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A História de Zim Paulino, dos Irmãos Paulino de Aurora Por:João Tavares Calixto Junior
Cariri Cangaço Patrono do Grupo de Estudos do Cangaço Alcino Alves Costa
A solenidade de criação do Grupo de Estudos do Cangaço Alcino Alves Costa acontece neste sábado, dia 31 de julho de 2021, a partir das 16h no plenário da Câmara de Vereadores de Poço Redondo; berço do festejado pesquisador.
Cangaço - Longa Vida a Melquiades Pinto Paiva Por: Honório de Medeiros
Chega o CANGAÇO: segunda e ampla bibliografia comentada de Melquíades Pinto Paiva, com ilustrações de Vlamir de Souza e Silva, dedicado ao saudoso Antônio Amaury Corrêa de Araújo e prefaciado pelo mestre de todos nós, Frederico Pernambucano de Mello.
Cariri Cangaço OPINIÃO, o Novo Programa da Marca Cariri Cangaço estreia nesta Próxima quinta-feira
Do latim "Opinĭo" , uma opinião é um juízo que se emite sobre algo questionável. A opinião também é aquilo que se acha relativamente a algo ou alguém, é o parecer que se dá. Na visão da filosofia, a opinião "é uma proposição onde não se tem a confiança total sobre a verdade do conhecimento"... Noutros termos, a opinião admite a possibilidade de erro por não haver evidência plena... Neste sentido, a opinião seria uma afirmação com menor evidência da verdade do que uma certeza... A opinião, de qualquer modo, costuma estar associada aos juízos subjectivos." Já na filosofia de Parmênios ; filosofo grego (530 a.C - 460 a.C.) é uma ideia confusa acerca da realidade e que opõe ao conhecimento tido como verdadeiro....
Bem vindos ao Cariri Cangaço Grandes Encontros Opinião!
Depois do lançamento dos Programas AO VIVO do Cariri Cangaço nas plataformas digitais; Grandes Encontros Cariri Cangaço em canal no YouTube e Cariri Cangaço Personalidade no Instagran; o Cariri Cangaço inova e traz dentro dos Grandes Encontros um conceito novo de programa, com periodicidade bimestral, o OPINIÃO, reunirá a partir de temas pontuais e polêmicos; a essência, o olhar e as reflexões de convidados especiais, não necessariamente pesquisadores e ou escritores das temáticas sugeridas, mas, personalidades que com suas variadas percepções nos ajudarão a construir nosso próprio juízo de conhecimento sobre essa verdadeira saga que é a memória e história de nosso sertão.
Para o programa de estreia o Cariri Cangaço Grandes Encontros Opinião, terá um time feminino de peso, reunindo as pesquisadoras; Valquíria Becker de São Paulo, Wilma Leite de Alagoas, Janaína Tavares do Rio Grande do Norte e Sulamita Buriti da Paraíba; para refletir, discutir e dá sua opinião sobre: "Existia Amor no Cangaço?". Para esse primeiro programa definimos 4 personagens femininos da saga Cangaceira: Nenem de Ouro, companheira de Luiz Pedro; Adília, companheira de Canário; Inacinha, companheira de Gato e por fim Durvinha, companheira de Virgínio e em seguida, de Moreno.
Cada uma de nossas convidadas irá discorrer um pouco sobre a trajetória dessas meninas-mulheres cangaceiras, nos trazendo reflexões sobre episódios que podem nos trazer "luz" ao tema em debate, existia realmente amor no cangaço? A abordagem e o formato proposto pelo programa Grandes Encontros Cariri Cangaço Opinião tem o compromisso de a partir do debate respeitoso, consciente e acima de tudo lúcido, compreendendo os diversos olhares, colaborar para a construção dessa espetacular memória da história de nosso sertão. Sejam todos muito bem vindos.
Excepcionalmente o Programa de Estreia com Valquíria Becker, Wilma Leite, Janaína Tavares e Sulamita Buriti, será apresentado AO VIVO nesta próxima quinta-feira, dia 29 de julho de 2021, no horário das 19h30 no Canal do YouTube do Cariri Cangaço.
