Cangaceiros Cariri : Novo Perfil no Facebook !


Por termos atingido o número limite de amigos em nosso primeiro perfil no facebook, foi necessário efetivarmos uma 
nova conta nas Redes Sociais. 
Agora temos dois perfis; Cariri Cangaço 
e o novo:

Cangaceiros Cariri

Se você ainda não é amigo do Cariri Cangaço, não perca tempo, faça sua conexão no facebook, localize Cangaceiros Cariri 
e envie seu convite, 
será uma grande honra tê-lo em nossa família.
Até lá.

Manoel Severo


Cariri Cangaço Lavras da Mangabeira - Programação

CARIRI CANGAÇO LAVRAS DA MANGABEIRA

PROGRAMAÇÃO COMPLETA
 

Dia 18 de Maio - Sábado
15:00 h - Chegada da Cavalgada Lêla Ferrer sob o Comando do deputado Heitor Ferrer

15:20h - Abertura Oficial - Câmara Municipal
Gustavo Augusto Lima Bisneto
Manoel Severo
Heitor Ferrer
Ângelo Osmiro
Juarez Leitão
Paulo Gastão


15:40h - Apresentação de Video Documentário
"Fideralina Augusto Lima"
Produção Tv Assembléia

16:20h - Conferência
Entre Canetas e Bacamartes
Dimas Macedo

 17:30h - Apresentações Artística
Grupo Regional Xaxado
Cordelista José Teles da Silva

19:00h - Galpão das Artes
Reunião Extraordinária do Conselho Cariri Cangaço

Dia 19 de Maio - Domingo
8:30 h - Recepção pelo prefeito Gustavo Augusto Bisneto 
no Pátio da Prefeitura

9:00 h - Visita Técnica à Casa de Dona Fideralina 
Centro de Lavras da Mangabeira


9:30 h - Visita Técnica ao Sítio Tatu - Casa Grande do Clã Augusto
Dona Fideralina
Dr. Gustavo Augusto Lima Bisneto e Heitor Ferrer

Exposição Cariri Cangaço 
promovida pelo SEBRAE

...E em breve,
17 a 22 de Setembro
Cariri Cangaço 2013!  

Nossa gratidão a Dihelson Mendonça

Dihelson Mendonça, icone de nosso cariri...

Músico, compositor, produtor cultural, fotografo, artista plástico, web designer, bloqueiro, jornalista, radialista, etc, etc, etc, e o mais importante: uma figra humana sem igual, esse é Dihelson Mendonça. Responsável por um dos mais respeitados complexos de comunicação digital do nordeste; com o Blog do Crato, a TV Chapada do Araripe, o Jornal Chapada do Araripe e a Rede de Blogs do Cariri; Dihelson Mendonça é mais um dos valorosos parceiros do Cariri Cangaço, ao amigo Dihelson o nosso abraço de gratidão.

Manoel Severo

Maranduba Por:Alcino Alves Costa

Alcino Alves Costa

A monstruosa perversidade de Canindé chocou a gente sertaneja. A notícia se espalhou por todos os quadrantes nordestinos. Era necessário deter a opulência, a grandeza e o poder do invencível bandoleiro. Os horrores de Canindé teriam uma dura resposta. Ordens e mais ordens são, com urgência, expedidas. Rádios e telégrafos não param. Lampião sofrerá uma perseguição medonha. Será caçado como se fosse um cão danado.Alagoas exige rigor total em sua fronteira. A linha do São Francisco será severamente fiscalizada, guardadas pelas forças comandadas pelo renomado José Lucena de Albuquerque Maranhão, matador, no dia 29 de junho de 1920, de José Ferreira da Silva, o pai de Lampião.Da Bahia são transmitidas sérias ordens destinadas para Jeremoabo, ordenando ao seu numeroso contingente que marche rápido e urgente, para as terras sergipanas.Mané Neto, o pernambucano de Nazaré, à frente de seus nazarenos, abala-se de Jatobá com destino à zona de atuação dos cangaceiros, região que havia se tornado o novo mundo de lutas e tropelias do grande guerreiro do Pajeú.

Assim que deixa Canindé, Lampião, levado por pesados pressentimentos, resolve se homiziar nas fazendas e terras de Piduca Alexandre e João Maria, os potentados da Serra Negra e irmãos do famoso comandante das forças baianas Liberato Carvalho. Sabe Lampião que os acontecimentos de Canindé despertariam um ódio brutal e uma fúria intensa nas volantes e nas autoridades. Na beira do São Francisco os nazarenos vasculham portos, estradas e veredas. Os de Nazaré e Lampião são ferozes inimigos. 


A Cruz dos Nazarenos em Maranduba

Nazaré é o pequeno povoado de Pernambuco onde quase todos que ali viviam eram mortais desafetos dos Ferreira, do riacho São Domingos. Está na história à valentia e o destemor dos "cabras" da antiga fazenda Algodões, bravos sertanejos que tendo sobre seus destinos a inimizade sanguinária do maior dos cangaceiros souberam dignamente enfrentá-lo, mostrando que eram "casca do mesmo pau". Inimizade velha, antiga, nascida desde o tiroteio travado entre os três perigosos irmãos e os homens da antiga fazenda Algodões, com Odilon Flor à frente. Naquele combate Livino Ferreira foi baleado pelo soldado do destacamento João Agostinho e posteriormente preso, após ser encontrado na casa de Chico Eusébio. 

