischiara, Dra Francisquinha, Sousa Neto, Alcino Costa... na casa de Maria Bonita
Paulo Gastão e Jack de Witte, navegando no São Francisco rumo a Angico
Manoel Severo, Megale e Jack, rumo a Angico
Jack, Lili, Zé Cícero e Bosco André na Grota mais famosa do nordeste

Passando por Pernambuco, Alagoas e desaguando no norte da Bahia para encontrar os confrades que ciceroniadosm por João de Sousa Lima promoviam o Seminário Internacional do Centenário de Maria Bonita. As visitas à Vila de Dona Generosa no sopé da serra do Umbuzeiro, a emblemática Malhada da Caiçara e a Casa de Maria Bonita com direito a abraçar seu irmão, Ozéas Gomes, foi para Jack um  momento único em nossa viagem pelas paragens baianas. Em Delmiro Gouveia a visita a ex-cangaceira Aristéa e ao Museu da Fundação Delmiro Gouveia.

Dali à bela Piranhas, e à Grota de Angico, anfitrionados pelos amigos Jairo Luis e Cacau, fez de nosso encontro um momento único onde Jack, pela segunda vez em Angico, pudesse ter o contato com várias correntes de pensamentos e pesquisa na direção de desvendar as Mentiras e Mistérios de Angico. 

Padre Cícero, Padre Bosco e o irmão do Papa...
Em Barbalha com os Conselheiros Cariri Cangaço, Hugo Rodrigues e Rodrigo Sampaio
Cenário: Casa de Izaias Arruda, em Missão Velha
O descanso merecido ao lado de Bosco André na Usina da família Linard

Por fim o nosso amado Cariri...Crato, Juazeiro, Barbalha e Missão Velha fizeram o roteiro do Francês mais nordestino do planeta. Jack de Witte, mais um estimado membro da família Cariri Cangaço !

Manoel Severo

Floro Bartolomeu...o que dizer dele ? ! Por:Manoel Severo

Floro Bartolomeu

Em nosso último encontro na capital potiguar, entre o Grupo de Estudos do Cangaço de Natal e o Cariri Cangaço-GECC, o pesquisador e escritor, Honório de Medeiros nos confidenciava o desejo de escrever sobre Floro Bartolomeu. Aquilo ficou em minha cabeça, como que martelando sem parar... Chegou a lembrança de outros encontros, desta vez na Saraiva Mega Store do Iguatemi, em Fortaleza, quando o Cariri Cangaço-GECC, reuniu os confrades para a Conferência do grande pesquisador, professor doutor, Renato Cassimiro, sobre Padre Cícero e Lampião.

Naquela oportunidade tivemos um amplo capítulo para discutir a figura ímpar que foi Floro Bartolomeu, segundo o próprio Renato Cassimiro, "uma das mais destacadas e importantes figuras de toda a história do Juazeiro", afirmação essa confirmada e asseverada por todos os confrades presentes, cada um desfilando os muitos episódios protagonizados pelo famoso "braço armado de Padre Cícero".

Floro Bartolomeu e Padre Cícero

A formatura em medicina na Bahia, o casamento em Triunfo, a partida para o sertão do Ceará, as Minas do Coxá, o Conde, a aproximação com padre Cícero, o poder em Juazeiro, o Fogo do Taveira, o Rebate, o Boi Mansinho e o Beato Zé Lourenço, a independência de Juazeiro, a Guerra de 14 - Sediçao, a política, os jagunços, Batalhões Patrióticos e a Coluna Prestes, o convite a Virgulino, a patente de capitão, Setembrino de Carvalho...O Exército...Enfim, esse era Floro Bartolomeu, um homem  que mudou sua época e deixou um legado: Juazeiro do Norte.

