Nazaré é um Espetáculo !


A bela Nazaré é realmente uma terra diferente, um lugar onde passado e presente se tocam, um lugar onde a História brota em cada casa, em cada pessoa, vejo o orgulho de um passado glorioso e um presente que precisa olhar para trás e projetar um futuro melhor, poucos lugares tem tanta riqueza junta, mas a riqueza que falo é obviamente outra, não é a material, que nos aprisiona e muitas vezes faz com que paremos no tempo.
É a riqueza da História, essa é deslumbrante no caso de Nazaré, Homens e Mulheres que há 100 anos construíram esse lugar na base de muita luta e suor, Nazaré resistiu ao Cangaço, resistiu a agressividade do clima e hoje, pessoas dos mais diversos lugares vão a Nazaré, em reverencia a seu povo e sua História.
É a riqueza das belezas naturais, meu Deus, esse aspecto é singular, a grandiosidade da Serra do Pico, a beleza da paisagem local (seja na Ema ou no Jenipapo), Nazaré é bela sim senhor, como outros lugares do Sertão, a beleza natural de Nazaré é imponente.
Há alguns anos tenho frequentado regularmente essa terrinha, ano passado assisti um evento incrível, de alto nível e organizado pelas pessoas de Nazaré, o Cariri Cangaço passeou pela História, visitou locais e relatou fatos e feitos dos Nazarenos, prestei atenção em tudo, pessoas de vários estados do Brasil estavam ali e todas foram unânimes ao dizer: NAZARÉ É UM ESPETÁCULO.
Definitivamente Nazaré não é um local pequeno, pelo contrario, Nazaré é uma terra de GIGANTES, a História mostra isso, o tempo tratou de mostrar isso também, são 100 anos e atravessar um seculo não é tarefa fácil, desejo que Nazaré continue a atravessar o tempo com tanta força e brio.
Fica aqui um salve para Nazaré, sua História e seu povo. 

Autor: Delcy Vilas Boas Magalhães
Gentileza da Postagem: Charles Wagner Lira

Em Outubro...


Lampião na Rua São José ? Por:Renato Casimiro


Lampião esteve na Rua São José? Tivesse sido afirmativa esta resposta aos garotos da Rua São José, naqueles idos dos anos 50-60, bem imagino o ar de surpresa que o fato teria causado. Nossas brincadeiras, do tipo mocinho x bandido não iam além dos modelos trazidos pelos concorridos filmes de faroeste, vistos no Cine Avenida, em animadas sessões dominicais, à tarde. E, por exemplo, nunca vi ninguém se fantasiar de cangaceiro. É bem verdade que o próprio cinema demorou bastante a utilizar o manancial de histórias do cangaço para produzir películas. Eu soube em casa de algumas histórias de Lampião. 

Meu pai me contou algumas delas, uma das quais, por depoimento próprio, de quando Lampião e seu bando estiveram em Juazeiro, em Março de 1926. Nas narrativas, tanto de meu pai, quanto de outros, os cangaceiros vieram para Juazeiro a chamado de Floro Bartholomeu da Costa. Mas nisso há uma grande controvérsia, pois muitos dizem ainda que foi a chamado de Padre Cícero. Essa, afinal, persiste ainda hoje como uma grande chaga na biografia do patriarca, com as menções frequentes de que protegia, aqui recebeu – dizem, várias vezes, dava guarida a sua família que morava na cidade, e há até fotografia de todo o clã reunido na visita do filho mais “ilustre”. 

A primeira hipótese é a mais admissível, não que queiramos livrar a responsabilidade do Patriarca, mas porque eles foram hospedados na fazenda do Floro, onde hoje está instalado o Orfanato Jesus, Maria, José, no bairro Santa Tereza. Por questões de segurança, aí, sim, entra em cena o Padre Cícero que os teria remetido para a hospedaria do Palácio das Águias, o sobradinho do poeta João Mendes de Oliveira, na Rua Boa Vista. Esse imóvel eu o visitei há muitos anos atrás, pois pertencia a pessoas a nós aparentada, dos Soares, de Alagoas. 

Clássica foto da família Ferreira em Juazeiro, março de 1926

Hoje completamente descaracterizado, o sobradinho perdeu o charme que havia, dos tempos do poeta João Mendes. Para aquele Juazeiro dos anos 20, isto era o “arisco”, uma designação que eu usei, repetindo muito, para referir aos cantos distantes daquele núcleo mais central, em torno da Praça Padre Cícero. Recentemente, relendo alguma coisa sobre Lampião, e as questões relativas a sua permanência em Juazeiro e ao malfadado capítulo de sua patente de capitão, contidos em Frederico Bezerra Maciel – Lampião, seu tempo e seu reinado, vol. III - A guerra de guerrilhas (fase de domínio), fui encontrar detalhes do trânsito do bandido pela cidade. Prefiro transcrever os textos. 

Sobre o dia 05.03.1926, depois de relatar como foi a visita de Padre Cícero ao sobrado de João Mendes de Oliveira, o autor fala: “À noite, cedo, retribuiu Lampião a visita do Padre Cícero, na sua “casa velha”, sita à Rua São José n. 126. Ocasião em que recebeu a patente de Capitão comissionado na luta contra os revoltosos”. E acrescenta com uma nota: “Do sobrado da rua Boa Vista, dobrou Lampião pela rua São Paulo e por ela foi seguindo até o cruzamento com a rua Nova (hoje Av. Dr. Floro), onde quebrou a esquerda e continuou seguindo, atravessou a rua Grande (hoje Padre Cícero), e entrou no beco da Catarina, saindo na rua São José, onde dobrou à direita até à “casa velha”, hoje de n. 126, onde morava o Padre. 