Nesta ocasião os nazarenos Cícero Leite e Arconso " irmão de Mané Neto " aconselharam que o melhor seria matar Livino, pois só assim evitavam problemas futuros com ele. Odilon Flor rejeitou a idéia, preferindo levar o irmão de Lampião até a cadeia de Nazaré. No outro dia o ferido foi levado para Floresta.Em 1923 entram para as forças repressivas os dois primeiros nazarenos: Manuel de Sousa Neto e Odilon Flor.Lampião, entre aborrecido e magoado, vê sua própria gente, aqueles que desde criança conhece, pegar nas armas do governo para persegui-lo. Em pouco tempo, quase toda família nazarena, representada pelos seus jovens, formava nas fileiras perseguidoras dos bandidos da Ingazeira.

Família de valentes: os Jurubeba, os Ferraz, os Nogueira, os Soriano, os Gomes e os Flor; destemida e desassombrada gente que fazia o chão caboclo de Pernambuco tremer sob a mira de suas armas. Todos eles, sertanejos valorosos que tudo fizeram para exterminar os temíveis e medonhos Ferreiras.


Maranduba

Os "cabras" da terra de Domingos Soriano passam a ser comandados por um dos seus próprios filhos, o lendário Mané Neto, filho de Gregório Nogueira e irmão de Afonso e Arconso. Mané Neto torna-se um feroz perseguidor de Lampião e seus asseclas e, quando recebe a noticia do dantesco episódio de Canindé, corre apressado para as terras alagoanas.Sabe o nazareno que seu grande desafeto não está nas Alagoas. O cordão repressivo esticado por Lucena, na linha do São Francisco, impedia completamente a passagem dos facinorosos para aquele Estado.A "força", que vinha de Jatobá, descansou em Pedra de Delmiro e dali seguiu para Piranhas. Era pensamento do bravo militar em dar um aperto em Joca Bernardes e Pedro de Cândido, dois famosos coiteiros que gozavam de muita intimidade junto aos bandoleiros.

Da Bahia viaja a volante comandada pelo tenente Liberato de Carvalho. Essa tropa não sabia nada sobre o ocorrido em Canindé. O destino dela era a fronteira desse Estado com Sergipe e o ponto visado era a fazenda onde residia o pai de Maria Bonita, a Malhada da Caiçara.Liberato havia recebido ordem de matar o pai da companheira de Lampião. Para sorte do inocente, cujo único pecado era ser genitor da famosa rainha do cangaço, o mesmo não se encontrava na fazenda. Estava no Estado de Alagoas visitando parentes em um lugarzinho bem perto de Arapiraca ou Porto Real do Colégio.Na Malhada da Caiçara, o irmão de João Maria é cientificado do terrível acontecido em Canindé, e para lá, imediatamente, se desloca.


Manoel Neto

O famoso militar baiano presta sua solidariedade ao derrotado tenente Matos. O clamor do povo era deveras sem igual. Maria Marques, Isaura e Anízia continuam a sofrer as dores dos suplícios recebidos. Canindé conhece os seus piores dias. O tenente, humilhado e derrotado, não tem forças para reagir. Jamais pensara em passar por tão dura prova. Jamais poderia imaginar que um matuto fosse capaz de impingir-lhe tão duro revés.Uma das supliciadas de Canindé (Maria Marques) é de Santa Brígida e parenta de alguns soldados da volante da Bahia. Os parentes, compadecidos e raivosos, jurando uma medonha vingança, procuram consolá-la. O "contratado" Elias é o mais furioso e o que fica mais tempo consolando sua patrícia, mas sem ter como minorar a dor que o ferimento causava na infeliz senhora.Liberato reúne seus homens e resolve seguir para Alagoas. Primeiro iriam até Pedra de Delmiro e do antigo reduto do cearense saberia que rumo tomar.Nada tinha a fazer no meio daquela gente ferida e apavorada. Restava, agora, encetar uma grande perseguição e procurar encurralar o bandido da Passagem das Pedras e sua turma sanguinária.Com sua gente abastecida, os bornais cheios de mercadorias do armazém do mestre Cícero, e depois de mais uma vez consolar o infeliz tenente, além de garantir ao povo que Lampião pagaria caro a sua ousadia, o oficial do exército dá sinal de partida. Sua volante, resoluta, disposta e destemida se encalça no rastro da nefasta caterva.

Ao chegar à famosa povoação alagoana o comandante da força baiana é avisado da passagem de Mané Neto. Retorna, então, para a beira do São Francisco. O destino agora é Piranhas. No espigão da serra ribeirinha faz parada. Envia um mensageiro até a cidade das margens do "Velho Chico". A presença de Mané Neto naquela localidade é confirmada. Imediatamente entra em contato com o pernambucano e acordam em atravessar o rio e caçar Lampião e sua malta juntos.As duas volantes formam um conjunto de verdadeiras feras; verdadeiros titãs; verdadeiros gigantes. No entanto, embrutecidos pelos anos de luta e combate, os de Nazaré haviam adquirido muito mais experiência. Naquela altura de suas andanças eram considerados verdadeiros mestres na arte de guerrear. 