Floro entre os deputados cearenses que romperam com o presidente do Ceará em 1914. Veja quem são:
Os quinze deputados estaduais que romperam em oposição ao governo do coronel Liberato Barroso (da direita para a esquerda, sentados) Pedro Rocha, Polydoro coelho, Pantaleão Telles, floro Bartholomeu, Manoel Satyro, Antônio Luiz, Affonso Fernandes (em pé) Vergílio Correa, Jorge de Souza, Pompeu Pequeno, Armando Monteiro, Abílio Martins, Leonel Chaves, Antônio Sylvino e Antônio Pinto de Sá Barreto.
Fonte: Fon Fon: Seminário alegre, político e esfuziante – RJ, Nº 44, 31/10/1914, p. 27 In: http://memoria.bn.br/hdb/periodico.aspx 
Cortesia: professora Fátima Pinho
Floro e os Jagunços da Sedição e depois, Batalhões Patrióticos.
Fotografias do arquivo do Padre Lauro, memorialista do Crato, cortesia do confrade Wilton Dedê.
o
Todos os episódios marcantes e decisivos que ocorreram no estado do Ceará, notadamente na região do Cariri e centro-sul, durante os primeiros idos do século passado, tiveram a figura emblemática de Floro Bartolomeu, ou simplesmente Doutor Floro, como personagem principal, daí, nunca é tarde aguardar mais uma grande obra, nos trazendo esse fantástico personagem. Com a palavra os mestres: Honório de Medeiros, Renato Cassimiro, Daniel Walker, Renato Dantas, Napoleão Tavares Neves, Lira Neto...

Manoel Severo

Manoel Severo, honrosamente o mais novo membro da SABRI

Danielle Esmeraldo, Geraldo Ferraz e Manoel Severo, no momento em que era sagrado o mais novo membro da SABRI.

Um dos momentos mais significativos do Cariri Cangaço 2011, foi sem dúvidas a sagração do curador do evento, Manoel Severo, como o mais novo "Sabriano"; membro da SABRI - Sociedade dos Amigos da Briosa, honraria concedida através de seu representante no Cariri Cangaço; pesquisador e escritor Geraldo Ferraz, na manhã do último dia do seminário, 25 de setembro no Auditório do Hotel Pasargada em Crato.

A SABRI - Sociedade dos Amigos da BRIOSA, foi criada em Abril de 2010, por militares e civis e que vem marcando presença e adquirindo novos adeptos, tanto nos quadros da Polícia Militar de Pernambuco, para quem dirige seus objetivos, como nos vários segmentos da área cívico-cultural do Recife.

A SABRI é composta por quase 30 integrantes onde se destacam oficiais da ativa e reserva, entre eles, vários ex-chefes de Casa Militar e Comandantes Gerais da Policia Militar de Pernambuco; empresários, intelectuais, jornalistas e outros simpatizantes da Briosa Policia Militar de Pernambuco, coorporação com quase dois séculos de serviços prestados à história brasileira e pernambucana em particular.

Sobre o surgimento do termo "Briosa" com relação à Policia Militar de Pernambuco, trazemos o comentário do Coronel Carlos Bezerra Cavalcante: " A então Brigada Militar de Pernambuco, principalmente por suas participações contra o cangaço, na revolução constitucionalista, em São Paulo , em 1932, e na intentona comunista, em 1935, quando agiu com brio (galhardia e heroismo) passou a ser cognominada pela sociedade e pela imprensa, de Briosa".


Heldemar Garcia
Assessoria de Imprensa e Marketing

Veredas do Brasil, Jalapão Por:Laser Video

Já tivemos oportunidades, aqui mesmo neste espaço do cariricanagco.com, de trazer as muitas produções sobre a temática cangaço com a marca da Laser Vídeo de nosso amigo Aderbal Nogueira; entretanto Laser Vídeo não é só cangaço; o talento de seus produtores e de sua equipe técnica é inegável e enche de orgulho a todos nós cearenses. hoje trazemos mais um grande empreendimento de Aderbal Nogueira: Veredas do Brasil, vale a pena conferir o Jalapão!

