Nota de Pesar: Voldi Moura Ribeiro


NOTA DE PESAR

É com muita tristeza e consternação que o Conselho Alcino Alves Costa, do Cariri Cangaço, informa o falecimento do sociólogo, pesquisador e escritor Voldi Moura Ribeiro na manha desta quarta-feira, dia 20 de janeiro de 2021 na cidade de Jatobá, Pernambuco, em decorrência de um infarto fulminante. Voldi Ribeiro tinha 63 anos e era membro permanente de nosso Cariri Cangaço, membro da ABLAC e de outras instituições literárias e acadêmicas. Nossos mais sinceros sentimentos de pêsames à toda família enlutada e aos inúmeros amigos do pesquisador e escritor Voldi Moura Ribeiro.

"Uma triste notícia circulando nas redes sociais dá conta do falecimento do sociólogo, escritor, aposentado da Chesf, Voldi Moura Ribeiro. A notícia chegou ao conhecimento do também escritor e seu grande amigo Luiz Ruben no final tarde desta quarta-feira, 20 de janeiro, que foi informado pela secretária do Padre Antônio que mora em uma fazenda próxima da fazenda de Voldi Ribeiro, no município de Jatobá-PE, onde ele estava morando ultimamente.O Padre Antônio pediu para informar a Luiz Ruben que Voldi Ribeiro foi encontrado morto, vítima de um infarto. Voldi nasceu em Picos, no Piauí, em 1957. Estudou no Recife, onde fez Ciências Sociais, Sociologia, na Universidade Católica de Pernambuco.

Foi admitido na Chesf no ano de 1977 e teve atuação importante no apoio às ações da Chesf para os reassentamentos dos moradores que precisaram ser deslocados dos municípios que foram inundados com a construção da barragem de Itaparica.Concluído esse trabalho, Voldi ocupou uma assessoria da Administração da Chesf em Paulo Afonso que cuidava, dentre outras atividades, dos contratos relacionados a administração da Usina de Angiquinho por outras instituições.

Como sociólogo, era um apaixonado pelos estudos e pesquisas relacionadas ao Nordeste e ao cangaço e foi justamente nessa área que deixa uma grande contribuição quando, com o apoio do Padre Celso da Anunciação encontrou documentos que provam que o nascimento de Maria Gomes, conhecida como Maria Bonita, a companheira de Lampião, o Rei do Cangaço, que nasceu no Povoado Malhada da Caiçara, hoje pertencente ao município de Paulo Afonso, foi no dia 17 de janeiro de 1910 e não no dia 08 de março de 2011, como sempre foi divulgado até por renomados escritores sobre esse tema. 

Voldi defendeu essa sua descoberta em um dos eventos do Cariri Cangaço, publicou inicialmente no jornal Folha Sertaneja e no ano de 2019 publicou esse seu achado sobre a data do nascimento de Maria Bonita no livro Lampião e o nascimento de Maria Bonita.(Editora Oxente. Paulo Afonso-BA. 2019).O livro, de 196 páginas, ricamente ilustrado com fotos e documentos inéditos, traz vários textos do Padre Celso da Anunciação, Luiz Ruben Alcântara e de Frederico Pernambucano de Melo, que faz também o seu Prefácio.

Além do seu trabalho na Chesf, onde contribuiu de forma grandiosa para a região Nordeste, esta sua obra é um marco muito importante para os estudiosos do cangaço e da história do Nordeste brasileiro. Muitos escritores de Paulo Afonso que conviveram com Voldi Ribeiro, estão pesarosos com a sua partida. Aos familiares e aos amigos, nos solidarizamos nesse momento de tristeza e dor. Muitos escritores da Academia de Letras de Paulo Afonso, embora Voldi ainda não fosse membro dessa instituição, deixaram sua tristeza no grupo de Whatsapp, como Rubinho Lima, o diretor da Editora Oxente, que fez o seu livro, Jotalunas, Luiz José, Professor Fernando, Luiz Ruben e Ângela, seus amigos de longa data e muitos outros."

Reportagem da Folha Sertaneja-Paulo Afonso BA


Na Quixabeira onde o Cangaceiro Juriti foi Queimado Vivo Por:Rangel Alves da Costa

Rangel Alves da Costa

O ano era 1941. O cangaço já havia encontrado seu desfecho na Chacina de Angico de 38. Após as entregas do pós-cangaço, o afamado cangaceiro Juriti (o baiano Manoel Pereira de Azevedo), um dos mais perversos do bando de Lampião, acabou encontrando a morte pelas mãos do cruel e sanguinário Sargento Deluz (Amâncio Ferreira da Silva), terrível caçador de cangaceiros que se negava a dar trégua aos deserdados bandoleiros das caatingas, cuja base de atuação era nos sertões sergipanos de Canindé de São Francisco.

Mas Juriti teve seu destino selado por uma saudade sentida de sua ex-companheira dos tempos cangaceiros: Maria de Juriti. Assim, como a ex-cangaceira havia retornado para o lar familiar na região da Fazenda Pedra D’água (nas proximidades da famosa Fazenda Cuiabá), e após vaguear pelo mundo como ser comum e trabalhando pela sobrevivência, em 1941 resolveu retornar ao sertão sergipano, e certamente com vontade de rever Maria e alguns conhecidos. Contudo, a notícia da chegada do cangaceiro logo chegou aos ouvidos do Sargento Deluz.

Não demorou para que o feroz militar providenciasse o cerco da residência de Rosalvo Marinho, onde Juriti se arranchava. Preso, foi logo amarrado e conduzido em direção a Canindé. Mas na estrada, a solução encontrada foi outra. Deluz mandou que seus soldados preparassem uma fogueira grande, com toco de pau e mato seco, logo abaixo de uma quixabeira, e nas chamas lançou o indefeso cangaceiro. E pelos sertões, os versos ainda ecoam: “A fogueira de Deluz, deu luz de gemido e dor. Entre as chamas da fogueira, Juriti não mais voou. O cangaceiro perverso, pelas mãos da perversidade em cinzas se transformou...”.

Rangel Alves da Costa, pesquisador, poeta e escritor

Conselheiro Cariri Cangaço, Poço Redondo-SE