27 de Julho de 2021; Manoel Severo, curador do Cariri Cangaço
A Guerra das Familias:Montes e Feitosas Por:Jose Bezerra Lima Irmão
Pedro Popoff, o Menino do Cordel e do Baião é o Convidado Especial do Cariri Cangaço Personalidade desta Segunda
Pedro Popoff, 15 anos, ator, cantor, palestrante, fundador da primeira cordelteca de Bauru, Diretor Geral da Comissão Jovem IOV (Organização Internacional de Folclore e Artes Populares) e ex-presidente da Comissão Infantojuvenil IOV Secção Brasil, credenciada pela Unesco, que protege, preserva e promove todas as formas de arte popular e cultura folclórica como elementos do Patrimônio Cultural Imaterial (ICH), promovendo a compreensão e apreciação da diversidade cultural e a cultura de paz.
Nascido no interior de São Paulo, na cidade de Bauru, Pedro do cordel inicia sua trajetória com 5 anos de idade, quando decide por dom ou motivo de força muito maior que qualquer explicação, se interessar pela cultura nordestina. O amor pela literatura nordestina o fez adotar informalmente o sobrenome "Cordel e disseminar para outras crianças o conhecimento que acumulou ao longo da pouca idade. Pedro tem um projeto educativo desde seus 8 anos, o “ Brincando de Cordel. Sua aula show tem o objetivo de disseminar para outras crianças a importância de se conhecer as nossas culturas e tradições no Brasil, incentivo à leitura, protagonismo juvenil e combate à violência contra a mulher, plantando sementes de amor e cultura por onde passa. Em abril de 2019, Pedro inaugura a 1ª Cordelteca (biblioteca de cordel) em Bauru, nomeada GONÇALO FERREIRA.
Hoje, a Cordelteca possui mais de 3 mil cordéis, reunidos durante sua jornada. O local também recebe visitações de alunos das escolas de Bauru e região e também apreciadores da cultura. Com um talento singular e símbolo de amor à cultura popular, Pedro tem em seu currículo participações em programas de TV, tais como Criança Esperança no reality Click esperança, duas vezes no Encontro com Fátima Bernardes, duas vezes no Hora do Faro da Record, etc... Já participou de congressos como Cariri Cangaço e Sertão Cangaço diversas ocasiões, simpósios, festivas . Hoje Pedro é convidado para congressos, feiras literárias e palestras em universidades de todo País. Pedro também se apresenta em shows com sua banda de forró pé-de-serra. Poeta com 6 títulos de cordéis lançados, segue na difusão da cultura .
CARIRI CANGAÇO PERSONALIDADE
SEGUNDA, DIA 26 DE JULHO DE 2021 , AS 20H
AO VIVO INSTAGRAM DO CARIRI CANGAÇO
@cariricangaço
A Almofada de Renda de Bilro da Baronesa do Pajeú que valia uma Fortuna Por:Valdir Nogueira
Hoje tem Nazaré nos Grandes Encontros Cariri Cangaço
Missa do Vaqueiro: A Fé que Move todo o Sertão, o Jacó não está só !
A tradicional Missa do Vaqueiro de Serrita é o resultado da homenagem prestada pelo povo do sertão ao vaqueiro Raimundo Jacó, célebre por sua coragem e talento na arte da lida e oficio com o gado. Jacó foi assassinado nesta mesma fazenda Lages, local atual do parque, em julho de 1954. A missa teve como idealizadores, seu primo Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, o Padre João Câncio e o poeta Pedro Bandeira
O parque Raimundo Jacó, localizado no município de Serrita, sertão pernambucano, sedia a Missa do Vaqueiro; evento cultural e religioso que chega neste ano de 2021 a sua 51ª edição. Ao longo de meio século veio reunindo vaqueiros de todo o nordeste, numa das mais tradicionais e eletrizantes manifestações da fé sertaneja, unindo em uma celebração única: religiosidade, tradição, cultura, musica de raiz e fé.