O cel. Izaías Arruda e o Incêndio da ponte do rio Salgado Parte II Por José Cícero

Coronel Izaias Arruda

O ainda hoje misterioso,  incêndio da ponte sobre o rio Salgado de 1927, foi uma dura resposta do cel. Izaías Arruda (então prefeito de Missão Velha) em retaliação a um imbróglio com os engenheiros da RVC, depois que a ferrovia decidiu romper um acordo verbal relativo a compra (fornecimento) de madeira de lei para a fabricação de dormentes. A referida madeira era retirada da propriedade do temível coronel. A RVC resolveu não mais aceitar o produto de Izaías em face do preço exorbitante, muito além do valor de mercado que era praticasdo na época. O coronel não aceitou de bom grado o rompimento do contrato. Achou que aquilo era uma desmoralização a sua posição de líder. Indignado com o fim do lucrativo negócio, resolveu se vingar.

De modo que deu ordem aos seus jagunços para que arrancassem quase um quilometro e meio de dormentes da estrada de ferro e fizessem uma grande coivara sobre a ponte. E foi o que promoveram: uma fogueira gigante. Os trilhos ficaram em alguns trechos, soltos sem a sua base de apoio. Uma grande tragédia estava prestes a ocorrer com o trem da feira que passaria ainda nos escuro da madrugada lotado de gente e mercadoria. Um iminente acidente estaria prestes a acontecer. Um verdadeiro atentado que poderia vitimar um grande número de passageiros inocentes. O coronel não estava nem aí para as conseqüências do seu tenebroso ato.

 Missão Velha e Aurora, unidas no resgate da memória do cariri

As labaredas de fogo podiam ser vistas a quilômetros dali. Disse-nos o tal senhor do Jenipapeiro. A ponte estava literalmente em chamas. Vez que grande parte da sua estrutura metálica, segundo relatos, com o fogo, estava vermelha em brasa viva. Uma fogueira monumental alimentada por madeira de lei do tipo: aroeira, pau d’arco, cedro e mssaranduba dentre outras. “O ferro da ponte, como dizia meu pai, ficou em brasa viva”, disse o morador. O calor, segundo ele, era tanto que parte da estrutura metálica chegou ao ponto de alguns peças amolecer. Restos de ferros retorcidos ainda hoje depois de pouco mais de 82 anos daquele inusitado acontecimento ainda foram encontrados sob a areia do leito do rio. "A temperatura era altíssima e o fogo entrou pela noite. Foi uma coisa horrível, nem sei com a ponte não caiu por inteira".

E a tragédia só não foi maior porque um vaqueiro que residia nas proximidades (no Jenipapeiro), às escondidas, montou seu cavalo e rumou célere para à estação de Ingazeiras comunicando o fato ao agente local que de imediato telegrafou para as estações do Crato e Fortaleza. O trem daquele dia ficou pelas bandas de Iguatu ou do Crato mesmo. Por vários dias, quase uma semana o tráfego costumeiro do chamado trem da feira ficou interrompido até que funcionários da Rede Ferroviária Cearenses(RVC) sob segurança reforçada pudessem realizar os necessário serviços de recuperação da linha férrea e da própria ponte sobre o rio Salgado. Os prejuízos foram calculados em cerca de 300 contos de réis; uma verdadeira fortuna naquele tempo.

Mas o mistério ainda permanece até hoje. E algumas perguntas continuam, por assim dizer, inevitáveis. Ou seja, por que será que o coronel Izaías Arruda veio a escolher logo a ponte do Olho d’água a mais de duas léguas da estação de Missão Velha onde inclusive era prefeito? Por que justamente Aurora? Será que queria demonstrar força para os irmãos Paulinos com os quais mantinha uma rixa mortal? Ou quisera com isso, evitar quem sabe, que as volantes que se encontravam na parte baixa do Cariri não pudessem chegar a Aurora para dá cabo de Lampião junto com seu bando? Ou mesmo, queria que o próprio Lampião, fosse responsabilizado pelo incêndio aumentando assim, a ira do governo? Quanto a esta última suposição é notório ressaltar que muitos da época, inclusive alguns jornais da capital, chegaram a noticiar que aquele atentado tinha sido obra dos cabras de Lampião, em retaliação a perseguição das volantes, inclusive como consta equivocadamente na página 339 do livro: ‘A Marcha de Lampião, assalto a Mossoró’ de Raul Fernandes, filho do prefeito potiguar Rodolfo Fernandes, famoso por ter comandado a resistência de 27. Por fim, pelo modus operandi, que relação existiu entre o incêndio da ponte do Salgado e o da antiga estação de Missão Velha?