A primeira casa em que o Padre morou, cedida por José Francisco Gonçalves, ficava onde hoje é o n. 130 da rua Padre Cícero. A “velha casa” é hoje abrigo de velhos e velhas dirigido pelas irmãs de Santa Teresa e guarda piedosas relíquias do Padre, onde viveu durante 28 anos. Depois mudou-se ele dessa casa apertada para a espaçosa “casa nova”, construída mais adiante um pouco, pela beata Mocinha e por Floro, na mesma rua n. 242, onde morou e hoje é o Museu do Padre Cícero.” O autor até ilustra sua obra incluindo o trajeto de Lampião e bando, usando um mapa mais recente da cidade de Juazeiro do Norte. Mas, comete imprecisões, pois coloca a “nova casa” do Padre Cícero (Museu), na rua Grande, em frente a Matriz. E a “velha casa” na rua São José, esquina com Cruzeiro. 

Renato Casimiro, Manoel Severo e Luitgarde Cavalcante Barros

Em seu livro, A Derradeira Gesta – Lampião e Nazarenos Guerreando no Sertão, a profa. Luitgarde Oliveira Cavalcante Barros, transcreve uma entrevista que teve com meu tio José Gonçalves Casimiro, irmão de meu pai, confirmando o fato, de certa forma, nos seguintes termos: “Quando era dez horas da noite Lampião ia conferenciar com Padre Cícero, que ficava aconselhando ele a sair daquela vida.” E a única maneira de estar com o Padre Cícero era mesmo ir até sua “velha casa”, já que havia tido o primeiro contato no sobradinho de João Mendes. Em seu relato, minucioso, tio José dá detalhes da permanência de Lampião e as ações de Dr. Floro para trazer o pesado armamento que seria entregue aos cangaceiros e ao batalhão patriótico que enfrentaria a Coluna Prestes, nas cercanias de Campos Sales. 

Meu avô, Antonio Alves Casimiro, Tonhero, dispondo de um ônibus e um caminhão, transportou armas e pessoal, porque foi contratado por Floro para tal. Floro, antes de ter viajado para o Rio de Janeiro, para o tratamento de saúde – terminaria falecendo, teria dito ao meu avô, por conhecimento da família: “Seu Tonhero, eu só confio aqui no senhor para passar pelo seu punho todo o material". Meu avô prestou esse serviço a Floro e o pagamento só foi feito após a sua morte, conforme está na execução do testamento do deputado. 

Ainda, segundo Maciel, Lampião e seu bando estiveram na rua São José, de passagem, no dia 07.03.1926, logo depois da missa das nove, celebrada pelo Padre Esmeraldo, e assistida por eles, seguindo para uma visita ao Horto. (Estranho essa afirmação de Maciel, pois Padre Esmeraldo – Pe. Pedro Esmeraldo da Silva Gonçalves, o primeiro vigário de Juazeiro, já havia deixado a cidade em 1921, indo para Pelotas no Rio Grande do Sul, ficando ali a serviço da Diocese, onde o titular era D. Melo, de família cratense). 

Floro Bartolomeu à direita na foto

Tomaram o itinerário da rua Padre Cícero, entraram na rua do Cruzeiro (esquina de Dina e Doroteu Sobreira), passaram no cruzamento com a rua São José e foram na direção do Salgadinho, até a serra do Catolé. Num daqueles dias, em março de 1926, meu pai tinha pouco mais de 11 anos e foi com outros garotos da rua da Matriz, onde morava sua família, para conhecer, seis quadras adiante, pela rua São Paulo, o bando de Lampião. Ele me contava que a meninada ficava embaixo, enquanto o grupo estava no pavimento superior, gritando para que eles aparecessem. De vez em quando, um deles jogava moedas para adultos e crianças que estavam ansiosos pela aparição, na porta do Palácio das Águias. 

Numa destas, meu pai teve sorte e conseguiu apanhar um patacão. Anos mais tarde, a revelação destes fatos lhe trazia um brilho nos olhos e uma emoção que se traduzia com o entusiasmo que seu relato continha. O patacão ficou em seus guardados até que a família retornou à Paraíba, para a fazenda Carnaúba, no município de Sousa. Depois, o patacão se perdeu nos espaços das mudanças e no tempo da criança que ficou para trás. E eu ouvi meu pai me dizer muitas vezes da tristeza de ter perdido esse patacão. Mas, as histórias, como estas e tantas outras de cangaceiros, se perpetuaram com sua memória viva, em narrativas que nos enchiam de encanto, noite a dentro. 

Renato Casimiro
Pesquisador , Juazeiro do Norte, CE

Batalhões Patrióticos e Campos Sales

Batalhões Patrióticos em Campos Sales, no Ceará em 1926

Na época em que a Coluna Prestes, importante facção do movimento tenentista, ameaçava entrar no Ceará, uma força de combate à mesma foi armada em Campos Sales. O movimento liderado por Luis Carlos Prestes visava a conscientizar os sertanejos dos males causados pela república oligarca vigente até então. Organizado às pressas, em Juazeiro do Norte, no ano de 1926, pelo médico baiano e deputado federal pelo Ceará, Floro Bartolomeu da Costa, o Batalhão Patriótico tinha por missão deter a Coluna Prestes. O Batalhão foi deslocado de Juazeiro para Campos Sales, onde fixou seu QG, nos limites do Ceará e Piauí, sob o comando do Coronel Pedro Silvino de Alencar, do Araripe. 

Campos Sales, pequenina aglomeração de homens pacatos, transformou-se de repente em importante praça de guerra, aguardando com nervosismo o confronto do Batalhão com os soldados da Coluna. Esperou em vão. A Coluna avançou e invadiu o Ceará por outro caminho, passando no distrito de Quixariú. 