Esse ano de 2021 a Missa do Vaqueiro precisa de cada um de nós ! Vem com a gente e nos ajude a perpetuar essa verdadeira festa da Alma Nordestina!
A 51ª Edição da Missa do Vaqueiro sera realizada através de uma live no proximo dia 25 de julho a partir da 9h ds manha no Cabal do YouTube da "Missa do Vaqueiro". Esse ano a Celebração esta sendo bancada pela iniciativa de vários amigos, assim, contamos com todos, segue o PIX da Missa do Vaqueiro, nos ajude como puder.
PIX 28.258.109/0001-42
Associação Rebanho Cultural
"Todos que percorrem os sertões de nosso nordeste, são apaixonados por nossa história e cultura, exploram o fundo de nossa alma ressaltando os valores que nos fazem únicos, conhecem a força dessa "mata branca" espetacular; a magia de suas cores, sons, aromas, e sabem que aqui se estabeleceu uma cultura única no planeta, aqui temos o sol como grande irmão e que a cada amanhecer nos concede bençãos para mais um dia de conquistas. Aqui é a Nação dos Vaqueiros, berço de Luiz Gonzaga e Virgulino Ferreira, paixão de Padre Cícero e Conselheiro, esse é o nordeste que conhecemos, construído por homens e mulheres de Raiz, Força e Fé. Helena Câncio é uma gigante ! Dessas pessoas que ao longo do tempo se consolidaram como referência de garra, luta, determinação, talento e paixão. Sertaneja arretada que abraçou muitas paixões e por elas se dedicou por toda vida; viúva de uma das lendas do sertão pernambucano; João Câncio, o padre vaqueiro, que ao lado de Luiz Gonzaga e Pedro Bandeira criaram a Missa do Vaqueiro de Serrita em homenagem a Raimundo Jacó; trouxe para si a responsabilidade de perpetuar uma das maiores Festas Nordestinas." Manoel Severo, curador do Cariri Cangaço.
"A Fundação Padre João Câncio surgiu com o objetivo de explorar, promover, pesquisar e incentivar sob todas as formas o desenvolvimento da cultura sertaneja. Integramos o projeto do artesanato de Serrita a revitalização do Evento Missa do Vaqueiro, agregando a ele um conjunto de informações que define a história, expressada na arte do nosso povo."Revela Helena Câncio.
TODOS JUNTOS PELO JACÓ !
MISSA DO VAQUEIRO DE SERRITA 2021
Lampião e os Nazarenos : A Sangrenta Guerra no Sertão nos Grandes Encontros Cariri Cangaço
A história de um povo se constrói com personagens fortes e cenários marcantes. Nazaré do Pico, a lendária vila que completou em 2017 cem anos; berço dos mais ferozes perseguidores de Virgulino Ferreira da Silva, vulgo Lampião; constroe sua historia a partir de personagens inesquecíveis; inesquecíveis pela coragem, destemor e paixão, paixão por sua terra, por sua honra. A atual Nazaré do Pico, já foi Carqueja, que já foi Nazaré; a vila que nasceu da antiga fazenda Algodões, foi o resultado de um sonho do filho do professor Domingos Soriano Ferraz, "Manu" ; que via nascer naquele lugar uma vila. Dali até a realização do sonho foi rápido. Ao sonho se uniram outros jovens e entre esses, os filhos de João Flor, era agosto de 1917 quando foi inaugurada a primeira feira de Nazaré, dali para frente aquele povo iria ser protagonista de uma das mais sangrentas guerras no sertão:
LAMPIÃO x NAZARENOS
Entre os nazarenos mais famosos podemos citar : Antônio Gomes Jurubeba, Manoel Neto, João Gomes de Lira, Manoel Flor, Odilon Flor, Euclides Flor, Davi Jurubeba, Arcôncio, Afonso, Hercílio, Lero, dentre outros. Muitos dos bravos Nazarenos morreram nas mãos de Lampião e seu bando , dentre esses: Gabriel de Sousa (Bié), Olímpio Gomes Jurubeba, Inocêncio de Sousa Nogueira, José Alves de Sousa Ferraz, Idelfonso de Sousa Ferraz (Idelfonso Flor), Cândido de Sousa Ferraz, João Gregório Neto, Hercílio de Sousa Nogueira, Adalgísio de Sousa Nogueira e João Cavalcanti de Araújo (João de Anísia)...