 José Cícero em visita à ponte sobre o Rio Salgado

Ousado e temível em toda região, o coronel Izaías Arruda era de fato, um inegável fazedor de inimigos. Jogava bem, sobretudo nos bastidores e, como costumam dizer nossos matutos – com dois baralhos. De sorte que, não era tarefa fácil vencê-lo em seus domínios. Tinha, como se sabe ainda hoje, o seu exército particular de jagunços sempre pronto a agir nos mais diferentes ramos.Contudo, adespeito de qualquer outra coisa, é preciso dizer que Izaías Arruda de Figueiredo foi um homem inteligente e de coragem que esteve muito além do seu tempo. A forma como se deu a sua morte foi uma prova inconteste de que pagara caro por tudo isso.

O coronel Izaías Arruda, era filho natutal de Aurora onde foi delegado e, quando ainda prefeito de Missão Velha, foi assassinado na estação de Aurora em 04 de agosto de 1928 pelos irmãos Paulinos, vindo a morrer quatro dias depois.

José Cícero
http://blogdaaurorajc.blogspot.com/

SBEC informa

Caros Sócios e Amigos,
Lembrando a todos e todas que está disponível no site www.iiisrh.com.br 
os Anais do II Congresso Nacional do Cangaço e 
III Semana Regional de História.
É interessante que todos os sócios tenham acesso ao material para ver o alto nível das discussões e as novs temáticas abordadam em torno da História do Nordeste e do Cangaço.
Abraços,

Lemuel Rodrigues
PRESIDENTE DA SBEC
SOCIEDADE BRASILEIRA DE ESTUDOS DO CANGAÇO

GECC e um Feliz Natal !

O GECC - Grupo de Estudos do Cangaço do Ceará, deseja a todos os Sócios, Amigos e Colaboradores, um Natal cheio de Luz, Amor e Paz 
e um Ano Novo repleto de 
Saúde, Harmonia e Prosperidade.

Ângelo Osmiro - Presidente
Bosco André - Vice-presidente
Aderbal Nogueira - Diretor
Juliana Ischiara - Diretora
Antônio Tomaz - Diretor
Pedro Luiz - Diretor
 Manoel Severo - Diretor

E por falar em Luis Pedro... Por:Sabino Bassetti

Sabino Bassetti, ao lado de Antônio Amaury e Aderbal Nogueira no debate "Angico" no Cariri Cangaço 2011

Luis Pedro Cordeiro, ou simplesmente, o cabra Luis Pedro, nasceu na fazenda Almas, próximo ao lugar Retiro no município de Triunfo PE. Foi sem nenhuma dúvida o cangaceiro que acompanhou Lampião por mais tempo. Entrou para o grupo de Lampião no final de 1923 ou inicio de 1924, ou seja, justamente quando  o futuro rei do cangaço "veraneava" alí pelas regiões de Triunfo PE e Princesa PB, tendo como base uma fazenda do coronel Marçal Diniz na pequenina Patos, hoje Irere. 

Luis Pedro tinha nessa época por volta de 18 anos de idade, era um homem de estatura mediana e pele clara. Luis Pedro foi também um dos poucos cangaceiros que sempre respondeu unicamente pelo nome de batismo, no bando jamais teve apelido. Pelo menos apelido que se tornasse conhecido. Embora sendo homem da maior confiânça de Lampião, Luis Pedro jamais teve um grupo que lhe pertencesse, ou seja, um grupo que fosse "o grupo de Luiz Pedro". Claro que muitas vezes chefiou grupos em várias missões, porém, nessas vezes  sempre chefiando cabras de outros grupos, principamente cabras pertencentes ao grupo de Lampião. 

Luis Pedro, não era homem que gostasse de ostentação, não ligava para a fama... 