Curiosidades: 
I - O deputado federal Dr. Floro Bartolomeu da Costa veio a Campos Sales para aqui acantonar seu chamado Batalhão Patriótico, chegando à cidade, ficou hospedado no casarão do Italiano Braz Cortez, hoje o prédio do saudoso João do Alho
II - O Batalhão Patriótico acantonou-se na praça da matriz.


Herlon Baleco de Sousa
Campos Sales - CEARA

Ganhamos a Primeira Batalha, Viva o Antigo Batalhão de Floresta !

Banner informativo da Prefeitura de Floresta

O Sertão pernambucano e nossa emblemática Floresta comemora o Tombamento de um dos mais imponentes representantes de seu Patrimônio Arquitetônico e histórico: O Prédio do Antigo Batalhão. Depois de resolução oriunda do Conselho Estadual de Preservação do Patrimônio Cultural que deliberou sobre o Tombamento do imóvel, o Governo do Estado de Pernambuco, através do senhor governador Paulo Câmara assinou o Decreto Oficial de Tombamento do prédio da Antiga Força Pública do Batalhão, encravado bem no meio do centro histórico de Floresta.
O sonho de toda família Florestana começa a se realizar. O primeiro passo foi dado, a união de todas as forças vivas da sociedade florestana e nordestina marcaram um tento importante na concretização por parte do Estado de Pernambuco do Decreto de Tombamento, partimos agora para um segundo momento, a  restauração que certamente deverá ficar sob a coordenação da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco - Fundarpe.
O Cariri Cangaço se une ao sentimento dos Florestanos no momento de celebração dessa conquista, mas estaremos vigilantes e mais uma vez na trincheira de defesa da restauração imediata desse Patrimônio que sem dúvidas não pertence apenas ao município de Floresta, mas por todo o seu significado histórico, pertence ao Brasil.
Memória....


Convidamos a todos para voltar no tempo e rever uma pequena colaboração do Cariri Cangaço em defesa do Tombamento e Restauração de nosso Batalhão, por ocasião da noite de abertura de nosso Cariri Cangaço Floresta em 26 de Maio de 2016. 

"A noite de abertura do Cariri Cangaço Floresta marcou o lançamento do Manifesto Cariri Cangaço pela Restauração do prédio do antigo Batalhão de Floresta. O texto construído a partir da colaboração de historiadores e memorialistas florestanos com destaque para o pesquisador Leonardo Ferraz Gominho e pela Curadoria do Cariri Cangaço, teve também como base o trabalho da FUNDARPE e o Inventário do Patrimônio Cultural do Estado de Pernambuco – Sertão do São Francisco – IPAC/PE. No ato da solenidade de abertura do Cariri Cangaço assinaram o Manifesto Cariri Cangaço pela Restauração do Batalhão, autoridades municipais, sociedade florestana e pesquisadores de todo o Brasil...Para Manoel Severo, curador , "o Cariri Cangaço se une ao sentimento da família Florestana e a iniciativas já em curso, tanto do poder publico municipal; executivo e legislativo, como da sociedade civil organizada. Aqui não temos cores partidárias nem politicas, o objetivo é único e comum a todos: A restauração desse espetacular patrimônio histórico que não pertence apenas a Floresta ou a Pernambuco, mas ao Brasil, vamos enfrentar juntamente com a lideranças do município esse grande desafio."

Cariri Cangaço e o Manifesto pelo Tombamento e Restauração do Batalhão 
Manoel Serafim assina o Manifesto
Ana Gleide e professor Valmir da CESVASF assinam o Manifesto
 Marcos de Carmelita assina o Manifesto