LAMPIÃO E OS NAZARENOS
DIA 21 DE JULHO DE 2021 , ÁS 19H30
AO VIVO NO YOUTUBE DO CARIRI CANGAÇO
Nonato Lima é Gente que Faz no Cariri Cangaço Personalidade desta segunda-feira ao vivo no Instagram
Cearense, natural de Quixadá, o jovem instrumentista Nonato Lima vive a música desde sua infância quando teve seu primeiro contato com a sanfona. Tocando na noite, logo ganhou destaque e reconhecimento, seu estilo particular de criar e improvisar o elevou como músico e instrumentista, possibilitando sua participação em diversos programas locais e nacionais, bem como o respeito e admiração de ícones a música como Dominguinhos e Richard Galliano (acordeonista francês).
Em sua trajetória, Nonato Lima competiu em festivais nacionais e internacionais, sendo campeão em todos. O primeiro festival, em 2010, ocorreu em Limoeiro do Norte - CE, o segundo em Fortaleza- CE (2012) e o terceiro em Juazeiro da Bahia (2015). Fez turnê pela Europa levando a música brasileira através de seu acordeon pela França, Bélgica e Suécia. Além das apresentações, o músico foi convidado pelo grande acordeonista francês Richard Galliano para participar de um documentário sobre sua vida.
No Brasil, Nonato Lima fez shows com Richard em São Bento do Sul – PR, acompanhou diversos artistas como Dominguinhos, Liv Morais, Raimundo Fagner, Flávia Wenceslau, Marcos Lessa, dentre outros, e atualmente é integrante da Banda Acaiaca e da Orquestra Sanfonas do Ceará, além de priorizar seus projetos instrumentais com solo, duo, trio e quarteto, e a gravação do seu primeiro CD solo com músicas autorais. Nonato Lima participou do Encontro Internacional de Acordeon que ocorreu em Santa Catarina chamado ”Accordion Festival”, das Olimpíadas Rio 2016, levando o nome do Ceará para o mundo. Finalizou o ano de 2016 no Festival Choro e Jazz de Jericoacoara com seu projeto trio.
Em 2017, participou de vários festivais, em especial o “Floripa instrumental” junto a grandes nomes da nossa música; foi homenageado pela Assembléia legislativa do estado do Ceará em resgate à música popular brasileira. Apesar da pouca idade, Nonato Lima já tem uma bela bagagem musical, tendo em destaque suas composições gravadas pelas maiores orquestras do Brasil sendo uma delas a Spok Frevo Orquestra, com sua sua participação. Também gravou o DVD da Cantora Alexandra Nicolas, quando pode partilhar o palco com renomados músicos como: João Lyra, Luciana Rabelo, Celsinho Silva e Mauricio Carrilho. A trajetória do instrumentista cearense Nonato Lima já o levou para atuar com diversos nomes da música, com destaque para: Elba Ramalho, Anastácia, Saulo ex banda Eva, Waldonys, Maciel Mello, Amelinha, Toninho Horta, Hermeto Pascoal, Alexandro Penezzi, Egberto Gismonti, Zé Paulo Becker, Alexandre Ribeiro, Macaúba do Bandulim, Adelson Viana, Zé do Norte, Lucinha Menezes, Spok Frevo Orquestra, Adelmário Coelho, Arismar do Espírito Santo e Regional Época de ouro (grupo mais antigo de choro do Brasil).