...tanto é que, mesmo nas ocasiões que estava chefiando algum grupo, ao se apresentar em algum lugar dizia: "meu nome é Luis Pedro, CABRA de Lampião" Como tantos outros cangaceiros, durante certo tempo Luis Pedro também  teve sua companheira no bando. Era Neném, uma baiana que o acompanhou por bastante tempo, ou seja, até o dia que veio a morrer, a morte de Neném aconteceu exatamente um dia após a entrada de Sila no cangaço em novembro de 1936, num ataque da volante do sargento Deluz ocorrido na fazenda Mocambo no estado de Sergipe.

A viuva D. Delfina Fernades, coiteira de cangaceiros e propretária da fazenda Pedra dágua, chegou a comentar que certa vez quando o bando de Lampião fazia uma travessia  no rio São Francisco, Maria Bonita teria arrastado uma asa para o cabra Luis Pedro. 

Até aí nada de mais, pois, é comum isso acontecer onde convivem homens e mulheres. 

Mas será que algum dia D.Delfina chegou a navegar no rio São Francisco em companhia do grupo de Lampião? Luis Pedro, sempre fiel, sempre respeitado pelos outros cabras e também pelo próprio Lampião, veio a tombar brigando em Angico em 1938 ao lado de Lampião e mais 9 companheiros. Luis Pedro era um cangaceiro que amealhou fortuna no cangaço. De acordo com o soldado Antonio Jacó, matador de Luis Pedro, que confessou ter ficado com todos os pertences do  cangaceiro, que carregava consigo na ocasião, além de muitas jóias e ouro, quantia acima de 200 contos em dinheiro. O cabra Luis Pedro acompanhou Lampião por quase 15 anos.
 
Sabino Bassetti
Salto-SP

Um pouco mais de Luis Pedro Por:Alfredo Bonessi

Alfredo Bonessi, Edilson e Comendador Mariano, em um dos encontros Cariri Cangaço-GECC

Apelidado de Catitu por Maria Bonita, que apelidava todos os componentes do Grupo de Cangaceiros, Luis Pedro ficou comprometido em morrer ao lado de Lampião após o acidente de tiro que vitimou Antonio Ferreira, irmão desse. Era estimado e respeitado por todos os cangaceiros e tido como um homem de coragem. Segundo Sila, a sua mulher Nenê morrera logo após apanha-la e ao pular uma cerca foi alvejada, sendo escudado o baque do seu corpo de encontro ao solo por aqueles que iam a sua frente. Luis Pedro foge da luta, mas depois tenta resgatar o corpo dela, sendo impedido a força pelos demais companheiros.

Segundo registros, a policia pôs um cachorro para violentar o cadáver de Nene. Talvez essa morte tenha sido o maior golpe da vida desse cangaceiro. Depois disso não temos registros dos seus feitos na vida cangaceira, mas episódios apenas, como daquela vez que após as brigas dos cachorros, de sua propriedade com o do Lampião, o chefe puxa a pistola para atirar no cachorro vencedor de Luis Pedro e esse arma o fuzil para atirar no chefe.

Um lance para ser questionado: a vida do leal amigo por um cão ? – que amizade é essa ?
 

Nenê e Luis Pedro
 
Outro que disse que puxou arma para Lampião foi Volta Seca – o que Sila contesta: se alguém fizesse isso Lampião matava na hora !. Outro que disse que também engatilhou arma para Lampião foi Labareda e se cuidava dele quando estava “danado da vida”. Já falamos que o grupo de Lampião não era comandado de uma maneira militar, com rigidez e disciplina como eram as volantes do Exército e da Policia. Havia respeito e consideração pelo chefe, que possuía uma intuição privilegiada, sabia mais, mas não na base do temor em relação a ele. Todos se respeitavam e seguiam Lampião como um líder carismático. Ele mesmo se cuidava de sua segurança interna, pois tinha sempre um homem de confiança a sua retaguarda, ora Juriti, ora Amoroso, ora Quinta-Feira, ora Luis Pedro. A noite, ao dormir, armava a sua rede, depois pegava as suas cobertas e ia dormir em outro lugar, no chão a maioria das vezes e durante a madrugada se acordava várias vezes, espreitava ao redor e depois voltava a dormir novamente.

Não se pode negar que Luis Pedro era íntimo de Lampião e de Maria Bonita...