Veja o Manifesto Cariri Cangaço pelo Tombamento e Restauração do Batalhão 
"As Razões do Manifesto...
O município de Floresta, a tradicional “Terra dos Tamarindos”, a “Filha do Pajeú”, “Floresta do Navio”; encravado em uma das mais importantes regiões de nosso sertão pernambucano, com história marcante e pujante desde os tempos quando era primitivamente ocupada por aldeia indígena, catequizada pelas primeiras missões dos jesuítas e capuchinhos franceses, passando pelas fazendas Curralinho, Paus Pretos e Fazenda Grande, ainda no século XVIII às margens do Rio Pajeú, e desaguando como o principal berço combatente ao banditismo rural – o Cangaço; através de seus filhos, homens bravos e probos, se une hoje, depois de 151 anos de sua fundação, na defesa da restauração de seu mais significativo monumento histórico: O Prédio do Batalhão.
Floresta tem o reconhecimento nacional a partir de sua clássica arquitetura, formada por um espetacular casario, referencia em todo o estado de Pernambuco e no nordeste, notabilizada principalmente pela sua beleza e uniformidade de suas fachadas, patrimônio esse ligado intimamente à sua tradição, memória e história e objeto de inúmeros estudos e trabalhos acadêmicos, como o realizado pela Fundação do Patrimônio Histórico e Estatístico de Pernambuco – FUNDARPE, ainda no ano de 1983, quando foi constituída equipe multidisciplinar; formada por arquitetos, pesquisadores de história e outros auxiliares; coordenada pela arquiteta Neide Fernandes de Souza, para dar início ao inventário do patrimônio cultural do Sertão pernambucano do São Francisco, que teve seu resultado o “Inventário do Patrimônio Cultural do Estado de Pernambuco – Sertão do São Francisco – IPAC/PE”.
Na “Apresentação” do referido trabalho, vê-se que a microrregião foi escolhida por uma série de razões, podendo-se destacar, dentre elas, o aspecto de tratar-se de uma das regiões pioneiras na ocupação do interior do Estado, cujo acervo cultural é importante preservar, além de sua inegável potencialidade turística.
No momento em que todos se unem em prol da defesa da Restauração do antigo Batalhão de Floresta, nos cabe ainda ressaltar a importância do referido patrimônio como indutor do desenvolvimento da região, enquanto fomentador de iniciativas turísticas, voltadas para as áreas da cultura, tradição e conhecimento; molas mestras na direção da consolidação de um desenvolvimento saudável, inteligente e sustentável.
A partir desse significativo Inventário feito pela Fundação do Patrimônio Histórico e Estatístico de Pernambuco – FUNDARPE, que utilizou método de trabalho adotando o sistema desenvolvido pelo Conselho de Cooperação Cultural da Europa, atendendo às recomendações da UNESCO, contido na ‘Recomendação de Palma’” (Maiorca), reforça nosso empenho na direção dessa urgente iniciativa de restauração e preservação do referido “Batalhão de Floresta” ou como muitos chamam: Edifício da Antiga Força Pública.
O Edifício da Antiga Força Pública – O Batalhão de Floresta ...
De acordo com o “Inventário do Patrimônio Cultural do Estado de Pernambuco”, situa-se na Praça Major João Novaes, n.° 251, o edifício conhecido localmente como o prédio da Antiga Força Pública, ou como “o Batalhão”. “O edifício, assim como todo o passeio público de sua vizinhança, assenta-se elevado do nível da rua uns 60 centímetros. Apresenta fachada com 40 metros de extensão, destacando-se das demais edificações locais, formadas por casas de um pavimento”. Quanto à implantação do terreno, encontra-se livre dos dois lados e “integra o sítio histórico de Floresta”. “Edifício de interesse arquitetônico com planta retangular, desenvolvendo-se em dois pavimentos, apresentando na parte posterior, em perpendicular, ala de serviços com um pavimento. A fachada principal acompanha a maior dimensão do edifício e é simétrica em relação ao eixo vertical, configurando cinco tramos. O central, com a porta principal e uma janela rasgada com balcão e um pequeno frontão em arco. Colateralmente, segue-se um amplo tramo com duas linhas de seis janelas correspondentes, seguindo-se os tramos extremos, onde no térreo há uma porta e, no pavimento superior, duas janelas. As esquadrias são de pranchas verticais de madeira. Todos os vãos externos da fachada principal têm meia cercadrua em forma de sanefa. O corpo principal é coberto em duas águas com telha canal paralelas à rua e com platibanda apenas na fachada principal. Ainda nessa fachada correm duas cornijas paralelas, uma na linha da platibanda e a outra na linha do balcão, dando ao edifício maior sentido de horizontalidade. No corpo anexo, a coberta tem águas em três sentidos. Os interiores sofreram pequenas intervenções, com o fechamento de alguns vãos, para adequação de uso. Nenhum dos ambientes é forrado, o que permite deixar à vista, no pavimento superior, o sistema de coberta: linhas com pontaletes. No térreo, piso de cimento queimado; no superior, assoalho, deixando à vista, para os ambientes térreos, o seu travejamento”.
Quanto à tipologia, vê-se no Inventário que o edifício foi “construído com a finalidade de seminário, sendo posteriormente ampliado. O corpo principal é do início do século XX, e o anexo que lhe foi acrescido, dos meados deste século. Apresenta corpo principal de planta retangular, com a extensão maior paralela à rua e circulação longitudinal no centro do edifício, normal ao acesso principal. A solução de planta, tendo circulação longitudinal paralela ao lado maior do retângulo, é encontrada em edificações deste tipo, podendo ser vista a do prédio de aulas do Colégio Nóbrega do Recife”.