Sua mais recente participação foi no Sertão Central Festival de Acordeon, em Madalena - Ceará. Desta vez, o músico foi convidado a participar do Júri e avaliar as apresentações de vinte acordeonistas de todo o Brasil, além de levar aos participantes a oficina com o tema “Harmonia e Improvisação” e o Show instrumental Nonato Lima Trio com a participação dos Músicos Miqueias Santos (contrabaixo) e Denilson Lopes (bateria), presenteando o público com um rico repertório.
Nonato Lima é Gente que Faz é o convidado especial de Manoel Severo para o programa Cariri Cangaço Personalidade desta proxima segunda-feira, dia 19 de julho de 2021 às 20h , ao vivo no Instagram, segue lá: @cariricangaço.
NOTA DE PESAR: Parte o Conselheiro Manoel Serafim Cornélio...
NOTA DE PESAR
É com profundo pesar que o Conselho Alcino Alves Costa, do Cariri Cangaço, cumpre o doloroso dever de informar o falecimento de seu Conselheiro, pesquisador Manoel Serafim Cornélio, acontecido neste sábado, 17 de julho de 2021, na cidade do Recife, Pernambuco, vitima da COVID 19. Manoel Serafim que havia perdido sua genitora a menos de um mês para o vírus, lutava com bravura contra o mesmo, mas diante de uma série de complicações não suportou, vindo a falecer no final da tarde deste sábado. O Cariri Cangaço se une às Orações da família enlutada e de todos os amigos, notadamente da querida cidade de Floresta.
Manoel Serafim era empresário; comerciante na cidade pernambucana de Floresta. Esteve a frente da Comissão Organizadora dos eventos Cariri Cangaço Floresta nos anos de 2016 e 2017, assumindo uma das cadeiras de Conselheiro do Cariri Cangaço ainda no ano de 2016.
Conselho Alcino Alves Costa
A Música Nordestina e sua Influência na Música Brasileira, Grandes Encontros Cariri Cangaço
Diferenças e Semelhanças entre Lampião e Chico Pereira Por: Guerhansberg Tayllow
Vamos
direto aos pontos!
A principal semelhança
entre os dois cangaceiros reside na entrada ao cangaço. Ambos ingressaram nessa
forma de banditismo a partir de conflitos familiares, cujos interesses estavam
no caso de Chico Pereira, na disputa direta pelo poder político local do
município de Sousa no sertão paraibano. Já no caso de Lampião estavam na
disputa territorial da Ribeira do São Domingos. Os desafetos dos familiares de
Chico Pereira e de Lampião estavam (no momento do conflito) por cima na
política estadual e, portanto, detinham maior controle sobre o aparelho de
poder do Estado (como a polícia e os juízes). A família de Chico Pereira estava
ligada a outro grupo familiar de maior poder: os Gomes de Sá, que estavam em
decadência política no município de Sousa. Já a família de Lampião foi descrita
pela historiografia do tema como uma família satélite dos Pereiras do Pajeú
Pernambucano. Tanto os Gomes de Sá como os Pereiras (Pereiras do Pajeú
Pernambucano) estavam ligados historicamente ao Estado Português, cuja tradição
adivinha do processo de povoamento e do poder agrário. Contudo, com o
nascimento da República, ambas famílias (Gomes de Sá em Sousa e os Pereiras no
Pajeú Pernambucano) viram seus poderes políticos entrarem em decadência com a
ascensão de outros grupos familiares. Foi nesse contexto complexo permeado
pelas disputas em torno do poder político, econômico e territorial, que
emergiram os cangaceiros Chico Pereira e Lampião.
Outra semelhança está
no fato de Chico Pereira e Lampião terem entrado no Cangaço com a mesma idade:
22 anos.