... muito próximo a eles, a ponto de dar uma palmada nas nádegas de Maria Bonita e os três, após isso, darem sonoras gargalhadas. Pergunto: você possui um amigo tão sincero assim e de confiança a ponto de poder dar uma palmada na traseira de sua mulher e você achar graça ?

O fato que quando nos lembramos de Luis Pedro construímos uma imagem de homem leal, de amigo, de homem bom- predicados impróprios para foras da lei - e mesmo para soldados volantes daqueles tempos, muitos deles mais criminosos que os próprios cangaceiros. A grande diferença era que os militares estavam a serviço da Lei e os cangaceiros eram perseguidos em nome da Lei.

Não temos noticias que o viúvo Luis Pedro, em dois anos restantes da sua vida cangaceira, tenha se aproximado de outra mulher dentro do bando ou fora do bando. Uma mulher acusou-o de te-lo visto aos amassos com Maria Bonita dentro de uma canoa – coisa que não acreditamos – Maria era uma mulher de vergonha e de caráter - não iria macular a união fruto de um amor sincero com o homem que amou até na hora da morte, além do mais essas coisas quando acontecem na vida das pessoas, se espalham mais que fogo em macega seca – mais hoje, mais amanhã, ele saberia e o mundo viraria de cabeça para abaixo.

"você possui um amigo tão sincero assim e de confiança a ponto de poder dar uma palmada na traseira de sua mulher e você achar graça ?
Foto:Maria Bonita
 
Para falarmos mais de Luis Pedro, era dele a ideia de executar as cangaceiras que, viúvas e sem maridos, optavam para retornar para a casa dos familiares, com a desculpa de se fossem presas poderiam denunciar a rotina dos cangaceiros. Foi assim com Cristina, que já na estrada rumo ao seio de seus familiares, foi perseguida por Luis Pedro, Juriti e Candeeiro, e assassinada a punhal por eles, a mando de Lampião e com o consentimento de Maria Bonita, aproximadamente em junho de 1938 - fato esse que originou a desavença de Corisco e Dada para com Lampião e Maria. Corisco, ouvindo o gado mugindo triste, quase como um lamento, vaticinou: que é isso, parece que tá tudo se acabano !!!!!! – De fato, um mês depois foi a vez de Lampião e de Maria e dois anos depois, dele mesmo passar por essa experiência derradeira de dizer adeus a vida e dormir para sempre nos braços da morte.

Com relação ao fim da vida de Luis Pedro, testemunhas declararam que, iniciado o tiroteio, ele já estava fora do cerco quando retornou. Segundo Balão era na tentativa, entre muitas já realizadas, para apanhar o ouro que estava no interior das latas de óleo, na barraca de Lampião, bem de frente aos fuzis da volante que cuspiam fogo sem cessar. Outros afirmaram que era para cumprir o juramento feito ao chefe, de que morreria no dia que este morreria - não acreditamos nisso. Foi apanhado em cheio pelo fuzil de Mané Véio, soldado volante do Pelotão do tenente João Bezerra, que vinha em sentido contrario, descendo rumo a gruta de Angicos - foi um tiro só e tudo se acabou para aquele cangaceiro rico e tido como boa gente.

Iniciado o tiroteio na madrugada de 28 de julho de 1938, na grota de Angicos, Maria Bonita leva um tiro na altura do ombro que saiu na frente, Lampião já está caído e se contorce, com um tiro que levara no lado esquerdo do umbigo. Maria leva um segundo tiro por detrás que lhe rasga o frente, ainda corre e vai cair junto a Lampião. Cessado o tiroteio, quando a volante invade o reduto, Lampião ainda se mexe e Maria, ainda viva, balbucia palavras intelegíveis – com certeza assistiu a tudo o que aconteceu naquele buraco. Quando o Tenente João Bezerra chega lá embaixo, Lampião está acabando de morrer e o Aspirante Ferreira de Melo já está com duas cabeças cortadas de cangaceiros dependuradas em ambas as mãos. Mais tarde afirma que Maria não foi degolada viva. As últimas palavras escritas nas páginas da História pertencem sempre aos vencedores, aos vivos que restaram para contar as suas versões sobre os fatos. Não há literato que consiga expressar e substituir a visão e a experiência de quem realmente participou daquele cerco, bem sucedido, naquela histórica e invernosa manhã ao lado do Rio São Francisco, quando o estado-maior do cangaço deixou de existir para sempre.