Com relação ao Histórico, esclarece-se que, em 1912/1913, foi “construído o prédio para servir de seminário”. Em 1920, o “capitão Antônio David Gomes Novaes comprou o prédio, que estava inacabado, e ficou sem uso”. Em 1928, o “Grupo de Engenharia da Polícia Militar reformou e terminou o prédio para abrigar o 3.° Batalhão da Força Pública, para combater o cangaço”. Depois da Revolução de 1930, o Batalhão foi transferido de Floresta, ficando o prédio desativado. Em 1950, “por iniciativa da Professora Lindaura Gomes de Sá, passou a funcionar o Pensionato da Divina Providência, quando foi construído o anexo”, que, segundo o historiador Leonardo Ferraz Gominho, abrigava as atividades de tecelagem, corte e costura, oficina, todos do Centro Profissional fundado pela educadora florestana. 
Pelo Inventário, vê-se que, quanto ao sistema construtivo e materiais, trata-se de “construção em paredes auto-portantes de alvenaria de tijolos que suportam o travejamento do tabuado do pavimento superior e as linhas e pontaletes que formam a estrutura da coberta”.
Um Pouco da História...
Em seu livro “Floresta – memórias duma cidade sertaneja no seu cinqüentenário” (2.ª edição, pp. 217 a 219), o historiador Álvaro Ferraz registrou parte da história do prédio da antiga Força Pública, estreitamente vinculado ao combate ao cangaço. Segundo ele, aquele fenômeno, o cangaceirismo, “degenerou posteriormente para o banditismo de grupo que atingiu o máximo do seu desenvolvimento com a figura sinistra de Lampião”. “Para que fosse erradicado” – diz o historiador –, “tornou-se necessário que o Governador Estácio Coimbra localizasse em Floresta o 3.º Batalhão da Polícia Militar, depois duma perseguição tenaz por forças volantes que pagaram um pesado tributo à sua bravura e ao seu desprendimento”. E mais: “O chefe-de-polícia, Dr. Eurico de Souza Leão, foi o orientador dessa campanha, coroada aliás de um êxito quase completo”. Álvaro Ferraz esclarece que, “Depois da Revolução de 1930, o 3.º Batalhão voltou a aquartelar no Recife. Mas antes disto, a cidade presenciou, um tanto atônita, o espetáculo contristador de um levante de quartel, na noite do dia 6 de outubro de 1930, no qual perderam a vida estupidamente dois oficiais: o capitão João Jacó de Carvalho e o tenente José Coutinho da Costa Pereira”.
O historiador Carlos Antônio de Souza Ferraz, em seu livro “Floresta do Navio – Capítulos da história sertaneja” (p. 230), lembra que, “por escritura lavrada a 5 de julho de 1928, no recife, o Estado de Pernambuco adquiriu por 15.000$000 (quinze contos de réis), ao Sr. Antônio David Gomes Novaes, um imóvel de dois pavimentos” para aquartelar a tropa da Força Pública, recebendo a edificação melhoramentos e adaptações. “O prédio fora do bispado, com vistas ao seminário”, esclarece o historiador, acrescentando que no dia 16 de novembro de 1928 o 3.º Batalhão já estava devidamente aquartelado no imóvel, sob o comando do major Urbano Ribeiro de Sena.
O historiador Leonardo Ferraz Gominho afirma que o soldado Luís registrou, na parte posterior central da platibanda, a conclusão da pintura do prédio: agosto de 1928. No seu livro “Floresta – uma terra, um povo”, Vol. 14 (Coleção Tempo Municipal – Centro de Estudos de História Municipal da Fundação de Desenvolvimento Municipal do Interior de Pernambuco - FIAM, p. 178), conta que foi decisiva a atuação do Dr. Olympio de Menezes – florestano e deputado estadual nas legislaturas de 1925/27 e 1928/30 (Governos de Sérgio Loreto e Estácio Coimbra) – “para a instalação do Terceiro Batalhão da Polícia, em Floresta”. Gominho narra (vol. 15, pp. 79 a 80, mesma coleção), com detalhes, o levante referido por Álvaro Ferraz, por ocasião da Revolução de 1930. Segundo ele, “os fatos desenrolados no 3º Batalhão, por ocasião desse movimento revolucionário, ficariam por muito tempo na memória do seu povo. O major Nélson Leobaldo – amigo de Theóphanes –, no Comando havia quatro meses, conquistara a confiança e a amizade dos comandados. Manifestou o propósito de reação, ‘salientando que dispunha de muito elemento civil que podia armar com os fuzis disponíveis existentes em depósito’. Já havia, entretanto, um plano de revolta. Aderiram à Revolução o capitão Pedro Cavalcanti Malta, os tenentes José Coutinho da Costa Pereira e Francisco Ibraim de Lira, o sargento José de Andrade e outros companheiros. Por volta das cinco da tarde teve início o movimento. O comandante foi ferido. O capitão João Jacó observou o sargento Andrade apontar-lhe o fuzil. O sargento, que estava sentado no pedestal da bandeira que havia em frente ao Batalhão, disparou sua arma, atingindo o capitão no peito, fazendo-o tombar sem vida e cair à direita do portão central do prédio. A mesma bala que lhe varou o tórax perfurou a janela em frente à qual o capitão estava. O sargento Pedro Monteiro foi alvejado pelo tenente Costa Pereira e reagiu, atingindo-o com um tiro de fuzil, matando-o. Iniciou-se então a luta armada entre os fiéis do governo e revolucionários, todos militares. Foram trocadas balas entre os soldados que se entrincheiravam na escadaria que havia em frente à casa de Fortunato Gominho (Siato) e os que estavam no prédio do Batalhão. Em desvantagem, o capitão Pedro Malta correu e se escondeu na casa de Cícero Rufino de Sá (rua Fausto Ferraz, n.º 176). Os outros revolucionários, sentindo a derrota, também deixaram o local. A população estava apavorada e insegura. Boa parte dos habitantes da cidade buscou refúgio nas fazendas, dificultando-se o abastecimento da tropa que, ‘no dia 8, outra coisa mais não tinha, se não carne verde’. ‘Todas as forças revolucionárias se aproximavam de Floresta e insistiam para que o major Nélson depusesse as armas’. As primeiras forças a entrar em Floresta foram as comandadas pelo coronel Sobreira e  major João Costa, que se entenderam  com o comandante”.
Considerações Finais...
Diante do acima exposto, empreendemos o presente Manifesto na direção da pronta Restauração do Prédio da Antiga Força Pública – Batalhão de Floresta, situado na Praça Major João Novaes, n. ° 251, no centro histórico desta cidade por sua declarada a importância ambiental, urbanística, histórica, arquitetônica e cultural, não só para o município de Floresta, mas para todo o estado de Pernambuco e todo o Brasil.