Partindo da ideia que
Chico Pereira teria nascido em 1900 e entrado no cangaço em 1922, posso afirmar
que esse personagem se tornou cangaceiro com apenas 22 anos de idade. Já no
caso de Lampião, tomando 1898 como data de nascimento e 1920 como a sua entrada
no cangaço, também se pode afirmar que Lampião tinha 22 anos quando ingressou
nessa forma de banditismo. É verdade que muitos autores de renome afirmam que
Lampião já era cangaceiro antes de 1920, porém, consultando a documentação
escrita de época não se encontra base para tal afirmação. O primeiro grupo de
cangaceiros que Lampião fez parte foi chefiado pelo seu tio Antônio de Matilde,
cujas ações estão documentadas somente a partir da segunda metade de 1920.
Sobre
as diferenças...
Chico Pereira entrou no cangaço após vingar a morte do pai. Lampião entrou no cangaço movido pelo ódio contra os seus adversários que haviam provocado o desmantelamento territorial e familiar dos Ferreiras. Esse sentimento de ódio levou Lampião ao cangaço, fator que contribuiu diretamente para a morte da sua mãe e do seu pai. Mesmo com a morte dos pais, Lampião nunca matou os seus desafetos da ribeira do São Domingos, embora tenha tentado em inúmeras oportunidades. O projeto de vingança de Lampião aos poucos foi sendo marginalizado e a partir de 1924 é possível dizer que Lampião esteve mais preocupado em alimentar o compromisso com sua rede de protetores do que com a vingança contra os Nogueiras Alves de Barros. Além disso, no decorrer dos anos outros inimigos foram aparecendo na ordem do dia. É que o Lampião foi se refazendo enquanto cangaceiro, tornando o cangaço a “família”, o seu meio de vida, a sua profissão.
Afirmei no “bate bola” com
Severo e Raul, que Lampião se tornou um bandido político, um cangaceiro
profissional.
Diferentemente de
Lampião, Chico Pereira não fez do cangaço seu meio de vida, caso tenha feito,
foi por um curto espaço de tempo, ali pelos idos de 1924-1925. Estou mais
propenso a acreditar que Chico Pereira não tomou o cangaço como um meio de
vida, dado que não teve uma vida nômade pela qual é fundamental para um
cangaceiro profissional. Pelo contrário, Chico Pereira manteve hábitos do mundo
sedentário, como casar e construir uma família fora do banditismo, foi assim
que teve 3 filhos com sua esposa Jardelina. Já Lampião manteve o nomadismo como
perspectiva de vida, o exemplo maior foi viver e reproduzir juntamente com sua
companheira Maria Bonita dentro do cangaceirismo. Chico Pereira, inclusive,
tentou abandonar de vez o cangaço o que ocasionou a sua prisão e posteriormente
sua morte. Já Lampião, nunca se deixou capturar pela polícia e sua morte
ocorreu quando estava em atividade no cangaço.
Outra diferença
marcante foi o tempo e os espaços de atuação. Chico Pereira atuou entre os anos
de 1922-1928, percorrendo pontos dos territórios de Pernambuco, Paraíba e do
Rio Grande do Norte. Neste último estado, Chico Pereira concentrou sua atuação
na região do Seridó. Como sabemos, o Rio Grande do Norte, não foi objeto de
criação de redes de protetores por parte de Lampião. A atuação de Lampião foi
muito maior e mais complexa do que a de Chico Pereira. Tendo atuado entre os
anos de 1920-1938, percorrendo pontos dos estados de Alagoas, Pernambuco,
Paraíba, Ceará, Rio Grande do Norte, Bahia e Sergipe. Além de Lampião ter
percorrido mais espaços durante mais tempo, também o fez com mais intensidade
nas atividades cangaceiras do que Chico Pereira. Logo, Lampião foi muito mais
registrado pelos meios de imprensa e pelos processos criminais.
Lampião e Chico Pereira
estiveram juntos entre os anos de 1924-1925, o que rendeu maior conhecimento da
opinião pública sobre Chico Pereira, dada a fama que Lampião já detinha e, que
foi paulatinamente crescente, sobretudo a partir de 1925. Por que sobretudo
1925? Porque foi nesse ano que Lampião começou a ser objeto político da
imprensa recifense que fazia oposição ao governo Sérgio Loreto. Em outras
palavras, a imprensa oposicionista de Recife usou e abusou das ações de Lampião
para atacar o governador Sérgio Loreto.