Visita da Caravana Cariri Cangaço à Maranduba

Os baianos, sem possuírem aquele traquejo, uma vez que há menos de cinco anos combatiam Lampião e seus sequazes, mesmo assim, suportavam todo peso da medonha jornada. Ali estavam, sob o comando de Liberato, afamados valentões da Bahia. Homens do quilate de Elias Marques e seu filho Procidônio, o bravo Leonídio, João Pintadinho e seu irmão Martim; ainda Antônio Bolachão, João Batista, os rastejadores Joaquim Lima e Barbosa e alguns outros destemidos "contratados".As volantes unificadas seguem para Sergipe. O povoado ribeirinho de Cajueiro é o primeiro a ser visitado. Lá e em seus arredores vive uma leva muito grande de perigosos coiteiros: os Félix, os Rosas, os vaqueiros de Antônio Caixeiro e os da Badia.

toda essa gente sabia do roteiro de Lampião e seu bando. Era uma verdade. Naquelas paragens da beira do lendário rio sertanejo, o grande bandoleiro se considerava em sua própria casa. Mesmo assim, naquela passagem não iria se demorar. Sabia que seria tenazmente perseguido e apesar dos insistentes pedidos de seus comandados que desejavam realizar um baile, na fazenda Santa Cruz não se demorou. Apressado, se embrenhou na mataria.A volante vinha célere em seus pisos.surge, então, um grave obstáculo no meio da tropa. Sério inconveniente que, como adiante se verá, se tornou em uma total e absoluta tragédia.Quais os problemas surgidos?os homens de Pernambuco, veteranos das caatingas, achavam que possuíam uma ascendência muito grande sobre os da Bahia. Estes, na verdade, inexperientes e sem o traquejo dos pernambucanos, eram, como aqueles, valentes ao extremo. Todos eles acostumados com o mundo bravio dos sertões, uma vez que também eram filhos daquelas terras de sofrimento. 

Orgulhosos, não aceitavam as provocações e nem os "dixotes" dos do sertão do Pajeú.As desavenças aumentaram. O nunca esperado aconteceu. Os comandantes das volantes tomaram posição, cada um em favor de seus comandados. A soberbia do vesgo de Nazaré criava, ainda mais, em Liberato e seus comandados reações que estavam beirando ao desprezo e ao ódio. Se o nazareno queria porque queria demonstrar ser ele e os seus os maiores, os melhores, os realmente valentes; o irmão de João Maria não fazia por menos; asseverava alto e bom som, que sua volante era a que possuía os homens mais valentes do Brasil e do mundo. A porfia se tornou tão severa que não se pensava mais em Lampião, o empenho agora consistia em quem era quem na caça ao lendário bandoleiro.O despeito e a vaidade dos dois comandantes foram à causa da perdição dessa numerosa tropa.


Aderbal Nogueira em uma das pias da Maranduba

Os perseguidores já ultrapassaram os difíceis carrascos das serras do São Francisco. Agora caminham pelas terras brancas de Poço Redondo. Passam pelas lagoas da Pedra e do Curral. A tarde descamba. O sol vai se escondendo no horizonte. A caterva se destina a fazenda de China, o Recurso.Lampião e seu bando estão nos arredores da Queimada Grande de Piduca Alexandre, um dos irmãos do comandante baiano que está no encalço da malta bandoleira.a  jornada está sendo muito forte. Cada componente de uma das volantes não quer, sob pretexto algum, demonstrar fraqueza ou cansaço. Na verdade, o esforço que estão fazendo está deixando a maioria dos soldados completamente sem forças e extenuados.A sede, a fome e o sol escaldante deixam todos relegados a verdadeiros trapos humanos. E era este inesperado fator a grande vantagem dos bandoleiros perseguidos.O sertão está encoberto pelo manto escuro da noite.

Os enfraquecidos e combalidos "macacos" já estão desanimados. Formam pequenos e separados grupos, uns bem distantes dos outros.A noite chega e chega com uma escuridão de azeviche. Impossível alguém conseguir caminhar em hora tão imprópria.Mas, os obstinados comandantes não param. Desprezando todas as normas militares, dominados pelo orgulho, prepotência e empáfia, são impedidos de raciocinar corretamente. Imperdoável atitude que arruinou as volantes, jogando seus componentes numa das maiores tragédias da campanha cangaceira, com muitos feridos e outros mortos.A ordem era mostrar força e coragem, nunca sinais de fraqueza.A noite deixa todos sem saber para que lado seguir. Escutam o tilintar de chocalhos. Conhecem profundamente as coisas sertanejas. Sabem que as campainhas estão no pescoço da "miunça" (cabras ou ovelhas) de alguma fazenda próxima. Caminham na direção dos guizos. Sabiam que se espantassem as criações, elas correriam para o chiqueiro da propriedade que pertenciam.Assim foi feito.

Tangidos pelos soldados os animais correm para a fazenda. A tropa se orienta pelo tilintar das sinetas. Horas depois desponta numa grande malhada. Estavam na afamada Queimada Grande.Os perseguidores estão vencidos pela sede e pela fome. Cansados e estropiados procuram o tão almejado e merecido descanso. Estão morrendo de sede. Saciar a feroz sede e a terrível fome que está destroçando os soldados é a principal e urgente prioridade dos comandantes.A água disponível é muito pouca. O vaqueiro e seus filhos se apressam em ir apanhá-la nas pias ali próximas. Potes e cabaças transportam o precioso liquido. A água é pouca. A soldadesca está morrendo de sede. velho vaqueiro é pai de Zé Joaquim, o rapaz que anos depois foi barbaramente assassinado pelo perverso Juriti. Antônio Joaquim oferece seus préstimos aos soldados, mas pouco conversa. Cumpre suas obrigações para com os militares sem, no entanto, demonstrar a menor alegria.Já é madrugada e ainda continua chegando "macaco". 