Não se pode negar que metade da população nordestina comemorou o feito policial de Angicos...

...outros tantos guardaram silencio não acreditando e não retiraram o rifle detrás da porta por longos anos, como foi o caso de Zé Saturnino; outros se lamentaram e ficaram entristecidos porque a alegria do Sertão tinha se acabado com Lampião e os seus leais companheiros.

Alfredo Bonessi – Professor –Pesquisador – Estudante
Membro Fundador do GECC - Membro da SBEC

Uma última prosa antes do ano novo... Por:Manoel Severo

Pedro Luis, Manoel Severo e Aderbal Nogueira

Mesmo em dias de intensas atividades; compromissos naturais de final de ano; ainda conseguimos tirar um tempinho para um último "dedinho" de prosa com os confrades do Cariri Cangaço-GECC em Fortaleza. Na noite desta quarta-feira, dia 21, no restaurante Vignoli, os companheiros Aderbal Nogueira, Pedro Luis, Afranio Mesquita e Heldemar Garcia juntamente conosco, tivemos a oportunidade de "esmiuçar" os úlitmos capítulos do universo do tema cangaço, notadamente os assuntos da "hora": Sila, Pedro Moraes, Luis Pedro, enfim.

Nada como uma boa mesa, boas companhias, para proporcionar um bate papo sem igual, e quando o tema é cangaço, certamente uma noite só sempre será pouco. Os temas além de Sila, Luis Pedro, Mata Sete e Cariri Cangaço 2012, versaram também sobre vários aspectos periféricos do mundo do cangaço, sob o ponto de vista de nossos protagonistas da noite.

jornalista Heldemar Garcia

 "...mesmo como leigo; não sou pesquisador, nem escritor;  acho que não se pode tentar entender ou explicar o cangaço, a partir de uma visão simplista, sem considerar o ambiente e todas as condições sócio-econômicas da época, os conceitos e padrões éticos que regiam aquelas pessoas..."

Promotor de Justiça Pedro Luis

"...sob o ponto de vista jurídico, vamos encontrar muito "pano para as mangas" e muitos pontos para a polêmica, como por exemplo: a forma como se davam as abordagens das volantes ou ainda o destino de algumas jóias, de reconhecida origem e pertencimento, logo depois da morte de Lampião..."

Um dos pontos ressaltados pelos confrades, foi justamente a importância de instrumentos de integração entre aqueles que pesquisam e discutem o tema, como por exemplo; os blogs, os sites e os próprios encontros entre os pesquisadores da cidade, como é o caso do Cariri Cangaço-GECC com suas reuniões mensais e de várias regiões, como é o caso do encontro que também já se configura como mensal, entre o Cariri Cangaço-GECC e o Grupo de Natal, além naturalmente, dos Congressos e Seminários pelo Brasil afora, promovidos e ou apoiados pela nossa SBEC - Sociedade Brasielria de Estudos do Cangaço. Momentos importantes para aprofundamento, novos conhecimentos e acima de tudo o congraçamento entre a grande família que nos acostumamos a chamar: Família Cariri Cangaço.

Documentarista Aderbal Nogueira

"...quem conheceu a Sila, sabe que ela não ia falar aquelas barbaridades... o livro que mostra Sila com mais fidelidade é o livro do Daniel Lins, que foi feito sem pressa, na calma..."

Afrânio e Heldemar Garcia

No mais foi a celebração de mais um encontro dos amantes das coisas de nosso chão, de nosso nordeste, nossas origens e tradições e a certeza de um ano de 2012 cheio, intenso mesmo, de realizações; encontros, seminários, lançamentos de livros, filmes, documentários, enfim.

 E começaremos com a grande
Caravana Cariri Cangaço-GECC no Carnaval, serão mais de 140 horas de aventura, mais de 3.000 km de chão, e muita emoção, fique atento e saiba tudo através de seu blog:

Manoel Severo