Com relação as formas de combate dos dois cangaceiros, não é possível fazer uma devida comparação, pois temos pouco registro sobre as ações de Chico Pereira em combate. As narrativas disponíveis apontam na direção que Chico Pereira também foi um bom estrategista assim como Lampião. O fato foi que os dois usaram o dueto emboscada/retirada como forma de guerra nômade. Diante de uma vida mais movimentada, Lampião teve que utilizar a guerra nômade do cangaço muito mais do que Chico Pereira. Não significa dizer que um era melhor em combate do que o outro.
Uma grande diferença
entre os dois está nas redes de proteção. Enquanto Chico Pereira esteve
agarrado as relações com os correligionários do pai e, ao seu grande protetor,
Antônio Suassuna (irmão do governador João Suassuna), Lampião produziu uma
vasta rede de protetores em vários estados e alguns de forma simultânea. Nenhum
cangaceiro se relacionou com protetores como Lampião. Nenhum cangaceiro soube
ser tão político como Lampião, dada a sua capacidade de traçar alianças, de
fazê-las, desfazê-las e refazê-las em outras bases. Ser político é a capacidade
de superar o fim de uma aliança com a reconstrução de outras. Isso Lampião fez
muito bem e de forma singular. Chico Pereira se agarrou demais ao seu protetor
Antônio Suassuna, não foi capaz de perceber que no universo do cangaço,
cangaceiro não pode se movimentar ou recorrer aos mesmos lugares o tempo todo.
No quesito costurar redes de proteção Lampião não pode se comparar a nenhum
outro cangaceiro. O único ponto em comum estava na importância de se relacionar
com os protetores para sobreviver naquela vida. Mas o como se relacionar foi
muito próprio de cada cangaceiro e, sem dúvidas, Lampião foi o rei, o capitão e o comandante
nesse quesito. Por gentileza, não entender essa afirmação como uma apologia ao
bandoleiro, mas como um reconhecimento histórico da sua capacidade relacional,
que sem dúvidas alguma, esteve a serviço da vida e da morte.
Por
fim, voltando para as semelhanças que não escondem suas diferenças...
Gostaria de finalizar o texto falando sobre o guardião da memória. Isso porque Chico Pereira e Lampião foram objeto de escritos no âmbito familiar que desejaram construir e proteger uma memória. No caso de Chico Pereira, o Guardião foi o próprio filho, o Padre Pereira, que escreveu o importante livro Vingança, não, publicado em 1960. Trata-se de um texto de grande erudição, cujo escritor partiu do seu lugar social de padre e filho para reescrever o passado trágico do pai por meio de outros significados. Quem estiver lendo essas letras e ainda não leu ou desconhece o livro Vingança, não, por favor, faça esse investimento para si mesmo: leia esse livro. Além da riqueza poética, literária, cristã e memorialista, vale destacar que o livro do Padre Pereira foi um dos primeiros textos escritos por familiares de ex-cangaceiros, ou seja, foi um dos primeiros a narrar a história pela ótica do cangaceiro (até então era muito comum as narrativas partirem de ex-volantes ou de intelectuais do folclore e da literatura).
Do lado de Lampião, tivemos os trabalhos memorialísticos da sua neta, Vera Ferreira, que iniciou seu trabalho de escrita com o clássico livro De Virgolino a Lampião, em parceria com o importante memorialista Antônio Amaury. Vera Ferreira e o padre Pereira, apesar de falarem de distintos lugares de formação, compartilharam um objetivo em comum: reconstruir e guardar a memória dos seus respectivos familiares. Tarefa difícil, pois no território da memória a cristalização de uma narrativa dita verdadeira será questionada, reelaborada e reescrita através de outros interesses, mesmo que esses outros apresentem semelhanças e diferenças...
[1] Para acessar o “bate bola” ver: https://www.youtube.com/watch?v=jHP4qLDtS-U&t=7442s