Lampião e Juriti

Um grupo confirmou que na Lagoa do Vestido e na Lagoa do Cocho ficaram vários companheiros arreados, por não suportarem a sede. Providências teriam que ser tomadas para acabar com o tormento dos companheiros.Os soldados são da Bahia, seu comandante ordena que João Pintadinho e seu irmão Martim sigam imediatamente, acompanhados de um dos filhos de Antônio Joaquim (Manoel) e levem água para os sedentos.O que a tropa não havia percebido era que a sisudez do vaqueiro tinha um motivo altamente justificável; Lampião e sua malta haviam deixado a fazenda naquela tardinha e, com toda certeza, estavam pernoitando pelas redondezas.Levado por um misterioso pressentimento, Lampião, em vez de pernoitar na grande fazenda de Piduca, que seria a opção coerente e certa, prefere viajar um pouco mais e ir dormir na fazenda Santo Antônio, há uma légua acima da Queimada Grande.À noite a "força" chega à fazenda do homem da Serra Negra.O combate será iminente. Soldado e bandido estão praticamente juntos.O relacionamento entre as volantes continua lastimável. Os dois comandantes, em vez de procurar acabar com o problema, deixam de lado os seus deveres e responsabilidades, desprezando a condição de chefes daqueles servidores da lei e da ordem; para, ainda mais, através de suas desmedidas vaidades, aumentarem a animosidade existente entre seus homens, esquecendo que aquela dura missão que lhes fora confiada tinha como especial finalidade o extermínio do flagelo, da peste que destruía tudo, o cangaço.

A porfia dos pernambucanos com os baianos havia se tornado num perigoso e grave problema. As volantes eram compostas de homens geniosos e soberbos. Todos, encaprichados, não queriam "dar o braço a torcer", não permitindo que um se mostrasse mais valente, mais forte, ou ainda, mais capaz do que o outro.A vaidade, o capricho e a soberbia foram alguns dos maiores males da gente sertaneja.Naquela mesma noite, mesmo com seus homens cansados e estropiados, Mané Neto, querendo se mostrar o homem de ferro, de sem igual resistência, que tanto alardeava, fez questão que seus comandados seguissem em frente, sem considerar a dramática situação que todos se encontravam. A ordem do militar de Pernambuco era uma afronta, um acinte a dignidade humana; seus comandados e os da Bahia estavam estropiados, esfolados e cansados da penosa caminhada. A noite é avançada. Por que seguir mais além?A ordem teve que ser comprida. A tropa nazarena seguiu em frente, foram dormir na fazenda Poço do Mulungu. Bem perto, menos de meia légua, do local onde Lampião e seu bando dormiam.Cedinho, ainda madrugada, os baianos despertam e viajam. Com eles à vontade de alcançar os pernambucanos ainda pela manhã.

Os baianos estão animados, alegres e descontraídos. À noite de descanso havia ajudado bastante. João Batista, zombando de Mané Neto, imita o seu caminhar desmantelado, defeito adquirido desde o combate da Serra Grande quando saiu baleado nas pernas.No Poço do Mulungu as volantes voltam a ficar juntas. Experientes, começam a sentir um clima de combate. Algo estranho, misterioso e diferente paira no ar. Todos se voltam para os perigos de um tiroteio. A iminente batalha forma uma cadeia de união que até então faltava entre eles. Só agora percebem que estão expostos e sujeitos aos mesmos perigos. A qualquer instante estarão enfrentando a cangaceirada, razão mais do que suficiente para que se unam e se preparem para a terrível luta que os espera.Ainda cedo chegam ao Santo Antônio. É o local aonde a cabroeira dormiu.Madrugadores, os cangaceiros haviam se retirado. Deixam uma verdadeira rodagem. Não se preocupam em esconder a trilha. Não se tem mais dúvida, o tiroteio será sem tardança.Apesar do descanso da noite a soldadesca ainda sofre com os rigores da fortíssima caminhada que estava encetando. Um grande número de soldados, principalmente os da Bahia, está destroçado, sem nenhuma condição física. Muitos deles já haviam atingido o limite máximo de suas resistências, estavam enfraquecidos e combalidos, por conseguinte não tinham condições de acompanhar o ritmo avassalador dos nazarenos que, doidos para se confrontarem com o grande inimigo, se distanciavam cada vez mais dos baianos.



Liberato percebe que seus comandados não estão suportando aquela duríssima jornada e, preocupado, ver seus soldados dispersos e muito afastados uns dos outros. Procurou agrupá-los; porém, temendo a reação de seu colega que bem poderia imaginar que tudo não passava de uma manobra para não enfrentar o rei dos cangaceiros, resolveu silenciar e deixar tudo correr conforme o momento se apresentasse. Jamais daria lugar para o nazareno pensar que ele e os seus teriam medo de enfrentar os facinorosos comandados pelo capitão do cangaço.A trilha é fácil, muito clara. Os bandidos caminham na direção dos cerrados de cipó de leite da Maranduba, braba caatinga de Poço Redondo.Os "fechados" da Maranduba eram, e ainda são, uns dos mais falados daquela região sertaneja de Sergipe. Mataria grossa: o cipó de leite, o bom nome, o angico, a aroeira, a braúna, a barriguda, a umburana, a quixabeira e o umbuzeiro fazem daqueles desertos, moradia do gato, da ema, do caititu, do tatu-bola e do peba. Baixadas e grotões onde só vaqueiros campeões corriam atrás de bois; corredores famosos como os Soares, o maioral Milinho; João Preto, os Teobaldo, os da Cuiabá e os de João Maria: Adolfo e Manezinho Cego, o famoso Manezinho de Rosara.Bem próximo, naquele emaranhado quase que intransponível de caatinga, está o coito de Lampião. É naquele local que as mulheres cangaceiras esperam seus homens que retornam de mais uma de suas costumeiras razias