Assinaturas dos Signatários"

Cidadania Sertaneja desde pequena...Yasmim Almeida, filha do casal Junior e Ranaíse Almeida assina o Manifesto.
Atual situação do prédio do Batalhão de Floresta

E em Outubro de 2017...


Quando a Paixão Invade o Coração

Quando nos aproximamos de verdade do universo da pesquisa e estudo dos temas ligados ao nosso amado nordeste, além do mais absoluto encantamento com tudo que o cerca, a grandeza de todas as suas tradições e sua força histórica, os mais emblemáticos episódios e momentos significativos  não só para a região como para todo o Brasil, e aí nos reportamos a grandes vultos, homens e mulheres que assinaram seus nomes no livro de historia mais importante que existe, o livro de nosso coração e alma... Messianismo, cangaço, coronelismo, religiosidade, estética, musica, poesia, cordel, xilo, são tantas e tantas nuances desse universo chamado nordeste !

Sem dúvidas ao adentrarmos nesse bendito universo inevitavelmente vamos também encontrar pessoas igualmente sensacionais; homens e mulheres que dedicaram e dedicam toda a sua vida a essas mesmas paixões. O Cariri Cangaço tem nos proporcionado a todos, esses encontros realmente espetaculares e dentre esses grandes encontros promovidos pelo universo conhecemos Paulo Vanderley.

Ingrid Rebouças, Manoel Severo, Suzana e Paulo Vanderley
Que venha o Cariri Cangaço Exu 2017

Era noite da última quinta-feira, dia 26 de janeiro, quando tive o grande privilégio, ao lado Ingrid Rebouças, de sermos recebidos pelo abnegado rastejador da historia e cultura sertaneja, incorrigível apaixonado pela música genuinamente nordestina, por tudo que se refere a ela e especialmente a tudo que diz respeito ao Gigante Luiz Gonzaga. Paulo Vanderley é uma dessas pessoas que encantam fácil, por sua dedicação e sua simplicidade, a simplicidade daqueles que emprestam o que possuem de melhor na direção de realizar sonhos, e o mais importante: Compartilhar sonhos.

Foram mais de três horas de uma conversa preciosa, daquelas que se guardam no coração. Apresentamos a ele o Cariri Cangaço e ele nos apresentou duas das maiores razões de sua vida:A família e Luiz Gonzaga; esse na verdade, uma paixão compartilhada por toda a família; Suzana já poderia se considerar uma expert em Gonzada, Paulinha já domina o acordeon e Paulinho troca um triângulo... Já podemos formar um quarteto inigualável para nossa noite de abertura em Exu !!!

Ali pudemos acompanhar a seu lado uma fração de milésimos, com certeza menos, de tudo que Paulo Vanderlei coleciona, guarda, pesquisa, estuda e zela. Peças de arte, pinturas, esculturas, desenhos, artefatos de couro, peças genuínas do universo e personagens gonzaguianos, livros, revistas, recortes, cds, discos, letras, informes, músicas...Sentimento. Sentimento foi o que mais nos marcou na "selva nordestina" que é a residencia de Paulo Vanderley.

Manoel Severo e Paulo Vanderley
 Paulo Vanderley e a "selva nordestina"

Amigos em comum, uma infinidade deles, nomes do cangaço e de "seu Luiz", gente de bem e do bem, que na verdade foram os grandes responsáveis pela chegada de Paulo Vanderley, Suzana, Paulinha e Paulinho ao seio da família Cariri Cangaço. Saímos de lá com o primeiro Conferencista confirmado de nosso Cariri Cangaço Exu 2017 e a certeza de que quando almas afins se encontram e olham na mesma direção grandes realizações estão por acontecer e será assim com o Cariri Cangaço e Luiz Gonzaga.

Está chegando o Cariri Cangaço Exu, pela primeira vez pisamos o solo sagrado do berço de Bárbara de Alencar e o grande Luiz Lua Gonzaga, Rei do Baião. Sem dúvidas um grande evento que ficará marcado em nosso coração...Nem pensem em perder !

Manoel Severo
Curador do Cariri Cangaço
Fortaleza, 26 de Janeiro de 2017

Vem aí

O Coiteiro Pedro de Cândido e as Evidencias da Traição por:Rangel Alves da Costa

Coiteiro Pedro de Cândido

O famoso coiteiro Pedro de Cândido sempre teve seu nome envolto em mistérios. Sem dúvida, um dos personagens mais emblemáticos do cangaço. O filho de Dona Guilhermina e Seu Cândido, então donos das terras onde está situada a Grota do Angico, e irmão de Durval Rodrigues Rosa, por muito tempo foi apontado ora como traidor de Lampião, ora como vítima de maus-tratos da volante alagoana. No primeiro caso, simplesmente delatou o bando. No segundo, foi forçado a delatar.

Contudo, interpretando uma passagem de um texto escritor pelo historiador e pesquisador José Jairo (“O Lobisomem e o Coiteiro de Lampião”, disponível em http://cariricangaco.blogspot.com.br/…/o-lobisomem-e-o-coit…), logo se tem como induvidoso que Pedro de Cândido realmente traiu Lampião, que agiu não por que foi torturado, ameaçado ou teve dedos das mãos decepados, mas que assim o fez premeditadamente, ou seja, falou onde era o coito porque quis e por vontade própria. Mas por que assim fez?


Mas vamos ao que diz José Jairo no seu texto: “Por ironia do destino coube a Pedro de Cândido juntamente com seu irmão mais novo, Durval, levar as forças policiais até a Grota de Angico no fatídico dia 28 de julho de 1938 no que culminou na morte de Lampião, Maria Bonita e mais nove cangaceiros além do bravo soldado Adrião Pedro de Souza. Após a morte de Lampião, o ex-coiteiro Pedro de Cândido assumiu o posto de subdelegado de Piranhas destacando no Distrito de Entremontes substituindo o seu irmão José Rodrigues Rosa conhecido por Zezé de Cândido”.

Lamartine Lima, Jairo Luiz e Manoel Severo


Um trecho conclusivo há, pois, há que ser destacado: “Após a morte de Lampião, o ex-coiteiro Pedro de Cândido assumiu o posto de subdelegado de Piranhas destacando no Distrito de Entremontes”. Tal afirmação implica em verdadeira revisão histórica do muito que já foi dito e escrito sobre a participação de Pedro de Cândido na chacina de Angico. Implica ainda em dizer que Pedro de Cândido traiu mesmo a confiança do líder cangaceiro e seu bando. E que, através de sua ardilosa ação, pôs fim ao cangaço. E mais: traiu em troca de benesses pessoais.