.Os soldados vão chegando.Chegam numas pias. Espantados, vêem pingos d"água que caem da madeira que cobre a fonte de pedras. À hora havia chegado. Os bandidos estavam nos arredores acoitados.Ao redor do lajedo apenas uns quinze homens das volantes. O grosso da tropa está atrasado. Alguns soldados estão na casa velha da Maranduba e outros ainda nem lá chegaram. Mané Neto, louco por uma desforra, resolve não esperar os retardatários, segue em frente, sabe que os homens de Lampião estão bem próximos, ali naquela mataria.No entanto, não sabe o valente militar que a natureza havia presenteado aquela parte da caatinga com um extraordinário anel, formado por um maravilhoso circulo. Sete umbuzeiros circundam belamente as pias. É uma paisagem de raríssima beleza. É nesse anel modelado por sete umbuzeiros que Lampião se refugia com sua cabroeira.Havia chegado naquele mesmo instante. Coisa pra menos de meia hora. Demorara-se um pouco nas pias e agora espalhava seus homens pelas sombras dos umbuzeiros.A alegria é geral. Abraços e vivas faz a felicidade de todos. Os bandidos formam uma só família. Vivem irmanados pela dor e pelo sofrimento.

Alcino Alves Costa
Fonte:revistacaninde.blogspot

NOTA CARIRI CANGAÇO: Nossa visita à Maranduba em 2011 foi sem dúvidas muito marcante, não só por estarmos pisando um dos solos mais emblemáticos de toda a saga cangaceira de Virgulino Ferreira, mas principalmente por ter sido nossa última grande caminhada ao lado do Mestre Alcino Alves Costa pelas terras de nosso Sertão Alegre.

Lavras e a Invasão de Lampião Por:João Tavares Calixto Junior


Assunto de importância histórica que não se mensura; as passagens de Lampião e seu bando por estas bandas não muito foram investigadas, e nos dias de hoje, não abundantemente se vêem historiadores escrevendo com este cunho. Nas vésperas da realização do Seminário Cariri Cangaço, que brilhantemente remonta as passagens do período lampiônico, pouco se sabe sobre as peripécias do cangaceiro mor e seus cúmplices por terras lavrenses.

Apesar da inexistência de comprovação histórica, mas vivamente cravada no imaginário popular de poucos resilientes, conta-se que exatamente no ano de 1927 existia uma contundente pretensão de Virgulino Ferreira da Silva e seu bando, arranchados momentaneamente no Tipi - Aurora, de invadir a próspera Lavras da Mangabeira. Diante do exposto, o neto de Fideralina, Raimundo Augusto de Lima, homem de muita disposição e abnegação diante de mutricas vindouras, juntamente com seu irmão, o também Coronel João Augusto (prefeito na época), resolveu atacar antes de ser atacado.

Fideralina Augusta Lima

Fato contado ainda, e que se fez cômico pelo seu destrinche, foi que antes da junção das tropas, os dois grupos trocaram tiros ao pensar já ser o conluio invasor do rei do cangaço, que nas terras já estaria a acampar (Fazenda Ilinhado - hoje Santa Inês). Grita-se de um extremo um capanga comandado por Assis Viana do Cel. Raimundo Augusto: - Aqui são os homens de Raimundo Augusto! Do outro polo, enquanto um silêncio passageiro permanecia diante da fumaça que saia dos bacamartes, grita um comandado por Vicente Leandro: - E aqui, os cabras de João Augusto! Depois do intenso ricochetear, que atingira de raspão o braço de um dos homens de João Augusto, fizeram a procura por Lampião em meio à mata branca e seca, e saindo da Santa Inês e Água Azul, já não tão facilmente alcançariam a hábil quadrilha que já atravessava de volta a Serra do Bordão de Velho... Dias depois dessa expulsão, na Serra do Mato, onde costumava-se esconder, cantava ao som de sanfona:

Lampião bem que eu te disse,
que deixasse de asneira.
Que passasse bem por longe
de Lavras da Mangabeira.

João Tavares Calixto Junior
Fonte:http://lavrasce.blogspot.com


NOTA CARIRI CANGAÇO: O simpático e acolhedor município de Lavras da Mangabeira, fica a 434 km de Fortaleza, na região centro-sul do estado do Ceará, porta de entrada de nosso amado Cariri; Lavras é o berço de uma das mais tradicionais família de nosso estado e que tem como Matriarca a famosa Fideralina Augusta Lima, personagem principal de nosso Cariri Cangaço - Lavras da Mangabeira "Entre Canetas e Bacamartes" nos dias 18 e 19 de maio de 2013. 

Novos Horizontes...Por:Juliana Ischiara

Juliana Ischiara ao lado de Alcino Costa, foto do Cariri Cangaço 2010

Maio, Cariri Cangaço em Lavras da Mangabeira no Ceará;
Junho, Cariri Cangaço em Sousa e Nazarezinho na Paraíba;
Julho, Cariri Cangaço em Canindé, Sergipe e Piranhas em Alagoas e 
em Setembro no Cariri do Brasil...

Uffaaaaaaaaa!!! Só de ler a agenda já fiquei se fôlego, que maravilha, rever amigos, fazer e reforçar laços de amizades, crescer em conhecimento, descobrir novos horizontes, abraçar velhos conhecidos, se ver-se refletido no espelho d'água do velho Chico... matar a saudade de cheiros, de paisagens, de sons e principalmente dos amigos queridos... só tenho a agradecer, que Deus me permita participar de toda a agenda, pois não tenho dúvidas de que voltarei transformada de cada viagem, trazendo na bagagem a certeza de deixamos um pouco de nós e trazemos um muito de tudo e de todos.

Alcino...meu amado mestre, meu pai e  amigo... sentiremos  falta  da fisicidade  de seu sorriso, doce, acolhedor, amável...nele vou dizia tudo aquilo que não verbalizava, enfim, sei que vai está lá, nos protegendo e cuidando para que tudo seja um sucesso, para que tudo aconteça como você gostava e gosta, com muito amor...

Obrigada querido Severo, Jairo e Salatiel, além de toda a equipe que está cuidados para que tudo aconteça e eu sei que será um sucesso, por que está sendo feito com ética, amor e determinação.

Bem... tô parecendo Paulo Gastão devaneando...rsrs
Um beijo , estamos juntos e misturados

Juliana Ischiara

Estudo para Cordel: O julgamento de Lampião Por: Rangel Alves da Costa


Apolônio dos Santos disse, Francisco das Chagas Batista confirmou, que cordel estendido em barbante é o ouro do nordeste, coisa igual a diamante, pois conta sua história todinha, sem deixar nem um nadinha, do passado e do instante.

Escrever cordel é lavourar, é plantar e semear, é jogar o grão pelo chão e colher sua razão, sem se importar que o doutor despreze tanta lição. Doutor mesmo é Zé Limeira, é Gonçalo Ferreira da Silva, é João Melchiades Ferreira, Zé Pacheco e Zé Costa Leite, é Leandro Gomes de Barros. Todos na academia, do clarear a luz do dia e rimar sertão em poesia.

Todo mundo pega o mote, vai correndo feito trote, juntando rima em magote para uma história contar. E eu queria, meu Senhor, também ser do sertão um doutor pra falar de Lampião, coisa demais debatida, mas ainda não resolvida, sobre o maior Capitão.

É por isso que eu vou botar anel de doutor, pegar a pena e espora, pra falar do homem agora sem deixar nada de fora. Vou fazer o seu julgamento, sem defender ou acusar, apenas tentar mostrar se no processo nordestino sentenciado ele está.





Virgulino Lampião, pra cada um de um jeito, cabra safado pra uns e pra outros de respeito, refletindo nas palavras do homem todo o seu conceito. Verdade seja bem dita que é até coisa maldita falar mal de sujeito sem lhe conhecer direito. Do mesmo jeito é verdade que não há necessidade dizer que era santinho se cometia maldade.

Lampião era gente, de carne e osso e sangue, sentia na sua pele tudo que o homem sente, por ser assim tão normal, era de fazer o bem sem estar livre do mal. Na ação reagia, se perguntado respondia, sentia tristeza por dentro e por fora era alegria, por lutar de fogo a sangue naquilo que defendia.

Primeiro é preciso saber que nenhum badalo existe sem sino, não existiu o Lampião sem antes o Virgulino. Como todo homem de bem, se de repente chega alguém logo querendo desfeita, ou dá o troco em seguida ou se afrouxa pra toda vida. E assim aconteceu que naquele sertão de breu, quando um parente morreu o Lampião se acendeu e pegou o seu clarão, seguindo pelo sertão numa predestinação.




Destinado ele estava a viver eterna guerra, trincheira no pé de serra, no mosquetão que não emperra. E fez juramento consigo de correr qualquer perigo pra combater o inimigo, o problema era saber onde ele ia arrumar tanta inimizade pra combater, pois não se sabe por que fazia conchavo com rico e o pobre a padecer. 

Se sua intenção era vingar os carrascos da família, então foi além dessa ilha, quis ir muito adiante e entrou numa armadilha. Mas se pensava em contra tudo lutar, então tinha que saber de qual lado ia ficar e não fazer de sua luta uma verdadeira disputa com qual coronel partilhar, como se o poder precisasse proteção, se não querer que Lampião tombasse logo no chão.

Mas isso é o menor, pois tudo que ele fez o homem não estava só. Ao seu lado o inocente, o sertanejo valente, fazendo da caatinga um norte e jogando a própria sorte sem nem imaginar na morte. Rapaz de pouca idade, mocinha na puberdade, uma verdadeira menina, seguindo aquela sina, descendo barranco, morro acima, somente para a história que hoje tanto sublima.

Não foi capeta nem santo, nem pouca coisa nem tanto, não apunhalou inocente nem matou tanta gente, não fez tanta malvadeza nem nunca foi de gentileza, nunca deu nada de graça sem levar junto a desgraça, nunca pisou num chão que não fosse com devoção, mas nunca devotou passar a mão em quem na merecia perdão, era na bala e no punhal, era no tal do mosquetão.




A história de Angico só cabe noutro processo, pra saber se houve o cerco ou ele enganou com sucesso. Alcino desconfia que toda aquele enredo está guardado em segredo pra história desvendar, já outros mais apressados não cansam de afirmar que o cansado Capitão despediu foi mesmo lá.

Assim foi o Lampião de sobrenome sertão. Acusado de bandido, pela história absolvido, mas havendo apelação, querendo inocentar Virgulino e destruir Lampião.

Rangel Alves da Costa

Gilmar Teixeira lança Documentário sobre os últimos dias de Aristéia, no Cariri Cangaço 2013 !


Gilmar Teixeira

Paulo Afonso novamente é cenário para documentário  sobre a cultura local. A direção do vídeo está sendo realizada por Gilmar Teixeira. A Usina Angiquinho (que completa 100 anos de história agora em 2013) foi palco das primeiras imagens captadas por Gilmar e José Carlos, que entrevistaram o historiador João de Sousa Lima, que contou um pouco da vida da cangaceira Aristeia Soares. O filme será apresentado durante o Cariri Cangaço 2013. Gilmar Teixeira também apresentará o vídeo em alguns festivais do Brasil.