Ora, não há como concluir de modo diferente. As causas e as consequências do fato se entrelaçam perfeitamente. Vamos aos alinhavos: Pedro conhecia muito bem o local do coito cangaceiro, pois nas terras de sua família. Pedro servia como coiteiro ao bando, levando e trazendo recados e objetos, sortindo de mantimentos. Pedro era rapaz audacioso, ambicioso, sonhador, não se acostumando com aquele mundo de mesmice. Pedro desejava prosperar no seu meio. E Pedro mais tarde foi alçado à posição de subdelegado de Entremontes, distrito de Piranhas. Mas por que tal posto somente foi conseguido depois da chacina de Angico?

Simplesmente por que alguém enxergou sua ambição e foi em cima de seu ponto fraco, oferecendo tal posto acaso passasse a ser colaborador das forças policiais. E, mais de perto, dissesse onde Lampião e seu bando pudessem estar acoitados. Ou, noutra vertente da mesma situação, ele mesmo, já pensando em chamar para si o posto de subdelegado, simplesmente procurou a polícia e ofereceu seus préstimos de delação, sob a condição de receber aquela destacada posição.

Caravana Cariri Cangaço em Entremontes: De frente à "Bodega" de Pedro de Cândido

De qualquer forma, inegável que a posição alcançada por Pedro de Cândido após a chacina de Angico teve por consequência a participação deste como delator. Impensável que a polícia fosse prender e torturar alguém e depois oferecer um prêmio tão dadivoso. Igualmente impensável que Pedro de Cândido tivesse conquistado tal posto se não tivesse colaborado com os objetivos da volante. A verdade é que o posto de subdelegado foi uma retribuição a ele concedida não só pela traição a Lampião como pela indicação exata de onde o bando estava acoitado. Também pelo sucesso da empreitada e aquelas tantas cabeças cortadas.

Pensar o contrário seria negar o dom da compreensão. Neste passo, por que o também coiteiro Joca Bernardes, que supostamente teria informado a policia das suspeitas que recaíam sobre Pedro de Cândido, não recebeu qualquer recompensa? Há relatos dando conta que Bernardes, com ciúmes de Pedro, procurou o sargento Aniceto Rodrigues para dizer que aquele talvez estivesse mantendo contato com os cangaceiros, pois tendo adquirido volumosos mantimentos. Acaso tal acontecido fosse confirmado, certamente que de algum modo Bernardes seria recompensado.

Mas por que a polícia recompensou somente Pedro de Cândido? Certamente pela sua frieza e coragem de traição a homens tão perigosos. Certamente pela infidelidade e deslealdade de conduta que pôs fim ao cangaço. Portanto, nada de tortura, nada de ameaça, nada de dedos e unhas arrancadas, apenas a ação pensada de um homem frio e ambicioso, interesseiro e perigoso. E talvez por isso mesmo que tivesse, três anos após Angico, pagado com a própria vida.


Escritor Rangel Alves da Costa
Poço Redondo-Sergipe

Rota Cultural da Coluna Prestes na Paraíba


Confirmada a largada da ROTA CULTURAL DA COLUNA PRESTES NA PARAÍBA para o próximo dia 5 de fevereiro, data exata da entrada da Coluna no Estado. Os tenentistas entraram pela cidade de Poço Dantas que na época era município de Uiraúna. Na programação do dia 5 (em Uiraúna) teremos uma cavalgada (símbolo da Coluna) com cerca de 500 cavaleiros de diversas cidades, uma conferência sobre música (Uiraúna é a terra da música), oficinas culturais, mesa redonda com historiadores sobre a coluna e apresentações culturais. O objetivo é chamar a atenção para as possibilidades de um turismo de memória na região, encorpado pela produção cultural local. No dia 9 as atividades irão para Piancó. Cidades como Santana dos Garrotes e outras estão interessadas em participar desta caminhada.

Lau Siqueira - João Pessoa

Discípulos e Mestres na Caravana do Saber, Rumo a Exu !

Urbano Silva e Louro Teles

A cada ano e a cada nova edição, o Cariri Cangaço se solidifica como o mais importante evento de pesquisa histórico-cultural do Brasil. E há inúmeras razões para essa adjetivação. Esse evento atende a historiografia, a cultura regional, o debate, a produção de livros e documentários, a oitiva de remanescentes de fatos sociais, a visitação dos cenários e palcos de momentos históricos, a capacidade de investigar e desnudar detalhes que não estão relatados em produções literárias, entre tantos outros significativos avanços. 
O trinômio da Cultura Nordestina, ocupado por padre Cícero Romão, Virgulino Lampião e Luiz Gonzaga, hoje acolhe a trupe do Cariri Cangaço, com a sublime missão de entrar pelos subterrâneos dos fatos e trazer à tona o extraordinário universo nordestino, banhando de luzes os referidos personagens. E no calendário 2017, desembarca em Exu, solo sagrado para o Forró, berço e jazigo do nosso Rei do Baião.