No Museu da Usina Angiquinho a senhora Sônia Célia Borges, coordenadora da instituição, deu total apoio a equipe.   (Na Fotografia: João Lima, Gilmar Teixeira, José Carlos e Sônia Célia)


 Gravações na Usina Angiquinho

Paulo Afonso tem sido cenário de grandes produções brasileiras, novelas, filmes, minisséries e documentários para jornais, revistas e TV, sob o tema cangaço. Foi nestas terras que nasceu e morou Maria Gomes que veio a ser conhecida em todo o mundo como Maria Bonita, que deixou seu povoado Malhada da Caiçara, no município de Paulo Afonso para seguir como companheira de Lampião, o Rei do Cangaço e com ele e outros cangaceiros foi morta na Grota de Angico, em terras sergipanas.

Agora, Gilmar Teixeira, pesquisador do cangaço e outros temas regionais, sendo o autor do livro Quem Matou Delmiro Gouveia, lançado há pouco mais de um ano e meio, se juntou com José Carlos, de larga experiência como câmera, tendo trabalhado vários anos na TV em Camaçari e atualmente na TV São Francisco e foram buscar João de Sousa Lima que já andou muitos milhares de quilômetros entrevistando gente, descobrindo histórias do cangaço o que lhe fez produzir cerca de 10 livros sobre o tema.

Manoel Severo, Aristéia e João de Sousa Lima

Juntos, Gilmar, Zé Carlos e João, estão produzindo um documentário sobre o tema, destacando a figura da ex-cangaceira Aristéia que morou ao lado de Paulo Afonso, logo depois da Ponte D. Pedro II, no Jardim Cordeiro, povoado do município de Delmiro Gouveia. Aristéia faleceu faz pouco, beirando os cem anos e João andou com ela por Fortaleza e outros lugares onde aconteciam seminários e estudos sobre o cangaço.

O tema, para toda a região é hoje um legado cultural que tem gerado a produção de filmes, vídeos, minisséries para a TV, produtos artesanais e, claro, muitos documentários como este que será apresentado no Cariri Cangaço, um evento de porte que reúne dezenas de pesquisadores como Antônio Amaury na região do Cariri Cearense. Este ano o Cariri Cangaço vai acontecer entre os dias 17 e 22 de Setembro e terá eventos em Crato, Juazeiro do Norte, Barbalha, Missão Velha, Aurora, Porteiras e Barro, sob a coordenação geral do curador do evento, Manoel Severo.

Antônio Galdino

Fonte: Folha Sertaneja
www.joaodesousalimablogspot.com.br

Luitgarde recebe Título de Doutora Honoris Causa na URCA


URCA concede Título a Luitgarde Barros

Acontece no próximo dia 8 de maio, no Salão de Atos da Universidade Regional do Cariri - URCA o recebimento do Título de 
Doutora Honoris Causa 
pela pesquisadora e escritora, 
Luitgarde Oliveira Cavalcanti Barros.


Luitgarde Barros é Antropóloga - Doutorado e Mestrado em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1997 e 1980); Pós-doutorado em Ciência da Literatura pela UFRJ (2008); Pós-doutorado em Antropologia pela UNICAMP (1999); Bacharelado e Licenciatura em Ciências Sociais - Universidade Federal do Rio de Janeiro (1968); graduação em Fisioterapia - Escola de Reabilitação do Rio de Janeiro (1966). Atualmente é professora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (graduação e pós-graduação) e pesquisadora da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro. Tem experiência na área de Antropologia, com ênfase nos temas: pensamento social brasileiro; catolicismo popular; antropologia da violência; antropologia da literatura; memória e história oral; movimentos sociais - antropologia política. Autora dos livros: A terra da mãe de Deus - Um estudo do movimento religioso de Juazeiro do Norte; Arthur Ramos e as Dinâmicas Sociais de Seu Tempo; A Derradeira Gesta: Lampião e Nazarenos Guerreando no Sertão e Nelson Werneck Sodré: um perfil intelectual. Organizadora e co-organizadora de livros sobre Octávio Brandão, Nise da Silveira, Guerra-Peixe e memória e história oral dos bairros portuários do Rio de Janeiro. Escreveu mais de uma centena de capítulos de livros e artigos em periódicos e jornais, no Brasil e no exterior.

NOTA CARIRI CANGAÇO: A querida amiga Luitgarde estará conosco no Cariri Cangaço 2013, se unindo à toda família de Vaqueiros da História na grande homenagem a Alcino Alves da Costa.

Cariri Cangaço 2013
17 a 22 de Setembro de 2013
Cariri do Ceará, Cariri do Brasil !

A marca Padre Cícero Por:Renato Casimiro

 
Resgato no arquivo da Universidade da Flórida(http://ufdc.ufl.edu/rdc) a cópia de interessante carta emitida de Recife, em 26 de abril de 1926, destinada ao Pe. Cícero Romão Baptista, assinada pelo tesoureiro da Companhia Agro Fabril Mercantil.