Jorge Remígio, João der Sousa Lima, Manoel Severo e Urbano Silva

A caravana de pesquisadores, depois de percorrer de Serra Talhada à Piranhas, de Juazeiro a Floresta, não estaria completa sem estar presente em Exu e Serrita, para pisar nas pegadas de Gonzagão, eternizado em sua extensa obra musical, que o mundo conheceu nas asas da Asa Branca, ao som de sua primorosa sanfona branca. A produção desses eventos tem a assinatura desse visionário da cultura, denominado Dr. Manoel Severo Barbosa, e todos os seus auxiliares diretos, claro, começando por sua jovem esposa Ingrid Rebouças, e esse time seleto, como Dra. Juliana Pereira, Manoel Serafim, João de Sousa Lima, Professor Pereira, Jorge Remígio, Geraldo Ferraz, Louro Teles,Raul Meneleu, Oleone Fontes, Kiko Monteiro, Celsinho Rodrigues, Ivanildo Silveira, Mucio Procopio e tantos outros valiosos cuidadores da nossa sociologia. 
Luiz Gonzaga disse certeza vez que "o povo me deu o título de Rei do Baião, portanto sou o Monarca da Sanfona"...pois é majestade, eis os vossos súditos, ao seu serviço, cuidando, amando e enaltecendo todo o seu reinado, e a eterna trindade nordestina, que o tempo só fortalece. Aplausos a todos, e a minha singela homenagem por tanto que fazem pelo nordeste, sua gente e suas múltiplas histórias. Sertão, aí vamos nós, Salve Salve Cariri Cangaço 2017.

Urbano Silva
Professor e Pesquisador do Cariri Cangaço
Caruaru-PE
26.01.2017

Vem aí

Sob as Bençãos de Luiz Lua Gonzaga


João Januário Maciel...ou: Joquinha Gonzaga, nasceu no dia da mentira; 01 de abril de 1952; acabou se tornando uma grande verdade; neto de peixe, peixinho é !!! Joquinha nasceu  no Rio de Janeiro e é filho de dona Raimunda Januário; Dona Muniz, segunda irmã de Luiz Gonzaga, herdou do avô Januário e do tio Luiz Gonzaga o talento e amor para a música e a sanfona. Atualmente casado com dona Nice, mora em Exu ao lado dos filhos; sarinha de 17 anos e Luiz Januário de 11. A família recebeu a visita do Cariri Cangaço na manhã deste último sábado, 21 de janeiro de 2017.

"Cara, quando me disseram que ia acontecer o Cariri Cangaço aqui em Exu eu não acreditei e ai abriram lá uma pagina na internet e ai confirmei, e hoje os homens estão aqui, rsrs" revela um simpático e animado Joquinha Gonzaga, que tem no nome e na alma a responsabilidade de herdar um sobrenome famoso e um talento sem igual.

 Kydelmir Dantas, Joquinha Gonzaga, Manoel Severo e Bibi Saraiva
Ingrid Rebouças, Dona Nice, Joquinha Gonzaga e Nerizangela Silva

"No final da década de 1940, o “Rei do Baião” Luiz Gonzaga formou o primeiro núcleo Nordestino no Sul do país trazendo sua família composta pelo seu pai Januário, sua mãe Santana, suas irmãs Muniz, Geni, Socorro e Chiquinha Gonzaga e seus irmãos Aluízio, Zé Gonzaga e Severino Gonzaga. Se instalaram em um Sítio em Santa Cruz da Serra, em Duque de Caxias-RJ, mais conhecido como Sítio dos Gonzagas, onde eram realizadas grandes festas como casamentos, batizados, aniversários, novenas, etc., sempre com muitos convidados, músicas, comidas típicas nordestinas e a presença de grandes artistas famosos como Maria Inês, Abdias, Trio Nordestino, Dominguinhos entre outros. Foi neste meio que nasceu e cresceu Joquinha Gonzaga, nome artístico dado por seu tio Gonzagão, que o presenteou com uma sanfona de oito baixos (pé de Bode) quando ele tinha apenas 12 anos..."

Família Cariri Cangaço e Família Gonzaga
 Kydelmir Dantas
 Ingrid Rebouças
"Nos surpreendeu o carinho e a atenção com a qual fomos recebidos pela família do Joquinha, tanto ele como dona Nice e os meninos; Sarinha e Luiz Januário; num piscar de olhos era como já nos conhecêssemos a muito tempo, acho que essa é a verdadeira magia da Alma Nordestina" comenta o curador do Cariri Cangaço, Manoel Severo. Já o Conselheiro Cariri Cangaço Kydelmir Dantas ressaltava a responsabilidade do pequeno "bisneto de Januário"..."Luiz Januário com esse nome sua responsabilidade é muito grande, vamos ver se já segura uma oito baixos..." na verdade o pequeno Luiz Januário ainda não começou a trilhar o caminho da família, mas a filha mais velha, Sara tem um desejo, enquanto o pai quer que ela o acompanhe cantando, a mesma quer mesmo é tocar sanfona!
Continuando a historia de Joquinha: "Após dois anos, reconhecendo o talento do seu sobrinho, Gonzagão trocou os oito baixos por um Acordeon. Joquinha começou sua escola tocando em festas e forrós no Rio de Janeiro e, posteriormente, viajando por todo o Nordeste acompanhando o Rei do Baião como músico (sanfoneiro). Em 1986 Joquinha gravou o seu primeiro disco pela gravadora TOP TAPE, intitulado FORRÓ CHEIRO E CHAMEGO. Em seguida, a convite de seu tio Gonzagão, viajou numa turnê à Europa-França e participou de muitos outros shows já como artista convidado do Rei. A sua maior alegria foi receber o seu primeiro Diploma, quando o Rei declarou em público, registrando oficialmente, que Joquinha seria o seguidor cultural da Família Gonzaga...

 Ingrid Rebouças e Sara Gonzaga
 Joquinha Gonzaga e Luiz Januário 
A visita a residencia da Família Gonzaga selava mais um importante e definitivo momento para a construção do Cariri Cangaço Exu 2017, que já nasce com a espetaluar responsabilidade de celebrar mais uma vez o maior ícone da cultura nordestina.
Biografia de Joquinha Gonzaga : http:www.last.fm/pt/music/Joquinha+Gonzaga/+wiki
Cariri Cangaço Exu 2017
Visita Joquinha Gonzaga
21 de Janeiro de 2017

Vem aí