Illmo. e Revmo. Padre Cícero, mui digno prelado de Joazeiro. Permita-nos a liberdade de vir a presença de V. Revma. Pedir sua valiosa atenção no que abaixo descrevemos. A nossa Companhia tendo em vista de criar diversas marcas de linhas de coser, procurou reunir os Diretores para tratar deste assunto. Das diversas marcas aventadas, destacamos a marca “Padre Cícero”, tendo um padre fotografado num dos topos do carretel, que julgamos não haver inconveniente algum, pois existe(sic) outras de procedência diferente, marca “Bispo”, etc. A marca projetada, é destinada ao consumo de zona sertaneja, e, assim sendo, pedimos a permissão de V. Revma. para usarmos da referida marca. Uma vez obtendo a permissão de V. Revma., impetramos sua valiosa recomendação aos seus obedientes servos de usarem-na. Enquanto não entramos em fabricação, enviamos a V. Revma., duas grosas de nossa marca “Estrella”, para V. Revma. distribuí-las, provando aos seus consumidores a superioridade desta marca, que será igual a marca projetada “Padre Cícero”. Outro sim: lembramos que, se porventura houver qualquer falta da nova marca, poderão os consumidores fazer uso da marca “ESTRELLA”, até ser a zona sertaneja suprida da nova marca em apreço. É oportuno lembrar a V. Revma., as amistosas relações sempre cultivadas entre V. Revma. E o nosso saudoso Chefe, Coronel Delmiro Gouveia, o criador de nossa indústria e fundador do Empório Fabril da Pedra, Alagoas, instalações hidroelétricas da Cachoeira de Paulo Afonso, etc., cujos herdeiros são hoje os dirigentes da nossa Companhia. Invocando, pois essas relações, apelamos para a reconhecida bondade de V. Revma., confiantes de que será amparada a nossa idéia, da qual claramente se traduz uma sincera homenagem ao patriótico vulto de V. Revma., de quem somos fervorosos admiradores. Nesta expectativa permanecemos, esperançosos de sermos contemplados com sua bondosa resposta, e, renovando os nossos protestos de alta estima e distinta consideração, nos firmamos, Attos. Servos & Admrs. Obgmos. Cia. Agro Fabril Mercantil, (ilegível) Baptista – Diretor Tesoureiro.

Delmiro Gouveia

Para se entender este momento que vivia a Companhia, é necessário revisar a sua história, pois esta correspondência ao Pe. Cícero se situa em meio a uma estratégia de tentativa de sua sobrevivência, já nas mãos de herdeiros de Delmiro Gouveia (assassinado misteriosamente em 1917), frente a pressão de mercado desenvolvida pelo grupo inglês Machine Cottons, cujos produtos de linhas para coser  exerciam um concorrência imensa aos produtos assemelhados e altamente competitivos da fábrica da Pedra. Por isto, sugiro a leitura da matéria do Diário de Pernambuco que está no link: 
http://memo-delmirogouveia.blogspot.com.br/2008/12/o-desafio-de-delmiro.html

Sobre a carta, em si, observo duas coisas: 1. A ingenuidade do diretor ao fazer a proposta ao Pe. Cícero, sem nenhuma contrapartida pelo uso da marca; 2. Procurei encontrar uma resposta do Pe. Cícero a esta proposta, mas não localizei. Pode ser que tenha existido, embora desconheçamos, por esta época, algum produto assemelhado, com marca Padre Cícero. Pelos tempos, não resta dúvida, o nome Padre Cícero passou a conferir grande credibilidade a produtos comerciais. Alguns destes vemos com muita insistência (pomada, vinho, lojas comerciais, empreendimentos diversos, etc). Sem entrarmos no mérito desta propriedade, até lembraríamos a iniciativa da Ordem Salesiana, mais recentemente, em promover o registro de uma patente sobre o nome Padre Cícero, embora sem sucesso.

Renato Casimiro
FONTE:http://colunaderenato.blogspot.com.br/

Academia Convida !


Programação Cariri Cangaço Parayba!


 PROGRAMAÇÃO CARIRI CANGAÇO PARAYBA
Sousa e Nazarezinho

Sousa – PB 
15 de junho de 2013 - Sábado 
Local: Centro Cultural Banco do Nordeste
14:00h – Cerimônia de Abertura

 
14:20h - Mesa Redonda
Tema: Homem, terra, religiosidade, sertão e cangaço:
 A construção histórica da figura do cangaceiro.
Coordenador da Mesa: César Nóbrega – Sousa/PB
Debatedores: 
Lemuel Rodrigues – Mossoró/RN
Múcio Procópio – Natal/RN
Honório de Medeiros – Natal/RN



16:00h - Exibição do documentário:
 “A violência oficializada no tempo do cangaço” 
(Produção da Laser Filmes)
Debatedores: Aderbal Nogueira – Fortaleza/CE
Juliana Ischiara – Quixadá/CE



19:00h – Mesa Redonda
Tema: O cangaço na Parahyba
Coordenador da Mesa: Manoel Severo – Fortaleza/CE
Debatedores: Ângelo Osmiro – Fortaleza/CE
Bismark Martins – Campina Grande/PB
Wescley Rodrigues – Cajazeiras/PB

Nazarezinho - PB
16 de junho de 2013 - Domingo.
07:30h – Visita Técnica
A casa do Jacu e a casa de seu Abdias Pereira

08:30h – Cerimônia de Abertura 
Local: Centro Social
09:00h – Exibição do documentário:
 “Na cabeça do povo” 
Produção: Helena Maria Pereira

 


09:30h – Mesa de Debate
Tema: O cangaço como caracterizador da cultura sertaneja e a importância da cultura material como elemento formador da 
identidade de um povo.
-A memória do cangaceiro Chico Pereira
Debatedores: João de Sousa Lima – Paulo Afonso/BA
Paulo Gastão – Mossoró/RN

Exposição do Cangaço

...E em setembro:
Cariri Cangaço 2013
Crato, Juazeiro, Barbalha, Missão Velha 
Barro, Aurora e Porteiras